Draco Pov
Eu estava muito ansioso.
Amanhã...
Seria o dia em que tudo iria mudar, o dia em que eu diria para Harry como me sentia, e o dia em que ficaríamos juntos.
Parecia ser uma insanidade, mas eu estava mesmo muito nervoso com isso tudo.
Era algo importante!
Havíamos decidido passar o final de semana juntos, e aquele sábado foi algo totalmente incrível.
Eu sempre gostei de ficar com Harry. Ter um momento nosso, abraçados vendo filme, conversando e comendo besteira.
Isso sempre foi incrível para mim.
Mas agora, tendo real ciência de como estava apaixonado por ele... Era tudo muito melhor.
Estar com Harry entre meus braços, sentindo todo aquele amor correndo por mim era alucinante.
Havíamos feito muito pouca coisa hoje além de ficarmos totalmente grudados o tempo inteiro, e em um momento nostálgico nos agarramos no meu quarto, debaixo das cobertas para assistir alguns filmes que queríamos ver há algum tempo.
Levantamos apenas para almoçar, e de noite, decidimos fazer um lanchinho, e o que nos fez seguir para a cozinha, e foi divertido ficar ali, ouvindo música e assistindo as danças idiotas e descoordenadas de Harry enquanto nos ajudávamos a fazer um lanche muito pouco saudável, e bebíamos um vinho que tinha em casa.
Eram pequenas coisas como essas que me faziam perceber o quanto eu o amava, e me faziam notar o quanto fui idiota em demorar tanto para notar esses sentimentos.
Precisava de muito amor para aturar Harry cantando e dançando, porque ele era totalmente descoordenado e desafinado.
Ele terminou um solo imaginário com uma guitarra imaginária, me arrancando uma gargalhada, e se jogou para frente, nos meus braços, deitando a cabeça no meu ombro enquanto ríamos juntos, e eu o apertava contra o corpo.
— Ei... vamos ficar bêbados? — Ele disse, e era algo muito comum quando ficávamos entediados em casa, e acabávamos bebendo para rir de nós mesmos e nos soltarmos do estresse.
Eu não vi qualquer problema em concordar.
Nos jogamos no tapete da sala, colocando em um filme aleatório, mas nos nem estávamos assistindo, bebendo enquanto conversávamos sobre diversas coisas, e comíamos nosso lanche.
Falamos sobre nossas apostas para Théo e Ginna, afinal ele continuava extremamente estranho perto da ruiva, falamos sobre a última briga de Ron e Blaise, por causa de um ex namorado de Ron que curtiu todas as fotos atuais dele nas redes sociais, e uma porção de coisas levianas e aleatórias do nosso dia a dia, que envolviam a faculdade, nossos pais e uma futura viagem para nossa cidade, que estávamos planejando para o próximo feriado.
Assim que terminamos de comer, e ficamos apenas bebendo, Harry veio se sentar perto de mim, entre minhas pernas, e nos abraçamos ali no chão, envoltos em um cobertor enquanto conversávamos aos sussurros, e ele parecia todo feliz quando eu beijava seu pescoço ou fazia carinho sobre os cabelos escuros.
A realidade é que eu estava experimentando aquele sentimento, em um nível de necessidade, tocar a pessoa que eu gostava, quase como se precisasse de uma prova que era real.
Beber estava ajudando a não ficar ansioso nesse sentido, nem sobre amanhã e o encontro que terminaria com nós dois namorando.
— E.... Cedrico? — Questionei, movido pela impulsividade, porque acreditava que deveria ter certeza que não existiam pontas soltas antes de falar com Harry sobre nós.
— O que tem ele? — Harry questionou, soltando a garrafa vazia após virar o último gole, e se eu fosse um pouquinho mais esperto, teria me recordado que o Harry bêbado de Martini não era uma boa escolha para hoje.
— Vocês ainda estão se vendo?
— Você saberia se estivéssemos, bobão — Ele disse rindo, com os olhos verdes um pouco lentos, e eu sorri, bocejando.
Eu sempre ficava sonolento quando bebia, então gostei de como ele me empurrou para as almofadas jogadas ali, me fazendo deitar e se acomodou sobre mim, jogando as pernas entre as minhas e ajeitou o cobertor sobre nós.
— Mas... ele não parecia ter desistido de você.
— Nós ainda nos vemos na aula, conversamos às vezes, mas ele entendeu. Cedrico é um cara legal. Não é alguém que força as pessoas a gostarem dele, ou age de maneira babaca. Ele foi compreensivo, e tem maturidade o suficiente para conviver comigo sem criar algum clima ruim.
