6 — Blue
Draco Pov
Eu sinceramente me irritava de pensar quando é que eu havia me tornado uma pessoa tão burra para chegar naquele ponto.
Porque, sinceramente, tinha que ser muito estúpido para pensar que não teria problemas em ajudar Harry com aquilo.
Então eu havia decidido entregar minha situação nas mãos do destino, e estava corajosamente sentado no sofá, com uma almofada no colo, para esconder o problema que eu sabia que teria em poucos instantes.
Harry estava ao meu lado, com um sorriso muito empolgado, e isso verdadeiramente foi o que me fez não desistir.
Eu conseguia perceber como ele estava feliz com o apoio que eu estava dando, e entendia que ele ser inseguro consigo mesmo era algo que o afetava mais do que ele deixava transparecer.
Mas ele tinha um sorriso radiante em sua expressão, com o notebook no colo, sentado quase colado em mim.
Observei a maneira como ele colocou uma senha para acessar uma pasta, e vi que existiam várias outras dentro daquela, demonstrando certa organização.
— São muitas pastas — Observei, vendo que grande parte delas estava separada em números.
— Eu separo por postagem semanal — Explicou, erguendo os olhos verdes para mim por um instante.
— E essa última... — Falei, indicando na tela, estranhando ao ver o nome ‘Vip’.
— Minhas postagens são como... prévias — Se virou para mim, concentrado em explicar,e eu sempre gostei daquela mania que ele tinha de ajeitar os óculos no rosto, aproveitando para passar os dedos na franja — Eu posto as imagens prévias, e as pessoas vip, que pagam, tem direito a imagem sem cortes.
— Sem cortes?
— São as explícitas — Explicou por fim — As imagens que eu publico para todos verem, são apenas para instigar. Como... provocações. Quem fica curioso, e paga, ganha uma imagem exclusiva. Eu tiro quinze fotos por ensaio, então...
— Os quinze primeiros são os que ganham.
— Exatamente — Expandiu o sorriso ao ver que eu estava conseguindo entender, e eu engoli seco.
Isso significava que a foto que eu vi era uma dessas prévias, e eu entendi perfeitamente o conceito, porque nesse momento, eu estava muito inclinado a oferecer montes de dinheiro para ter acesso ao que tinha dentro daquela pasta.
— Mas não se preocupe, não vou te fazer ver nada dessa — Ergueu os olhos mais uma vez, com um sorriso, como se sua fala devesse me tranquilizar, embora o efeito fosse totalmente contrário — Eu separei algumas fotos... — Começou a explicar, e eu engoli seco quando ele abriu o visualizador, e eu pude ver prévias de miniaturas do que me esperava para a sessão tortura — Essas são as que eu posto para atrair público. Às vezes eu também posto uma das fotos do arquivo vip publicamente, como um agrado — Sorriu, com um ar quase diabólico — Atrai bastante gente.
— Então... no que exatamente você precisa da minha ajuda? Parece saber perfeitamente o que está fazendo.
— Sim! Mas... é legal ter um opinião sincera. Eu tenho algumas fotos que pensei que tinham grande potencial, mas no fim não houve tanto reconhecimento quanto esperei.
Ele abriu a primeira, e eu apertei inconscientemente os dedos na almofada no meu colo, tentando não ter nenhuma reação estranha.
A imagem foi tirada em um ângulo que pegava Harry do pescoço para baixo, mostrando a pele clarinha, e eu franzi o cenho ao sentir imediatamente a falta de algo.
— Cadê suas tatuagens? — Questionei curioso, porque ele tinha uma roseira na costela, uma borboleta no antebraço e na coxa esquerda um leão muito bonito.
Todas as tatuagens haviam sumido sem deixar rastros, o que era estranho.
Eu simplesmente amava as tatuagens de Harry.
Eram sobre aquele Harry doce, inocente e adorável que eu conhecia desde garotinho.
Ele tinha um raio minúsculo tatuado no tornozelo, assim como eu, o leão que ocupava grande parte de sua coxa, que ele havia chorado e me mordido durante todo o processo de colorir o desenho, por sentir muita dor. A roseira era delicada, e tinha aquele tom vivo de vermelho, que combinava muito bem com a pele dele, e uma das minhas favoritas sempre seria a borboleta azul, que ficava no mesmo lugar onde eu havia tatuado minha mancha.
