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História Cinquenta Tons de Steele - INDOMÁVEL - Dezenove - História escrita por FilhaDaGringa - Spirit Fanfics e Histórias
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História Cinquenta Tons de Steele - INDOMÁVEL - Dezenove



Notas do Autor


HEY PESSOINHAS LINDAS E DIVAS DO MEU CORAÇÃO *O*
Depois de uma semana de folga de mim, eu finalmente estou de volta para encher a paciência de vocês *O* ~emocionada KKKKK'
Sentiram minha falta? Eu sei que não, mas eu senti falta de vocês e seus comentários divos *-*
Enfim, sobre o capítulo de hoje, eu estou meio receosa porque é um capítulo meio diferente e mais dedicado aos amigos da Ana, APESAR DE o Grey aparecer algumas vezes... E, também, é pra mostrar um pouco mais da personalidade dela e também deixar mais algumas perguntas no ar... *o* Quero ver se vocês vão captar mais algumas coisas *O* heheheheh
CHEGA DE FALAR!
Boa leitura!

Capítulo 20 - Dezenove


Fanfic / Fanfiction Cinquenta Tons de Steele - INDOMÁVEL - Dezenove

— Ana...

Olho envolta procurando pelo ser que cantarola meu nome de forma macabra mas não o encontro.

— Quem está ai? — pergunto desorientada.

— Oh, Ana, vamos lá, você sabe quem é. — a voz sombria responde. — Ou será que vou precisar faze-la lembrar?

Engulo em seco. O que é isso? Por que esse ser está brincando comigo?

— Quem é você? — grito em estado de alerta, dando um giro de 360º graus. — O que você quer de mim?

— Ana, Ana, Ana... Você sabe o que eu quero, não se faça de ingênua.

Coloco as mãos na cabeça em pânico. A voz parece estar saindo da minha mente.

— Quem é você? — insisto, sentindo uma súbita vontade de chorar. — Onde você está? Apareça!

— Estou bem aqui, querida. — me viro em direção ao som da voz e automaticamente meus olhos se expandem.

Dereck?!

O sorriso que desponta em seu rosto é macabro.

— Em carne, osso e gostosura. — desdenha.

— Não pode ser... — murmuro, arfando em completo choque. — Não! — chacoalho minha cabeça, repetindo mentalmente que o que estou vendo não é real. — Você não é real... Eu não estou te vendo... Você não é real!

— Oh, eu sou real sim. — diz em falso tom doce. — E eu sou seu único dominador, Ana! — decreta em tom duro e possessivo, vindo vagarosamente em minha direção. — E se você se entregar a ele... — ri perversamente. — Eu vou te encontrar e você vai se arrepender de ter aceitado isso.

Recuo sem tirar meus olhos dele e sinto minhas costas se chocarem contra uma superfície sólida. A parede. Droga! É o fim da linha... É o meu fim...

— Você não pode fazer nada comigo! — arfo, sentindo o ar se tornar mais denso. Ai caramba, estou muito ofegante! — Você NUNCA mais vai fazer alguma coisa comigo. Jamais o deixarei me tocar outra vez!

Ele se detém, bem próximo a mim, me encurralando contra a parede.

— Isso é um desafio? — debocha, fazendo sua respiração vir de encontro ao meu rosto. — Porque se for, eu estou tentando a aceitar. — ele desliza o torso da mão suavemente por meu rosto. Seu toque me causa completa aversão.

— Não me toque! — afasto sua mão de mim. Só o encostar de sua pele contra a minha já me causa medo.

Ele me olha fingindo comoção.

— Oh, eu também senti saudades amor. — sua voz é falsamente calma, o que me faz sentir ainda mais medo. Mas não tenho como fugir. — E sabe do que eu senti mais falta? — pergunta, levando uma mão a minha nuca, e agarrando meus cabelos fortemente. — Disto! — diz, erguendo sua mão o mais alto possível para fazer o que eu mais temo.

Fecho os olhos e me encolho na tentativa de me defender.

— Não!

— NÃO!

Abro meus olhos ofegante e assustada, mas percebo no segundo seguinte que ao invés de estar contra uma parede fria, estou aquecida e segura entre os braços de Christian. Involuntariamente eu suspiro aliviada. Estou tão quente e suada. Meus batimentos cardíacos estão acelerados pelo pesadelo recente. Christian está agarrado ao meu corpo como se eu fosse um ursinho de pelúcia carente de abraço. Ele está profundamente adormecido com sua cabeça em meu peito, exatamente sobre o decote de minha camisola, o que dá a impressão de que ele está cheirando meus seios. Seus braços estão ao meu redor, mantendo-me imóvel e possessivamente perto, uma de suas pernas está jogada e enganchada em torno das minhas e a expressão de seu rosto é terna e pacifica. Mal consigo respirar. Está me sufocando com o calor de seu corpo. Tento me mover mas ele é pesado demais para meus braços franzinos aguentarem. Eu respiro fundo para absorver que o pesadelo não é real e que Christian ainda está em minha cama, dormindo feito uma pedra. Mal posso conter um sorriso. Ele está comigo. Volto meu olhar para a janela. Já há luz diurna lá fora, o que significa que é de manhã. Pestanejo atordoada. Christian passou a noite inteira comigo. Isso é uma novidade! Estendo meu braço direito, em busca de algum frescor. Eu me preparo para tentar empurra-lo para que me solte, quando o pensamento de que eu posso tocá-lo me atinge. Ele está adormecido. Posso toca-lo. Onde eu quiser! Sorrio maliciosa. Sorrateiramente, levanto minha mão e corro as pontas de meus dedos sobre suas costas, por baixo da camisa, sentindo a maciez de sua pele. Ouço um gemido fraco e profundo em sua garganta, angustiado ele se mexe. Fico estática na esperança de que ele não acorde. Mas para a minha decepção, Christian se aninha em meu tórax, inalando profundamente enquanto desperta. Droga! Sonolento, pestaneja algumas vezes, e logo seus olhos cinza se encontram com os meus debaixo de seus cabelos despenteados.

— Bom dia... — murmura, sorrindo de lado, mas em seguida franze a testa. — Caramba, até em meus sonhos eu estou atraído por você, Ana. — ele se move devagar, descolando seus membros de mim, se ajeitando e enquanto ele o faz eu me torno ciente de sua ereção que roça levemente contra meu quadril. Arqueio uma sobrancelha e ele nota a minha reação abrindo um sorriso lento e sensual. — Hmm… Isso tem diversas possibilidades, mas eu acho que nós devemos esperar até domingo. — sussurra e se inclina, fuçando minha orelha com seu nariz e me dando uma leve mordida enquanto sorrateiramente ele guia minha mão até seu membro. Arregalo os olhos, deixando escapar um gemido rouco e assustado, e levanto-me da cama, olhando-o um tanto perturbada. Christian se apoia em um cotovelo me olhando confuso, mas sua expressão logo se transforma em divertida. — Fugindo de mim, Senhorita Steele?

Não... — prolongo minha negação, arrastando minha voz e agitando minha cabeça. — Estou fugindo do seu apetite voraz e insaciável. — debocho, e em seguida enrugo a testa sentindo a falta de uma pequena pessoinha... — Cadê o Sean?

Christian senta-se na cama e ergue os braços em sinal de rendição ao ver minha expressão.

— Não me olhe assim, acabei de acordar.

— Ér, estou percebendo... — rio baixinho. — E aproveitando o momento, nós temos coisas a acertar. Precisamos fazer um acordo. — digo enquanto volto para a cama e me sento próximo a ele.

— Um acordo? — pergunta, levantando suas sobrancelhas surpreso e confuso.

Abro um sorriso esperto.

— Chame isso de "Acordo da Senhorita Steele". Você não é o único com truques na manga, Christian. — digo orgulhosa.

Ele ergue uma sobrancelha.

— Bom, eu não estou usando meu terno hoje. Mas acho que podemos fazer negócio. — diz, me devolvendo o sorriso.

— Christian, cale a boca e me deixe falar. — digo entediada.

Ele arqueia uma sobrancelha novamente, mas dessa vez, sua expressão é de repreensão. Me controlo para não revirar os olhos de desgosto.

— É-ér... Desculpe por desrespeita-lo, senhor, foi um comportamento inadequado e não irá acontecer de novo. — digo em falso tom obediente, mas ele finge não perceber e me lança um sorriso condescendente.

— Boa menina.

Sorrio sem mostrar os dentes, me auto controlando para não xinga-lo. Você é uma boa menina, Ana, você é realmente uma boa menina...

— Voltando ao assunto... O acordo que quero fazer com você é o seguinte: — digo, dando uma pausa para ter certeza de que sua atenção está inteiramente sobre mim. — Chega de brigas. De agora em diante vamos resolver as coisas como pessoas civilizadas. Assim você não precisará me castigar, e eu... Bem, eu não vou precisar fazer o que eu faço de melhor. — Que é xingar você, completo em pensamento. Eu estou começando a aceitar a ideia de meu relacionamento com Christian, mas pra isso dar certo precisamos ser um pouco menos... Problemáticos. O que vai ser muito difícil. E põe difícil nisso...

Christian maneia levemente a cabeça, demonstrando que entendeu.

— Isso é tudo que tem a dizer?

