História Círculo de Fogo - Um novo bom

No refeitório durante o horário de almoço as pessoas pareciam mais tranquilas e relaxadas, se quer parecia que à algumas horas atrás havia acontecido todo aquele olocaustro de mais cedo. E foi apenas Katsuki entrar no ponto de vista de todas aquelas pessoas para que uma densa tensão se formasse no ar mas o loiro pouco se importou e continuou a pegar sua comida, porém tudo piorou quando Izuku também entrou no refeitório. O silêncio no local era agonizante e assim que os olhos rubros se encontraram com as jades tudo se intensificou e no momento em que Bakugou tentou dar o primeiro passo em direção ao menor o esverdeado recuou alguns passos saindo em seguida as pressas do refeitório com seus amigos em seu encalço.

-Tcs! Droga!

Susurrou Katsuki e tudo que pode fazer foi ver Midoriya desaparecer de sua visão enquanto um suspiro baixo escapava de seus lábios, logo o lugar era tomado por baixos cochichos e passos. O loiro decidiu que comer em outro lugar era a melhor opção no momento e ja estava se retirando do local quando ouviu um assovio familiar e olhou para a direção de onde o mesmo vinha assim como alguns curiosos. Ao olhar Bakugou viu duas silhuetas já conhecidas pelo mesmo e por isso sorriu andando até eles.

-Como é que vocês ainda não morreram?

-Como você é cruel Katsuki. -disse a mulher com um biquinho e sorriu em seguida- Senti saudades de você seu rabugento.

-Não posso dizer que senti sua falta, mas com certeza senti saudades dos seus comentários nada convencionais Camie.

O loiro riu baixo e a mulher a sua frente riu juntamente com o homem ao seu lado, a dama era dona de belas curvas, lábios carnudos, cabelo liso em um tom louro quase castanho cortado até um pouco abaixo dos ombros e dona de um belo par de olhos azul meio acinzentados. Em um gesto de cumprimento Camie se levantou e curvou-se sobre a mesa até alcançar o rosto de Katsuki dando-lhe um beijo estalado na bochecha e deixando os seios fartos a mostra no enorme decote da regata preta que usava, tal ato fez o loiro resmungar em dor já que estava cheio de machucados e também chamado a atenção de algumas pessoas.

-A pergunta mesmo é como você ainda não morreu Katsuki. -disse o homem e o loiro sorriu- E você não provoque Camie, guarde sua excitação para hoje a noite.

Comentou o homem ao lado da loira sorrindo entre uma garfada e outra em sua refeição, o mesmo era notavelmente alto, cabelo castanho escuro em um corte bem curto, rosto sempre sorridente, um porte forte e atlético e dono de olhos ônix.

-Não se preocupe Inasa, eu ainda tenho muita energia.-sorriu lasciva.

-Vocês continuam os mesmos ninfomaníacos insaciáveis de sempre.

Disse Bakugou rindo junto ao casal e foi a loira a puxar assunto novamente:

-E você Katsuki, como tem estado? Claro, tirando essa sua cara de acabado. Aquele 'brutamontes' te arrebentou mesmo, realmente, como você ainda não morreu?

-Diz isso porque não o viu. -o casal riu- E acha mesmo que eu perderia tão facilmente assim pra morte?

-É você tem razão. Depois de tudo que passou algo como isso chega a ser fichinha.

Falou Inasa e eles ficaram alguns breves segundos em silêncio antes de Camie dar continuidade a conversa:

-Mudando de assunto, eu soube que estava trabalhando na construção de muralhas, como era trabalhar nisso?

-A baixa qualidade de vida e falta de preocupação com os direitos básicos dos funcionários tornava meus dias realmente emocionantes. -o casal riu- Apesar de ser uma merda trabalhar lá pude conhecer pessoas realmente legais.

-Alguma garota? -a loira sorriu sugestiva.

-Eu tava trabalhando não de férias em busca de uma transa.

-Mas transar é tão bom. -sorriu Camie olhando para Inasa que retribui o gesto- Falando nisso, a quanto tempo você não transa Katsuki?

-Isso com certeza não é da sua conta.

-Qual o problema Katsuki? -perguntou Inasa com um sorriso- Faz tanto tempo assim?

-Vocês não tem coisa melhor pra fazer além de me encher o saco?

O casal sorridente riu e Katsuki bufou continuando sua refeição.

-Enfim, estando ou não na 'seca' você pode se juntar a nós hoje a noite. -sugeriu Camie enquanto acariciava uma das pernas de Bakugou com seu pé e esfregava uma de suas mãos na coxa próximo a virilha de Inasa- Sabe, pelos velhos tempos. Não é Inasa?

-É claro, vai ser divertido.

Olhando para o casal que continha olhares luxuriosos direcionados a si Katsuki sorriu ladino e desceu uma de suas mãos até o pé da loira que o acariciava e o segurou.

-Desde que voltei pra cá o que eu mais pude perceber foi o quanto as coisas mudaram por aqui, no começo eu odiei isso, mas a raiva só durou até eu perceber que também tinha mudado. Eu não sou mais aquele garoto de antes. -dito isso o loiro afastou o pé de Camie de si- Agradeço a proposta, mas a resposta é não.  

-Você ficou tão sem graça Kat. -disse a loira fazendo biquinho- Mas tudo bem, eu continuo gostando de você.

Dessa vez fora o loiro quem riu ainda que doesse suas costelas, e assim os três continuaram sua refeição até Camie começar um novo assunto:

-Mas então Kat, isso sobre você ter mudado e tals também tem haver com o Izuku?

-Como assim? O que ele tem haver?

-Não sei. É só que desde que voltou as únicas pessoas com quem você se envolveu foram do ciclo de amizades dele. Sem contar que há boatos que dizem que foi você que escolheu pilotar com o Izuku, até mesmo a briga de hoje mais cedo disseram que você só começou porque quis defende-lo.