Uma simples mancha, como se tinta houvesse caído no braço, em um tom de verde que imitava os olhos dele, assim como sua borboleta era azul como os meus.
Na imagem, ele estava sem camisa, mostrando a pele bonita, mas eu não pude deixar de sentir alguma diferença.
Ele provavelmente tinha editado a imagem e jogado alguns efeitos nela.
— Eu apago elas nas fotos, ou uso maquiagem para nem aparecerem. Não quero que exista a mínima possibilidade de alguém que eu conheço ligar isso aqui ao Harry da vida real.
— Esperto — Comentei, ainda com os olhos pregados na imagem dele, que tinha as pernas cruzadas uma sobre a outra, deitado quase de lado.
Verdadeiramente, soou até meio feminino a maneira como ele estava, e caramba! A curva da cintura dele era realmente algo que eu não sabia explicar!
A única coisa que eu poderia ver era a tira fina de renda azul na cintura dele, e o contorno de suas nádegas.
Cedo demais para mim, ele mudou a foto, e eu tive que respirar lentamente para não demonstrar o tamanho do choque.
Agora ele estava de costas, sentado sobre as panturrilhas, e seu traseiro estava totalmente marcado ali.
Um pedaço pequeno de renda preta transparente abraçava as nádegas fartas, e novamente ele mudou a foto muito rápido.
Agora tinha algo a mais para me deixar maluco.
Harry vestia uma daquelas meias cumpridas, que subiam até a metade de suas coxas, brancas com algum tipo de fivelas cor de rosa em suas pernas, que combinavam com a peça íntima que ele usava.
Novamente, ele estava de lado, dando ênfase na cintura e nas nádegas, e eu imagine o quanto as pessoas não deveriam pagar para ver o que tinha por trás daquelas peças mínimas que ele vestia.
Eram realmente imagens para deixar curiosidade.
Até o momento, nenhuma das imagens deixava vestígios ou exibia a parte frontal, e eu imaginei que ele havia selecionado dessa maneira por minha causa.
Quase como se ele não quisesse que eu fizesse a ligação de que aquele pedaço de mal caminho era um cara, e bem, o meu Harry!
Eu já não sabia se isso era bom ou ruim, para ser sincero.
-- Hã... — Falei, tirando imediatamente os olhos da tela ao ver Harry mostrar uma foto onde uma coleira de couro estava em seu pescoço, com algo que parecia ser um blazer por cima, mesclando o casual com o delicioso.
Aquilo era o inferno, só podia ser o inferno!
Me mantive agarrado naquela almofada como se minha vida dependesse disso, tentando pensar em qualquer coisa que fizesse aquele arrepio e calor desaparecer, com certa indignação.
— O que exatamente você quer que eu avalie?
— Eu só... queria que você me desse alguma ideia. De algo que pode ser mais... não sei. Ousado? Ou como fazer as fotos parecerem interessantes!
— Ok... — Murmurei, tentando pensar com a cabeça certa — Você edita elas sozinho?
— Sim. Ao menos eu tento — Deu de ombros, e eu assenti.
— Porque... você joga esses efeitos na sua pele?
— Ficou ruim? Eu não sou muito bom editando, e...
— Não, não que tenha ficado ruim — Tentei focar nas fotos como algo que eu avaliava, e não como algo que me deixava com desejo. Era só transformar aquilo em... trabalho — É só que você tem um tom de pele bonito. Me parece um desperdício ficar tentando clarear isso nas fotos.
— Você gosta? — Questionou abrindo um sorriso espontâneo, e eu retribui ao assentir.
Como ele poderia sorrir tão docemente, quando estávamos debatendo características de seu traseiro?
— Sim, eu já disse. Você tem uma pele legal.
— Sabe qual o segredo? — Questionou com um ar de inteligência, animado pela conversa — Você vai tomar café com sua mãe todos os sábados de manhã. Então eu aproveito que estou sozinho em casa, e tomo sol pelado na área da piscina. Assim eu fico bronzeado de maneira uniforme e natural, e como estamos na cobertura, onde ninguém pode ver e você não esta em casa, fico sem qualquer roupa, para não ficar com marcas. Não tem chance de ninguém me flagrar, sou cuidadoso com isso. É por isso que meu corpo é inteiro bronzeado, de uma maneira bonita, não forçada e sem marcas. O segredo é tirar a roupa.
