♫ ♫ ♫
— Om..ma?— Chanyeol estatizou todo o corpo ao ver sua mãe chorando. — O que a senhora está fazendo aqui? Depois de todo esse tempo?
— Eu não consigo mais suportar... — aquela mulher sentiu suas pernas fraquejarem sendo segurada pelo filho ao cair para a frente. — Eu tentei mesmo me afastar de você, mas... O Min...
— O que tem o Min? — Chanyeol ficou alerta quando ouviu aquele nome. — O que aconteceu com ele? — sua mãe adentrou o apartamento e sentou-se no primeiro sofá que ficou próxima.
— Eu queria ter contado antes, mas eu não queria atrapalhar seu trabalho, sua fama e você sabe que nossa relação não ficou muito boa depois que enfiou na sua cabeça que queria ser um ídolo. — a mulher limpava os resquícios de lágrimas com a manga de sua blusa e depois de fungar, continuou. — Eu levei o Min ao hospital por conta de um dor que estava tornando-se progressiva. Eu nunca o levei em hospitais e tudo mais, porque essa era sua função antes de apenas eu começara cuidar dele.
— Omma, sem atalhos para discussões. Seja direta. — Chanyeol sentia suas mãos suarem, sinal claro de nervosismo. Min era uma das melhores coisas que tinha acontecido em sua vida e depois que saiu de casa por conta de seu sonho de virar um ídolo, teve que o deixar para trás.
— O médico fez uma bateria de exames e deu um diagnóstico. — os olhos de Chanyeol arregalaram apenas ao ouvir a palavra diagnóstico, se o mesmo existia era sinal que Min não estava nada bem. Seu coração só queria parar, seus ouvidos queriam deixar de escutar depois daquela palavra, naquele momento só queria ser uma pessoa infantil para colocar as mãos sobre os ouvidos e gritar palavras desconexas para não ouvir o que viria a seguir. — Ele tem câncer, mais especificamente Linfoma não Hondgkin, o médico falou mais sobre, mas eu não consegui escutar mais nada. — a mulher voltou a chorar. — Ele já começou o tratamento e está vivendo em um hospital próximo daqui.
— POR QUE NÃO ME AVISOU ANTES? — Chanyeol gritou com o nível de revolta que estava preenchendo seu peito, era explosivo.
— Eu tentei. — a mulher mantinha seu tom de voz, pois sua aparência comprovava sua fraqueza. — Seus seguranças não deixavam eu entrar nos lugares que estava e as vezes nem você queria me ver. Quando eu vi aquele garoto que gravou um programa com você saindo desse prédio, eu sabia onde te encontrar. O porteiro permitiu minha entrada por eu trazer sua certidão de nascimento para comprovar que sou sua mãe. Eu não consegui mais ficar guardando isso comigo, é muito para eu aguentar.
— Onde fica esse hospital? — foi a única pergunta que Chanyeol fez.
A mãe tirou da bolsa um pequeno caderno e uma caneta onde anotou o nome e o endereço, entregando em seguida para Chanyeol.
— Hoje tem horário de visitação na parte da noite, ele está na ala infantil. — a mulher comentou ajeitando sua roupa para ir embora. — Eu tenho que ir embora, preciso fazer a sopa que o Min gosta. Eu sei que pode ser pedir demais, mas Chanyeol... — o mesmo olhou para a mãe, pois antes encarava fixamente o papel. — Vá visitá-lo, tenho certeza que será muito importante para o tratamento do seu...
— Me deixe pensando!— Chanyeol exclamou ainda sem ter uma reação certa.
— Desculpe. — a mulher desculpou-se saindo daquela residência.
O mundo de Chanyeol pareceu desmoronar. Parecia que como uma ampulheta, sua vida estava virando areia e lentamente estava caindo e acumulando em um monte marcando o tempo que estava se deixando levar pela maré. Pegando a carteira na mesinha de canto do lado do sofá viu sua foto alimentando o pequeno Min. Ele estava bem mais novo. Acabou por recordar perfeitamente aqueles olhos negros como uma noite sem estrela, o cabelo negro e liso que sempre estava bagunçado, as mãos que ficavam tão pequenas diante de suas gigantes. O brilho nos olhos dele era a coisa mais bonita que já tinha visto em toda sua vida e lembravam muito os de...
Preferiu não pensar nisso...
Naquele momento sua decisão foi trocar de roupa e fazer o que mais gostava quando sentia suas veias saltarem, quando estava revoltado não só com o mundo, mas consigo mesmo. Ligou para o dono do autódromo onde sempre ia e pediu que ele deixasse tudo pronto antes que o mesmo chegasse. Pegou a chave de seu carro e a passos rápidos começando a andar com firmeza se fazendo a pergunta que por mais que soasse idiota, dentro da sua cabeça fazia completo sentido:
Se eu tivesse participado da vida do Min teria sido diferente?