-Sim, e daí? O que isso tudo tem haver? Ele é um ótimo adversário e tem um ótimo raciocínio lógico, minha escolha como co-piloto estava mais que óbvia. E quanto a defende-lo, porque eu não o faria? O Enji estava sendo mais babaca do que nunca descontando suas frustrações em alguém que não tinha nada a ver com a irá sem sentido dele, eu só fiz aquilo que achei certo.

-Mas você tem que concordar que  é estranho ver você sendo legal com alguém. -comentou Inasa- Isso não é do seu feitio. Ainda mais para nós que o conhecemos a tanto tempo, isso tudo foi um pouco estranho.

-Vocês é que estão vendo coisas de mais.

-De qualquer forma fico feliz que você não tenha se envolvido com ele. Não ia dar certo de qualquer jeito.

Disse Camie um tanto simplória o que despertou a curiosidade do loiro que até mesmo parou de comer.

-E porque diz isso?

-É que bem, não é novidade pra ninguém que o Midoriya é gay, ele mesmo se assumiu então esse é um fato verídico. Mas enfim, rolam alguns boatos por aí de que o verdinho morre de amores por um dos rangers.

Aquela informação pegou Katsuki de surpresa e sua curiosidade só aumentou.

-E você sabe quem é?

Perguntou o loiro da maneira mais despreocupada possível porém pelo sorriso o qual Camie dera era possível ver que ela tinha conseguido o que queria.

-Pelos que os boatos dizem o cara é o Togata Mirio.

-Não me lembro de nenhum Mirio na época que eu estava aqui.

-É claro que não, ele começou no ano seguinte depois que você pediu o afastamento do projeto Jaeger. -a loira suspirou- Mas enfim, não é como se ele fosse ser correspondido ou coisa assim.

-Como assim? 

-Acontece que esse Mirio namora um de seus co-pilotos, um tal de Amajiki Tamaki.

Ao ouvir aquilo Katsuki não conseguiu evitar de sentir um alívio.

-Mas pode ser que o Mirio tenha uma lado mais divertido assim como nós, certo Camie?

Disse Inasa com um sorriso sugestivo e a loira respondeu o gesto.

-É melhor você tomar cuidado Katsuki.

-Com o que?

-O que o Inasa disse pode ter sido na brincadeira, porém isso não quer dizer que o Mirio não o fará, sem contar que há muita concorrência. É mais do que nítido que a maior parte dos amigos do verdinho tem um tombo por ele.

-E porque tá me dizendo isso?

-Enfim, depois não venha dizer que ninguém te avisou. -a loira olhou para o mais alto e sorriu- Que tal irmos brincar agora? 

-Vamos, eu também não aguento mais esperar.

O casal se levanta e Katsuki os acompanha, eles deixam as bandeijas de comida em uma bancada perto da cozinha e andam até a saída do refeitório, ao chegarem lá os três param.

-Última chance, tem certeza que não quer nos fazer companhia? Sabe que seria muito bem vindo.

-Tenho, obrigado. E ainda que eu quisesse não acho que coseguiria sentir nada além de dor e desconforto por isso eu prefiro descansar.

-Você pode acabar descobrindo que a dor pode ser muito prazerosa. -sorriu lasciva- Mas nesse caso bom descanso. -diz Camie abraçando o loiro- E boa sorte com o Izuku.

O loiro bufa e a mulher se afasta de si, Inasa estica o braço e Katsuki responde o cumprimento e sorri.

-Se cuida Katsuki.

-Vocês também. E tentem não gritar muito.

-Isso eu não prometo.

-Muito menos eu.

Disse a loira entre risos junto a Inasa e o casal se foi pelo corredor, Katsuki sorriu uma última vez olhando para os amigos antes de partir pelo corredor oposto. O loiro voltou para seu dormitório e a primeira coisa que fez foi se jogar na cama soltando um longo suspiro, colocou o braço direito sobre os olhos, sua cabeça estava cheia.

"Mas que tipo de merda foi esse dia? Como as coisas puderam ter ido tão mal desse jeito?"

Pensou soltando mais um suspiro frustrado e tirando o braço de cima dos olhos, agora com a mão esquerda Katsuki acariciou seus lábios.

-Foi tão rápido...

Susurrou ao silêncio.

"Mas ainda me lembro da sensação."

Sentiu a face queimar com o pensamento e estralou a língua no céu na boca se levantando da cama.

-Pensamentos idiotas!

Disse o loiro e o mesmo se levantou indo até o guarda-roupa pegando de lá uma muda de roupas e indo até o banheiro, Bakugou tomou um banho rápido, vestiu sua cueca box cinza, uma calça preta e permaneceu sem camisa enquanto secava os cabelos, andou até o espelho e olhou para seu reflexo, o nariz roxo por conta da joelhada que tomará, diversos hematomas espalhados por seu tronco e braços mas o pior era o que se encontra em sua costela esquerda a qual estava quebrada, havia também um roxo em suas costas mas esse não lhe doía tanto quanto os outros machucados que possuía. Cansado e cheio de dor Katsuki sentou-se na cama deixando a toalha cair por cima dos ombros e soltou um suspiro de alívio porém logo em seguida ouviu batidas na porta de metal o que fez sua cabeça latejar, não sabia quem era mas provavelmente era alguém querendo morrer.

Mesmo a contra gosto o loiro se levantou e a passos firmes andou até a porta pronto para xingar quem quer que fosse, ninguém em sã consciência teria ido até lá sabendo das atuais condições de Bakugou, porém assim que o mesmo abriu a porta toda sua raiva e suas palavras desapareceram como em um passe de mágica. Quando os olhos escarlates miraram a pequena silhueta a sua frente Katsuki perdeu completamente seu rumo e até mesmo pode jurar que seus pelos arrepiaram-se quando as jades o fitaram preocupado.

-M-Me desculpe vir aqui assim, de repente depois de tudo o que aconteceu. -silêncio- Eu só... queria, bem, falar com você.

-Ta, entra.

Assim que Katsuki abriu passagem para o menor entrar o loiro pode ver a face corada de Izuku e isso fez seu coração acelerar. Respirando fundo Bakugou tentou acalmar seu coração enquanto fechava a porta.

-E sobre o que você quer falar?

