City of Shadows – My Daughter.
-Maryse... Mãe, vamos conversar sobre isso, com calma – Isabelle pediu, pela primeira vez tentando ser realmente racional. Olhou de relance para Alissa, escondida atrás das pernas de Blair, olhando assustada para Maryse, e sentiu ódio da mãe pela garota – Não tem nada errado aqui, estávamos apenas...
-Estavam apenas abrigando uma mundana em um Instituto de Shadowhunters? – Disse sarcástica, aumentando o tom de voz. Blair deu um passo á frente, ainda segurando Alissa atrás de suas pernas.
-Maryse, nós... – Foi interrompida pela voz acusatória da mulher.
-Vocês estão completamente loucos. Já não bastava esse filhote de Submundano aqui, mas trazer uma mundana bastarda para... – Maryse pareceu realmente surpresa quando, ao invés de ficar calada como sempre fez, Blair a interrompeu.
-Você pode me chamar como entender, Maryse – Disse seu nome com desprezo – Filhote de Submundano? Ok. Idiota que arruinou a vida dos meus filhos? Posso aprender a aceitar. Mas nunca, jamais fale mal de Alissa novamente. – Chegou perto de Maryse, as deixando cara a cara, e mesmo com a diferença de altura, Blair parecia mais alta, ou pelo menos do tamanho de Maryse.
-Você realmente é tudo o que falou, mas nunca pensei que chegaria á ponto de fazer uma estupidez dessas. Nem tem parentesco com a garota!
-Realmente, não tenho. Mas desde que cheguei, aprendi que família não é apenas feita de sangue. Então eu vou defender a minha filha de você com garras e dentes, não importa o quanto tenha que sacrificar por isso.
Pela primeira vez em anos, Maryse ficou sem fala, e deixou sua mente vagar para quando estava grávida de Isabelle. Havia dito algo parecido para seus pais...
-Ok, vamos todos ficar calmos? Que tal alguns bolinhos? - Jace ofereceu, cortando o clima da pequena briga delas e levando as atenções indignadas para si.
-Vamos – Blair segurou a mão de Alissa, a conduzindo para seu quarto.
Nenhuma das duas disse alguma palavra no caminho, nem quando entraram no quarto; e foi Blair que cortou o silêncio, sugerindo que Alissa tomasse um banho para tirar a terra do Central Park dela.
Depois de Alissa, Blair tomou banho e as duas se deitaram na cama, de frente uma para a outra, ainda sem dizer nada. Desta vez, Alissa cortou a visão sorrindo e virando-se para o lado contrário de Blair, e dormindo na mesma hora. Ela sorriu levemente e se virou para cima, contemplando o teto.
Algum tempo depois, Blair continuava acordada, e Alissa começou a se revirar na cama, murmurando coisas baixas. Blair se levantou minimamente e começou a sacudi-la pelos ombros, tentando acordá-la do provável pesadelo que a garota estava tendo.
-Alissa! Acorde, Ali! – A chamava, até que a garotinha acordou e abraçou Blair fortemente, chorando baixinho.
-Onde ela está? Ela estava aqui. Ela disse que ia me pegar! – Ela chorava, ainda agarrada ao pescoço de Blair, que sussurrava coisas inaudíveis, mas estavam funcionando para acalmá-la.
-Ninguém vai pegar você, ok? Enquanto eu estiver viva, enquanto eu existir, ninguém vai encostar um dedo em você! – Apertou a garotinha ainda mais contra seu corpo, sentindo-a desmoronar, e a colocou deitada novamente quando se acalmou.
Alissa, já deitada, ainda estava agarrada á Blair, porém não chorava mais. Apenas se lembrava dos olhos verde, gélidos que a levavam para um Portal para o Inferno.
-Durma, querida. Ninguém nunca vai nos alcançar – Blar sussurrou perto do ouvido dela, fazendo-a a abraçar mais.
-Amo você, mamãe – Alissa disse, antes de pegar no sono.
-E-eu também amo você, Alissa! – Sentiu seus olhos lacrimejarem, antes de finalmente pegar no sono.