♫ ♫ ♫
Baekhyun foi recebido pelos pais de Xiumin que eram pessoas muito agradáveis, chegavam a ser adoráveis pela delicadeza com que falavam e faziam as coisas, a família era o protótipo de família com amor na visão de Baekhyun, que ao ver aquela cena sentiu um aperto no coração daquele sentimento de saudade de seus pais que brotava uma hora ou outra.
— Já estão tentando fazer as bochechas do Baekhyun ficarem parecidas com as minhas? — Xiumin perguntou vendo a quantidade de comida que sua mãe estava colocando na mesa. — Não se importe, para eles comida é sinônimo de amor, por isso sou gordinho assim. — Xiumin deu um beijo na bochecha dos pais antes de sentar-se para comer.
— Isso mesmo! Comida é a forma mais pura de transmitir carinho. — aquele senhor já de cabelos grisalhos comentou limpando a mão em seu avental azul o retirando e pegando a maleta para o trabalho. — Mais um dia tentando convencer clientes de comprar imóveis.
— Hoje tô sentindo vibrações positivas para você, querido. — a mulher deu um selinho no marido. — A janta será Kimchi com direito a filme do Bruce Lee.
— Já quero voltar. — o homem comentou saindo pela porta.
— Byun Baekhyun, eu fiquei muito feliz quando o meu bebê disse que um amigo viria aqui em casa, isso é raro para Xiumin que não é muito de socializar. — aquela senhora abriu um sorriso. — Fique o tempo que quiser, eu tenho que me arrumar para ir para a casa da minha patroa, aquela família não vive sem mim para organizar a zona deles.
— Obrigado. — Baekhyun levantou da cadeira e reverenciou-se voltando a sentar. — E você Xiumin, como está?
— Por enquanto sem incêndio vindo de Chanyeol e Shindong, espero que ele não apronte nada. — pegou um bocado de comida colocando na boca, mastigando com calma.
— Você conhece alguém na família do Chanyeol chamado Min? — aquela fotografia estava na cabeça de Baekhyun, sabia muito pouco sobre Chanyeol e sentia que por toda aquela camada de arrogância e egocentrismo, ele tinha uma história. Todos temos. — Eu vi uma foto ontem, dele com uma criança, quase um bebê.
— Olha, é bem perigoso dizer isso em voz alta. Mas são apenas rumores. — Xiumin engoliu o bolo alimentar e falou. — Teve uma época que o Chanyeol estava no cúmulo de fazer coisa errada, foi no início de sua vida de popstar. Um dia recebi uma ligação três horas da manhã vinda de Chanyeol pedindo socorro para tirá-lo de um motel. — estava incerto em continuar, mas tinha confiança que Baekhyun não contaria ou venderia a história para os jornais de entretenimento. — Ele tinha passado a noite com uma prostituta que mais tarde o acusou de largá-la enquanto esperava um filho dele.
— Chanyeol é pai!? — Baekhyun exclamou, mas teve sua boca tapada pela mão de Xiumin. — Desculpe, foi um susto.
— São rumores, nada comprovado. Chanyeol nunca quis falar sobre, mas posso supor que esse tal de Min pode ser a criança. — Xiumin continuou comendo. — Essa história é guardada a sete chaves, okay? Não pode contar a ninguém, nem que precise vender sua alma.
— Acho que ainda temos muitas coisas que não sabemos de Chanyeol. — Baekhyun comentou para si mesmo acompanhando Xiumin na alimentação. — Você acha que essa personalidade do Chanyeol é como se fosse uma camada para esconder os reais sentimentos que ele tem por tudo e por todos? Medo de parecer frágil?
— Eu nunca tive muitos momentos a sós com ele, então nunca conversei com ele direito para conhecê-lo. Eu sou o tipo de pessoa que tende a querer acreditar que nem todo mundo que demonstra ser um ser humano horrível é na verdade. Agora que está mais perto dele, pode fazer essa verificação. — Xiumin comentou escutando seu celular tocar. — Estava tudo muito bom para ser verdade. — atendeu o telefone escutando Shindong gritar em seu ouvido o mandando ir até seu encontro. — Acho que Chanyeol aprontou mais alguma, temos que ir.
Eles se encontraram com Shindong no set de filmagens. O mesmo estava a ponto de arrancar todos os seus cabelos do couro cabeludo. Estava vermelho e suado digitando sem parar em seu celular.