Confirmo.

— É tudo que preciso dizer. Afinal, quanto menos tempo passarmos brigando... — digo, abrindo um sorriso e inclinando meu corpo lentamente em sua direção. — Mais tempo teremos para... — meus lábios quase tocam os seus. — Aproveitar... — acrescento, encostando nossos lábios em um selinho, que eu logo transformo em um beijo, pegando Christian de surpresa.

Me aproveitando de seu sobressalto, eu espalmo minhas mãos em seu rosto, aprofundando ainda mais o beijo quando empurro-o de encontro a cama, ficando por cima de seu corpo. O breve momento de surpresa de Christian, logo é substituído por um gemido de aprovação assim que eu me sento em seu quadril, roçando nossas intimidades. Sorrio entre o beijo, prendendo seu lábio inferior entre os dentes enquanto ele desce suas mãos de encontro as minhas coxas, subindo vagarosamente até minha bunda por dentro da camisola. Quando eu penso em começar a me divertir, sou completamente surpreendida por Christian que inverte nossas posições, ficando por cima e apoiando suas mãos na cama para me olhar. Arqueio uma sobrancelha para ele que apenas me lança um sorriso malicioso em resposta antes voltar a me beijar com intensidade. Elevo minhas mãos a sua nuca, puxando alguns fios de seu cabelo quando ele desvia o beijo para minha bochecha, e segue beijando o meu queixo e garganta. Fecho os olhos me permitindo apreciar as sensações que seus lábios me causam, mas repentinamente ele se detém, fazendo-me abrir os olhos confusa.

— O que foi? — sussurro desorientada. — Por que você parou? — pergunto, formando um beicinho infantil.

Ele me olha divertido e ao mesmo tempo pensativo.

— Eu adoraria continuar, mas... Que horas são?

Viro minha cabeça de lado e olho para o meu relógio.

— Sete e meia...

— Sete e meia?! — repete esbaforido. — Merda! — ele sai de cima de mim e pega sua calça jeans apressadamente, pulando no chão para vesti-la.

É a minha vez de olha-lo divertida, enquanto me sento e assisto seu puro e completo desespero. Aparentemente Christian Grey está atrasado e agitado. O senhor certinho está atrasado... Isso é novidade pra mim.

— Você é uma péssima influência para mim, Anastásia. Eu tenho uma reunião. Tenho que estar em Portland às oito. — ele para de arrumar sua calça, e me olha encucado. — Você está rindo de mim?

— Sim. — concordo, rindo ainda mais.

Ele sorri.

— Eu estou atrasado, Ana. E eu não costumo me atrasar... Mais uma novidade. — Christian puxa sua jaqueta, que está comigo desde nosso jantar na quarta, e em seguida se abaixa e segura meu rosto, com uma mão de cada lado. — Domingo. — diz, sua palavra carregada com uma promessa não dita.

— Domingo. — confirmo, e ele inclina-se e me beija rapidamente, mas eu o agarro pela nuca, prolongando o beijo me sentindo incapaz de desgrudar sua boca da minha. Christian sorri contra a minha boca e morde meu lábio inferior, partindo o beijo.

— Se tivesse me acordado mais cedo, daria tempo para uma rapidinha. — brinca, fazendo-me rir e então pega suas coisas na minha mesa de cabeceira e seus sapatos no chão, mas não os calça. — Mas já estou muito atrasado. Tenho que ir! — diz, se dirigindo para a porta. — Oh, e antes que eu me esqueça... Taylor virá avaliar a sua moto. Eu estava falando sério. Não pilote-a. Vejo você em minha casa no domingo. E vou enviar uma mensagem a você mais tarde. — fala tudo de uma vez, e tão rápido quanto um vendaval, ele se vai.

Oh meu Deus, me segure! Christian passou a noite comigo. E não houve apenas sexo, mas também preguiça, confissões e sonhos. Ele me disse que nunca dormiu com ninguém, mas já dormiu comigo uma porrada de vezes. E isso tudo sem aquele bendito contrato. Isso é surpreendente! Talvez eu não seja a única afetada, afinal. Sorrio e lentamente levanto-me da cama. Dirijo-me à sala e encontro Ethan e Sean jogados no sofá assistindo algum desenho idiota no Discovery Kids.

— Bom dia, meninos! — cumprimento, sorrindo debilmente de orelha a orelha. Estou estranhamente animada... As sete da manhã... Isso é uma certa macumba que atende pelo nome de Christian Grey!

— Oi, Ana! — Sean diz, sem tirar os olhos da televisão. — A tia Kate fez café da manhã pra mim!

Sorrio sozinha. Kate cozinhando? Isso é um milagre do nosso Senhor Jesus Cristo. O mundo está acabando, só pode!

— Bom dia, dorminhoca! — Ethan sorri brincalhão. — Dormiu bem? — pergunta sugestivo.

Arqueio uma sobrancelha.

— Sim, eu dormi. — digo, estreitando os olhos em sua direção.

— Seu namoradinho passou correndo por aqui... — comenta casualmente. — Ele parecia com pressa.

— Ele não é... — interrompo minha frase, desistindo de discordar. — Esquece. — reviro os olhos. — Onde está Kate?

— Ela saiu. Disse que ia fazer não sei o que, em não sei aonde. — dá ombros, voltando seu olhar pra TV.

Bufo.

— Eth, você é tão prestativo. — digo com desgosto indo em direção a cozinha. Preciso da minha xícara de chá matinal.

— Também te amo! — ouço-o gritar da sala.

Depois do café da manhã, tomo banho e me visto rapidamente para meu último dia na Clayton's. É o fim de uma era, adeus Senhor e Senhora Clayton. Olho para o relógio, oito horas e cinco minutos. Ainda tenho alguns minutos pra saborear fazendo um grande monte de nada. Pego meu celular em cima da minha escrivaninha, me jogo na cama e decido perturbar o Christian.

 

"Querido Senhor mais tolerável Grey,
    Obrigado por ficar comigo. Eu realmente fiquei muito feliz com nossa noite juntos, me senti em êxtase. Espero que tenha gostado tanto quanto eu. E também espero que o mundo de Fusões e Aquisições seja tão estimulante como sempre… E que você não tenha se atrasado muito hahahaha
    XoxxxxXo, Ana."

 

Aperto enviar, guardo o telefone no bolso, levanto-me da cama, e vou em direção a sala, arrumando os botões de minha camisa social enquanto o faço. Como é meu último dia de trabalho, decido ir bem arrumada, já que, provavelmente o Senhor e a Senhora Clayton vão me puxar pra uma incessante sessão de fotos de despedida. Assim que retorno a sala, vejo que Ethan e Sean estão sentados no chão, jogando UNO. Me jogo no sofá e fico assistindo-os brincar. Até que o Sean ganha, e um Ethan emburrado decide fazer uma pausa. Eu rio da cara de enfezado dele, enquanto Sean se joga em cima de mim em um abraço apertado, me fazendo rir ainda mais.

— Ei, Ana, o que é isso no seu pescoço? — Sean pergunta curioso, afastando meus cabelos e empurrando minha cabeça para o lado para olhar melhor. Ele desliza seu dedinho pequenino pela lateral do meu pescoço, e eu enrugo a testa e olho interrogativamente para Ethan, que, assim que percebe o que Sean está olhando, imediatamente arregala os olhos e se levanta.

— Ér... É uma mordida de mosquito, Sean. Um mosquito grande, feroz e bilionário. — ele diz nervosamente, puxando o Sean de cima de mim. E no instante seguinte eu capto sua mensagem. Droga! Eu esqueci... Estou marcada. Christian me marcou. Que merda! Por que eu pedi por isso? Por que? Oh Deus! Meus olhos se arregalam, imitando a expressão de Ethan a segundos atrás.

— Mas isso não parece mordida de mosquito. Mordida de mosquito fica vermelho e aquilo ali 'tá quase preto. — ele retruca com uma suspeita inocente, e eu pigarreio desconfortável.

— É que... É um mosquito muito raro! É dengue. — Ethan inventa. — Agora que tal você pegar uns salgadinhos e suco pra gente lá na cozinha, hein?

— 'Tá bom! — ele concorda sorridente e se vai.

E quando tenho plena certeza de que ele não pode nos ouvir, me levanto e olho nervosamente pro Ethan.

— Está muito ruim? — sussurro desesperada e olhando exasperada na direção da cozinha. Droga, justo hoje eu decido não me olhar direito no espelho! — Eu nem tinha reparado nisso. — me explico angustiada.

— 'Tá horrível! — ele sussurra de volta. — Eu não sei como você não viu isso antes. Parece que uma sanguessuga assassina te atacou! — diz em tom zombeteiro e eu lanço um olhar feio a ele. — Jesus Cristo... Vocês são animais! O que fizeram ontem?

Estreito os olhos.

— Isso não é da sua conta! — sussurro ameaçadora.

Ele me olha entediado.

— Esconde essa coisa. — diz, e instintivamente eu o faço, tampando meu pescoço com meu cabelo. — E eu acho melhor você sumir daqui antes que o Sean volte e faça mais perguntas que a gente não consiga responder.

Concordo com a cabeça.

— Você toma conta dele pra mim enquanto a Kate não chega? — pergunto hesitante.