-E-Eu quero pedir... desculpas.

-Desculpas pelo que?

-Por tudo. -o loiro ficou surpreso- Foi tudo minha culpa. Se eu não tivesse 'saído de fase' e perdido o controle nada daquilo teria acontecido. Você não teria brigado com o Enji e não teria se machucado.

"E também não teria te beijado."

Foi o pensamento que passou pela mente de Katsuki tão rápido quanto uma brisa fresca em um dia quente.

-Não foi culpa sua eu já disse, a culpa foi minha. Eu que saí de fase primeiro e acabei te arrastando pra toda essa merda. Sou eu quem te deve desculpas.

O esverdeado parecia chocado e surpreso com tudo o que ouvirá que se quer conseguiu dizer alguma coisa.

-Naquela hora você acessou não só as minhas memórias como as da minha irmã também. -o loiro respirou fundo- Quando Himiko foi pega estávamos conectados... -disse Katsuki sentindo a cabeça latejar-... eu senti o medo dela, a dor, o desespero...-ele deu uma pausa respirando fundo-... ela morreu.

A voz de Katsuki parecia embargada quase como se fosse chorar a qualquer instante, os olhos brilhantes denunciavam as lágrimas que o loiro segurava e aquilo fez Izuku sentir um aperto em seu peito.

-Eu sei... eu senti.

Naquele momento Bakugou soube que não conseguiria conter as lágrimas mas também não queria que o menor visse seu momento de fraqueza por isso virou-se de costas para o mesmo e então deixou que a dor lhe tomasse, deixou as lágrimas escorrerem. Apesar de não poder ver o rosto de Katsuki  o esverdeado sabia que o mesmo chorava, ele podia ver a costa alheia que tremia em meio ao choro contido e Izuku até mesmo se assustou ao ver um hematoma roxo ali se lembrando da briga de mais cedo, aquilo lhe doeu sentia-se culpado por aquilo porém seus pensamentos foram cortados ao ouvir a voz do outro.

-Me desculpa Midoriya.

Disse Bakugou de forma tranquila ainda de costa para o menor porém ao não receber uma resposta sentiu-se preocupado e se virou para olhar o outro.

-Midoriya tudo bem?

-S-Sim eu só... -assim que o esverdeado piscou algumas lágrimas caíram escorrendo sobre sua face e assustando o loiro-... eu vim aqui pra te pedir desculpas. Pedir desculpa sobre tudo até mesmo de fugir de você no refeitório. -comentou e riu limpando as lágrimas- Eu fui tão covarde evitando você até agora pra chegar aqui e... ser você a me pedir perdão.... e me dizer todas essas coisas dolorosas. -deu uma pequena pausa respirando com os lábios trêmulos- O que exatamente eu tenho que perdoar? Eu se quer sinto que você fez algo de errado!

-O mesmo vale pra você.

O menor sorriu triste e aquilo fez o coração de Katsuki se apertar.

-Por acaso é errado sentir dor por perder alguém que a gente ama?

-Não! Não é errado.

-Então porque todo mundo nos olha como se fossemos culpados por um crime? Porque nos julgam assim?

-Porque estão com medo! -os olhos jades se arregalaram em surpresa- Assim como qualquer outra pessoa eles estão com medo, tcs! Assim como nós também estamos.

A curtos passos Izuku se aproxima do outro e encosta sua testa sobre o tronco alheio.

-Eu não gosto de sentir medo.

-Eu também não. -suspira- Mas isso não é algo que podemos controlar.

Decidido a se arriscar naquele momento Bakugou põe sua mão direita sobre os fios da nuca do menor iniciando uma carícia, tal ato fez o esverdeado dar um longo suspiro e àquilo de alguma forma deu coragem ao loiro para continuar.

-Não podemos controlar o medo, mas podemos ameniza-lo.

-Como?

Perguntou o menor se afastando minimamente do outro para olha-lo nos olhos o que fez Katsuki parar o carinho que fazia, sua mão tomou outro rumo indo agora de encontro com a mão alheia e a segurando.

-Juntos!

-O q-que quer dizer?

Questionou Izuku com as maçãs do rosto coradas o que fez o loiro acha-lo internamente fofo.

-Sabe, quando você passa tanto tempo na cabeça de alguém a parte mais difícil é lidar com o silêncio pra deixar outra pessoa entrar. Pra se conectar de verdade tem que ter confiança, e hoje o fluxo foi forte. -disse Katsuki dando um leve aperto na mão do esverdeado que pareceu ficar ainda mais vermelho- Minha irmã costumava me dizer que fazer amigos e criar laços nos tornam mais fortes pra lutar.

Os olhos jades estavam vidrados em si e Bakugou deu um pequeno sorriso. 

-Agora mais do que nunca eu entendo o porque.

A mão livre de Katsuki subiu até a face do esverdeado e acariciou a bochecha rosada do mais baixo limpando os últimos resquícios das lágrimas que haviam por ali.

-Porque agora?

-Por sua causa. É tudo graças a você!

Os olhos arregalados entregavam a surpresa de Izuku por ouvir aquelas palavras e por alguns instantes o esverdeado não soube o que fazer ou dizer, seus olhos analisaram a figura alheia prostado a sua frente e mil coisas se passaram em sua cabeça, tantas perguntas, tantos pensamentos, tantos desejos, mas no fim apenas uma coisa sairá de sua boca:

-Katsuki, porque me beijou naquela hora?

A pergunta fora direta e sem gaguejar, e Izuku só se dera conta do que perguntará alguns segundos depois, sua face rubra denunciava que a pergunta havia sido um impulso do momento e Bakugou parecia tão surpreso quanto o mais baixo precisando desviar o olhar para que não ficasse tão vermelho quanto o outro. A mão que antes acariciava a bochecha sardenta agora acaricia a própria nuca de modo que pudesse se acalmar e responder Midoriya.

-É por causa da minha irmã.

-Como assim?

