Callumy estava no inferno naquele exato instante. Seu cetro muito bem guardado dentro de seu palácio, ali ela não precisava desse tipo de poder complementar, no inferno ela era sua forma mais pura e íntegra de morte e maldade, o poder completo que tantos almejam chegar perto, mas não tinham coragem de admitir. Ao contrário do que muitos imaginavam, o inferno não pegava fogo, não era repleto de escuridão e sombras. O inferno era um lugar até alegre, cheio de festas, músicas e danças. Ao menos a camada que o diabo vivia.
O submundo era dividido em duas camadas, inicialmente, depois de milhões de anos, se dividiu em cinco e depois em seis. A primeira, o chamado "Portão" era para o diabo, seus pecados e convidados especiais, pessoas que foram julgadas erroneamente em vida e pararam no inferno. Ali ficavam a alegria que o céu jamais poderia ter.
A segunda, conhecida como "Antessala" era somente para as almas esperando sua condenação, aqueles que precisavam ter seu destino escolhido esperavam pacientemente na segunda camada infernal, vivendo como humanos mais uma vez, sentindo dores e esperando.
A terceira, chamada de "Aqueronte", para aqueles que foram condenados por pecados não tão cruéis, apenas viviam no inferno, trabalhando diariamente, repetindo o dia de sua morte eternamente.
A quarta, dada ao nome de "Portas de Dite" era para os anjos caídos, que pecaram por soberba, aqueles inúteis para Callumy, ela os aprisionava e os fazia trabalhar o tempo inteiro, sem parar, até sumirem. E também para os demônios que escorriam por lá suas risadas e esperavam ordens de seus superiores.
A quinta, separada em oito círculos agora, se dividia como labirintos para aqueles que foram condenados por um dos sete pecados capitais, precisamente. A camada recebeu o nome de "Ptolomeia". As garotas se divertiam com as almas que ali habitavam. O diabo pensou no quanto teria que aumentar a terra para as novas almas que chegariam naquele nível agora que mais um pecado capital foi criado.
E a última e mais importante, "Caína", para os mais perigosos e podres já existentes, as terras em que demônios corriam soltos e assombravam o lugar, torturando os líderes e poderosos que morreram pecadores, idiotas e soberbos, irados e preguiçosos, todos ali, no lugar mais escuro e horrível possível.
No topo de tudo isso comandava o diabo, sempre a espreita, escutando e assistindo a tortura daqueles que torturaram outros e ela não pôde fazer nada. Callumy colocaria todos os seus irmãos ali se pudesse. E ela estava ali esperando um deles, o mais velho e por outros conhecido como "o esquecido". Ele foi o arcanjo que cortou suas asas e as pendurou no palácio de prata. Agora as duas estavam ali, na sala do trono infernal, em frente ao diabo.
— Posso entrar, senhorita Archeon? — Uma voz masculina se faz presente logo após três batidas na porta.
— Olha só, você realmente veio — O diabo riu, abrindo mais a porta com apenas um movimento dos dedos — Quem é vivo sempre aparece, não é mesmo?
— Quem é morto também, maninha — Ela ri, batendo os dedos contra o braço da cadeira em que estava sentada.
— Imagino que sim, Salatiel — Se recusou a chamá-lo de irmão, negou o fato de que ele era sua família. Depois do que fez, eles nunca mais foram os mesmos — E então, o que achou da minha casa? Está como gostaria que fosse? — Com poder trouxe uma cadeira perto dele, para que pudesse sentar.
— Ainda presa nesse assunto, Umy? — Ele aceita a xícara de chá que lhe foi oferecida, bebericando do líquido doce.
— Eu não, parei de me importar a 45 milhões de anos atrás. Agora você parece que não superou o fato de ser um completo inútil, não é mesmo? — Ele para no meio de um gole, erguendo os olhos até a figura sorridente da irmã mais nova — O que foi? Não é por isso que fez tudo que fez? Porque você nunca foi importante, nunca fez nada e acumulou desejos de poder durante sua vida inteira. Não mudou nada, Salatiel.