— O CEO vai comer meu fígado bem passado. — Shindong falou no momento que os dois chegaram. — Antes de perguntarem o que aconteceu, eu preciso saber se um de vocês sabe dirigir?
— Eu sei. — Baekhyun já era maior de idade e tinha tirado carteira no ano passado. — O que aconteceu?
— O Chanyeol deu mais um dos seus surtos e obviamente ele foi para o autódromo para desestressar por alguma coisa. Precisamos dele para a filmagem, começa daqui a uma hora, o CEO vai vir para ver a primeira gravação e vai dar uma entrevista, se ele não vier toda a equipe vai ser demitida. — Shindong fingiu um falso choro batendo o pé. — Eu ainda vou parar em um hospício por conta desse ídolo idiota.
— Eu não posso perder meu emprego! Como vou pagar minha universidade? — Xiumin comentou descabelando-se.
— Me dê a chave do carro que vou buscá-lo. Passe-me o endereço! — Baekhyun estendeu a mão para pegar a chave do carro e o endereço do lugar que Shindong tinha o cartão para entrar. — Ninguém vai perder emprego dependendo de mim.
A caminho, Baekhyun começou a pensar no que poderia ter acontecido. Será que era por alguma coisa com Seohyun e Hoojun? Por ele ter mexido na sua foto preciosa? Pelas recordações de seu período bêbado e arrependido? As perguntas rondavam sua cabeça até finalmente chegar ao autódromo na periferia de Seul onde já pode escutar o som da velocidade de um carro possante.
Perguntou ao proprietário onde Chanyeol estava e foi confirmado que o mesmo era a pessoa dentro do carro. Olhando para a velocidade e as curvas, Baekhyun estava com medo, nunca foi muito fã de corridas de carros, pois achava muito perigoso qualquer coisa relacionado a carro e velocidades muito altas, tudo por conta do acidente de seus pais.
Assim que Chanyeol parou o carro e saiu avistou a figura de Baekhyun. Naquele momento o pequeno era uma das últimas pessoas que queria ter contato, mas ao lembrar do compromisso das filmagens percebeu o motivo de ele estar ali. O CEO provavelmente estava com vontade de enforcá-lo, mas naquele momento ele não estava ligando muito para isso, só queria ficar completamente sozinho.
— Estão todos te esperando no set. — Baekhyun ditou quando Chanyeol passou por si sem ao menos cumprimentar.
— Eu não quero filmar hoje, fale com o CEO. Estou sem condições. — o maior simplesmente ditou entregando a chave para o dono do autódromo.
— As pessoas podem perder o emprego, o CEO está indo ao set de filmagem para gravar uma entrevista. Se ele não ver ordem toda a equipe que está trabalhando duro vai ter seu trabalho jogado no lixo. Você não liga? — pensou na hora em Xiumin e seu futuro em uma universidade estar na boa vontade de Chanyeol ir fazer seu trabalho. Ele não respondeu continuando a conversar com o dono do autódromo sobre o motor do carro. — CHANYEOL! — Baekhyun segurou o pulso do mesmo que levou um susto com o grito do mais baixo. — Você vai ir querendo ou não! Não ache que vou deixar isso acontecer a quem eu vejo cumprindo seu trabalho.
No caminho de ser puxado, Chanyeol soltou seu braço e confessou:
— VOCÊ NEM SABE O MOTIVO DE EU ESTAR FAZENDO ISSO!
Aquela frase deixou Baekhyun confuso com a confissão repentina. Os dois já estavam quase na porta do autódromo quando o ídolo começou a chorar. Baekhyun ficou assustado com aquelas lágrimas de Chanyeol. Limpando os resquícios molhados, o maior só virou de costas:
— O que aconteceu para você estar fazendo isso? — Baekhyun perguntou de forma preocupada.
— Baekhyun... — Chanyeol não sabia o motivo de estar falando qualquer coisa relacionada à sua vida com aquele garoto, só sabia da sinceridade dele e naquele momento parecia que aquilo bastava. Ficando sentado em um degrau da escadinha que tinha na portaria do lugar, perguntou: — Qual foi a situação mais difícil que passou em sua vida? — a pergunta tinha sido inusitada e Baekhyun ergueu uma sobrancelha sem entender. — Sem achar que estou louco, okay? Só me fale, como superou? — estava tão perdido em si mesmo e em pensamentos que estava precisando de alguma estrutura na qual se segurar.