Oh, merda!
Eu sinceramente não precisava de mais aquela imagem na minha cabeça!
Harry parecia nem fazer ideia de que aquela simples fala me fez fisgar abaixo daquela almofada, e eu me senti o pior amigo de todos os tempos!
Agora além de pensar no traseiro dele, eu iria pensar no seu traseiro sendo iluminado pelo sol, e isso, de maneira geral, só piorava uma situação que já era terrível!
— Não tire o bronzeado das fotos — Falei em um fio de voz, ainda me sentindo totalmente incapaz de parar de pensar no corpo dele, o que era bizarro.
As vezes me pegava curioso se eu estava afetado sobre aquilo por causa de Harry, ou se o fato de ser Harry era a única coisa que me impedia de não surtar.
Merlin, aquilo só estava piorando as coisas!
— Mas... quando eu coloco esses filtros, as fotos parecem mais bonitas. Não sei explicar — Falou, e eu suspirei, querendo me bater pela minha própria atitude, mas puxei o notebook para meu colo, pedindo para ele abrir a original, sem edições.
Transformar em trabalho, certo?
Harry ficou em silencio enquanto me via mexer na imagem, editando a claridade, mas sem mexer com a pele dele.
Apenas apaguei a tatuagem dele, como ele sempre fazia questão, e acertei pequenos detalhes, jogando um efeito diferenciado ao fim.
Estava mesmo muito concentrado, de uma forma que o começo daquela ereção inconveniente estava sumindo aos poucos, e a risada dele me fez arquear o cenho, olhando sem entender para seu rosto.
— Você está editando uma foto da minha bunda! — Falou, voltando a rir, e eu o acompanhei, negando com a cabeça.
— Você nunca encontrará um melhor amigo como eu.
— Definitivamente, você está certo — Concordou, e eu voltei minha atenção para a imagem, sorrindo quando ele deitou a cabeça no meu ombro — Está ficando muito melhor do que eu sei fazer.
— Você me obrigou a fazer um intensivo de fotografia, aprendi algumas coisas sobre edição para complementar — Murmurei, finalizando o trabalho, devolvendo o notebook para ele, que expandiu o sorriso.
— Ficou incrível — Observou, e eu dei de ombros — Eu vou postar ela. Ver o que vão dizer.
— Não será grande novidade, se você já postou essa foto antes.
— Mas você fez parecer uma nova foto — Explicou, com animação ao abrir a página para postar a foto, e eu gostava de como ele parecia feliz.
— Você gosta mesmo dessas coisas.
— É legal. Um tipo de hobbie — Deu de ombros — Estou feliz de poder falar com alguém sobre isso. Eu precisava mesmo ter um aliado.
— Um aliado?
— Todo mundo que faz isso, tem um aliado. Alguém para dar opinião, ajudar com as fotos ou qualquer coisa do tipo.
— Esse é o sonho — Brinquei, vendo ele revirar os olhos.
— Avaliar o traseiro de um amigo?
— Avaliar o traseiro do melhor amigo — Corrigi, e nós caímos na risada, enquanto ele voltava para a pasta, como se fosse me mostrar.
— Hã... Harry?
— Sim? — Ele ergueu os olhos verdes para mim, ainda com a sombra de um sorriso.
— Agora que... aparentemente você não se sente constrangido comigo, e eu estava editando uma foto da sua bunda há alguns instantes... Eu... posso ver? Hã... as fotos?
— Eu já não estou...
— Não — Me corrigi, cuidadoso — As que você já publicou. O perfil, sabe? Eu... realmente estou curioso em saber como você interage com essas pessoas, e... como isso funciona.
— Você já não viu?! — Questionou exasperado, e eu pisquei, surpreso que ele pensasse que eu tinha olhado.
Sentia vontade, mas não havia cedido.
— Não — Dei de ombros, e ele me olhou em dúvida.
— Draco, é um perfil público!
— Mas... é seu perfil. Seria como invadir sua privacidade.
— Oh meu deus! — Ele bradou sorrindo, e se esticou para estalar um beijo na minha bochecha, me observando totalmente derretido, o que eu definitivamente não entendi — Draco, é um perfil público. E não existe privacidade desde o momento em que decidi expor meu corpo nele.
— Eu só... achei que se fosse para... eu ver, você teria dito — Dei de ombros, porque na minha cabeça respeitar Harry, seu corpo, e sua privacidade sempre foram a minha prioridade.