— Não sabe o que fala, Archeon. Você também não mudou nada, não é mesmo? Continua sendo a irresponsável e maldosa que sempre foi — O diabo riu, parando de batucar os dedos. Seus olhos se tornaram vermelhos ao encarar o mais velho.
— Irresponsável sim, maldosa ainda mais. Mas eu não fui feita assim, eu não era assim. Você me fez ser quem sou hoje — Ela abriu os braços descobertos, repletos de desenhos que representavam seus pecados. O arcanjo estava com medo.
— Eu não fiz nada, você é quem escolheu ser, por suas decisões — Ela sorriu, achando graça da quantidade de terror que ele exalava.
— Ah, claro, eu tomo o fato de ter sido expulsa do céu como meu erro, sim. Mas o que me fez chegar até esse ponto, quem me convenceu, quem me manipulou e ensinou a ser ruim… não fui eu — Ela aponta para o irmão, se atentando aos mínimos detalhes das asas dele — E acho que sei quem foi.
— Se quer discutir erros do passado, podemos fazer isso junto de todos os outros irmãos e veremos quem está correto — Ele toma o último gole do chá, deixando a xícara no chão.
— Ai que piada. Acho que errei ao lhe chamar de inútil, deveria ser covarde — A palavra o irritou fazendo com que uma crise de riso se iniciasse por parte da garota — Esqueci que você odeia essa palavra. Mas não precisamos chamar ninguém, vamos discutir erros do presente — Os olhos dela se tornam roxos. A metade vermelha do mal e a metade azul de sua parte angelical em uma só — O que está fazendo com Gabriel?
— Não entendi a pergunta — Ele se faz de desentendido, olhando para todos os lados que não fossem ela.
— Não é o momento para piadas, é a última vez que pergunto civilizadamente. O que está fazendo com a porcaria do Gabriel? — Ela pergunta se aproximando dele, passo por passo até chegar ao mais velho.
— Não tenho medo de você. É só um demônio sem asas, se eu avançar para cima você não me pega, Archeon. Sabe que é assim que funciona — Ela abaixou o olhar, por ser mais alta que ele.
— Pois deveria ter medo de mim. Eu não sou a mesma pessoa daquele tempo, Salatiel. O Samael morreu junto com o corte daquelas asas. Você já não sabe o tanto que aprendi aqui em baixo — O diabo se aproximou ainda mais, ficando cara a cara com quem destruiu um pedaço de sua vida — Na verdade, deveria estar morrendo de medo de mim.
As asas atrás dele se mexeram, causando um barulho alto e assustando o anjo, que virou o mais rápido possível, a tempo de ver algumas das penas balançarem. Quando virou para frente, sua irmã não estava mais lá. E nem ele no inferno. Estava no palácio de prata, suando e com o corpo dolorido. Poderia demonstrar quanta coragem é possível, mas na verdade, ele era apenas medo. E nada mais.
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A luz do Sol batia perfeitamente contra a pele dourada do cigano. Que estava completamente nu na cama do príncipe. Por outro lado, Taehyung apenas observava a obra de arte que descansava brevemente entre seus lençóis. Acarinhou todo pedaço de pele que podia ver, beijou-lhe o pescoço e fez carinho em seus cabelos, traçando as marcas das cicatrizes como labirintos. O mais velho foi acordando aos poucos, a luz lhe beijava o rosto, e foi obrigado a fechar os olhos assim que os abriu.
— Boa tarde, dorminhoco — O príncipe cumprimentou, puxando a figura esbelta para mais perto de si e longe dos feixes de luz — Acho que te cansei demais hoje de manhã, não é mesmo?
— Taehyung! — Hoseok riu, envergonhado pela fala do mais novo, escondendo o próprio rosto no peitoral dele.
— Hoje de manhã, ontem a noite, ontem de tarde e o resto de nossas vidas — Beijou a cabeça dele e logo depois as bochechas coradas do cigano — Eu te amo tanto que não consigo me segurar.
— Eu percebi — Então lhe beijou os lábios, correndo sua mão pelo torso desnudo do namorado — Eu também te amo.
— Que tal eu lhe dar um beijo? — O príncipe pergunta como se fosse algo super importante.