-Porque as segundas têm de existir? Eu ficaria bem feliz apenas com uma sexta, sábado e cinco domingos – Blair dizia para Isabelle ao seu lado, enquanto secava o cabelo de Alissa sentada á sua frente, no closet.
-Mason morreria se te visse apenas uma vez na semana! – Ela respondeu, olhando para os vestidos de Blair pendurados nos cabides – que agora tinham uma parte para Alissa. – Uh, adorei isso... Você vai usar! – Disse, tirando do cabide um sobretudo laranja com renda na barra e um lacinho pequeno atrás.
-Tudo bem – Blair colocou o sobretudo por cima da roupa. Sem ele, ela parecia uma Shadowhunter treinada. Com ele, parecia Blair Lightwood-Bane. Ela, com toda certeza escolheria a segunda opção.
Isabelle pegou um chapéu preto e colocou na cabeça de Blair. Depois juntou as mãos e a olhou sorrindo como o que Blair comparou com um psicopata feliz depois de tomar banho em uma banheira com o sangue de quem tinha matado. Nunca teve tanto medo da mãe desde que a conheceu.
-... Ok! – Disse, pondo sua mochila nos ombros e prendendo um laço na cabeça de Alissa.
As três saíram do quarto, ainda rindo e conversando até a cozinha. Atravessaram a sala, onde estavam Max, Rafe, Madzie, Willow, Tavvy, Andrew e Matthew brincando de super herói, enquanto Magnus fazia suas unhas e fingia que os estava vigiando.
-Bom dia – As três disseram em uníssono para ninguém em específico, e entraram na cozinha.
-Nunca vi tanta criança junta na minha vida. Nem mesmo na escola. Acho bom pararmos por aqui! – Blair comentou, pegando dois copos de canudinho iguais, porém de tamanhos diferentes.
-Devia dizer isso para si mesma. Você é a adolescente irresponsável e ninfomaníaca – Isabelle pegava o refrigerante na geladeira, que agora tinha ali em números absurdos de garrafas e latinhas.
-Jace e Clary são ninfomaníacos. Eu sou no máximo, safada! – Levantou o dedo indicador, como se aquilo fosse provar seu ponto de vista.
-Há-ran! – Escutaram a o seu lado, e Blair quase derramou a lata de refrigerante com Maryse parada ao seu lado, e torceu internamente para ela ter chegado agora, e não enquanto conversavam sobre sua vida sexual.
-Ah. Oi, Maryse – Isabelle respondeu sem emoção, parecendo até desapontada por ver quem era. Ela colocou um biscoito qualquer na boca – provavelmente um cookie, todos amam cookies - e revirou os olhos internamente.
-Blair, eu posso falar com você á sós? – Ela pediu, sem retribuir ao cumprimento de Isabelle. Antes que Blair pudesse responder, Izzy interviu.
-Ela não vai de jeito nenhum, não importa o quão importante for, ela não vai! – Decidiu.
-Iz? – A chamou e apontou com a cabeça para Alissa, agarrada na perna de Blair e abraçando sua boneca Camille.
-Vocês têm três minutos! – Apontou o dedo indicador para Maryse e pegou Alissa no colo, indo para a sala, onde Magnus e as outras crianças estavam.
Maryse se encostou do lado oposto da bancada, e olhou para o banquinho, buscando no fundo da mente as vezes que ela e Isabelle haviam brigado e feito ás pazes depois. O que ela havia dito mesmo?
-O que você acha – Maryse começou a falar – que eu sinto, em relação á você? Digo, meus sentimentos em relação á você?
-Acho que me odeia – Blair respondeu sem nem mesmo parar para pensar. Era o que achava, era o que acontecia.
-Está errada – Maryse estalou a língua, finalmente olhando para Blair e começando a fazer algum contato visual com a garota – Eu não odeio você.
-Não? – Blair estranhou. Se não a odiava, então simplesmente não sabia o porquê estavam tendo esta conversa.
-Não – Sorriu minimamente, apenas com o canto dos lábios – Não gosto de você, particularmente, mas... – Raciocinou na própria mente antes de falar de novo – Eu apenas não consigo parar de pensar sobre como seria a vida dos meus filhos se Imogen não tivesse aparecido com você.
