História Cold Hearted Man - Novo Lar

Peter então esfregou os olhos para secar as lágrimas, tentou não pensar muito em como a proposta soava doida demais enquanto procurava uma mala para guardar suas roupas.

— Senhor Stark, o que eu preciso levar?

— Suas roupas e itens pessoais, se quiser, ou a gente pode comprar tudo novo, tanto faz — falou observando o jovem.

— Não precisa, senhor Stark, não se incomode com isso, minhas roupas estão boas, sem problemas — se esticando na ponta dos pés, pegou uma mala grande que estava sobre o armário e começou a tirar as peças dos cabides e colocá-las na mala de maneira organizada. Depois que terminou, guardou seus calçados, objetos pessoais e juntou seus livros da escola, os colocando em uma mochila com o resto de seus materiais escolares. — Acho que acabei, senhor Stark.

— Ótimo, então vamos lá pra baixo que o Happy já deve estar chegando — disse olhando as horas em um relógio de parede.

— Mas o que eu faço com o resto das coisas?

— Deixa por aí, se for importante pra você eu mando alguém buscar depois, mas não vai precisar delas, lá na torre já tem tudo de que precisa.

— Então tá bom.

Com alguma dificuldade por causa da mala pesada, os dois desceram as escadas. Assim que alcançaram a calçada, um carro preto e luxuoso estacionou diante deles.

— Quem é o garoto? — Perguntou o motorista assim que desceu do carro.

— Esse é Peter Parker, e vai morar comigo — colocou a mão no ombro do garoto que ainda olhava o carro de boca aberta.

— Esse carrão é seu senhor Stark?

— É sim, agora entra, quero chegar em casa logo — Abriu a porta de trás para que o garoto entrasse. — Happy, guarde as coisas dele no porta malas, por favor.

— Como assim esse garoto vai morar com você? Endoidou? Onde você o encontrou? Ele não é um filho perdido seu, é?

— Calma Happy, depois eu explico, agora guarde as coisas dele e vamos. Chega um pouquinho pra lá, garoto — se sentou ao lado dele no banco de trás e fechou a porta.

— Eu nunca andei num carro tão chique, senhor Stark — olhou em volta com os olhos brilhando.

— É melhor se acostumar, porque de agora em diante é disso pra mais.

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— Ai meu Deus, senhor Stark! Esse quarto é enorme! — Disse entusiasmado. — Sério que ele é só meu?

— Fique a vontade, ali é o closet e ali o banheiro — apontou as portas discretas em uma parede.

— E ele é maior ainda — disse de boca aberta. — Esse quarto é maior que o meu antigo apartamento — largou a mala no chão e, sem conseguir se conter, se jogou na cama. — Ah, é tão macia — fechou os olhos acariciando o tecido branco que a cobria. — É infinitamente melhor que o meu sofá. Muito obrigado senhor Stark, por me deixar ficar aqui, não sei o que seria de mim se o senhor não tivesse aparecido.

— Não há de quê, garoto. Agora eu tenho que resolver algumas coisas, qualquer coisa meu quarto é o do lado. Pode ficar a vontade, mando alguém vir te chamar na hora do jantar — e dito isso saiu, fechando a porta atrás de si.

Peter então se permitiu relaxar na cama por um tempo antes de ir organizar suas coisas.

Após alguns minutos, antes que acabasse dormindo ali, se levantou e pegou sua mala, indo em direção a uma das portas indicadas por Stark. Assim que a abriu, seu queixo caiu instantaneamente. Era o banheiro, mas o que lhe chamou a atenção foi o fato de ter uma banheira enorme nele. Se aproximou, ela tinha tantos botões que o fez se perguntar se era mesmo somente para tomar banho que ela servia. Sem se demorar mais ali, ele saiu, prometendo a si mesmo que depois aproveitaria para tomar um banho demorado nela.

Entrou então pela outra porta, seu closet era quase a metade do tamanho do seu antigo apartamento. Começou a guardar suas coisas, vendo que elas não ocupariam nem ¼ do espaço total.