Baekhyun mesmo sem entender, aquele vazio nos olhos do ídolo parecia amargurante, tinha acontecido algo grave em sua vida e mesmo eles nem se denominando amigos, Byun sabia como era sentir a dor por algum acontecimento ruim e como Chanyeol, já tinha procurando uma resposta de alguma pessoa para ser algo claro em sua confusão e incerteza. Como resposta sentou ao lado dele e falou:
— A morte dos meus pais. — aproximou a perna do peito as abraçando. — Acho que eu não diria que superei esse acontecimento, mas aprendi a viver com ele. Não posso mudar o passado, pois se tivesse alguma coisa a se fazer, eu faria. Hoje eu apenas tento continuar com minha vida e alertar as pessoas que se ainda têm uma chance de fazer alguma coisa pela pessoa que ama, faça. Para mim foi tarde demais. — Baekhyun abriu um pequeno sorriso. — Apesar de nossas desavenças e o que quer que seja nossa relação de cão e gato, se precisa de ajuda pode pedir para quem está ao seu lado, não precisa ser de titânio vinte quatro horas por dia, sete dias da semana. Isso deve cansar.
— Você pode ir à um lugar comigo? — com aquelas palavras sentiu um certo conforto e sentiu que a pessoa na qual poderia confiar aquele segredo era Baekhyun. — Hoje à noite.
— Eu tenho que me encontrar com o Yifan. — Baekhyun falou sem jeito, mas vendo que era importante, completou: — Quanto mais cedo terminamos a filmagem, podemos ir ao tal lugar que quer que eu vá. Posso falar com ele que vou me atrasar.
— Obrigado. — pela primeira vez Baekhyun tinha escutado um agradecimento sincero vindo da boca de Park. — Iremos depois das filmagens.
♫ ♫ ♫
Chegando ao set e avistando Seohyun já completamente arrumada com seu uniforme escolar, lembrou do que tinha feito e sua vontade de dar meia volta estava cada vez maior. Mesmo achando que o olhar de Baekhyun estava despreocupado, o pequeno tinha visto a garota e lembrou de toda a história que Chanyeol tinha contado sobre os três envolvidos no triângulo amoroso, lembrou da traição e lembrou daquele Chanyeol bêbado chamando pelo nome da artista.
— O que você precisa que eu faça? — Baekhyun perguntou quando começaram a subir os degraus da escadaria que tinha na entrada do local. — Eu ainda não estou nada satisfeito com a situação, mas tenho meus motivos para te ajudar quando se tratar da Seohyun.
— O quê? — Chanyeol se ligou e pensou no que poderia fazer, remetendo as suas memórias sobre Seohyun e sabia que era ciumenta e insegura. — Com aquele beijo ela deve estar achando que estamos tendo alguma coisa, se pudermos fingir mesmo que temos alguma coisa só até esse período de gravações, sinto que dá para suportar. Depois não devo ter muito contato com ela, cortarei todos. — seu olhar mostrava determinação, como se essa última frase fosse uma promessa.
— Você é um bom ator, vai ser fácil. — Baekhyun ironizou lembrando do pequeno momento que Chanyeol se mostrou uma pessoa gentil, enquanto na verdade depois da noite anterior sabia que era uma atuação.
— Bom que você já treina suas atuações para não repetirmos muito por hoje, baixinho. — Chanyeol provocou ao mesmo tempo que entrelaçou dedos longos dedos aos delicados e longos de Baekhyun. — A partir de agora tente não mostrar uma tristeza quando está do meu lado. Se entramos nessa, vamos atuar dignamente. Falarei com Shindong para explicar à equipe a situação para que não interpretem de forma errada, pois boatos são a alimentação da mídia.
— Não quero que qualquer coisa do gênero chegue aos ouvidos de Yifan. — Baekhyun comentou e Chanyeol sentiu certo incômodo, como se quisesse alertar que qualquer amor não vale a pena. Mas não quis estragar as ilusões de um pobre apaixonado, como também já foi. — Vou tentar demonstrar um sorriso.
Enquanto digitava a mensagem para Shindong para abafar qualquer fofoca que aparecesse, Seohyun olhava para os dois com uma certa acidez no estômago. Ela tinha achado que aquela cena tinha sido momentânea ou até mesmo atuada, não tinha acreditado que pudesse ser verdadeira, mas ao vê-los de mãos dadas começou a suspeitar. Ela sabia que Chanyeol era bissexual, pois até mesmo já tinham tentado uma experiência de menáge à trois e ele tinha sido sincero com ela desde o início. Não gostou de ver aquilo, gostava de ter o ciúme direcionado para si, não gostava de senti-lo.