-Não sei se já percebeu, mas esse mundo era totalmente novo para mim. Ainda é, na verdade. Não me acostumei inteiramente, e... tudo que eu queria era uma família para me dizer que estava tudo bem. – Passou a mão na própria bochecha, depois na testa e em seu cabelo, deixando-a escorrer livremente como se fosse tirar toda a sua raiva pela mão – Acha mesmo que, naquele dia, eu queria estar aqui? Eu ainda pensava que acordaria com Karen me chamando e dizendo que estou atrasada para a escola. A escola mundana normal. Mas depois de um tempo eu passei a aceitar. Passei a amar todos aqui. A amar este lugar, esse mundo. E eu pertenço á ele, quer você queira ou não. O Instituto é minha casa e tenho tanto direito de permanecer nele quanto você – Cruzou as mãos em cima da mesa, esperando Maryse falar algo. Mas ela não falou. Ficou quieta por um tempo, absorvendo tudo o que havia falado. Maryse nunca admitiria que Blair havia conseguido surpreendê-la, ou impressioná-la, então ficou quieta, tentando não dizer nada que pudesse estragar aquele momento.
-Depois de tudo isso – Ela finalmente resolveu se sentar no banquinho em frente ao balcão – tenho absoluta certeza de que não gosta de mim.
-Está errada – Blair pegou a mochila em cima do balcão e a pendurou no ombro direito, segurando a alça – Não te odeio, mas também não morro de amores por você. Eu apenas... não sinto nada – Deu de ombros e pegou os copos de refrigerante. Parou na entrada da cozinha, olhando para trás, para sua avó, que tomava café quente e sem açúcar em uma xícara preta.
-Alissa? – Chamou a garota e estendeu a mão para ela pegar. Ali foi correndo até ela, acenando para dar tchau ás outras crianças, e as duas foram até a porta da frente.
-Opa, opa, opa, paradas ai! – Magnus deu um pulo do sofá e derrubou três de seus esmaltes da mesa com o pé, e foi até as duas saindo pela porta.
-O que foi? – Blair perguntou.
-Você ainda não sabe dirigir – Pegou a chave da mão dela, com uma cara de superior.
-Nem você – Retrucou indignada – E ainda está de pijama!
-É a escola, não a Igreja. Vamos – Respondeu já na metade dos degraus da escada na frente.
Blair revirou os olhos e as duas foram correndo atrás dele, para alcança-lo. Para alguém de mais de 800 anos, ele ainda tinha muita energia ainda.
-Posso te contar uma coisa? – Mason pediu, já na aula de física.
-Me surpreenda – Blair virou para ele completamente.
-Um pouco antes de nos conhecermos, eu olhava para esses seus copos e torcia para eles caírem no chão e quebrarem em mil pedacinhos – Disse olhando fixamente para o copo de unicórnio tamanho grande, feito de vidro.
-Que horror, Mase – O olhou petrificada – Eu adorei! – Sorriu, fazendo-o rir.
-Blair Lightwood-Bane? – Um cara na porta que não parecia ter mais de 25 anos a chamou. Blair levantou a cabeça e foi andando até ele, estranhando quem era aquele ser.
Quando chegou bem perto, ele começou a falar mais baixo, como se os dois compartilhassem um segredo que ninguém deveria saber.
-A mando da Rainha Seelie – A entregou um convite com seu nome na frente, decorado de verde e laranja e com raízes de plantas crescendo ao seu redor.
Quando Blair o olhou de novo, soltou uma exclamação e deu um pulo para trás. Ele não era um mundano. Nem ao menos parecia ser um “cara”. Era obviamente um Seelie, mas Blair não conseguiu reconhecer a espécie. Tinha um dorso esquelético, mas parecia ser feito de madeira apodrecendo que fora retirada de árvores, sua boca não tinha dentes, apenas fios parecidos com barbantes para ajudar a parte de baixo da boca a não cair, porém deixando-a quase pendurada, além de grandes chifres no alto da cabeça, com raízes surgindo por todo o seu corpo e acabando no final dos chifres.