— Fica tranquila, Ana. Eu sei ser responsável quando preciso. — estreito os olhos pra ele, desconfiada. — Que foi? É sério.

— Aham... E eu acredito muito nisso... — digo em tom descrente. — Eu vou lá em cima ver se consigo esconder essa droga com maquiagem. — acrescento, apontando pro meu pescoço. — E você, preste bastante atenção no Sean, e se alguma coisa acontecer a ele eu juro que te mato com golpes de tortura, você entendeu?

— Não perca seu tempo com ameaças vazias e vai logo dar um jeito nessa merda de chupão. — ele me empurra em direção ao corredor, e eu reviro os olhos, indo em direção ao quarto.

Assim que ponho um pé dentro do quarto, meu celular vibra em meu bolso. É uma mensagem. De Christian.

 

"Você não faz ideia do quanto eu gostei. Minha mão estava muito dolorida. Mas eu gostei disso. A propósito, eu me senti muito saciado, muito mais do que você possa imaginar. Fico muito feliz que esteja escutando os desejos de seu corpo.
    Ps.: O mundo de M&A não é tão estimulante quanto você é Senhorita Steele.
    Christian Grey."

 

Rio sozinha, indo em direção a minha penteadeira e me sentando em frente ao espelho.

 

"Fico muito feliz por sua mão estar dolorida, e, ao contrário de você, eu estou perfeitamente bem. Posso dizer que estou ganhando esse jogo, certo?! hahaha E acredite, se eu realmente escutasse o meu corpo, eu estaria no Alasca agora. Ou talvez no Japão. O que for mais distante.
    Ps.: Você não tinha que estar em uma reunião?"

 

Largo meu telefone na penteadeira, pego minha base e começo a esfregar no meu pescoço na área extremamente degradada por Christian. Faço um esforço pra enxergar o reflexo no espelho e o pedaço que consigo ver está um roxo esverdeado ou seja lá que porra de cor é essa! Eu só sei que essa não é a cor da minha pele! Meu celular vibra e eu largo minha base e o pego.

 

"Eu estou em uma reunião discutindo mercados futuros, se você está tão curiosa e interessada.
    E, obviamente, você não está escutando a parte certa de seu corpo... O Alasca é muito frio, Senhorita Steele, e não há nenhum lugar para correr e se esconder. Eu acharia você facilmente. E eu posso controlar o seu telefone celular, lembra?
    Ps: Você não deveria estar trabalhando?
    Christian Grey."

 

Aperto responder. Ele é definitivamente possessivo, traço, obsessivo, traço, controlador.

 

"Querido Senhor Espreitador Grey,
    Eu não tenho cobertura internacional, então, meu celular não seria sua melhor opção!
    E só por curiosidade... Já cogitou a possibilidade de buscar terapia pra suas propensões de assediador?
    Ps: Isso não é de seu interesse. Você NÃO É o meu chefe :)
    Ana."

 

Largo o celular novamente e passo mais base, antes de pegar meu pó de arroz e passa-lo por cima da base. Eu estou concentrada em tampar o estrago, quando meu celular vibra outra vez.

 

"Espreitador? Eu? Isso é um ultraje contra mim, Anastásia! Saiba que posso lhe denunciar por falso testemunho.
    E para a sua informação, eu pago ao eminente Dr. Flynn uma pequena fortuna para que ele se ocupe de minhas tendência de assédio e de outras propensões.
    Ps: Não interessa. Vá trabalhar!
    Christian Grey"

 

Encaro a tela do meu celular com expressão de tédio. Christian me estressa. Minha missão "sem brigas" vai ser mais difícil do que eu pensava.

 

"Eu posso humildemente sugerir que você busque uma segunda opinião? Eu não estou certa de que esse tal Dr. Flynn é muito efetivo, já que, pelo visto, não está adiantando de porra nenhuma!
    Ps: Me obrigue ¬¬'
    Queen Ana!"

 

Rio sozinha da minha mensagem e volto meu olhar ao meu reflexo, procurando por alguma evidencia do chupão que Christian deixou em mim, e para a minha infelicidade, ainda dá pra ver. Bufo, pegando e passando mais pó. O telefone vibra, me interrompendo outra vez.

 

"Senhorita Steele,
    Humilde ou não, isso não é da sua conta. E o Dr. Flynn é a segunda opinião.
    Ps: Se eu fizer isso você terá que acelerar em seu novo carro para evitar que eu a pegue, pondo você mesma em risco desnecessário, e acho que isto é contra as regras. Agora, VÁ TRABALHAR.
    Christian Grey"

 

Seguro minha vontade de jogar o telefone na parede e ignorar o Christian pelo resto da minha vida e aperto responder.

 

"Como o objeto de suas propensões é ME espreitar, eu acho que é da minha conta SIM SENHOR.
    Ps: Eu não assinei nada. Então não há limites e regras pra mim. E eu só começo as 9:30.
    Ps²: Eu sou muito boa em pegas, só pra deixar em pauta mesmo ;)
    Ps³: Qual é o problema com as pessoas dessa reunião que não estão vendo você com esse celular na mão? -.-
    Xoxxxxo, Ana"

 

Largo o celular novamente e foco em meu reflexo. Meu pescoço está mais branco que vestido de noiva. Faço careta pro espelho e passo a mão pelo pescoço tirando o excesso de maquiagem. Mais rápido do que eu imaginava sua resposta chega.

 

"Sem limites? Não sei onde isso aparece no Dicionário Webster.
    Sobre o pegas... Prefiro nem comentar. Apenas TENTE fazer isto e vamos ter um problema.
    E quanto ao fato de estar digitando em uma reunião... Não subestime minhas habilidades de espião, Senhorita Steele.
    Christian Grey"

 

Arqueio uma sobrancelha. Ele quer me confrontar?! Como se isso funcionasse comigo. Faço um chiado de deboche com a boca.

 

"Está entre excesso de controle e perseguidor.
    Você vai procurar a definição e se informar agora? Se quiser eu posso lhe emprestar meu dicionário mais tarde, mas agora eu preciso ir trabalhar em meu novo carro."

 

Bufo e decido por esconder a tragédia roxa com meu cabelo, por hora, isso terá que resolver. Meu celular vibra atraindo minha atenção.

 

"A palma da minha mão está coçando para macular sua linda pele branquinha. Mas isso pode esperar.
    Dirija com segurança, Senhorita Steele.
    Christian Grey"

 

Faço uma careta. Sério isso?! Ele está falando em marcar minha pele sendo que, meu pescoço está com uma TREMENDA MARCA causada POR ELE! Argh!

 

"Não prometo nada :P hahaha
    Ps: Acredite, você já maculou e MUITO minha pele O.o
    Xxxxxxxoxo, Ana."

 

Guardo meu celular no bolso novamente, pego minha bolsa, meus óculos escuros e me dirijo para a sala. Pego minhas chaves no balcão da cozinha, me despeço dos meninos com um grito, alegando estar atrasada e vou em direção ao meu novo e desprezível carro. Quer saber... Ele nem é tão desprezível assim... Sorrio, destravando as portas e me aconchegando ao banco do motorista. Ligo o rádio em uma altura razoável e dou a partida no carro. O Porsche é uma beleza para se dirigir. Tem direção hidráulica, o que facilita e muito o meu trabalho. Enquanto dirijo eu me pego pensando na minha troca de mensagens com Christian. Ele é um paternalista filho da puta às vezes. Lembro-me de Grace e me sinto culpada, ela é legal, não merece esse insulto. Mas... Por outro lado, ela não é sua mãe biológica... Hmm... Bem, paternalista filho da puta ainda é aceitável, então. Oh senhor Deus, dai-me paciência pra aturar o Christian, porque se me der força... Eu fodo, literalmente!

Eu puxo o carro para o estacionamento de Clayton's. Aciono o alarme, me sentindo a poderosa chefona e enquanto faço meu caminho para a loja, eu mal consigo acreditar que é meu último dia.

Felizmente, a loja está agitada e muito ocupada, então o tempo passa extremamente depressa. Distração é realmente bom nessas horas.

Na hora do almoço, o Senhor Clayton me convoca parar ir ao almoxarifado. E meio confusa, eu vou, enrugando a testa ao ver que ele está de pé ao lado de um motoboy.

— Senhorita Steele? — o tal motoboy pergunta.

Eu franzo a testa interrogativamente para o Senhor Clayton, que encolhe os ombros, tão confuso quanto eu. Quando percebo que o motoboy está com um pacote em mãos, eu estreito os olhos em entendimento. Claro... Eu já deveria imaginar... O que será que Christian me enviou agora?

Eu assino a folha, pego o pequeno pacote e o abro imediatamente. É um BlackBerry. Estreito ainda mais os olhos para o objeto em minha mão. E quando eu penso em liga-lo, acidentalmente eu acabo deixando-o cair e se espatifar no chão. Fazendo a capa voar pra um lado, a bateria ir pro outro e a outra parte parar ao lado dos meus pés. Suspiro. Se não causar algum estrago, não sou eu.