— Oi, Chanyeol. — Seohyun cumprimentou reverenciando-se para os mesmos quando já iam passar direto ao seu lado. — Espero que façamos um bom trabalho hoje. Decorou o roteiro? Eu lembro que tinha dificuldade e eu sempre que tinha que passar uma colinha.
— Se ele precisar de alguma colinha, eu passarei para ele. Obrigado pela preocupação, Seohyun. — Baekhyun comentou vendo que o diretor já os chamava para maquiagem e figurino.
Seohyun sentiu-se substituída e não gostou da ideia. Gostava de manter o controle dela mesmo substituir os outros, não de a substituírem. Se eles tinham mesmo alguma coisa, seria comprovada no set de filmagens. Ficaria bastante atenta.
Depois de estarem arrumados, Baekhyun e Chanyeol estavam separados recebendo informações de como tinham que proceder. Vários convidados a atuarem como alunos aleatórios começaram a entra pelos portões e em seguida começaram a gritar por Chanyeol tendo que ser contidos pelos seguranças. O cenário colegial estava muito bem produzido e a cena que gravariam hoje é como se fosse o início da amizade de Chanyeol com Baekhyun onde Seohyun também aparece. A cena seria dos dois na sala de aula conversando coisas aleatórias, pois o áudio desse momento não seria mostrado no MV, enquanto Seohyun chega se apresentando como nova aluna e os olhares de Chanyeol vidram na mesma sendo percebido por Baekhyun que começa a sentir um ciúme.
Na cena anterior entre os dois, Chanyeol e Baekhyun tinham que mostrar uma cena de descontração no que seria o telhado do colégio. Depois de estarem sentados um do lado do outro se encarando, Chanyeol teve a ideia de começar fazer cosquinha em Baekhyun que começou a se contorcer para defender. As suas risada alta e um pouco engraçado fez muitas pessoas do set começarem a rir em ver aquele momento descontraído. Chanyeol segurou Baekhyun e o levantando apoiou sua barriga em seu ombro.
— Isso não estava no roteiro! — Baekhyun exclamou quando o diretor falou 'corta' e Chanyeol o colocou no chão o deixando limpando as lágrimas de tanto que riu.
— Sua risada parece um porco! — Chanyeol gargalhou, recebendo um soco no ombro com força vindo do mais baixo que si. — Ai! Isso doeu!
— Não fale da minha risada! Odeio isso! — Baekhyun comentou já virando para ir para a parte do cenário onde tinha sido montada a sala de aula, mas teve seu pulso segurado e seu corpo prensado ao de Chanyeol que tinha avistado Seohyun vir na direção dos dois. — O que está fazendo!? — Baekhyun perguntou espalmando suas mãos sobre o peito do maior que abriu um mega sorriso dizendo entre dentes:
— Seohyun.
— Nossa! Você deveria disfarçar mais sua alegria de estar contracenando comigo, Channieeee. — Baekhyun deixou a voz mais fina ao dizer o apelido de Chanyeol que ergueu a sobrancelha, mas não pôde deixar de admitir que foi fofo. — E se a produção nos ver?
— E eu ligo? Que vejam? Se eu precisar protegê-lo de uma legião de fãs, eu serei o melhor super-herói. — Chanyeol observou Seohyun praticamente ao lado dele, afrouxando Baekhyun do aperto de seus braços. — Seohyun, não sabíamos que estava aqui.
— Precisamos gravar a cena! Não fiquem namorando pelos cantos! — falou em um tom de repreensão que não passou despercebido pelos dois que deram uma risada quando ela estava mais longe.
— Acho que ela não gostou muito disso não. — Baekhyun comentou afastando-se do calor humano de Chanyeol, ajeitou a franja de seu cabelo preto que caía em seus olhos. — Você ainda quer ter alguma coisa com ela?
— Hã.. — Chanyeol pensou, pensou e pensou, mas aquele fogo e calor de seu corpo só pela pronúncia do nome de sua amada, não acendia em si aquela vontade de tê-la. — Eu acho que acabou... Foi bom enquanto durou. — pensando no momento que estava passando percebeu que por aqueles poucos minutos barrando meia hora de filmagem, Baekhyun tinha feito Chanyeol sorrir. — Baekhyun... Hã... — passou a mão pela nuca enquanto andavam para o lugar que o diretor os chamou. — Obrigado pela ajuda que está me dando, você seria a última pessoa que pediria alguma coisa, mas acho que sua sinceridade e ódio por mim, meio que me fizeram fazer esse pedido.