-Ela espera que você vá – Informou, demonstrando a voz rouca e grossa, porém com baba saindo no canto.
Blair assentiu e tentou sorrir em agradecimento, mas o fada já estava bem longe antes que pudesse falar alguma coisa.
Ela se voltou para dentro da sala, onde o professor escrevia incessantemente no quadro coisas que ela não entendeu, mas de acordou com Mason, ela devia saber. Sentou-se de volta na cadeira, e se virou de novo para Mason.
-Você também viu o que eu acabei de ver? – Ela perguntou, sentindo que apenas ela realmente prestava atenção.
-Você também assistiu Skyscraper? Eu adorei esse filme! – Mason sorriu bobo.
-Primeiro: Eu estava falando do Seelie parado ali na frente. E segundo: Skyscraper não é uma música da Demi Lovato? Eu chorava ouvindo!
-Seelies? Não são aquelas “fadas”? – Fez aspas no ar com as mãos e Blair assentiu.
-Sim. Ele me entregou isso e disse que a Rainha espera que eu vá – Levantou a mão com o convite nela.
-O que está esperando? Abra!
-E se tiver uma bomba aqui dentro?
-Você me olha como se eu fosse o louco aqui – A olhou de lado, fazendo-a dar uma risada baixa e começar a abrir o convite lentamente.
Abriu na vista dos dois e começou a ler o convite baixo para Mason.
-“Esperamos você na Corte Seelie, assim que o relógio der suas doze badaladas diárias, demonstrando um novo dia. Será um evento formal, portanto não toleraremos roupas que não estejam dentro do traje desejado. Lembre-se, Shadowhunter-feiticeira, esperamos que seu amigo ruivinho venha também, senão... – Parou de falar de repente.
-Senão o que? – Mason perguntou, chegando mais perto dela.
-Senão você morre. – Olhou para ele, como quem tenta manter a calma, mas na verdade está muito preocupada – Não precisa se preocupar. Eu, Papa e Jace iremos a Corte Seelie ver o que ela quer, enquanto você fica em segurança no Instituto.
-O quê? Não mesmo, eu vou com você!
-Mase...
-Se a vaca louca quer me ver, então eu vou ver a vaca louca! – Decidiu.
-Se ela souber que a chamou assim, está bem ferrado. – Sorriu de lado.
-Não têm o que fazer. Ela é a Rainha, isso é o que ela quer. Se tivermos sorte, só passaremos por algumas perguntas. – Deu de ombros, como se não fosse nada demais, e voltou a fingir que estava copiando enquanto ainda conversavam – Você vai ver, vai dar tudo certo e no final nós vamos assistir filmes de terror, no seu quarto, no loft do seu pai. O sorvete e a pipoca são por minha conta!
-Espero que esteja certo. Principalmente pela parte do sorvete – Blair concordou.
-Se um de nós morrer, a culpa provavelmente é de Jace – Clary avisou para todos, assim que elas saíram arrumadas do quarto.
-Também te amo, ruivinha – Ele disse, sentado no sofá e observando as três surgirem pelo corredor – Porque estão iguais?
-Não estamos iguais. As cores estão diferentes – Blair o contestou – E é legal se vestir igual!
-Então admite que estão iguais? – Jace voltou a provoca-las.
-Pelo Anjo, Jonathan. É claro que elas estão iguais. Podemos ir agora? – Alec começou a perder a paciência.
-Calma, bro – Jace deu um soco fraco no braço de Alec, apenas de brincadeira, e os dois simplesmente saíram de lá.
-Tudo bem. Simon, Maia, Luke? – Isabelle os chamou.
-Presente – Os três levantaram as mãos.
-Cristina e os Blackthorn vão sair, têm mesmo certeza de que conseguem cuidar de oito crianças, sozinhos? – Perguntou, voltando a ficar preocupada.
-Não se preocupe, Izzy. Nós conseguimos! – Simon deu um beijo na bochecha de Isabelle e Blair revirou os olhos.
-Podemos ir? – Cruzou os braços percebendo que soara mais irritada e enojada do que pretendia.
-Claro – Isabelle e abraçou de lado e todos entraram no Portal.