E embora estivesse curioso, em nenhum momento tive coragem de ir em busca de Blue.
— Você é mesmo uma gracinha — Ele falou sorrindo, deixando mais alguns beijos suaves na lateral do meu rosto, e eu sempre gostei daquele lado carinhoso dele — Vamos ver o perfil agora, então? Você me diz o que acha — Sugeriu, e eu assenti.
Aparentemente eu estar curioso sobre Blue não soava estranho, e eu tinha permissão para ver as fotos.
Novamente, eu não sabia se isso era algo bom ou ruim.
Eu teria que criar regras.
Olharia apenas uma vez para matar a curiosidade, mas jamais iria permitir que a curiosidade me matasse.
Harry pegou o celular, se enroscando em mim para vermos o perfil, e eu não evitei soltar um risinho ao ver a foto do gato que eu havia lhe dado de presente alguns dias atrás.
Ali estava, meu Harry fofo no meio de toda aquela perversidade e safadeza!
Nós fomos comentando sobre as fotos, e a maneira como ele estava com a cabeça aconchegada no meu pescoço fez com que toda aquela tensão desaparecesse.
E em um instante, éramos apenas nós dois rindo de coisas aleatórias nas fotos, e comentando sobre como o traseiro dele era fantástico.
É claro que eu não deixei de sentir aquele calor bom ao ver que, em meio a tanta depravação, havia uma foto dele usando um dos meus moletons, com uma legenda adorável sobre como minhas roupas eram sempre as mais cheirosas.
Harry era um verdadeiro ladrão de roupas, ele simplesmente amava vestir as minhas, porque eram maiores do que as dele, que preferia sempre coladas ao corpo, destacando suas curvas.
Em casa, ele gostava de vestir minhas camisetas grandes, e meus moletons larguinhos, e essa era uma mania dele desde que éramos adolescentes, e ele sempre pedia meu casaco quando estava frio demais na escola.
Apenas fomos observando as fotos, e algumas delas ele descia rapidamente, e eu entendia que ele ainda se esforçava para me privar de qualquer desconforto.
Aparentemente ele só me deixava ver aquelas onde seu traço apelava para algo que poderia ser considerado mais feminino, e que não mostrasse muita coisa.
O mais engraçado nisso tudo é que não havia receio dentro de mim sobre o assunto. Eu havia entendido que o fato de sentir atração por Blue me tirava da categoria dos 'caras heteros', mas tampouco estava interessado em rotular aquilo que eu nem sabia o que era.
Aparentemente agora eu sentia atração por garotas e por Harry, e definitivamente a parte mais chocante ainda era saber que meu melhor amigo tinha um perfil onde publicava fotos de seu corpo magnífico.
Eu não achava que a sexualidade era algo quadrado e pequeno, e entendia que as vezes, assim como nossa personalidade e gostos mudavam com o tempo, nós também poderíamos descobrir coisas sobre nós que talvez nunca houvéssemos reparado.
Passar por todo o processo de aceitação de Harry, descobrindo a própria sexualidade, me fazia enxergar as coisas de uma maneira muito mais tranquila, e talvez isso estivesse ajudando a não me deixar preocupado ou pensativo sobre o assunto.
Até porque era difícil pensar em qualquer coisa que não fosse o traseiro bonito dele...
Era engraçado olhar para aquelas fotos, e ver o corpo lindo que ele tinha, e mesmo sabendo que aquele era o Harry, ainda assim não parecia ser o mesmo cara que estava aqui, junto comigo agora.
Foram horas naquele clima engraçado, com ele fazendo eventuais piadinhas sobre eu ser o 'avaliador oficial' de seu traseiro.
Entre um comentário e outro, e consegui dizer para ele as coisas que mais gostava nas fotos, sem que ele percebesse como tinha adquirido atualmente uma vontade gigantesca de pegar aquele traseiro, e apertar entre meus dedos, sentindo a pele macia e bonita na palma das mãos, e eu particularmente considerei isso como a vitória do dia.
Havia aquela voz, aquela maldita voz, na minha cabeça dizendo que eu deveria dar uma batidinha no traseiro dele, que agora estava jogado meio de lado no sofá.
Eu odiava a voz do Draco secretamente tarado pelo melhor amigo! E me recusava a ouvir esse Draco-pervertido, então apenas fingia que não tinha nada demais acontecendo na minha cabeça.