— Apesar de tudo o que aconteceu e está acontecendo, eu ainda tenho minha fé nas pessoas. Você já fez muita merda comigo? Já. Mas naquele momento que eu vi você chorando, percebi que tô julgando sem nem ao menos querer conhecer o outro Chanyeol, aquele longe das câmeras e que já foi uma pessoa normal, que tem sentimentos. — Baekhyun piscou antes de ir sentar no lugar que estava com seu nome em uma plaquinha na sala de aula que já era preenchida pelos coadjuvantes. — Todos temos nossas histórias e mesmo que eu esteja sendo idiota, quero te dar mais uma chance para você me contar a sua.
Parado na porta do lugar, Chanyeol repensou as coisas e aquele tipo de pessoa que pensava nunca encontrar na sua vida apareceu: um humano que quer ajudar sem ligar se ele é famoso, sem recompensa, apenas por preocupar com seus sentimentos. Sua personalidade era mesmo um saco e apesar de ter feito o pior com aquele garoto, ele ainda estava dando mais uma oportunidade de Chanyeol tirar aquela fantasia. De ser aquele Chanyeol que ninguém conhece.
Observando Baekhyun sorrir ao conversar com uma garota do seu lado, começou a perceber detalhes nos traços do rosto dele que demonstravam clara transparência em sua essência. Seus olhos brilhavam, ele tinha marcas de expressão no momento que sorria, era bastante expressivo com seus gestos com as mãos e sua fala alta.
Ele também tem uma história? Chanyeol se perguntou.
Sentado na carteira ao lado da de Baekhyun, eles iriam ficar trocando bilhetinhos em post it até que a atriz que faria a professora entrasse anunciando Seohyun.
Pegando o bloquinho de post it, Chanyeol começou a escrever em hangul* uma mensagem para Baekhyun, que consistia na seguinte frase:
" Eu espero que não se sinta mal pelo lugar que vou te levar."
" Por quê?" Baekhyun respondeu com outro bilhetinho.
" Você vai conhecer uma parte da minha história que ninguém conhece. Na verdade vai conhecer uma pessoa muito especial para mim."
" Se está compartilhando alguma coisa da sua história, vou compartilhar da minha e ficamos quites. Não sei que vai gostar desse lugar também, então não temos o que temer. "
" Já mandou a mensagem para o Yifan?"
" Ja sim, vamos nos encontrar em frente a minha antiga casa."
— Alunos! — a atriz exclamou chamando a atenção de forma espontânea dos dois que conversavam pela escrita. — Temos uma aluna novata, a recebam bem. Seu nome é Seohyun, Kim Seohyun.
Chanyeol voltou a lembrar do roteiro e de certa forma teve que forçar para ter a reação descrita de admiração, que era tão comum antes para si. Seohyun parecia ter perdido aquele brilho que emanava, por alguma razão. Ela sorria de forma doce e de forma inocente colocava uma mecha de cabelo atrás da orelha. Todos garotos suspiravam de verdade enquanto Chanyeol apenas fingiu e esgueirando seus olhos vendo Baekhyun intercalar seu olhar em si e Seohyun com uma nítida expressão de descontentamento o fez sentir uma vontade de ter uma risada baixa por acreditar que era verdade esse sentimento.
— Corta! — diretor gritou quando viu o CEO aparecer no local. — Muito bom pessoal! Estão de parabéns! Como tenho que gravar a entrevista com o querido CEO, teremos a próxima filmagem amanhã, onde vamos adiantar muita coisa para que na próxima semana fiquemos apenas para soltar os teasers e fazer as divulgação.
Enquanto trocavam de roupa, Chanyeol viu o relógio e o horário marcado era 17:00. Sua mãe tinha anotado que 18:00 a visitação no hospital começaria e pensar na dor que sentiria em ver o Min correndo em sua direção de forma inocente, esquecendo o tempo que não esteve ao seu lado, abrindo um sorriso com 'janelinhas' e...
Ele poderia não estar assim.
Min poderia estar com as consequências da quimioterapia, poderia estar triste, cansado, sem vontade de fazer nada, poderia ser um novo Min que Chanyeol não conhecia e estava com medo de conhecer e sentir que não poderia suportar como sua mãe.
— Vamos? — Baekhyun apareceu na porta da sala onde estava dando pequenas batidas na porta. — Tá tudo bem?
— Eu... Eu... — Chanyeol queria completar a frase, - eu estou com medo- só que ainda não sentia firmeza o suficiente para fazer isso. — Estou pegando as chaves da mini van que o Shindong me deu, eu liberei ele mais cedo hoje, achei melhor irmos sozinhos.
— Okay... — Baekhyun não acreditou muito, mas se permitiu fingir.
Dirigindo a van, Baekhyun pode perceber que as mãos do ídolo estavam tremendo e sua atenção estava dispersa.