-Na época em que pilotavamos Himiko tinha a mania de me beijar quando eu começava a perder o controle. -suspirou entre um riso- Por causa disso eu conseguia focar minha atenção em outra coisa, isso ajudava na hora de me acalmar. -respirou fundo olhando nos olhos do menor- Ela costumava comparar a isso com as histórias de conta de fadas onde com um beijo de amor o príncipe podia quebrar a maldição e salvar sua princesa. Isso é a maior besteira.

Disse o Katsuki rindo fraco pela dor que sentia e Izuku respirou fundo.

-E-Eu não acho!

-Hum? -o loiro olhou curioso para o outro.

-Acho que ela está certa, se parece mesmo com um conto de fadas. -disse o menor já completamente vermelho enquanto o outro o observava com afinco- Ao menos foi assim que eu me senti.

Os olhos de Bakugou se arregalaram enquanto que os do esverdeado desviaram para o chão.

-Izuku.

Lavando sua mão direita até o queixo do menor o loiro levantou a face de Midoriya fazendo o esverdeado olhar para as orbes escarlates.

-Você me chamou de Izuku. -sorriu pequeno- Você raramente me chama pelo primeiro nome.

-Posso dizer o mesmo de você.

-Mas isso é porque mal nos conhecemos, não parece certo te chamar pelo primeiro nome se sequer temos intimidade.

-E o que acha de mudarmos isso?

-Mudar o que exatamente?

-Tudo.

Disse o loiro dando um passo para frente diminuindo a distância entre os dois. A mão de Bakugou se aprofundou na face de Izuku e o polegar do mais alto passou a acariciar as maçãs do rosto levemente avermelhadas contornando cada sarda como se montasse uma constelação, enquanto que os outros dedos acariciavam a orelha alheia que tinha como foco o lóbulo da mesma, o esverdeado sentia seu corpo ficar extremamente quente e arrepiar ao ser acariciado ali, sem contar que durante todo esse processo os olhos escarlates não desviaram sequer uma única vez das belas jades que lhe fitavam.

-Katsuki... me beija.

O pedido fora feito quase que em sussurro, tal que se Bakugou não estivesse tão atento ao que o outro dizia poderia talvez não tê-lo ouvido. Os enormes olhos verdes carregavam um brilho, uma súplica o qual o loiro não podia negar ou recusar e por isso não pode se conter deixando um sorriso de canto escapar por seus lábios. A mão que antes segurava a mão alheia buscou agora pela cintura do outro o puxando para perto e quebrando a distância entre eles, seus lábios se colaram em um longo selinho que fez ambos os corpos de arrepiarem com a sensação. 

Desejando muito mais do que apenas um selinho Katsuki não demorou a aprofundar o contato, a mão que antes estava na face do esverdeado fora até a nuca começando uma massagem no cabelo disposto ali e dando um leve puxada fazendo Midoriya grunir em dor e abrir os lábios. Sem esperar mais nada Bakugou invadiu a boca alheia com sua língua começando uma procura pela carne quente e úmida do esverdeado este que parecia estar um tanto quanto perdido, era nítido a falta de experiência do menor com aquele tipo de beijo mas isso só deixou o loiro ainda mais animado, e para surpresa do mesmo Izuku é do tipo de pessoa que aprende rápido por isso não demorou muito após a língua de Katsuki entrar em contato com a do menor para que o mesmo rapidamente pega-se o jeito da coisa.

E só Deus sabe como Bakugou estava amando aquele beijo, a boca inexperiente e curiosa tentava a todo custo acompanhar o ritmo acelerado e afoito do loiro que vez ou outra mudava o ritmo e começava uma dança lenta e sensual entre as línguas causando arrepios aos dois, estes que sentiam o arrepiar subir desde a ponta do pé até o último fio de cabelo e esquentando o corpo todo no processo. Porém ainda que o prazer fosse grande naquele momento não era só aquilo que Katsuki sentia havia também as fisgadas de dor afinal ainda tinha seus machucados, mas se pensa que o loiro deixaria uma dor dessas atrapalhar o seu momento de prazer você está redondamente enganado. Mesmo sentindo as dores dos seus ferimentos e hematomas Bakugou prosseguiu com o beijo e ainda que doesse bastante quando o menor começou a explora-lo com as mãos o loiro não sentia-se capaz de quebrar aquele contato e por isso mesmo sorriu com a lembrança do que Camie lhe dissera: "-Você pode acabar descobrindo que a dor pode ser muito prazerosa." O loiro sorriu em meio ao beijo.

Naquele instante Katsuki sabia com toda a certeza do mundo que Camie estava certa, nada se comparava com o prazer e a dor daquele momento. E abandonando todos seus pensamentos o loiro deixou que seus desejos o guiassem durante o ósculo de prazer, este que era necessário ser separado durante alguns segundos para que ambos pudessem respirar e depois continuar como se aquele beijo fosse necessário para mante-los vivos, como uma droga ao qual estão viciados. A cada novo toque ambos ficavam cada vez mais quentes e o espaço entre eles se tornava cada vez menor, a mão que agarrava a cintura do menor subiu por baixo da camiseta contornando a coluna do mesmo e causando-lhe arrepios. Já Izuku passou a explorar  corpo alheio com as mão e tudo parecia ser ainda mais intenso com a falta de panos para impedir o contato pele a pele. O primeiro alvo foi o peitoral alheio sendo seguido para o abdômen, Bakugou até mordeu o lábio inferior do esverdeado ao senti-lo contornar cada gominho de sua musculatura com os dedos curiosos, porém assim que a mão de  Midoriya entrou em contato com a parte exterior da costela o loiro não pode evitar o grunhido de dor que sairá de seus lábios assim interrompendo o beijo.

-Tcs! Droga!

-O q-que foi?

-Não foi nada.

Iguinorando a dor Katsuki até mesmo tentou retomar o beijo porém o esverdeado desviará de sua boca e se afastou um pouco para que pudesse analisar o local ao qual tocará, assim que Izuku o fez se assustou ao ver o enorme hematoma roxo na costela.

-Meu Deus! Eu me esqueci da sua costela machucada. M-Me desculpe! Eu vou pegar alguma coisa pra dor.