— Se você quiser eu deixo — Hoseok apenas faz um bico e fecha os olhos, recebendo um selar do mais novo.
— Mas acho que você merece outro — E lhe beijou de novo — E outro. E outro. E outro. E mais um. E um aqui também. E outro por esse lado. E mais um bem nesse cantinho. E outro pelo meu amor. E mais um-
— Taehyung! — O mais velho se desatou a rir, interferindo no plano do outro para lhe beijar a tarde toda.
— Ei! Eu ainda não terminei minha sessão de beijos, me devolve esse rostinho lindo — O puxou pela mandíbula e voltou a distribuir os selares por todo o corpo do namorado.
— Tae! Por favor! Eu preciso me arrumar — Aos poucos o príncipe foi parando, voltando a olhar nos olhos de Hoseok — Sai de cima de mim, preciso procurar algo para vestir — Disse em um tom de graça, rindo no meio da fala. Mas Taehyung nem se mexeu, estava encarando algo mais longe.
— Se arrumar para quê? — Hoseok logo compreendeu o que aquele olhar significava.
— Falei que eu iria treinar a coreografia novamente hoje, Tae. Esqueceu? — O sorriso dele morreu completamente, seu coração batia acelerado dentro do peito. Medo.
— Não esqueci, mas achei que queria ficar comigo agora — Ele sussurrou algo no ouvido dele e subiu de novo — Poderíamos fazer amor mais uma vez.
— Apesar de eu amar esses momentos, preciso mesmo ir, marquei em um local e não posso faltar — Retirou o mais novo de cima de si e saiu procurando roupas confortáveis por todo o quarto.
— Com licença! Seu namorado não te deu permissão de fazer tal coisa! — Taehyung berrou, se arrependendo logo depois, achando que o namorado poderia ficar magoado. Mas não foi isso que aconteceu. Hoseok apenas continuou se arrumando e respirando fundo, lutando contra o pequeno sorriso que queria se instalar em seu rosto.
— Meu namorado não precisa me dar permissão para fazer tal coisa! Meu namorado precisa me apoiar nas minhas decisões! Meu namorado deve permanecer como meu namorado até ele saber agir como tal! — Hoseok saiu batendo porta afora, e finalmente pôde soltar o sorriso que se prendia dentro de si. Taehyung se deitou na cama novamente e sorriu aberto contra o travesseiro.
Mentiras às vezes podem ser boas quando algo os observa de longe. De novo.
<♡>
Eles estavam em Chambord, França, local onde todos os pecados e demônios que estavam treinando para a guerra estavam se preparando. Um castelo abandonado. Perfeito. No jardim, com uma plateia até grande, estavam duas pessoas lutando.
Os braços de Hoseok já estavam cansados. Apesar de ter passado anos e mais anos tornando-os mais fortes e mais bem preparados para as danças, eles serviam somente para isso. Dançar. Nunca chegou perto de uma espada de verdade, e agora precisava estar ali, segurando uma espada celestial, criada pelos conhecimentos de anjos sobre lutas e ataques.
Parecia ridículo para ele.
Estava cheio de cortes por todo corpo, causados por seu adversário, seu pai verdadeiro. Antes tinha pedido para que o algodão-doce não se esforçasse, pelo fato de ainda estar se recuperando da perda das asas. Porém, se eles fossem comprar o anjo e o cigano, definitivamente diriam que Seokjin estava vencendo. Ele não parecia minimamente abalado pelos ataques de Hoseok, apesar de estar sangrando em alguns pedaços do corpo, não chegava nem perto do estado do dançarino.
— Eu acho que isso não está funcionando — Hoseok diz, deixando a ponta da espada cair no chão.
— O quê? Sua defesa e seu ataque estão melhorando muito, a luta está durando mais do que antes, não pode desistir — O arcanjo incentiva, empunhando a espada. Mas o garoto nem se mexe — Vamos lá, quer deixar nosso público decepcionado?
— Me desculpe, mas estou cansado demais — Seokjin girou a cabeça para o lado, deixando a própria arma no chão.