Pararam em frente ao lago do Central Park e Magnus fez uma careta olhando para ele.
-Vai desmanchar todo o meu brilho – Murmurou, passando a mão no cabelo brilhante.
-Tanto faz. Isso incomoda – Clary se referiu ao vestido apertado, enquanto se remexia dentro dele para fazê-lo ficar melhor.
-O conforto é superestimado – Magnus respondeu, olhando as próprias unhas recém-feitas.
-Não podemos ir logo? – Alec pediu, dando para perceber de longe que ele realmente estava com um mau humor horrível naquele dia.
-Espere, Alec. Temos que avaliar a situação e pensar em qual o melhor jeito de pular sem nos machucarmos mui... – A frase de Clary foi interrompida quando Alec a empurrou para dentro do lado, ao qual ela caiu de cabeça.
-Quem é o próximo? – Perguntou, e todos deram um passo para trás, sobrando apenas Magnus que ainda estava apoiado na grade, olhando para suas unhas.
-Ah, não! – Murmurou quando percebeu os olhares sobre si – Vem cá, bonitão – Puxou Alec pelo colarinho e começou a beijá-lo ferozmente, caindo da ponte ainda agarrado nele.
-Isso – Mason apontou para baixo – foi bem mais prático do que eu imaginava. – Ele começou a sorrir consigo mesmo, porém Jace o empurrou para dentro, e ele caiu de cabeça como Clary.
-Vocês parecem um bando de crianças – Isabelle reclamou, pulando no lago logo depois.
Blair e Jace se entreolharam, deram de ombros e logo depois pularam atrás deles, chegando dentro da Corte Seelie.
Sentiram um pequeno impacto quando caíram no chão, porém Jace se levantou rapidamente, como o Shadowhunter treinado que era, e deu as mãos para Blair se levantar.
Ao olharem para o lado, viram Isabelle e Mason conversando, Magnus cochilando, e Clary brigando com Alec, que revirava os olhos enquanto fingia que escutava.
-Para onde vamos? – Blair perguntou á eles.
-Por esse lado – Uma voz falou, e Clary e Jace gritaram, Clary se jogando no colo de Alec e Jace no de Magnus.
-Maricas – Magnus comentou, soltando Jace e o fazendo cair com a bunda no chão.
-Podemos ir, Nephilins? – Perguntou Meliorn, com um pouco de repulsa na voz, e todos começaram a segui-lo. – Isabelle, Blair. É ótimo vê-las – Comentou após alguns minutos.
-É impressão minha ou você só cumprimenta de verdade quem você já transou? – Jace perguntou, com sarcasmo.
-Bem esperto para um Caçador – Meliorn comentou, ainda andando na frente deles, enquanto Jace franzia as sobrancelhas.
-O que quer dizer?
Meliorn parou bruscamente e se virou para trás, para Jace. Ele sorriu e Blair viu uma sombra de divertimento passando por seus olhos.
-Exatamente – Respondeu, e voltou a andar.
Dez ou vinte metros depois, Blair respirou fundo e começou a andar um pouco mais rápido, em direção á Meliorn. Não sabia o que diria, nem sabia se diria algo invés de dá-lo um bom tapa na cara.
-Não faça isso – Jace segurou seu braço, e eles voltaram á andar normalmente.
-Fazer o quê?
-Não fale com Meliorn – Olhou para o Seelie alguns metros á frente – Isabelle nunca me disse o quê, mas sei que ele fez algo ruim á ela. Algo que realmente a machucou. E, mesmo que eu queira ir até ele e espanca-lo até fazê-lo perder as forças, sei que Isabelle também se machucaria com isso. Então, por favor, Blair, fique aqui. – Parou de andar e olhou fundo em seus olhos, até ela desistir e assentir minimamente, abraçando-o de lado, e voltaram a andar.
Chegaram, após alguns minutos de caminhada, á entrada na sala da Rainha. Alguns seelies, a maior parte iguais ao que entregou o convite á Blair, dançavam alegremente, cantarolando músicas sem letra.
Blair olhou para Mason, que via coisas diferentes deles, e os olhava como quem realmente não os entendia. Foi até ele e segurou em sua mão, para passar segurança quando ele conseguisse realmente ver, e começou a sussurrar em seu ouvido.