Assim que Midoriya se virou para sair do quarto Bakugou o segurou pela mão o fazendo parar abruptamente e olhar para trás encontrando as orbes escarlates um tanto temerosas.

-Não vai.

Pediu o loiro com uma súplica escondida sobre os olhos, mesmo em toda sua ingenuidade Izuku podia enxergar aquilo e se deixou sorrir e voltou a se aproximar do mais alto.

-Eu não vou embora, vou voltar logo. -segurou com mais força a mão alheia- Eu prometo.

Em um gesto de carinho o esverdeado deu um beijo na mão de Bakugou que o segurava, o loiro olhou avidamente para o mais baixo e se aproximou mais uma vez de Midoriya lhe roubando um beijo.

-É melhor que você volte logo.

O menor sorriu e concordou antes de sair correndo, Katsuki suspirou e sorriu ao se dar conta do que havia acontecido.

"Isso foi muito melhor do que eu tinha imaginado."

E antes que pudesse se dar conta Izuku já tinha voltado com um pequeno pote redondo em mãos.

-Essa aqui é uma pomada pra dor, vai ajudar com os roxos também.

-Não precisa, o médico ja me deu analgésicos pra dor.

-Não é a mesma a coisa, o remédio vai ajudar nas dores internas não nas externas. Sem contar que a pomada faz um efeito muito mais rápido. 

O loiro soltou um suspiro e concordou com a cabeça.

-Tá, então me dá logo isso.

-É que e-eu pensei que poderia p-passar em você. -disse o menor completamente corado- Sabe? Tem partes q-que você não alcança, e eu s-só quero ajudar...

Enquanto um Midoriya completamente vermelho não parava de falar Bakugou sorriu.

-Certo, nesse caso é bom passar logo antes que eu desista de ser compreensível.

-E-Está bem!

Ainda meio sem jeito Izuku se aproximou do outro, porém assim que os olhos do menor se encontraram com os escarlates o mirando com afinco o esverdeado sentiu-se completamente sem jeito.

-P-Poderia se virar? Vou passar primeiro n-nas suas costas.

-Ok.

Respondeu o loiro com um sorriso travesso e se virando de costas para Midoriya este que ainda um pouco sem graça começava a passar pomada sobre as costas do outro, o menor passava de forma a fazer uma leve massagem sobre o local.

-Certo, pode se virar.

Assim que Katsuki se virou ele pode vislumbrar a face agora levemente avermelhada e de olhor baixo que o esverdeado mantinha devido a vergonha. E sem esperar mais nada Izuku continuou a passar a pomada no outro, agora começando pelas mãos e subindo para os braços, em seguida fora para o abdômen e depois às costelas, era um pouco incômodo devido a sensibilidade nos lugares porém a dor durava pouco em comparação com o conforto e o prazer das massagens e do efeito anestésico da pomada. Agora tudo que faltava era o rosto do loiro, porém para Midoriya ter o rosto de Bakugou tão próximo do seu além de ter os olhos alheios tão concentrados em seus movimentos o deixava nervoso.

-P-Poderia por favor fechar os olhos?

Perguntou o mais baixo um tanto sem graça e Katsuki segurou o riso, ele queria morder o outro mas se conteve.

-Certo.

Fechando os olhos Bakugou pode apreciar a deliciosa sensação das mãos macias e agora com pomada massageando seu rosto, as têmporas, suas bochechas e o nariz foi o último, almenos foi o que pensou até sentir uma das mãos de Izuku descer até seus lábios e os cortorna-los com os dedos. Automaticamente Katsuki abriu os olhos deparando-se com os olhos jades sedentos sobre seus lábios, o loiro sorriu e o esverdeado subiu o olhar até os olhos escarlates encontrando neles o mesmo desejo dos seus, aos poucos seus rostos começaram a se aproximar diminuindo a distância entre seus corpos porém a voz vinda dos autofalantes dispostos no corredor quebraram a aproximação.

"Senhor Midoriya Izuku por favor comparecer a oficina de engenharia imediatamente! Sua presença é requisitada com urgência pela engenheira principal Hatsume Mei."

A essa altura o esverdeado já havia se afastado do mais alto e agora olhava um tanto sem graça para o chão.

-E-Eu preciso ir agora.

-Sabe bem que não precisa.

Disse o loiro voltando a se aproximar e segurando a cintura alheia com firmeza.

-Mas eu devo ir. -suspirou- As coisas podem ficar mais complicadas se eu não for.

-O que exatamente vai ficar complicado?

Questionou Katsuki em um tom travesso enquanto encostava sua testa na de Izuku, este que sorriu. Ambos se encaravam intensamente e o loiro suspirou.

-Nos vemos no jantar?

-Sim.

-Então até mais tarde.

-Até.

Ainda se encarando ambos se afastaram e Midoriya deixou-se sorrir enquanto saía pela porta deixando para trás um Bakugou tão sorridente quanto ele.

》》》》》》》 À NOITE 《《《《《《《

Quando a hora do jantar finalmente chegou Katsuki se viu tão animado que até mesmo se estranhara.

-Droga! Porque to me sentindo assim? Nem vamos jantar juntos nem nada.

O loiro bagunçou os cabelos nervosamente em uma tentativa de se acalmar,  desistente respirou fundo e se levantou indo até a banheiro lavando o rosto e olhando para seu reflexo no espelho, Bakugou suspirou e caminhou até a porta do quarto saindo do local e indo em direção ao refeitório, e a cada passo que Katsuki dava sua ansiedade aumentava. Assim que o loiro chegou na porta do local o mesmo deu um longo suspiro e adentrou o lugar, e mais uma vez no dia sua presença chamou a atenção por onde andava causando quase o mesmo efeito de mais cedo, e como se tudo se repetisse Bakugou ouviu o assobio familiar vendo que se tratava de Camie e Inasa novamente o chamando para se sentar com eles e sem muita enrolação o loiro foi até o casal.