— Faz muito tempo que não vê essa pessoa? — Baekhyun achava que o nervosismo dele estaria associado a isso e tinha acertado de forma certeira.
— Sim.
— Está com medo de que ela tenha mudado muito desde a última vez que a viu? — recebeu uma afirmação com a cabeça de Chanyeol. — Olha, fica tranquilo. Se quiser eu posso entrar primeiro enquanto fica espiando para saber se quer mesmo ver essa pessoa. — pensou em uma forma de aliviar o estresse. — Eu sei como se sente, todos nós temos medo de que o que deixamos para trás tenha mudado muito e que acabamos não acompanhando essa mudança, seja boa ou ruim.
— Você sempre tem plano para tudo? — Chanyeol perguntou já virando na rua do hospital. Baekhyun vendo o lugar onde estava sendo levado passou a entender o recado do post it do maior. — Minha mãe veio ao apartamento de manhã e me falou sobre o estado do Min.
— Min? — Baekhyun estava bastante curioso para saber se os boatos eram verdadeiros.
— Apesar dele ser uma criança que não foi premeditada, foi fruto de um amor. — a certeza de Baekhyun era definitiva: Chanyeol era pai. — Ele era uma criança tão feliz e alegre, eu adorava o jeitinho confuso e atrapalhado dele, mas e agora? Como ele está? Pelo que ele passou sem eu estar ao lado dele? E por Deus, ele é uma criança, não deveria sentir qualquer dor que seja! — estacionou o carro. — Eu acho que vou seguir sua ideia, quero ver se tenho a capacidade de aguentar ver essa cena.
Baekhyun sentiu um aperto em seu peito. Então o filho de Chanyeol estaria no hospital? Por que motivo? Por que ele tinha afastado do filho que ao menos tem lembranças recentes sobre o mesmo? Como Chanyeol estaria sentindo-se? Culpado? Infeliz? Aflito? Eram tantas perguntas, mas não tinha como perguntar. Acreditou que ficar em silêncio era a melhor coisa que poderia fazer.
— Boa noite, eu vim visitar um paciente da ala infantil. — Chanyeol falou com certo receio, ainda na esperança que tudo aquilo era um sonho. O nome dele é Park Min-Kyung.
— Ah sim! O pequeno Min. — a enfermeira disse com um sorriso. — Uma das crianças que mais gostamos aqui no hospital. É só seguir a linha vermelha no chão que vai chegar ao setor.
Baekhyun se colocou a frente de Chanyeol e começou a seguir a linha vermelha que acabou em frente a uma porta branca de correr que depois de conferir o olhar vago de Chanyeol, passou álcool em gel nas mãos e ao aproximar da porta a mesma com a ajuda de Chanyeol, o deixando ver diversas camas em um quarto com decorações infantis com cores pastéis. Dentro todas aquelas chamou:
— Quem aqui é Min-Kyung?
— Sou eu!!! — uma criança com uma roupa de hospital com estampa de bolinhas e uma touca que não deixava mostra sua falta de cabelo. — Quem é você tio? — pulou em direção a Baekhyun que agachou para ficar na altura daquela criança.
— Sou um grande amigo de... — tocou o nariz do pequeno com o indicador. — Chanyeol? Conhece?
— Channie orelha? Channie?? O Channie está aqui?? — a criança começou a saltitar pelo quarto falando com as outras crianças. — Ele veio me visitar! Ele é famosão! Ele veio mesmo!
— Você quer ver o Channie? — a criança pediu colo e Baekhyun virou um pouco vendo Chanyeol olhar com a porta um pouco aberta, com os olhos marejados. Ele fez uma não com a cabeça e saiu daquela greta. — Ele não veio hoje, mas eu como um grande amigo dele prometo trazê-lo logo logo para te ver, coisa fofa! — a criança deu uma risada quando Baekhyun afundou seu nariz no pescoço dele.
— Fala com ele que tô com uma enorme saudade do gigantão das orelhas grandes! — colocou a criança no chão que estava com um enorme sorriso. — Eu tô 'dodoi', mas preciso provar que ainda ganho dele nas lutinhas que temos!
— Pode deixar. — Baekhyun abriu um sorriso e saiu do quarto começando a procurar por Chanyeol.
Avistando pela enorme janela de vidro do hospital, Baekhyun viu Chanyeol sentado nos bancos da parte de fora com a cabeça baixa entre suas mãos. Deve ter sido demais para ele. Baekhyun não era burro ao ponto de não saber que aquela área do hospital era destinado à paciente com câncer, especificamente crianças. Mesmo não tendo nenhum vínculo com Min, ele já ficou emocional e segurou sua vontade de chorar, afinal nunca tinha passado por essa situação e ainda não conseguia mensurar o tamanho da dor.
