Já tinha pensando muito sobre o quinto item da lista. Não tinha nada de mais, nada que complicasse. Era apenas andar de mãos dadas sem especificar qual lugar, o porquê.
Era apenas andar de mãos dadas.
E os dois sempre andavam de mãos dadas. No começo do relacionamento nem tanto, mas agora? Agora para onde vão as mãos estão juntas, ou os corpos muito próximos indicando uma relação entre eles. Mesmo Nico não conseguia evitar isso. Seu corpo ia em direção ao de Will como se estivesse sobre o efeito de um imã.
Olhou discretamente para a mão de Will segurando a sua. Era uma visão bonita e por alguns segundos se imaginou tirando o celular do bolso e registrando aquele momento em uma fotografia.
Ultimamente estava adorando fazer isso. Registar os momentos. Paisagens. Pessoas. Will vivia dizendo para que fizesse cursos de fotografia. Talvez fizesse um dia.
Percebeu que o loiro estava andando mais devagar e depois seguiu a reto, o que era estranho, pois Nico sabia que deviam pegar a primeira curva a direita. Olhou primeiro para Will a procura de resposta. Ele estava encarando a frente com um meio sorriso no rosto e algo mais que, por conhece-lo, identificou como preocupação. Mas porque preocupação?
Olhou para frente e tudo que viu foi a rua, pessoas, lojas e carros. Nada que indicasse o motivo de estarem indo naquela direção.
— Devíamos ter enrolado ali — apontou para trás onde a curva já começava a ser ocultada pela distância e pelas pessoas que passavam.
— Eu sei — ele sequer olhou, apenas continuou andando.
— Então...
Will parou repentinamente. Nico tentou parar antes, mas acabou batendo nas costas dele mesmo assim.
— Que?
— É um amigo.
Nico saiu de trás de Will e só então viu a quem ele se referia. O “amigo” vinha na direção deles com um sorriso no rosto, os olhos bem abertos por trás dos óculos grandes. A pele morena e os cabelos castanhos espetados. Alto e porte Atlético. Poderia se Podia até considera-lo bonito.
— Olha só quem eu encontrei — a voz dele era grossa como a de um locutor de rádio. Nico sentiu sua mão livre quando Will a soltou para comprimentar o amigo com um aperto — Achei que tivesse infurnado naquele acampamento de férias.
— Dei uma escapadinha.
O amigo inclinou a cabeça para o lado olhando para Nico. Soltou um sorrisinho sugestivo antes de falar:
— Estou vendo.
— Ah — Will fez como se tivesse lembrando da presença de Nico só naquela momento — Este é Nico di Angelo, meu namorado.
Nico se encheu no canto e corou, estava com Will a um certo tempo, já tinham feito muitas coisas e passado por tantas outras, mas mesmo assim, ouvi-lo chamar de “meu namorado” fazia seu coração pular e ficar sem saber como agir.
— Nico, este é Thomas, um colega da escola.
Thomas não pareceu muito feliz com o título. Mas voltou a sorrir sugestivamente.
— Então você é o famoso Nico di Angelo. Estava achando que você era alguma invenção do Solace.
Nico teve que sorrir, primeiro pela expressão de constrangimento no rosto de Will e segundo, pois se se sentiu importante ao saber que o loiro fala sobre si com os colegas ao menos ao ponto para ser intitulado como “famoso Nico di Angelo”.
— Mas o que está fazendo por aqui? — Will se põe na frente desviando a atenção de Thomas para si — Você mora do outro lado da cidade.
— Vim encontrar umas pessoas — sua atenção ainda estava em Nico mesmo falando com Will — Não querem ir comigo? Vai ter comida boa.
Will lançou a Nico um olhar de lado, era um sinal silencioso de não.
— Obrigado, mas estamos sem muito tempo.
O sorriso sugestivo voltou aos lábios de Thomas, balançou a cabeça e deu um passo para o lado liberando o caminho para passarem, embora não estivessem indo naquela direção.
— Então...Foi bom finalmente conhecê-lo, Nico e sempre é ótimo te ver, Solace.
Nico olhou para a mão de Will, agora ela não estava na sua e isso estava o deixando irritado. O loiro estava calado e andava distraído. Talvez estivesse pensando na escola e/ou no amigo que acabou de reencontrar.
Mas aquilo não justificava, ao menos não para Nico, o porquê de não estarem andando de mãos dadas. Will sempre fazia questão disso quando saiam para algum lugar. Você é meu namorado, di Angelo, quero que todos saibam disso. — era o que ele sempre dizia quando Nico ia questiona-lo meio constrangido.
Esvaziou o ar dos pulmões e continuou andando lado a lado com Will.
Sentia vontade de estar tão distraído quanto ele, mas não estava. Nico andava ciente das pessoas ao seu redor, principalmente dos casais. E o engraçado desde que começou a gostar de Will, era que começou a notar os casais mais especificamente, como eles andavam juntos.
E ao seu redor, Nico via uns abraçados, com o braço de um no pescoço do outro e de mãos dadas.
Balançou a cabeça para tirar aquela linha de pensamento, o que não foi muito útil e só piorou, sentia suas mãos vazias, estavam faltando o calor e o carinho que vinha das de Will.
Voltou a esvaziar os pulmões. Mandou todos se foderem internamente e resolveu fazer algo que ele nunca tinha feito, não dessa forma.
Aproximou de Will, ainda mais, e pegou sua mão com a sua e a apartou da forma mais carinhosa que conseguiu.
Por breves segundos sentiu certo temor ao perceber dois ou três olhares feios para si, mas seu temor foi logo embora ao perceber o sorriso feliz no seu namorado.
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