Porém Katsuki teve uma pequena surpresa ao ver que em uma mesa próxima do casal um certo esverdeado encontrava-se sentado jantando na companhia dos amigos, aquilo fez o coração do loiro ir a loucura e só não travava no mesmo lugar pois ainda tinha seu orgulho e ele não se deixaria abater dessa maneira. E durante sua caminhada até a mesa de seus amigos Bakugou pode presenciar o exato momento em que Izuku o notará, pois assim que o menor o viu e seus olhares se cruzaram o de sardas se tornará completamente rubro e abaixou o olhar focando em sua comida, Katsuki sentiu vontade de rir daquela atitude fofa mas se contentou em apenas sorrir.

-Hello Kat! Que sorriso é esse nessa sua cara rabugenta? Vai me dizer que ta 'comendo' alguém e não me falou, hein?

-Não seja escrota Camie. -repreendeu Inasa- Mas é verdade? Você ta transando com alguém?

-Vocês dois são bem intromentidos para o que não os diz respeito.

-Fala logo Kat! Por favor?!

O loiro suspira e começa a mexer em sua comida.

-Eu não to trasando com ninguém se é oque querem saber. -o casal solta um resmungo desanimado e Katsuki sorri- Mas pode ser que eu esteja começando algo com um 'certo alguém'.

No mesmo instante o casal levantou-se da mesa animado chamando a atenção de algumas pessoas no refeitório.

-Quem??? -perguntaram os dois em uníssono e empolgados.

-Sentem-se primeiro seus palermas.

O casal se sentou rapidamente com olhares cheio de expectativa para o loiro.

-Quem é a pessoa? É homem ou mulher? Não vai me dizer que é os dois? É os dois?

-Calma Camie! -o mais alto interrompeu a loira afobada- Deixa ele falar. Eai? Homem ou mulher?

Por alguns instantes Katsuki cogitou a ideia de contar ou não para o casal a sua frente o possível começo de seu relacionamento com o esverdeado mas ao pensar melhor concluí que talvez devesse conversar com o próprio Izuku antes para saber exatamente o que era àquilo que haviam começado, pois no fim nem mesmo ele sabia o que era àquilo, a única certeza que Bakugou tinha era que de maneira alguma desejava que aquilo acabasse.

-Um homem.

O casal sorriu grande.

-Eu sabia! -comemorou a loira- Vai ter que me pagar depois querido.

-Não vale! -exasperou o mais alto- Eu só errei a quantidade.

-Aposta é aposta! Eu acertei tudo então eu ganhei.

-Peraí, vocês apostaram que eu estava ficando com alguém?

Questionou o loiro e os dois o olharam completamente neutros.

-Sim. -responderam em uníssono.

-Qual o problema de vocês seus dementes?

-Qual o nosso problema? -questionou Camie descrente- Nós não temos problema algum, já você é outra história.

-O que quer dizer?

-Não é óbvio? -o loiro a olha irritado- Katsuki ninguém em sã consciência recusaria um sexo a três comigo e o Inasa. Era óbvio que o único motivo só podia ser uma outra pessoa, ou seja, algum interesse em alguém. E vejam só, eu acertei!

-Eu não disse que tava interessado nele.

-Mas nem precisou, suas atitudes dizem por você. -a loira sorriu- E Inasa, afinal de contas quais pessoas você pensou serem o 'interesse' do Bakugou?

-Pensei que fosse o Kirishima, Kaminari e o Sero já que eles parecem sempre estar juntos do Katsuki.

-Ah! Até que faz sentido.

-Não faz sentido coisa nenhuma! Eu nunca ficaria com nenhum dos três patetas.

-Mas eles são muito legais. -comentou Inasa.

-Não me interessa.

Afirmou o loiro começando a comer sua comida e nesse instante Camie sorriu maroto.

-E te interessaria um certo esverdeado?

-Do que você tá falando Camie? 

-O Katsuki sabe do que eu to falando. -a mulher olhava sugestiva para o loiro- Até porque 'ele' não para de olhar pra cá.

No mesmo instante Bakugou se virou para olhar encontrando as lindas jades lhe fitando, porém assim que o menor se dera conta da troca de olhares seu rosto tornou-se rubro e ele voltou a mexer na comida como se fosse a coisa mais interessante do mundo, o loiro sorriu com aquela atitude.

-Ele parece uma criança.

-Isso é porque ele é o mais novo dentre todos daqui. -comentou a loira- E acredito que em partes esse jeito é por causa de toda ingenuidade dele sobre 'certos assuntos'.

-Mas isso é bom. -disse Inasa despreocupadamente chamando a atenção dos outros dois- Afinal quanto mais ingênuo e inocente ele for, mais será divertido ensina-lo e ajuda-lo a 'descobrir coisas novas'.

O mais alto sorriu lascivo sendo acompanhado pela loira já Katsuki parecia um tanto pensativo enquanto voltava a comer sua comida, logo mais Camie engatou um novo assunto na mesa. Enquanto isso em uma mesa próxima dali, específicamente a onde se encontrava Izuku e seus amigos.

-Izuku! Ei! Tá me ouvindo?

Perguntou o ruivo enquanto balançava a mão em frente ao rosto do menor que pareceu sair de seu transe.

-S-Sim Kirishima!

-Mas não é o que está parecendo. -comentou a rosada- Você parece meio aéreo desde que chegamos no refeitório.

-Tem certeza de que está tudo bem em você comer aqui? -questionou a morena- Se quiser podemos comer em outro lugar.

-E-Está tudo bem Uraraka. -o esverdeado olhou para os rostos preocupados dos amigos e sorriu- Não se preocupem eu estou bem. Eu só preciso de um tempo, hoje foi um longo dia.

O mais baixou terminou a frase com um suspiro e os amigos o olharam um pouco mais tranquilos.

-Está suspirando Izuku? -perguntou a esverdeada- Aconteceu algo? Gero!

-Aconteceu tanta coisa que você nem imagina. Nem sei por onde começar.

Mais uma vez Midoriya suspirou e seus amigos o olharam curiosos.

-O que aconteceu Izuku?

Questionou Sero e só então o esverdeado se dera conta de que todos os seus amigos o olhavam atentos.

-N-Nada!

-Mas você disse agora mesmo que não sabia por onde começar de tanta coisa que tinha acontecido. - comentou Denki.