Após terminar de ajeitar tudo, foi explorar seu quarto, dessa vez se atendo melhor aos detalhes. O ambiente era ricamente mobiliado e decorado em tons de branco e preto, a enorme cama reinava no centro do cômodo, ladeada por um par de criados mudos com abajures, e tendo à sua esquerda a porta de entrada e saída, à direita o banheiro e o closet, à frente um painel com uma grande televisão moderna, e na parede onde sua cabeceira era apoiada, grandes cortinas brancas cobriam o que provavelmente seria a janela. Havia ainda, na mesma parede da porta, uma grande escrivaninha com apenas uma luminária sobre ela.

Ficando sem ter o que fazer, foi até o painel da TV e pegou o controle, se jogando na cama enquanto ligava o aparelho. Eram tantos canais diferentes que não soube onde deixar, acabando por só ficar zapeando por eles até que ouviu batidas na porta.

— Hum, entre.

— Senhor Parker, o jantar está servido, queira me acompanhar, por favor — disse uma mulher que provavelmente era uma empregada do Stark ao abrir a porta. 

Peter foi guiado para o elevador e desse por entre corredores até chegar em uma sala de jantar onde encontrou Tony já sentado à mesa. Tomou um lugar a frente dele enquanto agradecia mentalmente por alguém o ter levado até lá ao invés de simplesmente lhe explicar o caminho. Se fosse deixado sozinho com certeza se perderia, o local onde agora seria sua casa era enorme, era um arranha-céu, afinal.

— E aí garoto, gostou do novo quarto? É meio impessoal, mas se quiser podemos chamar um decorador e deixá-lo do seu jeito — ofereceu.

— Não, senhor Stark, não precisa, o quarto é perfeito — falou rapidamente. — Hum… Eu posso usar aquela banheirona quando eu quiser? — Não conseguiu se conter em perguntar.

— Claro — Stark riu. — Pode ficar a vontade, você mora aqui agora — sorriu amigável, se divertindo internamente com o entusiasmo do mais jovem.

Peter sorriu de volta.

O jantar então foi servido e eles mantiveram o silêncio enquanto comiam.

— Eu estava pensando, você não quer se mudar para um colégio mais perto daqui? — Tony perguntou ao terminarem de comer. — Como você se emancipou após a morte da sua tia-

— Como sabe disso, senhor Stark?

— Eu mandei pesquisarem sobre você, agora me deixa terminar. Como você se emancipou, eu não tenho o direito legal de te matricular em outra escola, então, se você quiser, pode se mudar para um colégio daqui, não se preocupe, eu pago a mensalidade.

— Eu agradeço a oferta, senhor Stark, mas eu já estou no último ano, e estamos no meio do semestre… Eu prefiro continuar no Midtown, se o senhor não se importar — morreu o lábio, receoso em acabar desagradando o homem que o acolhera. — Já que estamos falando disso, o senhor sabe qual ônibus, trem ou metrô eu preciso pegar para chegar até lá? Eu tenho aula amanhã, sabe.

— Não precisa disso, o Happy te leva — balançou a mão e franziu o cenho, como se o fato de Peter não ter considerado essa possibilidade fosse algo ridículo.

— Não quero incomodar o senhor Happy, senhor Stark, não precisa — negou prontamente.

— Garoto, é pra isso que eu pago ele — riu. — Agora eu tenho que voltar ao trabalho, aproveite a sobremesa. Boa noite — se levantou colocando o guardanapo de lado e saiu.

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À noite Peter rolava na cama sem conseguir dormir direito, estava com a cabeça cheia, pensava se fizera o certo em ir morar com um estranho de uma hora para outra. Está certo que foi uma decisão tomada em um momento delicado, estava nervoso com a perspectiva de acabar na rua e a proposta veio a calhar em um momento oportuno!

Mas sentia um gosto amargo com isso, sentia que estava se aproveitando da boa vontade de Stark. Prometeu a si mesmo que só se permitiria viver às custas do mais velho até que encontrasse um bom emprego que desse para se sustentar devidamente.

Devia ser por volta das 3:30/4:00 horas da manhã quando finalmente conseguiu dormir, apenas para ser acordado pouco tempo depois, tendo a impressão de que dormira somente durante alguns minutos. A empregada que o acordara lhe dizendo para se arrumar para o café, abriu as pesadas cortinas que cobriam as janelas e logo em seguida saiu do quarto, lhe dando a privacidade necessária para que se levantasse.