‘Bate.’
‘É só bater.’
‘Porque você não bate?’
Quando chegamos ao final do perfil, eu consegui traçar perfeitamente a linha de tempo.
Ele realmente pareceu ir se soltando aos poucos nas fotos, e inicialmente foi engraçado perceber que sempre, ao dar um novo passo, ele demonstrava sua insegurança ao perguntar sobre, como se precisasse da aceitação prévia das pessoas.
Harry realmente era tímido e ainda havia algum caminho a ser percorrido sobre aceitar a si mesmo.
Eu ainda tinha um sorriso fraco no rosto ao olhar para ele, que agora estava distraído após vermos todas as fotos, concentrado em algo no celular, até que bloqueou o aparelho e ergueu o rosto para mim, mordendo o lábio inferior em sua mania de sempre.
— Ei, Draco... Você lembra quando entrou no curso de francês, e não queria ir sozinho, então eu fui com você?
Pisquei, surpreso com a lembrança antiga de nossa adolescência, mas assenti.
— Sim, é claro. Você odiava aquelas aulas — Falei sorrindo ao me lembrar.
— Mas eu nunca faltava, porque sabia que era importante para você — Falou fazendo um olhar daqueles que eu bem conhecia, e eu esperei, porque sabia que ele iria pedir alguma coisa.
— O que você quer?
— Isso foi divertido, e você me ajudou bastante... então estava pensando... você poderia ser meu time né?
— Time? — Questionei desconfiado, porque a sugestão não parecia ser uma boa coisa, visto que ele estava precisando fazer aquele rodeio todo para pedir.
— Primeiro, olha — Pediu, estendendo o celular, e eu franzi o cenho ao ver que ele estava no twitter, com a postagem da foto editada aberta.
Encarei o corpo bonito dele, sem entender, até ele indicar a parte inferior, onde os números ficavam.
— Em duas horas ela foi compartilhada e curtida por muitas pessoas — Contou, deitando novamente a cabeça no meu ombro, com aquele olhar pedinte — Isso é muito mais do que a original foi compartilhada em quase uma semana. As pessoas nem se importam que é a mesma foto, elas parecem gostar muito dessa, então... você fez um bom trabalho.
— Onde quer chegar?
— Você pode me ajudar?
— Achei que era isso que tínhamos feito hoje.
— Não ‘hoje’. Me ajudar... como meu parceiro oficial. Você sabe editar muito melhor do que eu, e suas dicas já mostraram resultados — Choramingou, e eu engoli seco, diante dos olhos verdes pedintes — Você disse que não é estranho, e realmente não foi. Ou tem algo que te incomoda sobre?
— Não — Respondi automaticamente, porque a pergunta era sobre incômodos e não sobre ereções, então achei que não cabia qualquer comentário.
— Mesmo? Não te incomoda? Nadinha?
— Não, Harry. Não... não é nada demais — Sorri, tentando soar sincero.
Não me incomodava.
Não de uma forma ruim, ao menos.
E sim de uma forma molhada, quente, e bem...
— Você quer que eu te ajude com as edições, é isso?
— Eu estava me lembrando que no curso de fotografia você era muito melhor do que eu...
— Onde quer chegar? — Falei, embora já houvesse conseguido entender, e de fato isso fosse algo que eu não sabia como lidar.
— Eu quero saber se você quer ser meu fotógrafo... Para as fotos públicas. As prévias — Falou por fim, me fitando de maneira intensa com os olhos verdes — Podemos dividir os lucros, e eu faço qualquer coisa que você queira para o jantar!
— Fotógrafo?
— A menos que seja estranho. Porque uma coisa é ver fotos, outra é pessoalmente. Eu vou entender se você disser que isso é forçar a amizade, ou se ficaria algo estranho entre nós, e ...
Ele continuou tagarelando uma infinidade de coisas que mal prestei atenção, porque na minha mente eu só conseguia ouvir o ‘pessoalmente’.
E, é claro, eu não me orgulhava do que fiz a seguir.
— Eu aceito! — Respondi de uma só vez, deslumbrado com a ideia de poder ver aquela obra de arte pessoalmente, sem se quer pensar que poderiam ter consequências.
E sim.
Teriam.
E não.
Não eram exatamente do tipo bom.
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