-Esqueçam isso, p-por favor!

-Isso é impossível!

Exclamou Uraraka, e um tanto constrangido Izuku desviou o olhar porém seus olhos foram de encontro a razão do seu desequilíbrio emocional e ao se deparar com o loiro sorrindo foi impossível para o menor continuar com sua face normal e por isso mais uma vez o rosto do esverdeado se tornará vermelho como de um tomate e seus amigos como bons curiosos seguiram o olhar do mais baixo até se depararem com Katsuki. No instante seguinte o grupo todo olhará para Midoriya, este que assustado com a atenção repentina abaixou o olhar.

-O que ta rolando aqui?

Perguntou Ejirou com um olhar desconfiado para o menor e o restante do grupo acompanhou o ruivo.

-N-Não está a-acontecendo nada!

-Então que olhada foi essa que você deu 'pro' Katsuki?

Questionou a morena e ainda um tanto sem graça Izuku decidiu fazer um esforço, respirou fundo e olhou meio sem jeito para os amigos.

-N-Não pensem nada errado, é só que, entre eu e o Katsuki a muitas coisas mal resolvidas. -desabafou o menor um pouco pensativo- Ainda mais depois de hoje.

Pela primeira vez no dia os amigos do esverdeado ficaram em silêncio total na mesa, todos pareciam entender o peso que o mais novo carregava sobre o ocorrido de mais cedo, eles só não sabiam que havia muito mais por trás daquelas palavras.

-Mas por favor pessoal não fiquem mal por mim ou coisa do tipo, eu tenho certeza de que tudo vai se ajeitar de um jeito ou de outro.

O mais baixo sorriu fazendo os amigos relaxarem um pouco e começarem a conversar sobre outros assuntos sem se darem conta de que a cada minuto Izuku dava uma breve olhada para o loiro da mesa próxima a sua. Durante mais algum tempo ambos os grupos de amigos conversavam animados mas isso também não durou muito.

-Ainda não acredito que vou ter que limpar os banheiros masculinos da Ala-1A durante uma semana. -resmungou Denki.

-Pense, poderia ser pior. -comentou Sero- Você poderia ter que limpa-los por um mês.

-Ou por um ano. -comentou o ruivo aos risos.

-Mas é certeza que se ele te ouvir reclamando você vai passar o resto da sua vida inteira limpando banheiros. Gero!

Os amigos riam enquanto viam o rosto de Kaminari se tornar em uma face de desespero e desânimo.

-Ei gente! -chamou Sero- Olha só quem tá vindo.

O grupo olhou na direção em que o mais alto apontou vendo um certo bicolor andar até eles.

-É o Todoroki. -disse Kirishima.

-Aaah, é, lembrei de uma coisa! -o grupo olhou confuso para o menor- Eu preciso ir pro meu dormitório.

-Mas agora? -indagou a rosada- Porque tão cedo? E o Shouto? Você não vai falar com ele?

-F-Faz parte do meu castigo sabe, preciso estar cedo no meu dormitório ou vou levar uma bronca ainda maior. -disse o esverdeado de forma rápida e meio trêmula- Eu falo com o Shouto amanhã, digam a ele que eu mandei um oi. Até mais pessoal!

-Até!

Respondeu o grupo estranhando a saída apressada do menor do local, e logo em seguida Todoroki chegou à mesa, este que observava o esverdeado sair as pressas. 

-O Izuku está indo a onde?

-Ele disse que faz parte do 'castigo' dele. -comentou Kirishima- Parece que ele precisa estar cedo no dormitório ou vai receber mais bronca. Mas ele te mandou um 'oi'! -sorriu.

-Ah! Eu preciso falar com ele o mais rápido possível.

-Aconteceu algo Shouto? -perguntou Uraraka preocupada- Está tudo bem?

-Eu só, preciso falar com ele sabe.

Disse o bicolor focando sua atenção na comida e a morena assentiu respeitando o desejo do amigo sobre não falar sobre aquilo. Enquanto isso na mesa de Bakugou o mesmo observava o grupo de amigos do esverdeado e até mesmo acompanhou com os olhos quando Izuku se retirou as pressas, e tal atenção não passou despercebido pelos amigos do loiro.

-O que tá rolando Katsuki? -perguntou a loira como quem não quer nada- Você parece bem interessado no que tava rolando na outra mesa. Tem algo que queira nos contar?

-Não. Eu com certeza não tenho nada que queira te contar.

A loira fez um bico enquanto o companheiro ao seu lado ria.

-Eu já vou indo.

-Mas já? -estranhou Inasa- Não tá um pouco cedo pra ir dormir?

-Eu tenho umas coisas pra resolver.

Respondeu o loiro com um sorriso que deixou Camie animada.

-Você vai atrás dele não vai? 

Porém Katsuki nada disse apenas se levantou e sorriu saindo do local deixando para trás uma Camie surtando de curiosidade e um Inasa completamente confuso. 

》》》》》》》Dormitório 《《《《《《《

Já em seu quarto Izuku encontrava-se deitado de bruços na cama, o mesmo abraçava forte o travesseiro enquanto deixava um suspiro fugir de seus lábios.

"Me desculpe Shouto, eu ainda não estou pronto para conversar com você."

Pensou o menor antes de ouvir batidas na porta, curioso sobre quem poderia ser o esverdeado andou até a porta a abrindo e deparando-se com um certo loiro, o mesmo parecia tranquilo.

-O-Oi!

-Oi.

-Tudo b-bem?

-Sim, eu só queria falar com você.

-Eu não sei se esse é um bom momento.

-Bom, na verdade eu não vim bem falar com você. -o menor o olhou curioso- Vim fazer um pedido.

-Pedido?

-Sim. -o loiro deu um longo suspiro- Você quer dormir comigo hoje?

No mesmo instante o rosto de Midoriya se tornará rubro.

-E-Eu n-não...

-Ei, não é o que você tá pensando. -disse o loiro chamando a atenção do menor- Quando eu disse dormir, eu quis dizer "dormir mesmo", sem malícia. Apenas deitar um do lado do outro e dormir.