— É só que... você disse que queria um namorado — Testei, tentando segurar para mim qualquer exclamação me candidatando para a vaga, e ele sorriu, dando de ombros.
— É como eu disse para você. Me sinto carente. Mas grande parte disso, eu resolvo com você — Contou, e eu estava lhe olhando como um idiota, deslumbrado por seus olhos verdes bonitos, e por seu rosto charmoso — Só... de vez em quando, eu sinto falta de realmente ter alguém. É quando acabo saindo bêbado por ai.
— Odeio quando você sai bêbado por ai — Apontei, e ele riu, se aconchegando em mim, e eu senti um arrepio bom com o toque quente de seu corpo junto ao meu, por estarmos sem camisa.
Ultimamente, esses momentos agarrados praticamente pediam para que eu ficasse segurando o traseiro dele, apenas para sentir aquele pedaço maravilhoso de seu corpo, mas eu não sentia que podia fazer isso, não até ele ser meu namorado.
Uma coisa era tocar ele daquele sendo seu melhor amigo, e outra completamente diferente era querer desesperadamente ser seu namorado e aproveitar a intimidade da nossa amizade para pegar em seu traseiro.
Eu confiava que estava agindo bem, diante de limites.
— Você é muito ciumento, sabia? — Murmurou me fazendo rir, sentindo certa sonolência e lerdeza em raciocínio.
Havia bebido muita coisa em pouco tempo, e agora parecia estar sofrendo os efeitos.
— Você falou com Astoria de novo?
— Astoria? — Questionei curioso, olhando para seu rosto, e ele deu de ombros.
— Você nunca me disse o que aconteceu naquele dia. Só... fiquei sabendo que viu Astoria e você chegou em casa magoado. Eu... stalkeei o perfil dela para saber se tinha ago ali que indicasse o que aconteceu e soube que ela está noiva, então...
— Não! Não — Bradei, revirando os olhos — Você foi pelo lado errado. Não foi uma coisa ruim ver Astoria. Ela foi leal comigo, me contou que estava com alguém, e disse que agora faz terapia. Foi uma boa conversa, e talvez de maneira inconsciente isso tenha sido o que me fez querer fazer terapia também.
— Draco, você chorou naquele dia — Ele me lembrou, e eu suspirei.
— Não tinha a ver com ela. Era só... algo que eu estava sentindo. Não é nada demais. Prometo — Garanti, e embora desconfiado, ele assentiu e deitou a cabeça contra meu ombro, bocejando.
— Deveríamos fazer isso mais vezes.
— Ficar bêbados?
— Tirar um final de semana assim. Eu gosto tanto quando ficamos juntos. É como... se nada mais importasse — Explicou, sorrindo e ajeitou o rosto pressionado contra meu pescoço — Me faz sentir tão feliz. Como se a vida adulta, os problemas, a faculdade e o restante não importasse. Como se... fossemos aquelas duas crianças de sempre.
— Podemos fazer isso sempre que quiser, Harry — Falei tocando seu rosto, e ele ergueu os olhos para mim — E você sabe, ainda com os problemas da vida adulta...
— Você sempre vai estar aqui — Ele disse sorrindo, e eu assenti.
— E minha cor favorita....?
— O verde dos meus olhos— Falou com aquele olhar todo derretido e eu sorri para ele, puxando-o para meus braços, sentindo meu coração repleto de felicidade — E a minha cor?
— O azul dos meus olhos — Respondi rindo, sentindo ele beijar meu queixo — Mas sabe, você me fez gostar um pouco de azul.
— Se eu soubesse que para gostarmos da mesma cor era só criar um perfil com fotos pervertidas do meu corpo, teria feito muito antes.
— Idiota — Reclamei beliscando a cintura dele, que riu ao se ajeitar deitado de lado, e eu fiz o mesmo para podermos ficar cara a cara.
Era difícil olhar nos olhos dele agora que sabia a extensão dos meus sentimentos, porque isso me dava uma vontade insana de o beijar, mas eu se quer conseguia me refrear.
Eram olhos tão lindos!
— Mas verde sempre será sua cor — Ele disse baixinho, e eu ri ao assentir, pousando as mãos unidas debaixo do rosto, deitado na almofada, olhando para ele.
— Você sempre será a minha cor, Harry — Garanti, vendo como era lindo notar o brilho nos olhos verdes, e aquele sorriso se espalhando em seu rosto, de maneira genuína, simples e sincera.
Harry realmente estava feliz, e causar esses sentimentos nele nunca foi tão... gratificante.