Agaicho-me, pegando as peças e quando alcanço a bateria, abruptamente eu me assusto. Está quente. Muito quente. Está pelando, na verdade. Fervendo como um vulcão. Mas eu ainda nem liguei-o... Bom, mas se não fui eu, então... Ohh... Arqueio uma sobrancelha para o BlackBerry desmontado em minha mão. Com cuidado e com o auxilio da ponta da minha blusa eu pego a bateria do chão. Muito esperto Christian, mas eu definitivamente, sou mais. Capturo meu celular do meu bolso de trás.

 

"Um BlackBerry? Jura? Por que isso agora?"

 

Envio e dois minutos depois eu recebo sua resposta.

 

"BlackBerry SOB EMPRÉSTIMO, Senhorita Steele.
    Você me disse que a bateria de seu celular não estava muito boa, e eu preciso ser capaz de contatar você em todos os momentos, então eu percebi que você precisava de um BlackBerry.
    Christian Grey"

 

Respiro fundo.

 

"Eu acho que você precisa chamar o Dr. Flynn agora mesmo. Suas tendências de perseguidor estão ficando cada vez piores.
    E eu não estava errada quando disse que você é um total consumista. Aliás... Por que você faz isso, hein?
    E eu estou no trabalho.
    Eu falo com você depois, ou seja, te mando uma mensagem quando eu chegar em casa.
    Obrigado por mais este dispositivo, senhor.
    Xoxxo, Ana"

 

Sorrio irônica. Christian não perde por esperar... Meu celular vibra outra vez.

 

"Direto no ponto, como sempre, uma jovem muito sagaz, Senhorita Steele.
    O Dr. Flynn está de férias.
    E eu faço isto porque posso.
    Espero sua mensagem ansiosamente.

Espero que tenha um bom dia de trabalho.
    Christian Grey"

 

Eu coloco meu celular de volta em meu bolso de trás. Trocar mensagens com Christian está se tornando viciante, mas eu devo trabalhar. Vou até minha bolsa e guardo o "presente" dentro. Um momento depois, meu celular vibra outra vez contra o meu traseiro… Que hábil, penso ironicamente, mas reúno toda a minha força de vontade, e o ignoro.

As quatro em ponto, o Senhor e Senhora Clayton reúnem todos os outros empregados na loja, e durante um discurso embaraçoso de constranger até a alma, eles me presenteiam com um cheque de trezentos e cinquenta dólares, e um bolo de chocolate com direito a um morango no topo. E como eu suspeitava, eles me fazem tirar fotos e mais fotos, alegando que precisam de lembranças de mim.

E é nesse momento que todos os acontecimentos das três últimas semanas veem a minha mente... Provas, formatura, intensas fodidas com um bilionário arrogante e estupidamente sexy, defloração, limites duros e suaves, salas de jogos, passeio de helicóptero e o fato que eu me mudarei amanhã... Mentalmente, eu me seguro. São muitas emoções pra uma Ana só. Quando a sessão despedidas termina, eu abraço todos os funcionários um a um até conseguir abraçar os Clayton's. Surpreendentemente, Paul e eu nos abraçamos como velhos amigos. Ele me deseja muita sorte, e eu me sinto feliz por não termos nos despedido de mal um com outro. Estou feliz por encerrar esse ciclo da minha vida. E definitivamente vou sentir falta dos Clayton's. Eles foram gentis, compreensivos e generosos como empregadores. Dei uma tremenda sorte!

As seis em ponto, eu estaciono na frente de casa, e Kate está saindo de seu carro ao mesmo tempo em que eu saio do meu.

Hey Porsche!* — ela chama minha atenção.

Enrugo a testa em direção a ela.

— Que droga de apelido é esse?! — tento, inutilmente, desviar o rumo de sua atenção.

— Pode começar me explicando o que diabos é isso? — pergunta acusadoramente, apontando para o Porsche. Eu não posso resistir a soltar uma piadinha.

— O que parece que é? — debocho. — É um carro, oras. — eu satirizo. Ela estreita os olhos, e por um breve momento, eu me pergunto se ela vai começar com seu sermão. — É um presente de formatura do meu... Namorado. — tento dizer e agir com indiferença. Sim, eu recebo carros caros, dados pra mim todos os dias. Isso é bem comum no meu dia a dia. Argh!

Kate me olha boquiaberta pela... Milésima vez na semana? Não sei, já perdi as contas.

— Generoso, o bastardo acima de tudo, não acha?

Concordo com a cabeça.

— Eu tentei não aceitá-lo, mas você sabe como Christian é. Eu acho que falar com ele é o mesmo que falar com uma porta, mas a porta tem uma vantagem, porque você pode falar que ela vai escutar, e o Christian nem isso. — suspiro. — Francamente, não vale a pena discutir com ele.

Kate aperta os lábios.

— Não me admira que você esteja tão sobrecarregada. Isso é demais pro psicológico de qualquer um! — afirma, olhando de mim para o carro. — Principalmente pro seu.

— Eu sei. — sorrio melancolicamente.

Ela volta seu olhar pra mim, e passa um braço em torno do meu ombro.

— Você está bem... Com isso? — pergunta meio receosa.

Confirmo com a cabeça.

— Vou ficar... Preciso começar a superar, certas coisas. — digo, abrindo um sorriso sincero.

— E então, pronta pra terminar de empacotar? — incentiva, dando um sorriso entusiasmado.

Concordo com a cabeça e seguimos juntas para dentro de casa. Jogo minha bolsa em um canto, e pego meu celular do bolso verificando a última mensagem de Christian.

 

"Querida Senhorita Steele,
    Espero vê-la a 1 da tarde de domingo.
    A médica estará no Escala para vê-la às 1:30.
    Eu estou partindo para Seattle agora.
    Espero que sua mudança ocorra bem, e estou ansioso por domingo.
    Christian Grey"

 

Eu decido enviar uma mensagem assim que terminarmos de embalar as coisas. Christian é muito bipolar, e eu nunca sei o que esperar de seu humor... Uma hora ele está descontraído e divertido, e então ele vira um ser tão formal e sufocante. É muito difícil de lidar. Honestamente, ele me deixa completamente desconcertada. Minha atenção é atraída para a geladeira. Focalizo meu olhar no bilhete preso a ela.

 

"Meninas, estamos no supermercado comprando as coisas pra nossa Noite do Terror.
    Ps: Vou usar o cartão de crédito da Kate :)"

 

Rio comigo mesma, deixo meu celular sobre a mesa da cozinha e me junto a Kate para embalar o resto das coisas.

20 minutos mais tarde...

Kate e eu estamos na cozinha, dividindo um pote de sorvete de Kiwi, e colocando em pauta todos os acontecimentos da última noite quando ouvimos uma suave batida na porta. Imagino que sejam os meninos de volta das compras, mas me surpreendo ao ver que Taylor está parado na varanda, em seu terno impecável. Eu noto o rastro de ex-soldado em seu corte de cabelo curto, físico elegante, e seu olhar frio.

— Boa noite, Senhorita Steele. — diz suavemente. — Senhor Grey me mandou aqui para levar sua moto.

Eu sorrio gentilmente.

— Oh sim, claro. Entre, por favor, fique a vontade, eu vou pegar as chaves. — digo, dando espaço para que ele passe e fechando a porta em seguida.

Eu pesco as chaves da minha moto da cozinha, lanço uma piscadela para Kate e volto para a sala entregando-as a ele, em seguida nós saímos e andamos em um silêncio sociável, em direção a minha moto. Assim que nos aproximamos, eu acaricio seu banco macio e acolchoado uma ultima vez, e sorrio em despedida. Eu vou sentir saudades.

Eu volto meu olhar para Taylor e de repente, tenho um desejo irresistível de bombardeá-lo com perguntas. O que este homem deve saber sobre Christian, todos os seus segredos, eu suponho. Entretanto, ele provavelmente assinou um contrato de confidencialidade. Assim como Christian queria que eu assinasse.

— Há quanto tempo você trabalha pro Christian? — pergunto, tentando soar desinteressada.

— Quatro anos.

Taylor tem uma expressão amorna como a do meu pai, o que me deixa mais familiarizada com ele.

— E... Ele é um bom chefe? — questiono baixinho.

Taylor concorda com a cabeça.

— Ele é um bom homem, Senhorita Steele. Ele é um bom homem. — diz, e sorri ligeiramente.

Com isto, ele me dá um aceno de cabeça, sobe em minha moto e vai embora. Apartamento, Moto, Clayton's... Gosh! É uma mudança atrás da outra! Preciso repetir isso mentalmente umas mil vezes. Ainda não estou conseguindo assimilar tudo isso. Eu agito minha cabeça enquanto caminho de volta para dentro. Taylor disse que Christian é um bom homem. Será que posso acreditar nele?

Uma hora depois...

— Mão rosa no azul. — Sean diz, influenciando uma risada provocativa de José.

— Você ouviu o guri, Ana, mão esquerda no azul. — Ethan incentiva debochadamente.

— É agora que ela perde. — José zomba.

— Calem a boca! Não vamos perder. Vai lá, Ana, mostra pra eles que somos melhores! — Kate incentiva, mas eu só consigo me concentrar no fato de que meu sangue está indo direto pra minha cabeça.

— Seria mais fácil se a bunda do Ethan não estivesse na minha cara! — resmungo enfezada.