Por alguns segundos Izuku paralisou e raciocínou sobre a proposta do outro e o loiro prosseguiu falando:

-É só que depois de tudo que aconteceu hoje o que eu menos quero é ter que ficar sozinho.

Naquele instante o olhar do menor encontrou-se com o do outro, Midoriya sabia como Bakugou se sentia pois ele compartilhava do mesmo sentimento, da mesma dor.

-Está bem, eu aceito. -respondeu o esverdeado ainda olhando para as orbes escarlates- E-Eu só vou tomar um banho antes, ok?

Porém o loiro nada disse, apenas sorriu concordando e o menor rapidamente fechou a porta correndo para tomar seu banho, enquanto isso Katsuki sorria adentrando seu dormitório e começando a ajeitar o lugar para receber o esverdeado.

Alguns minutos depois Bakugou ouviu leves batidas na porta de seu quarto, o mesmo sorriu já sabendo de quem se tratava e ao abrir a porta seu sorriso se tornou maior ao ver Midoriya completamente vermelho e com roupas largas (claramente um pijama).

-E-Eu não sabia se devia trazer a-alguma coisa ou...

-Entra! -o menor olhou surpreso para o loiro e o mesmo suspirou- O mais importante você já trouxe.

O esverdeado olhou confuso para Katsuki e o mesmo riu enquanto andava até a cama.

-Eu tava falando de você. -suspirou- Você é o mais importante.

A boca de Izuku formou um grande "O" a medida que suas bochechas coravam cada vez mais e o loiro se viu sorrindo mais uma vez.

-Você tem preferência sobre o lado da cama?

-N-Não! E você? 

-Pra mim tanto faz.

Um silêncio incômodo se formou e Bakugou suspirou pesado.

-Eu fico com o lado direito.

-C-Certo!

Um pouco desajeitado o menor se deitou de lado na cama ficando com rosto de frente para a parede e logo depois de Izuku se acomodar o loiro também se deitou mas este ficou de barriga para cima de modo que não nachucasse sua costela. Alguns minutos se passaram e era palpável no ar o desconforto daquela situação, ambos pareciam um tanto incômodos com a aproximação e ao mesmo tempo distância que havia entre eles, e se tinha uma coisa que Katsuki odiava era parecer ser um incômodo.

Se virando na cama o loiro observou o corpo do menor deitado ao seu lado, olhou os cabelos esverdeados bagunçados e sentia o doce aroma do shampoo do menor assim como o cheiro gostoso do sabonete misturado a um cheiro que Bakugou concluíu ser o aroma próprio do outro, porém o momento de contemplação do mais alto acabou assim que Midoriya decidiu se virar, a face surpresa e corada do mais baixo fizeram o coração de Katsuki ir a loucura.

-O que foi? -perguntou o loiro da maneira mais despreocupada possível.

-N-Não consigo dormir. -por alguns segundos ambos apenas se encaravam enquanto o silêncio tomava conta do local- E v-você?

-Eu o que?

-Porque ainda está acordado?

-Sem sono.

Mais uma vez o silêncio se formou, Midoriya agora tinha os olhos focados nas próprias mãos enquanto que Bakugou observava o rosto alheio com atenção, o loiro se mexeu um tanto desconfortável pois suas mãos pareciam ansiosas para tocar no corpo alheio e aperta-lo contra o seu, e cansado de esperar por um sinal que indicasse o que poderia ou não fazer Katsuki apenas fez como sempre e seguiu seus instintos que se misturavam ao seu desejo.

O esverdeado deu um leve sobressalto quando sentiu a mão direita de Katsuki encostar em sua cintura e puxa-lo contra o corpo alheio, suas mãos espalmaram o peitoral do loiro e Izuku tentou ao menos manter uma pequena distância na mesma medida que seu rosto tornou-se rubro.

-O q-que está f-fazendo?

-Tentando me sentir confortável pra dormir.

-E o que e-eu tenho a ver c-com Isso?

Questionou o menor um pouco assustado e surpreso, o mais velho pareceu ficar levemente irritado e corado tal fato que chamou a atenção do mais baixo.

-Me incômoda o fato de você estar bem do meu lado e eu não poder toca-lo.

O esverdeado nada disse apenas permaneceu paralisado com o rosto completamente vermelho, Katsuki suspirou e mais uma vez voltou a se mexer chamando a atenção de Izuku. Dessa vez o loiro passou o braço por de baixo do pescoço do esverdeado tornando seu braço um tipo de travesseiro para o outro e automaticamente trazendo-o para mais perto de si, os olhares não desgrudavam um segundo sequer.

-Não entenda errado, eu não quero me aproveitar da situação. -o loiro fora sincero nas palavras porém não era como se não estivesse aproveitando a situação, afinal ele estava adorando aquilo- Mas não vou conseguir dormir com você bem do meu lado e fingir que nem está aí. Eu te chamei pra dormir comigo exatamente porque eu não queria me sentir sozinho, então por favor Izuku... fique comigo.

Os olhos jades brilharam ao ouvir tal declaração e um pequeno sorriso se formou nos lábios de Midoriya, o olhar do esverdeado tornou-se sereno e logo mais o mesmo ajeitava-se entre os braços do loiro de maneira que pudesse se sentir confortável.

-É claro que eu fico... Katsuki!

O nome do maior sairá como um sussurro e o mesmo sorriu ao ser chamado pelo primeiro nome, mais uma vez ambos se mexeram se ajeitando no calor dos braços um do outro e fechando os olhos os rapazes finalmente relaxaram podem sentir o calor e o aroma do corpo alheio.

Naquele momento em questão nenhum dos dois tinha a resposta para toda aquela situação, eles se quer sabiam o porque de terem chegado até 'ali' e a única certeza de ambos era que, independe do que 'àquilo' fosse era certo dizer que se trava de algo extraordinário, um novo bom. E com esses pensamentos e sentimentos os dois adormeceram entre sorrisos deixando para o amanhã a incerteza de seus futuros.

                                                  CONTÍNUA...