— Eu gosto disso entre nós — Ele disse por fim, com aquele sorriso bonito — Gosto de como somos perfeitos um para o outro.
— Sempre fomos perfeitos um para o outro — Falei, esticando uma das mãos para fazer carinho sobre a lateral de seu rosto — Somos o raio único na vida um do outro, lembra?
Eu ri quando ele bateu o tornozelo junto ao meu, em menção a nossas tatuagens, assentindo. Era um cumprimento muito comum entre nós, apenas tocar os tornozelos.
— O raio que no uniu — Concordou — Se fosse um pouquinho mais mágico, podia ter dado conta do seu problema heterossexual — Brincou, e eu mordi o lábio inferior, olhando para ele sem saber como reagir.
Harry sempre fez aquele tipo de piada.
Mas... não era mais uma piada.
— Sabe, eu fico pensando em... tudo o que já aconteceu entre nós dois. Quero dizer... temos uma boa história — Comentou, e eu assenti, sem parar de fazer carinho no rosto dele, me sentindo totalmente bobo de paixão.
— É, temos uma história — Concordei, me sentindo nostálgico ao pensar em tudo o que passamos até aquele momento.
Ele arrastou o corpo para mais perto, e eu vi como parecia bêbado. Simplesmente sabia reconhecer os sinais em Harry, e achei graça de ver o quanto perto ele chegou.
Eu também estava um pouco fora de mim, havia bebido bastante. Caso contrário, teria lembrado que Harry ficava proporcionalmente assanhado e fissurado em loiros quando bebia martinis.
Afastei a mão de seu rosto, por ele estar extremamente próximo, de uma maneira que eu sentia sua respiração contra a minha.
Geralmente, em nossos momentos bêbados, costumava ser exatamente aquela situação que me fazia querer beijar Harry.
Quando chegávamos no ponto onde eu tinha vontade de beija-lo, era o momento onde eu tirava a garrafa de suas mãos e o fazia ir dormir.
Mas eu não pude me mover, ou se quer fazer ago além de olhar para seu rosto, sentindo uma ansiedade que não entendia de onde estava vindo.
O jeito que Harry mordeu o lábio inferior, com os olhos verdes fixos no meu foi o último sinal que minha mente precisou para entender, e eu me vi inclinando na direção dele, apenas para sentir mais daquela ansiedade tão assustadora e gostosa.
Agora, com a proximidade, eu já não podia ver os olhos verdes, mas a maneira que nossos lábios se roçaram de leve me fez sentir um arrepio.
Não sabia o que havia acontecido para estarmos daquela maneira, mas beijar Harry era algo que eu estava enlouquecendo de vontade.
Movi a cabeça em sua direção, e finalmente nossas bocas se encontraram, no mesmo instante em que eu sentia uma onda enlouquecedora e desnorteante de realidade.
Abri os olhos ao ouvir meu nome, piscando confuso ao ver Harry diante de mim, rindo.
— Acorda, bobão!
— Harry? — Falei um pouco grogue e confuso, vendo ele sorrindo, e notei que estava no meu quarto, entre as cobertas.
— Você está bem? Nós ficamos muito bêbados ontem, e depois que eu acabei com os Martinis você nos obrigou a dormir.
— É? — Bocejei, piscando ao finalmente me recordar que aquilo tudo havia sido apenas um sonho, e não soube como me sentir sobre isso.
— É! Vamos! Fiz nosso café da manhã! Se tiver dor de cabeça, eu trago remédio para você.
— Ah — Falei ao me sentar, sem saber como me sentir com o sonho onde estava prestes a beijar ele, vendo-o sorrir para mim, com os cabelos molhados indicando que havia acabado de sair do banho, e uma roupa bonita.
— Levanta logo! Eu quero ir ao parque! — Disse empolgado, e eu apenas observei seu sorriso e empolgação para o dia de hoje... e soube.
Simplesmente percebi o quanto soava errado Harry estar tão ansioso para ir passear com seu melhor amigo, quando para mim tudo girava ao redor de me declarar.
Eu não queria que ele fosse a um encontro de namorados emprestados.
Eu queria que ele fosse meu namorado! Que fosse nosso encontro!
Não queria sentir aquela confusão e ansiedade do sonho, não queria... não queria nada ruim sobre nossa amizade. Não queria esconder coisas, ou manipular um encontro perfeito para que Harry me aceitasse.
Eu queria que ele dissesse sim para mim.
O Draco descabelado que havia acabado de acordar.
Então foi de uma maneira totalmente impulsiva que segurei seu braço quando ele ameaçou ir para a porta, impedindo-o de sair.
— Eu estou apaixonado por você.
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