-Deixe sua mente vagar um pouco. Olhe para mim, evite contato visual direto com eles, do jeito que olharia para um gato se não quisesse assustá-lo. Olhe para o lugar e para as pessoas novamente, com o canto do olho. Agora olhe diretamente, bem rápido!
Mason olhou – e se surpreendeu. De repente aquela visão se tornou tão normal para ele quanto olhar para o mundo, real e normal como costumava ser. Mas não mais.
-Venha – Ainda segurando sua mão, Blair o puxou junto aos outros para perto da Rainha. Depois de se cumprimentarem, todos eles com educação, respeito e falando muito sobre Jace, que adorou os elogios, ela finalmente se concertou em seu trono, encostando suas costas por poucos segundos, mas logo voltando á postura normal, fria e rígida. Blair se perguntava se, caso desse um tiro nela, ela finalmente ficaria com as costas encostadas no trono.
-Com todo respeito, Majestade, mas o que queria comigo e Mason? – Blair finalmente perguntou, sentindo a mão de Mason estremecer junto á sua. Cada vez mais gelada.
-Não vamos falar sobre isso agora. Está tendo uma festa á algumas florestas daqui. Gostaria que fossem, para depois podermos discutir esse assunto. – Disse com sua voz normalmente fina, que conseguia ser cínica e delicada ao mesmo tempo.
-Com todo respeito, majestade, mas não estamos aqui para festejar – Magnus disse, dando um passo á frente. Alguns guardas vieram para contê-lo, mas a Rainha fez um sinal para pará-los.
-Ora, feiticeiro. É uma festa. Depois de dançarmos, contarei tudo á vocês – Virou a cabeça para o lado esquerdo, focando parecida com um Anjo. Um Anjo com uma espingarda, pronta para acabar com o mundo.
-Tudo o que? – Alec perguntou, incerto.
-Só saberão se dançarmos – Estendeu a mão para Jace acompanha-la em uma melodia e ele segurou sua mão. – Como estou com Jace, Clary pode dançar com Aeval. Ele é um amor. E... Isabelle, soube que você e Raphael brigaram. Acho que não irá se importar se dançar com meu cavaleiro fiel, Meliorn.
-E-eu – Isabelle vacilou por alguns segundos. Sentimentos voltando, flashbacks em sua mente, e ela sentiu lágrimas brotando em seus olhos.
Blair fez um sinal para Mason, que fez outro sinal. Depois ela fez outro, ele outro, e finalmente ela fez o último sinal. Um aceno de cabeça. Não sabem como se entendem apenas por olhares e sinais, mas não ligam para isso. Na verdade, deixava tudo bem mais prático.
-Não precisam se incomodar – Mason deu um passo á frente e estendeu a mão á Isabelle, que aceitou imediatamente – Eu acompanho a bela dama – Deu um beijo nas costas da mão de Isabelle
-Perfeito – A Rainha estendeu a mão para Jace segurá-la e todos começaram a segui-la para a tal festa.
Andaram por alguns minutos entre árvores e mais árvores, até chegarem ao que parecia ser um salão de festa. Seelies de todas as formas e tamanhos dançavam alguns sozinhos, outros acompanhados, mas algo era certo: Ninguém ficava parado na presença da Rainha.
-Dancem – Ela ordenou, e todos começaram a dançar no mesmo segundo. Blair só foi perceber as mãos de Meliorn a tocando, segundos depois, quando ele começou a sussurrar em seu ouvido.
-Está muito bonita – Sorriu minimamente – Apesar de desconfiar que vossa majestade encarará as flores artificiais em sua bolsa como uma ofensa.
-Não é uma ofensa se eu disser que não sabia. – Ela levantou uma sobrancelha.
-E você sabia?
-Óbvio que sim. – Sorriu de lado, dando a deixa para Meliorn ficar calado.
Poucos minutos depois, todos giraram e os pares foram trocados. Blair segurou a mão esquerda de Mason enquanto deslizavam pelo salão, observando as pessoas.