— Ainda não sabe controlar seus poderes? — Pergunta, se aproximando do cigano e massageando seus ombros.
— A única vez que fiz isso foi na explosão do meu estúdio, depois não houve sequer aparição deles — Ele se senta na grama, jogando a arma para o lado. Alguns dos demônios que assistiam ao treino começaram a se dissipar pelo castelo.
— Mas o que está acontecendo aqui? Coloquei duas preguiças para treinar uma a outra e não sabia? — Callumy aparece no gramado junto com três homens, chamando a atenção de todos que já tinham ido embora. Os três eram altos fortes e repletos de tatuagens. A pele de um era tão branca quanto as nuvens. A do outro, tão morena quanto a terra. E a do mais alto, tão preta quanto a noite.
— Umy? O que está fazendo aqui? — O cigano perguntou, ainda reclamando de dores no corpo.
— Senhorita Archeon — O arcanjo faz uma pequena mesura, rapidamente respondida pela garota.
— Bom dia, Seokjin, ótimo dia, não? — Ela sorri para o mais novo e se dirige ao cigano — Hoseok, eu tenho amigos para te apresentar — Disse o diabo, fazendo o garoto levantar e curando todo e qualquer machucado causado pelo pequeno treino em mínimos segundos — Esses belos rapazes que trouxe aqui são Abbadon, Azazel e Gadrel. Dois deles eram arcanjos e Abbadon é um demônio. Azazel e Gadrel vieram para o meu lado e me ajudaram a ensinar a guerra aos homens, ensinamos a batalhar, manusear armas e outros artefatos. Eles vão te ajudar no seu treino. Já Abbadon vai te ajudar a encontrar sua parte poderosa, digamos assim. E, quando encontrarmos, vai ajudar Seokjin a te fazer controlá-los.
— E eu tenho um presentinho para você — O homem moreno, repleto de cicatrizes nos braços, que Hoseok entendeu ser Azazel, o oferece uma espada — Chamamos de Ceifadora. Essa arma foi criada a partir dos conhecimentos de anjos e demônios, forjada nas profundezas do inferno por Yekun. Queremos que treine com ela agora que sabe o básico.
— Tudo bem — O Jung aceita de bom grado, mas assim que segura o instrumento seu braço cai com o peso deste — Olha só, tem certeza de que esse é um bom plano?
— Absoluta! — A garota diz animada, mandando todos que estavam rindo ficarem calados — Gadrel, faça sua mágica.
O arcanjo, aquele que era tão branco quanto possível, se aproximou dele, tomando seu pulso com uma mão e levantando o braço do cigano.
— Certo, garotinho. É a sua primeira vez usando uma espada celestial, já podemos ver que você consegue só pelo fato de poder levantar, humanos comuns não conseguem encostar — O cigano sentiu uma queimação estranha no braço, como se algo dentro de si estivesse despertando — Dara, seu pai, foi um dos arcanjos mais bem treinados no céu, seus poderes são imensos, então não deve ser difícil para você. Concentre sua energia aqui no cabo, você e a Ceifadora são um só, e ninguém além de vocês estão no comando de seus ataques.
— Você é dançarino, certo? — O outro se aproxima, aquele com as cicatrizes. Hoseok apenas concorda — Imagine que usar uma espada é como dançar. Quantas vezes já não usou os braços para se sustentar numa coreografia?
— Diversas vezes — Foi a única resposta que ele encontrou, já que seu interior continuava explodindo em diversas cores, abrindo passagens de seu corpo que ele não conhecia.
— Agora use os braços para dançar de acordo com a espada. Quando a dança é livre numa competição, por exemplo, você dança uma ou duas vezes e observa seu adversário, depois, faz melhor. Compreende a técnica e o ataque dele, então revida — Aos poucos, Gadrel ia mexendo o pulso do cigano para que ele movimentasse o objeto e sentisse o peso dele.
— Já tem tudo decorado dentro de sua mente, execute os passos em uma coreografia, prestando atenção no que faz e no que seu oponente faz — A outra mão de Hoseok sobe até a espada, retirando o aperto do antigo arcanjo de si. Automaticamente seu corpo se posicionou em defesa.