Eu nunca me arrependi tanto de jogar Twister. Nem mesmo a minha elasticidade está conseguindo amenizar as dores que meus movimentos estão me causando. Estou completamente contorcida embaixo de Ethan, que está embaixo de José, que está enroscado em Kate. Pra mim, Twister, sempre foi um jogo do demônio. Eu nunca, repetindo, NUNCA, consegui ganhar essa droga desse jogo. E sempre que acho que estou perto de ganhar eu me ferro! Mas quando eu não jogo, me dá vontade de jogar porque eu me acabo de rir com as poses dos meus amigos. Sim, eu consigo ser bipolar até nisso.

Estamos em uma disputa de homens versus mulheres. Como Sean é muito pequeno e poderia acabar se machucando, colocamos ele de "juiz". Porém, já que ele ainda não sabe ler, colocamos adesivos coloridos para representar as posições. Rosa representa a mão esquerda. Roxo representa a mão direita. Laranja representa o pé esquerdo. E por fim, marrom representa o pé direito. Com Sean como juiz esperamos que não haja confusão. Mas só esperamos mesmo, afinal, eu sou uma péssima perdedora. Não me julgue, ok? Eu quase nunca ganho nada... Exceto poker. Eu sempre ganho no poker.

— Do que você está reclamando? O pé dele está na minha cara! — Kate resmunga. — Agora trate de colocar a droga da mão esquerda na droga do azul porque se eu perder essa joça de novo vamos ter mortes por aqui!

— Podemos falar menos e jogar mais? — Ethan ironiza. — Estou começando a ficar com câimbra aqui.

— Como se eu gostasse de ficar toda contorcida. — digo sarcástica.

— Gente, foca no jogo. — José pede com um suspiro cansado.

— Calem a boca e deixem a Ana se concentrar! — Kate exige.

— Obrigado amig...

— E você, Ana, anda logo com isso porque eu 'to ficando com dor. — ela acrescenta.

Reviro os olhos antes de verificar os adesivos nas minhas mãos para me situar. No instante seguinte eu jogo todo o meu peso para o lado direito do meu corpo para tentar me locomover. Mas quando estico o braço para tocar no azul, uma batida na porta me desconcentra e eu acabo caindo. Com a queda eu acabo acertando a perna de José, que se mexe e derruba Kate, que dá uma rasteira em Ethan fazendo-o me esmagar e por fim acabamos todos estatelados no chão, gemendo em conjunto com a súbita dor. Só que, a pior parte é a minha, afinal, tem três seres extremamente pesados em cima de mim. Eles estão ME esmagando.

Socorro! — murmuro sufocada, fazendo-os me notar e se apressarem a sair de cima da minha pobre pessoa.

Ethan me estende a mão e me ajuda a levantar.

— Eu vou atender a porta. — Kate geme, mancando até a porta.

— E como sempre, vocês perderam. — Ethan provoca, fazendo um Hi-Five com José enquanto me sento no sofá, olhando-os enfezada. — Os homens é quem mandam! — exclama, e José e ele começam a fazer uma dancinha ridícula e "poses de machões", erguendo os braços e movimentando para deixar os bíceps em evidencia. — Não é, Sean? — ele incentiva meu irmão que se levanta e entra na brincadeira também, imitando os movimentos deles.

— Parem de corromper o meu irmão! — grito, atirando uma almofada na cara do Ethan, que assim que é atingido me lança um olhar de indignação.

Mas antes que ele possa revidar, eu pulo para trás do sofá, fazendo minha mini "base militar" e me protegendo das almofadas que começam a voar em minha direção e para todos os lados. Eu coloco apenas a cabeça no lado do sofá verificando os "inimigos" e jogo a primeira almofada que pego do chão. Depois de algumas almofadas voando pela sala, ouvimos o barulho da porta se fechar e Katherine voltar para o meio de nós com Eliot em seu encalço.

— Não sei o que há de errado com vocês... — ela faz cara de poucos amigos e cruza os braços com indignação. — Por que nunca fazem esse tipo de coisa quando eu estou presente?

— Olha pra isso. — Eliot balança a cabeça negativamente. — Além de não me esperarem, agora querem levar minha futura esposa para o lado infantil da força também? Ninguém vai ter a bondade de me convidar não?! — pergunta, fingindo indignação.

Todos nós rimos em conjunto e voltamos a nossa guerra particular, com o casal jogando junto conosco. É tão bom poder passar um tempo me divertindo com meus amigos. Sinceramente, eu senti falta disso. E garanto que se Sebastian estivesse aqui, ai sim, a farra seria completa!

— Chega, chega! Parem com isso! — Eliot pede rindo, interrompendo a brincadeira.

Ethan junta as mãos em torno da boca e começa a fazer sons de vaia, que logo é interrompido por uma almofadada de Kate.

— É só um minuto. Eu só vou me trocar e já volto. Me esperem. — Eliot diz em tom entediado e logo desaparece no corredor.

TWERK! — grito de repente assustando todo mundo enquanto pulo no sofá e começo a requebrar, balançando apenas a minha bunda.

Eu sou uma pessoa normal, ok? Não pareço, mas sou.

— Cara, como é que ela faz essas coisas? — Ethan resmunga indignado, tentando imitar meus movimentos fazendo Kate e José rirem.

— Ethan, pare. Está sendo humilhado! — Kate zomba. — Até eu faço twerk melhor que você! — acrescenta, subindo no sofá ao meu lado e começando a mexer a bunda também.

— Pra vocês duas é fácil, vocês são mulheres. — José revira os olhos.

—Você só 'tá dizendo isso porque não sabe fazer. — Sean se intromete no assunto, querendo participar também.

Eu rio alto da cara de indignado de José.

— Liga pra eles não, Sean, isso é inveja. — Kate diz, mostrando a língua pro Ethan.

— Inveja do que, queridinha? Dessa sua bunda mole de foca? — Ethan diz, estalando os dedos como uma bicha afetada, fazendo-me rir mais alto ainda.

— Não... Inveja porque nós sabemos dançar. — digo, girando no sofá e fazendo alguns passinhos para comprovar o que digo.

— Isso não prova nada. — ele retruca, fingindo indiferença.

Bitch, please, talk to my ass.*  — retruco, empinando minha bunda pra ele e rindo.

— Seu namorado não ia gostar de te ver fazendo isso. — Kate provoca, antes de dar um tapa em minha bunda, me fazendo gargalhar.

— Ou... Ele iria gostar muito! — Ethan zomba. — Depende do ponto de vista.

Paro de rir, forçando uma expressão irritada.

— Cala a boca, idiota! — arremesso uma almofada na direção do Ethan que habilmente a pega.

Sim, quando estamos juntos, tudo é resolvido na base de almofada na cara. Somos pessoas normais e muito sensatas. No fundo, nós somos.

— Falando nisso... Seu namorado não vem, Ana? — José questiona indiferente.

Interrompo minha dancinha e sento-me no sofá, olhando para os lados um tanto desconfortável. É lógico que Christian não vem! Eu não o convidei, mas... Ele não tem cara de quem aprecia esse tipo de diversão entre amigos. Mas eu, particularmente acho, que seria legal se ele estivesse aqui... Seria bom se ele deixasse um pouco de lado toda aquela seriedade de executivo importante e relaxasse um pouco... Seria... Porque ele não virá.

— Ér que... Ele...

— Ele já voltou pra Seattle! — Eliot me interrompe, surgindo de volta a sala. — Mas tenho certeza de que ele adoraria vir. Não é, Ana?

Pisco surpresa.

— Ér, claro, adoraria... — abro um sorriso amarelo.

Se Christian ao menos soubesse dessa festinha... Mas nem isso ele sabe! E desconfio que se soubesse, essa seria a última coisa no mundo que ele gostaria de estar fazendo...

— Você dança bem, Ana! — Eliot atrai minha atenção. — Por que não se dedica a isso? Você tem futuro! — acrescenta com um sorriso motivador.

Eu tento sorrir do mesmo modo, mas não consigo demonstrar a felicidade e gratidão que gostaria de mostrar com seu elogio. Falar sobre dança ainda é um assunto bem delicado pra mim...

— Então, todos prontos pro filme? — Ethan muda o rumo do assunto, claramente percebendo meu ligeiro desconforto.

— Espera, vocês combinaram isso? — pergunto, apontando para o pijama deles.

Ethan está vestido com uma calça de moletom e uma camiseta do Capitão América que, só pra constar, precisamos força-lo a vesti-la já que, ele alegou ser "muito gostoso" e não necessitar dela. Percebe-se que problema psicológico é bem comum na família Kavanagh.

Já José está usando, igualmente, uma calça de moletom, só que, sua camisa é do Homem de Ferro.

E pra completar, Eliot está vestindo uma camiseta do Thor e também está usando uma calça de moletom.

Isso foi combinado, só pode!

— Diferente de vocês, até nisso somos um time. — José se gaba, recebendo o apoio de Eliot e Ethan.

Reviro os olhos entediada.

— Parece até que eles se conhecem a décadas. — Kate cochicha debochadamente pra mim.

Homens... — cochicho de volta.

— Eu gosto do meu baby doll de Cupcake. — Kate diz, dessa vez, alto o suficiente para que todos ouçam.

— E eu gosto do meu pijama do Blue. — digo com um sorriso besta. — Eu literalmente estou...