De um sentimento tinha certeza que Chanyeol estava sentindo: culpa.
— Não quis entrar mesmo, não é? — Baekhyun comentou agachando novamente para encontrar os olhos marejados de Chanyeol que levantou puxando Baekhyun e o abraçando.
— Eu estou com medo! Isso foi culpa minha, se eu tivesse ficado ao lado dele e deixado de lado essa merda de querer ser famoso, teria sido diferente! Era para eu estar ao lado dele nesse momento difícil! Ele é só uma criança! — Chanyeol estava chorando enquanto exclamava como se só quisesse falar alto consigo mesmo como se fosse uma punição. — Ele não merece isso! Eu mereço!
— Não fala isso! Ninguém merece isso! — Baekhyun falou um pouco abafado com seu rosto contra a blusa de Chanyeol. — Você não se torna frágil por expor seus pensamentos e não tem culpa por isso. É culpa da genética, okay? Esquece qualquer ideia de culpa que você tenha. — colocou a mão nas costas dando leves tapinhas, como se fosse um jeito de consolo. — Ele falou que quer te ver, que está com saudades.
— Eu não estou em condições de vê-lo hoje. Não consigo olhar para aqueles olhos e fingir um sorriso para mostrar força. — Chanyeol estava curvado por conta a altura de Baekhyun e ainda não tinha desfeito o abraço. — O que eu faço?
— Não se preocupe... — Baekhyun assumiu segurou os ombros e o afastando. — Vamos para sua casa, daremos um passo de cada vez e quando você sentir que é capaz de vir aqui e trazer junto com sua presença força para o jovem Min, eu virei com você de novo. Virei visitá-lo todos os dias e te passar um relatório, que tal?
— Faria isso mesmo?
— Esse lado frágil me mostrou que precisa de ajuda. Não devemos negar ajuda ao próximo. — Baekhyun abriu doce sorriso. — Vamos que vou preparar o que deseja comer.
♫ ♫ ♫
Depois de chegar em casa e fazer alguma coisa para Chanyeol comer, percebeu que era melhor deixá-lo sozinho aquela noite. Pegou em sua mochila uma muda de roupa para dormir na casa de Yifan. Ele deveria querer ficar sozinho com seus pensamentos.
Pegou o ônibus que sempre estava acostumado a ir para sua antiga residência, sentindo calafrios só de pensar em encontrar com Tao e o resto da família. Iria ficar do lado de fora e pronto, esse era seu plano.
Chegando à rua viu diversos carros pretos parados em frente à casa. Olhando pelas grades do grande portão ornamentado viu a figura de Tao, Yi-Hyun e Lika parados em fila com expressões assustadas para os homens de terno que desceram dos veículos.
Alguns ficaram parados no meio feio da calçadas e outros na entrada do portão. Quando Baekhyun tentou entrar ao ver a figura de seu melhor amigo foi barrado.
— Você não tem autorização de entrar nessa residência nesse momento. — o homem colocou a mão sobre o peito de Baekhyun.
— Como assim? — Baekhyun ergueu uma das sobrancelhas. — Eu vim ver meu melhor amigo.
— Ainda não posso deixá-lo passar. Por favor retire-se. — o homem falou em um tom de voz mais grosso, mas de forma desafiante Baekhyun tentou passar, mas teve seus braços segurados.
— Me solta!— exclamou em defesa chamando atenção da família que estava no jardim.
— O que está acontecendo aqui? — Yifan perguntou chegando e vendo a pequena confusão. — Por que está segurando ele? Quem são vocês?
— Wu Yi Fan? — o homem perguntou.
— Sim. Quem pergunta?
— Finalmente o encontramos. — o segurança comentou pelo auricular em sua orelha. — Precisamos que venha conosco, senhor.
— Quem são vocês? — olhou para Baekhyun. — E soltem-no.
— É mais fácil explicarmos para você quem tu és. — o homem reverenciou-se. — Wu Yi Fan filho de Wu Leong Ho, presidente da Tencent, mais famosa empresa de serviços de Internet da China é a marca mais valiosa deste ano, valendo US$ 44,7 bilhões. — o homem pigarreou quando Leong Ho desceu do carro retirando seus óculos. — Ele estava lhe procurando desesperadamente e finalmente conseguimos seu paradeiro.
— O quê!? — Yifan disse.
— O quê!? — Tao berrou junto com sua mãe e Lika.
— O quê!? — Baekhyun foi o último a reagir.
— Meu filho. — o homem mais velho abriu os braços.
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