— Concentre-se no que você e a espada conseguem fazer juntos — Abbadon, o demônio, que possuía a voz tão escura quanto sua pele se aproximou, mirando a arma para o algodão-doce, que também se preparava para a luta — Está sentindo uma queimação dentro de si? É o seu poder querendo sair, querendo falar com você e te guiar nessa luta. Escute ele te chamando e o proteja dentro de si. Ele é você e você é ele. Tu, este poder e esta espada são um só. Agora, nos mostre o que pode fazer.
O cigano atacou, pulando para cima do arcanjo. Sua espada se jogou tantas vezes contra Seokjin quanto possível. E toda vez que a arma do anjo tocava sua pele, nada acontecia, como se ele fosse indestrutível, de uma maneira que ninguém podia chegar perto. Hoseok o atacou até o outro cansar, até seu pai pedir para parar, até derrubar a espada do outro da mão dele, a segurando logo em seguida, tendo duas armas empunhadas contra o adversário.
Ali, Hoseok soube que todas as preocupações de Taehyung eram irrelevantes. Porque Hoseok sabia sim se defender. Porque Hoseok sabia usar uma espada. Porque Hoseok sabia dançar o que a vida pedia em seu palco, e ele sempre fazia seu melhor em uma apresentação.
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Jimin sempre tinha sido um príncipe dedicado à sua coroa, ao seu país e ao seu patriotismo. Nunca houve tal príncipe na linhagem dos Estados Unidos, que se importasse tanto quanto ele, que vivesse em meio ao povo e que buscasse o melhor para a convivência mundial. Jimin não queria casar com alguém que não conhecesse, queria se apaixonar, viver um romance e criar uma família com essa pessoa. Até o dia em que a Rússia pediu um casamento entre ele e a princesa herdeira. Estados Unidos e Rússia nunca tinham se dado bem durante a história do mundo, então, na primeira oportunidade, ele aceitou sem mais delongas, honrando sua pátria tal como um futuro rei deveria fazer.
Até descobrir o que o pai de sua noiva fazia com ela. Seulgi era uma garota dita como séria e antipática, perguntavam a ele se o garoto teria coragem de casar com uma princesa tão grossa quanto ela. Porém o Park nunca desistiu, todas as suas tentativas de aproximação foram falhas, então ele não chegava perto, conversava de longe e tentava descobrir mais sobre a monarquia dos Kang, no outro lado do mundo. O príncipe herdeiro era calmo, pacífico e odiava brigas. Até conhecer o diabo. Manteve o nome dela guardado em sua mente assim que ouviu ele sair da boca de sua noiva, que chorou um dia e uma noite em seu colo, que se desesperou e pediu desculpas por algo que não deveria quando contou a sua escudeira, que não tinha culpa de nada, mas se ajoelhou diante de si e pediu perdão por não ser a esposa virgem que a lei pedia.
E Park Jimin mandou a lei para o fundo do poço. Ele iria se casar com Kang Seulgi, porque por trás de toda a trama que ele tentava resolver entre seu melhor amigo e o cigano, eles estavam se apaixonando um pelo outro.
Mas agora o pai de sua noiva estava de volta.
E estava na França.
Junto com ela. Com eles.
Então, ele solicitou uma reunião com o rei. Kang Daniel era um monstro, horrível e desprezível. Jimin tinha que se segurar para não voar em cima do pescoço do homem que estava indo para seu quarto, para não despejar todos os tipos de ofensas em todas as línguas que conhecia. O rei foi anunciado. Ele estava ali em sua frente agora e Jimin não sabia o que fazer. Estava com raiva acumulada dentro de si, sua noiva estava junto das outras princesas discutindo sobre seu casamento. E não sabia do que estava acontecendo ali.
— Por que me chamou para conversar, Park? Há algo errado com minha filha? — O homem entrou perguntando, a coroa brilhava em sua cabeça, e Jimin se perguntou como tal monstro conseguia se manter de pé depois de tudo que fez.