Toda de azul. — Ethan me corta. — Sim, nós já entendemos a sua piada nas sete primeiras vezes em que você contou ela!

Olho-o emburrada.

— Você é um estraga prazer! — bufo e Ethan faz sinal de "paz e amor" pra mim.

— O que tem pra comer? — Eliot pergunta, se jogando em cima de um dos colchões.

Kate e eu trouxemos o colchão dela pra sala, e juntamos com três colchões infláveis que José e Ethan nos ajudaram a encher. Também pegamos nossas cobertas, lençóis e travesseiros. E, é claro, todas as almofadas da casa pra completar nossa tremenda bagunça. Só deixamos o meu colchão e um travesseiro em meu quarto para que Sean possa dormir tranquilo, mais confortável, e longe da nossa loucura.

— Tem chocolate, pipoca, esses doces aqui, salgadinhos... Tinha comida chinesa também, mas a Ana só deixou o Sean comer. — Ethan diz, vasculhando a mesinha de centro e a beirada do colchão que está repleta de besteiras comestíveis. — Tem pizza também, que provavelmente já está fria. E pra beber tem Nescau, leite, refrigerante e suco, porque, graças ao Sean, deixamos de ser pessoas alcoólatras. E se quiser tem suco de manju.

— Suco de manju? — Eliot repete, franzindo o nariz em uma careta.

— É uma mistura de suco de manga com suco de caju. — José explica.

— E é bom? — ele enruga a testa.

— Não! — Ethan diz e dá risada de uma forma tão engraçada que eu não posso evitar rir junto. — Mas como você tem um péssimo gosto pra mulheres eu achei que pudesse gostar.

Kate lança um olhar entediado em direção ao irmão.

— 'Tava demorando começar com as piadinhas. — ela resmunga e ele sorri, mandando um beijo no ar o que a faz revirar os olhos.

— Será que a gente pode ver o filme agora? — José pergunta se jogando no colchão também.

— Não. — digo me levantando. — Tenho que botar o Buzz Lightyear pra dormir primeiro. — acrescento, apontando para Sean que está quietinho em cima de um colchão brincando com o quebra cabeças que ele e Ethan haviam comprado mais cedo. E sim, ele está usando um pijama do Buzz que Kate deu a ele.

— Deixa eu terminar primeiro, Ana. — Sean pede, encaixando mais uma peça.

— Nada disso. O senhor pode terminar isso amanhã! — digo, indo até ele e pegando-o no colo.

— Ana, larga de ser chata e deixa o menino brincar! — Kate intervém, ao ver a carinha de cão sem dono de Sean.

Nem pensar! Ao contrário de vocês, eu sou uma irmã responsável. — desdenho, me afastando para o corredor. — Diga boa noite, Sean.

— Boa noite! — ele repete, dando um tchauzinho para o povo e recebendo um "boa noite" coletivo de volta. Com isso, eu sigo em direção ao quarto, deitando na cama ao lado de Sean e começando a cantarolar baixinho para ajuda-lo a dormir.

 

Sinto um dedo gelado fuçando minha orelha teimosamente e automaticamente eu abro um sorriso com os olhos ainda fechados.

Para, Christian! Eu 'to cansada, não 'to com disposição pra fazer nada agora... — sussurro maldosamente.

Que bom! Porque eu não sou o Christian.

Abro os olhos e acabo gritando no instante em que minha visão se foca em Eliot, parado, a beira da minha cama me olhando sorridente. Tampo minha boca, silenciando meu grito, recuperando a compostura e verificando rapidamente se Sean continua a dormir. E para o meu alívio, ele permanece dormindo profundamente.

— Eliot! O que está fazendo aqui? — sussurro com um misto de irritação e constrangimento.

Ele abre um sorriso brincalhão.

— Você estava demorando muito, então me mandaram vir te chamar. — explica sussurrando. — Bem que me disseram que você provavelmente tinha cochilado. — ele ri baixinho. — Estava sonhando com o Christian? — pergunta com um sorrisinho maligno.

Estreito os olhos em direção a ele.

— Talvez. — admito, afinal, não vou dar a ele o gostinho de me zoar. E negar só facilitaria as coisas pra começar a zoação.

Ele ri de novo e se levanta.

— Vem, vamos voltar pra sala.

Ergo os dois braços pra ele.

— Me leva? 'To com preguiça de andar. — peço sonolenta, e quando ele faz menção de me pegar eu o detenho. — Não assim. De cavalinho! — digo sorridente e Eliot suspira antes de se virar de costas pra mim.

Cuidadosamente eu me levanto da cama e subo em suas costas. Ele segura nas dobras dos meus joelhos enquanto eu passo os braços em torno de seu pescoço. Assim que saímos para o corredor, eu fecho a porta do quarto e seguimos pra sala.

— Deixa eu adivinhar... Preguiça de andar? — Kate zomba ao me ver chegando nas costas de Eliot, que me joga no sofá e segue pra cima do colchão.

— Foi por isso que vocês me mandaram buscar ela? — ele pergunta desconfiado.

— Acertou na mosca. — Ethan faz sinal positivo com o polegar.

— E então, que filme vamos ver? — pergunto animada, roubando um pedaço da barra de chocolate da mão de Kate.

"Espírito Maligno!" — José exclama empolgado, afastando minha animação.

— Mas que droga de filme é esse? — pergunto assombrada apenas com a ideia de assistir uma coisa que tem "Maligno" no nome! — Eu sabia que não era uma boa ideia deixar vocês dois, cabeças de minhoca, escolherem o filme!

— Eu disse que ela iria ficar de palhaçada. — Ethan diz em tom de "eu avisei".

— Ah, qual é, Ana! É só um filme! — Kate tenta me encorajar.

— A Ana tem medo de filme de terror? — Eliot pergunta contendo o riso.

— Medo é pouco! — José zomba e eu cruzo os braços emburrada. E que comece a zoação...

— Quando assistimos "O chamado" ela ficou umas duas semanas sem atender o telefone. — Ethan diz com tédio explicito na voz.

— Em minha defesa, ele estava tocando muitas vezes. E eu não recebo tantas ligações assim! — protesto.

— Será que era por que você não estava... Ér... Como eu posso dizer... Atendendo ele?! — Kate afirma como se fosse óbvio.

Eu apenas afundo meu corpo no sofá ainda mais emburrada.

— Vai deixar a gente ver o filme ou vai ficar dando chilique? — Ethan se volta pra mim. — Dá próxima vez eu vou escolher um pornô.

Estendo a mão na direção dele.

— Me dá aqui esse DVD. Quero ver qual é a história dessa vez. — peço e ele prontamente me entrega.

Leio calmamente a sinopse da história na contra capa do DVD tentando entender o nível de loucura dos meus amigos pra aguentarem assistir uma coisa como essas. ISSO É TERROR PSICOLÓGICO!

— Vocês não acham muita coincidência cinco jovens e uma criança estarem fugindo de três IRMÃS SANGUINÁRIAS?! — digo perplexa.

— É só a droga de um filme, Anastásia! — Ethan garante, tomando o DVD da minha mão e passando-o para José coloca-lo no aparelho. — Você vai ver que não tem nada demais. Aliás, essa é a nossa "Noite do Terror", então, logicamente, TEM QUE TER TERROR!

Não o respondo. Engulo em seco, olhando insegura na direção da TV. Eu estou apreensiva, porque eu me conheço e sei o meu alto grau de covardia. Eu sou muito medrosa quando se trata de coisas sobrenaturais e só de pensar que estou prestes a assistir um filme de terror já sinto um calafrio na espinha.

O logo sombrio da Warner Bros surge na tela e vai sumindo lentamente a medida em que se aproxima da tela. Eu engulo em seco novamente, puxando uma coberta para cima de mim e me agarrando ao travesseiro mais próximo. Ethan se levanta brevemente e desliga a luz, deixando a sala com um aspecto escuro e assustador de uma sala de cinema. O único foco de luz vem da TV. Eu me encolho ainda mais, cobrindo até minha cabeça com a coberta e deixando apenas o meu rosto de fora. Meus olhos se dilatam com o início do filme, mas para o meu alívio, ele não começa com nenhuma cena grotesca.

Uma musiquinha sombria soa enquanto três meninas felizes e sorridentes surgem na tela. Meredith, Marian, e Mary Jane*, eu suponho, já que são esses os nomes que constam na capa do DVD. A história se passa na idade média, e só pelo figurino composto de longos vestidos dá para se notar. As meninas felizes caminham ao longo de um bosque com cestas em mãos. Pelo que me parece, elas estão vendendo coisas aos moradores da pequena cidade de terra. Até que, uma delas começa a seguir uma gatinho que aparece do além, e de repente para em frente a uma casa grande, velha e que aparenta estar abandonada onde o mesmo gatinho corre e entra por uma das janelas. Típico. E agora? O que vai acontecer? Provavelmente o capeta deve estar na tal casa. Eu fecho os olhos apreensiva, mas os abro novamente decidida a continuar assistindo. Minha curiosidade consegue ser maior que o meu medo! A que estava perseguindo o gatinho dá a ideia de oferecer o que quer que seja que elas tenham na cesta para o morador da casa, enquanto imediatamente outra discorda da ideia, alegando que a casa provavelmente está abandonada. Mas a irmã que sobra, decide apoiar a que dá a ideia de ir até a casa, garantindo que o morador possa dar a elas um dinheiro extra. Oh Gosh! Vai começar o sangue. Meu coração se acelera consideravelmente conforme as meninas se aproximam da porta de entrada.