Sonolento, saiu da cama e foi ao banheiro, experimentou tomar um banho rápido no chuveiro, com a esperança de que isso servisse para o deixar mais desperto.

Secou e arrumou os cabelos, se vestiu e pegou sua mochila, saindo do quarto e parando no corredor meio incerto de para onde ir. Sua salvação foi ver que Tony saía de seu próprio quarto naquele mesmo instante. O bilionário tinha uma expressão um pouco cansada, como se não tivesse dormido ainda.

— Bom dia, garoto — cumprimentou ao percebe-lo parado ali. — Dormiu bem?

— Bom dia, senhor Stark! Dormi sim — sorriu. Não ia dizer que mal pregara os olhos devido ao excesso de pensamentos.

— Vem, vamos tomar café, o Happy vai te levar para a escola.

Peter tentou se concentrar para memorizar o quanto antes o caminho que precisava fazer até a sala de jantar. Pegar o elevador, parar em um determinado andar e virar em alguns corredores. Não era tão difícil. Ao finalizarem o trajeto, se surpreendeu com a quantidade e variedade de alimentos sobre a mesa. Sem saber por onde começar, se serviu de cereal com leite, simples mas matava sua fome matinal.

Tony observava o garoto comer em silêncio enquanto tomava uma xícara de café, tentou pensar em algum tópico para iniciar uma conversa, mas não conseguiu encontrar algum que pudesse render entre os dois, então preferiu ficar em silêncio. Teriam muito tempo para se conhecerem no decorrer dos dias.

Após o café, Stark decidiu tentar dormir um pouco, enquanto Peter ia para a escola se sentindo nervoso e entusiasmado para contar as novidades ao seu melhor – e único – amigo, Ned.

Frustrado, foi como se sentiu quando a aula começou e nada de seu amigo aparecer, não acreditava que ele havia faltado justo no dia em que mais precisava falar com ele. Era nessas horas que se arrependia amargamente ter vendido seu celular.

As aulas se arrastaram com uma lentidão impressionante, às vezes gostava de pensar que a escola ficava em algum universo alternativo onde cada minuto durava pele menos o triplo do que seria no resto do mundo normal.

Exatamente às 14:45 da tarde soou o sinal, e ele quase levou as mãos ao alto para agradecer a vitória de mais um dia escolar. Juntou suas coisas o mais rápido possível e saiu. Happy lhe garantira que estaria ali para lhe buscar assim que acabasse a aula, mas não avistou o carro preto em lugar algum, nem o motorista.

— Aqui, garoto — olhou na direção da voz conhecida.

— Senhor Stark, o que está fazendo aqui? — Não conseguiu esconder o espanto, olhando em volta para ver se alguém prestava atenção na situação, mas é claro que estavam, afinal, quem ignoraria um carro esporte conversível estacionado na frente de uma escola de ensino médio e com ninguém menos que Tony Stark apoiado despojadamente nele?

Parker não gostava de chamar a atenção, tinha conseguido evitar isso ao pedir para que Happy parasse um pouco antes da escola, terminando o trajeto a pé para evitar eventuais perguntas sobre de quem era o carro, quem o trouxera, e coisas assim. Mas infelizmente não tivera a mesma sorte com a saída.

— Vim buscar você, mas não se acostuma não, viu, é só hoje — abriu a porta do lado do passageiro para que o garoto entrasse, e assim ele o fez, afundando no banco e implorando internamente que nenhum de seus colegas reparasse que era o Peter Zé Ninguém Parker que entrava naquele carrão. — Decidi dar uma folga para o Happy, ele anda muito estressado, e também quero te levar para fazer compras hoje — entrou e logo deu a partida, saindo sob os olhares atentos dos alunos.

— Compras, senhor Stark?

— Tenho um compromisso hoje a noite e você vai comigo, vai precisar de roupas a altura — disse sem dar mais detalhes.

Peter engoliu em seco tentando imaginar que tipo de ocasião seria.