— Com ela, não, Kang. Minha noiva está perfeitamente bem — O rei se surpreendeu pela felicidade carregada na palavra "noiva". Ele esperava que o príncipe desistisse do casamento depois de descobrir que sua filha não podia chegar perto de homens. Além dele. É claro.
— Então posso saber o motivo de eu estar perdendo meu tempo com você? — Arqueou uma sobrancelha, vendo o sorriso presunçoso surgir nos lábios do príncipe.
— O problema não está nela, está em você — O garoto serviu um copo de whisky para cada um.
— O que quer dizer com isso? — Ele levou o copo à boca, tomando um gole e aprovando o gosto da bebida.
— Ela me contou tudo, Kang — O rei para na metade da ação que estava prestes a fazer — Tudo.
— Não entendi — Ele se faz de desentendido, olhando no fundo dos olhos do príncipe, como uma ameaça.
— Você entendeu muito bem, vossa majestade. Eu sei o que fez e ainda faz com sua filha, o motivo de ela não gostar de homens e de todos os gritos que esse castelo ouviu enquanto ainda estava aqui — Jimin apertava o copo em sua mão a cada acusação, vendo o olhar do rei se tornar cada vez mais obscuro e mal.
— Ah, pequeno Park, você ainda não sabe como um homem funciona — Daniel sorriu, balançando a bebida em sua mão — Quando vemos algo que queremos, podemos pegar, não importa o que ou quem seja. Seulgi sempre foi tão delicada e eu não aguentava ver Chaerin sempre tão indisposta, então eu fiz o que fiz.
— Você é nojento — O Park cuspiu as palavras, vendo o sorriso do rei morrer.
— Muitos, assim como eu, não pensam dessa maneira. Por que acha que eu ainda estou no poder? Ideias nunca morrem, garoto, e eu tenho uma. Meus amigos tem. Tente acabar comigo, quero ver o que pode fazer — O rei riu com a face séria do príncipe, até aquilo se tornar um sorriso inocente e assustador.
— Tem uma pessoa que que gostaria que conhecesse, vossa majestade — O príncipe tomou mais um gole e assobia para o vento, chamando um nome antes temido pela monarquia — Callumy.
— Kang Daniel… — Aquela voz tão sedutora e maligna, que carregava ódio e a vingança no tom de cada letra de cada sílaba de cada palavra — Quanto tempo, não é mesmo?
— Não sei o que quer, Archeon. Já dei meu veredito final — O diabo se aproximou cada vez mais, até parar com os lábios encostando no ouvido do rei — Não tenho medo de você nem do seu inferno insignificante.
— Senhor Kang, está errado, aquele não foi seu veredito final. Quem decide ele sou eu. Sabe, desde o início você foi apenas um miserável que esperava causas acontecerem ao redor do mundo para que pudesse comentar sobre e expandir suas ideias erradas em qualquer assunto que apareça. Seu conservadorismo errôneo não funciona mais. Mas, sabe, você tem razão. Ideias não morrem. Mas as pessoas que a carregam, sim. Você e todos os seus amiguinhos vão sumir, feito cinzas, e eu vou achar a maior graça dar oi para todos — Ela riu suavemente — No inferno.
— Eu vou levar minha filha de volta para a Rússia! E vou cancelar esse noivado fajuto com você, Park! Eu já tirei tudo que eu podia dela, agora não vai ser diferente — Viu o príncipe continuar sorrindo, enquanto mexia o copo de um lado para o outro. O diabo se afastou, andando até o outro lado do quarto com o cetro brilhando em sua mão.
— Ah, claro — Ela sorriu, os olhos em vermelho sangue. O quarto se tornou tão escuro ao ponto do rei apenas ver a figura do diabo andando em sua direção, seus ouvidos se apertaram pelo barulho ensurdecedor de gritos e guerras a cada passo que ela dava para perto de si. Até ela chegar bem perto, e sussurrar em seu ouvido — Vamos ver quem chega primeiro.
E sumiu. E tudo estava de volta ao normal. E ele estava sozinho. Mas não completamente. Namjoon, o pecado da mentira também estava lá, porque Daniel mentiu. Ele estava morrendo de medo.
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