— Não entrem na casa suas lerdas... — Kate dá voz ao meu desejo de que as três loucas desistam da ideia e sumam da porta daquela casa feia e horrenda.

A que deu a ideia, bate a porta e, para a minha surpresa, o capiroto não aparece, ao invés disso, atrás da porta surge uma velhinha de aparência cansada e doente que chega a me dar até dó. Elas conversam brevemente e uma delas decide dar alguns bolinhos de graça para a senhora que aceita de bom grado, então, as meninas se despedem e vão embora. É isso? Sem demônio? Sem sangue? Inacreditável. Ainda, alerta minha consciência me impedindo de suspirar aliviada. A cena agora passa a ser as meninas em um chalé. Provavelmente a casa delas. A que estava com medo de ir até a casa, está a beira do fogão, fazendo algo que aparenta ser sopa. As outras duas a questionam e ela se explica, dizendo sentir um enorme desejo de alimentar a pobre velhinha que elas haviam visto mais cedo. Que ironia, a que não queria ir até a casa, é, justamente, a que quer voltar lá... Ai caralho, fodeu! Aposto que a velha deve ser uma bruxa. Eu sabia que a treta iria começar naquela bendita casa! Sabia! A cena segue com as meninas voltando até a casa da senhora. Uma delas bate a porta mas não obtém resposta. Isso é um sinal, vão pra casa suas trouxas! A outra repete o gesto da irmã e mais uma vez sem resposta, então, a que sobra dá a ideia de verificarem se está tudo bem com a velha e entrarem na casa. Merda. Merda. Merda! Elas entram cuidadosamente na casa chamando baixinho pela senhora. Depois de verificarem quase todos os cômodos da casa, elas resolvem fiscalizar o quarto e assim que abrem a porta, a senhora está do lado de dentro, completamente ensanguentada e com a cabeça semi decapitada. A velhinha geme como um fantasma assombroso e no instante seguinte a cabeça dela tomba para trás e um vulto negro surge por detrás dela. As irmãs gritam no filme e eu grito do lado de fora, recebendo um "Shhhhhhhi" coletivo em resposta. Me contenho e volto a prestar a atenção nas meninas que agora correm desesperadamente para o que me parece ser o centro da cidade. Elas procuram por um homem ao qual chamam de Sir Lazarotti. Assim que encontram e se aproximam dele, elas começam a relatar o que aconteceu com a senhora, e o tal Sir as olha surpreso, afirmando que a senhora da qual elas falam morreu a mais de trinta e sete anos atrás. Mas elas insistem em desespero, dizendo que a viram e que ela fora ferida ainda pouco. O homem então, grita por guardas e ordena que as leve para o calabouço por estarem completamente loucas. As meninas se debatem, gritam por ajuda, e uma delas consegue se soltar momentaneamente pedindo por ajuda a um camponês que passa pelo local, mas o guarda logo a captura de novo. Meu coração se acelera a medida em que elas são arrastadas para um calabouço sujo e mal iluminado. A cena agora é outra. Elas estão calmas dentro da cela. Uma delas está sentada, encolhida no chão, outra está agarrada as grades que as prendem e a terceira anda de um lado para o outro repetindo a si mesma que não está louca. Me agarro ao travesseiro quando uma musiquinha de suspense começa a soar. Estava tudo calmo demais pra ser verdade... A única lamparina que ilumina o calabouço se apaga subitamente deixando as irmãs em alerta. A música se torna cada vez mais sombria. Um grito agonizado ecoa e uma delas grita por Meredith. Eu aperto meu travesseiro quando outro grito soa. A única irmã que sobra, procura por vestígio das outras no escuro enquanto a câmera se aproxima vagarosamente de seu rosto. Uma sombra negra se ergue atrás dela, e ao mesmo tempo em que o grito da garota soa, o nome do filme aparece na tela em letras garranchadas aparentando terem sido escritas com sangue. Um quarto grito soa, que eu percebo ser o meu quando Kate dá um tampa em minha cabeça. Arregalo os olhos em puro pânico. Esse é apenas o começo?! A música sombria fica ainda mais alta e intensa e se estende até o momento em que novas letras aparecem na tela contando o período de tempo que se passou enquanto a imagem de um carro aparece na estrada. A cena que segue, são cinco amigos em um carro, vagaando em uma cidadezinha. Eles seguem zoando e cantarolando dentro do carro, até avistarem uma criança sentada a beira da estrada. Mas não há casas por perto. A garota loira, no banco do carona, cutuca o motorista e diz que eles precisam ver o que há de errado com o garotinho. O carro para, e todos descem para acudir o pequeno, que diz estar perdido e não sabe a direção para encontrar os pais. A garota morena afirma que eles irão ajuda-lo, mas quando se voltam para trás o carro não está mais ali. Puta que o pariu! É agora que o demo surge! Agarro meu travesseiro começando a prever o pior, mas nada acontece, ao invés disso eles começam a caminhar, e a caminhar até que encontram uma casa. Mas não é uma casa qualquer, é a casa da velhinha do inicio do filme! Socorro! Eles decidem tentar pedir ajuda na casa. Típico. Um deles diz que não tem ninguém, exatamente como a garota do início do filme fez. Mais típico ainda. A ruiva da história dá a brilhante ideia de entrar. Burra! Qual é o seu problema minha filha?! Eles entram vagarosamente dentro da casa, incluindo o garotinho que eles acharam na estrada. E assim que todos passam pela porta, o espírito de uma das irmãs surge as costas deles antes de desaparecer e a porta se fechar bruscamente. EITA PORRA!

 

Uma risada preenche a sala, e logo noto ser a risada de Ethan.

Suco de manju... — diz, rindo sozinho como se estivesse pensando em uma piada muito engraçada.

— Cara, é sério, para com isso. — Eliot franze o cenho, balançando a cabeça negativamente. — 'Tá me assustando.

— Gente, vocês ouviram isso? — Kate pergunta alarmada enquanto nós ajeitamos o lençol.

Ethan faz pose de Jackie Chan como se fosse praticar karatê e eu me escondo embaixo da coberta, mas em seguida eu coloco apenas o meu rosto de fora.

— Parece que está vindo do corredor. — Eliot diz em tom sério. E todos nós permanecemos em silêncio para captar o tal barulho.

O filme acabara faz alguns minutos. E eu posso dizer que foi a coisa MAIS ASSOMBROSA QUE EU JÁ VI EM TODA A MINHA VIDA. E acho que não sou a única paranoica por aqui...

— Kate, vai ver o que é. — Ethan incentiva.

Ela arregala os olhos.

— E por que eu?

— Porque foi você quem ouviu o barulho primeiro. — ele acusa em um sussurro.

— Ora, parem com isso! Do que estão com medo? Nós somos adultos. — Eliot os repreende baixinho.

— Então vai você ver o que é. — digo em tom assombrado.

— Eu não. — ele agita a cabeça assustado.

— Eu pensei que a medrosa aqui fosse eu. — sussurro sarcástica.

— Existem quatro palavras que mudam a perspectiva de um homem. — Ethan diz em tom receoso.

— E essas palavras são...? — incentivo.

— Baseado. Em. Fatos. Reais. — explica, numerando nos dedos.

Reviro os olhos.

— Então vamos juntos ver o que é! — Kate decreta, tirando minha coberta de cima de mim e empurrando Eliot, Ethan e eu na direção do corredor.

Nós nos aproximamos sorrateiramente, até que eu percebo que Kate está segurando uma vassoura como se fosse um taco de basebol. Enrugo a testa pra ela.

— Pra que isso? — pergunto baixinho.

— Precaução. Nunca se sabe né. — responde no mesmo tom.

— Ei, por que eu tenho que ir na frente? — Ethan protesta. — A Kate é quem está armada!

— Porque você é o mais velho! — Kate sussurra.

— E o que isso tem a ver? — ele sussurra de volta.

— Nada! Eu só não quero ir na frente.

Reviro os olhos. E isso é porque a medrosa sou eu...

— Ethan, larga de ser frouxo! — sussurro apreensiva, afinal, agora eu finalmente ouvi o barulho. E não estou gostando disso...

— Espera. — Ethan diz, indo até a cozinha e voltando segundos depois com uma faca na mão. — Se eu vou ter que ir na frente, não vou desarmado.

Estreito os olhos.

— Pra que isso? — pergunto, desacreditando no que estou vendo.

— É pro espírito maligno não me atacar! — responde como se fosse óbvio.

Balanço a cabeça negativamente.

— E o que te faz pensar que uma faca de cozinha vai te proteger de um espírito? Isso...

— Gente, nós temos um problema... — Eliot me interrompe, apontando em direção ao corredor, um barulho soa ao mesmo tempo em que um vulto surge e rapidamente nós quatro nos colocamos em posição de defesa.

Ethan vai a frente no corredor com a faca erguida na mão, em seguida está Eliot, depois eu e por último Kate. Um grito assustado ecoa, seguido do grito de nós quatro até eu perceber de quem foi o primeiro grito.