Estava na cara que Mason estava assustado, mas tentava não deixar aparecer tal sentimento. Queria ser forte pela melhor amiga, por quem arriscaria sua vida, mas não estava sendo fácil com criaturas feitas de troncos de árvores lhe encarando.
-Vossa majestade – Escutaram Magnus dizer – Com todo respeito, mas já estamos aqui á quase uma hora. Não queremos e nem vamos esperar mais por isso.
-Muito bem – Ela decidiu, e, com um aceno de cabeça, todos começaram á segui-la.
Na volta para a sala da Rainha, Blair sentiu a ansiedade tomar conta do seu corpo, mal percebendo quando chegaram e se puseram em pé na frente do trono onde a Rainha Seelie estava sentada.
-Blair – Ela a chamou – Eu vejo em seu rosto que tem algo a me perguntar.
-É que... – Hesitou, percebendo os olhares de sua família e todas as fadas caírem sobre ela – Alissa está tendo pesadelos. Pesadelos que a envolvem, Majestade. Quero saber o que tem por trás disso. Sei que fez algo á ela.
-Ora, Alissa Marie Ivashkov é uma garota especial. Sua filha tem uma mente brilhante, isso eu posso dizer – Ela respondeu, fazendo todos perceberem algo a mais por trás da última fala.
-Então confirma seu envolvimento? – Jace perguntou, cruzando os braços.
-Nem sempre uma mente brilhante é a mais lúcida delas. Ou a mais sana. Ela é especial, isso é óbvio, mas quem sabe o que acontecerá com essa informação? A garota pode facilmente enlouquecer sem as devidas precauções.
-Eu vou tomar conta dela. Tenho a certeza de que nada irá acontece-la. – Blair teve certeza.
-Talvez não fisicamente, mas já pensou no quanto o psicológico de uma criança pode ser afetado? – A Rainha virou a cabeça para o lado, fazendo todos automaticamente, de um jeito estranho, virarem a cabeça junto dela, sem nem mesmo perceberem.
-Ainda não estou entendendo. O que está fazendo com Alissa? – Magnus perguntou.
-Tenho que admitir que me aproveitei um pouquinho da mente dela – Deu uma pausa, deixando o lugar com um silêncio assustador. Blair conseguia ouvir as batidas das asas das borboletas tentando se livrar de onde estavam presas; as cortinas na entrada, junto das raízes - Isabelle! – Disse subitamente, fazendo todos se assustarem com a volta do barulho - Devo dizer que é a primeira vez que te vejo e não está usando seu querido batom vermelho. Devo perguntar o por que?
-Influências da minha filha, o que posso fazer? – Deu de ombros, com os braços cruzados – E é a primeira vez que te vejo e não fez nenhuma pegadinha em duas horas. Devo perguntar o por que?
-Como você disse, influências da sua filha, o que posso fazer? – Repetiu a frase dela. Também dando de ombros.
-Majestade, porquê nos chamou aqui? – Alec disse, claramente com a paciência esgotada.
-Porque Seelies sabem de tudo, mas vocês com toda certeza não. – Sorriu triunfante. Blair esticou a amão para trás, segurando a mão de Mason e se preparando para o que estava por vir – Como... Blair, você sabe dos sentimentos do seu Mase por você?
-Ele é meu melhor amigo – Respondeu Blair, como se fosse óbvio.
-Ora, mas para ele, você com certeza é mais do que isso!
Blair se virou para Mason, que continuava estático atrás dela. Sentiu o calor passar por suas mãos á medida em que ele ficava cada vez mais nervoso e abria a boca para falar algo, mas não saia nada de dentro dela.
-E-eu... – Ele gaguejou, sentindo-se tonto. Assim como ele, Blair não conseguia dizer nada para o garoto que pensava ser o melhor amigo que já teve.
-Ok, isso é uma surpresa! – Clary disse, sem esboçar nenhuma reação.
-Vocês não sabiam? – Jace torceu o nariz, com os braços cruzados.
Blair soltou uma exclamação pela boca sem querer, e ouviu a Rainha estalando a língua, feliz com o que havia causado; e achou que nunca sentiu tanta raiva de alguém quanto sentia da Rainha, naquele momento.
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