— José?! — digo alto o suficiente pra silenciar os outros. — Por que está gritando?

— Por que VOCÊS estão gritando? — ele retruca. — Aliás, o que é que 'tá acontecendo aqui?!

— Eu é quem pergunto! — Ethan se intromete.

— Espera... Era você que estava fazendo aqueles barulhos estranhos? — Eliot pergunta confuso.

— Eu estava no banheiro, vomitando, graças aquele suco de manju idiota. — diz em tom enfezado.

— Isso explica os barulhos estranhos. — Kate debocha, apoiando a vassoura no chão.

Um barulho metálico sinistro atrai minha atenção.

— Ai socorro! O que foi isso? — pergunto assustada, pulando em cima de Ethan.

— Espera um pouco... — Kate murmura suspeitosamente e retorna a sala.

— Ana... — Ethan me chama.

— Que foi?

— 'Cê 'tá em cima do meu pé. — sussurra com expressão de dor, e eu rapidamente me afasto.

— Foi mal...

— Ér, Ana, 'tá aqui a origem do barulho. — Kate volta ao corredor com um objeto em mãos.

Enrugo a testa.

— Um celular?

— Não é UM celular, é o SEU celular. — ela dá ênfase no "seu". — Ele estava vibrando em cima do balcão e acabou esbarrando em uma panela, por isso o barulho esquisito.

Balanço a cabeça em sinal de compreensão e pego meu telefone de sua mão. Passo o olho pela tela e vejo o nome Christian.

— Ah, é só o Christian. — digo, dando ombros. Até perceber o que eu acabei de dizer. — Oh meu Deus! É o Christian!

Christian... CHRISTIAN! Oh droga! Eu me esqueci do Christian! Eu agarro meu telefone verificando a tela atentamente. Cinco chamadas perdidas, quatro mensagens, e uma mensagem de voz. Por medida de segurança, eu sigo para a sala e em seguida entro na cozinha e escuto a mensagem. Que, logicamente, é de Christian.

— Eu acho que você precisa aprender a administrar minhas expectativas, Anastásia. Eu não sou um homem paciente. Se você disser que vai entrar em contato comigo quando você terminar de trabalhar, então você deve ter a decência de fazê-lo. Caso contrário, eu me preocupo, e não é uma emoção que eu estou familiarizado, e eu não tolero isto muito bem. Ligue-me o mais rápido possível.

Suspiro. Ele é tão obcecado. Eu sei que prometi mandar uma mensagem a ele... Mas eu não pensei que ele fosse ficar esperando por isso. Resolvo abrir a primeira mensagem. E também é de Christian.

 

"Onde é que você está?
    Christian"

 

Oh merda! Sinto que estou ferrada... Parto para a segunda mensagem.

 

"‘Eu estou no trabalho. Vou enviar uma mensagem para você quando eu chegar em casa.’
    Você ainda está no trabalho ou empacotou o seu telefone, BlackBerry e MacBook?
    Ligue-me, ou posso ser forçado a ligar para Elliot.
    Christian Grey"

 

Fodeu. Ele está furioso. Meio hesitante eu abro a terceira mensagem.

 

"Anastásia, pelo amor a Cristo, onde é que você está?
    Christian"

 

Oh droga! Por que ele se preocupa tanto?!

 

"Vai me responder em qual vida, nessa ou na próxima?
    Christian Grey"

 

Suspiro, verificando se não há ninguém me espreitando e decido retornar a ligação. Já passa da meia noite, mas como a última ligação dele foi a minutos atrás ele provavelmente ainda está acordado.

Ele atende no segundo toque.

— Oi... — ele diz baixinho, e sua forma de atender me deixa fora de equilíbrio porque eu estava esperando por sua raiva, por um sermão longo e demorado, mas ao contrário do que eu pensava, ele parece calmo e aliviado.

— Oi, Christian... — murmuro meio sem jeito. — Queria falar comigo?

— Eu estava preocupado com você. — sua voz continua calma.

— Depois de ver suas mensagens, eu imaginei que estivesse... — comento na tentativa de quebrar o clima desconfortável. — Desculpe não ter retornado suas mensagens... Eu me distrai.

Para a minha agonia, ele faz uma longa pausa.

— Você teve uma noite agradável? — ele é decisivamente cortês.

— Tive... Kate e eu terminamos de empacotar as coisas e comemos pizza com Sean, Ethan, Eliot e José. — eu fecho meus olhos firmemente quando percebo que disse o nome de José. Christian não diz nada. Droga! Sou uma anta de saia! — E você? — pergunto para preencher o abismo ensurdecedor do silêncio repentino que se forma. Eu não vou deixar que ele me faça sentir culpada por ter dito o nome de José. Somos só amigos, e eu não sinto nem um terço do sentimento que sinto pelo Christian. Sim, eu estou admitindo que gosto dele... Oh droga! Eu gosto mesmo dele!

Eventualmente, ele suspira.

— Eu fui a um jantar para angariar fundos. Foi mortalmente maçante. Saí logo que pude. — sua voz soa triste e resignada. Meu coração se aperta. Eu tive uma noite divertida com meus amigos, ele não. E tenho pra mim que Christian nem ao menos sabe o que é uma noite com amigos. Me pego lembrando da noite em que estive em sua casa. Ele estava tocando piano. Sozinho na solidão de sua sala. Suspiro, imaginando-o em todas aquelas noites sentado atrás do piano em sua enorme sala de estar e a melancolia agridoce insuportável da música que ele parece por sua alma para tocar.

— Eu queria que estivesse aqui. — sussurro antes que eu possa pensar com mais clareza, porque no momento eu tenho vontade de abraça-lo forte. Acalmá-lo. Protege-lo. Embora ele não me permita, eu estou começando a querer sua proximidade. Estou começando a ficar sentimental.

— Queria? — ele murmura suavemente.

Maldição! Nem parece o Christian todo poderoso Grey falando. Parece um cara comum, conversando com uma garota comum, em um relacionamento comum. Droga! Nós não somos comuns. Não mesmo.

— Sim... Eu... Gosto de estar com você. — admito baixinho. — Na verdade, eu adoraria estar com você agora...

Minha confissão parece pega-lo de surpresa, porque por um momento eu não consigo ouvir nem mesmo sua respiração. Depois de uma eternidade de silêncio, ele suspira me dando sinal de vida.

— Verei você domingo?

— Se eu estiver viva até lá, sim, nós iremos nos ver. — brinco, e uma onda de excitação atravessa meu corpo. Droga. Droga. Droga. Meu estado está piorando!

— Boa noite, Ana. — diz, mas seu tom não é de despedida.

— Boa noite, Senhor Grey. — minha continência parece pega-lo desprevenido mais uma vez, e eu ouço outro suspiro.

— Boa sorte com sua mudança amanhã. — deseja, sua voz é amável e suave.

Eu penso em apertar o botão e desligar, mas o fato de Christian continuar na linha me deixa encucada. Por que ele ainda não desligou?

— Não vai desligar? — pergunto em um tom beirando o divertimento.

Finalmente, eu tenho um sinal de que seu humor está melhor. Ele está rindo.

— Eu não quero desligar. — na minha mente eu posso visualizar com clareza o seu lindo sorriso. Meu coração se acelera com o pensamento.

Aproveitando a deixa eu resolvo me redimir.

— Você ficou muito bravo comigo? — pergunto receosa.

Ele faz uma breve pausa.

— Sim.

— E você ainda está bravo comigo? — questiono esperançosa.

— Não. — diz baixinho.

Sorrio sozinha.

— Então você não vai me castigar? — ouso desafia-lo, mas minha pergunta soa menos atrevida do que eu esperava.

— Não. Eu sou um cara que age conforme o momento, Ana. — explica pacientemente. — Você já pode desligar agora.

Reviro os olhos pra parede.

— Você realmente quer que eu desligue, Senhor? — provoco.

— Vá para a cama, Anastásia.

— Eu já estou na cama, Christian. — minto. — E o senhor não respondeu a minha pergunta...

Nós dois permanecemos na linha. Em silêncio.

— Você acha que em algum momento vai ser capaz de fazer o que diz? — sua voz é divertida e irritada ao mesmo tempo.

Talvez. Vamos ver depois de domingo. — digo e aperto ‘encerrar chamada’ no telefone.

Domingo... Sorrio. Domingo será um grande dia. Um grande e atarefado dia!


Notas Finais


*Hey Porsche.: A pronuncia seria mais ou menos algo como "Hey Porchá!";
*Bitch, please, talk to my ass.: Em tradução literal, seria "vadia, me deixe, discuta com a minha bunda!";
*Meredith, Marian e Mary Jane.: Pronunciando como um americano os nomes soam assim "Mélriditchi, Mélrien, e Mélrie Dieini".

Hey hey aqui estou eu novamente \o/
Espero que tenha gostado! Como eu disse lá em cima, esse capítulo é mais pra mostrar o relacionamento da Ana com os amigos *-*
Enfim, é isso, qualquer crítica ou elogio vocês sabem que podem sempre expor nos comentários *o*
eeeeee por hoje é só, vejo vocês na semana que vem meus amores ><
Beijo beijo e até a próxima! <3333'


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