História Cold Hearted Man - Feliz Natal Senhor Stark

— Senhor Stark, por que aqui não está enfeitado para o Natal? — Peter perguntou de repente, analisando em volta.

Ambos estavam assistindo um filme na sala de TV, que Peter descobrira há pouco tempo e desde então adquirira o hábito de jogar seu tempo fora ali, sob o pretexto de que aquela TV era grande demais para ser ignorada, e como era fim de semana, Stark, que tinha algum tempo livre no fim de ano, decidiu se juntar a ele ali.

— Pensando bem, eu não vi enfeite nenhum na torre — continuou o garoto, pensativo.

— Eu não costumo comemorar essa data — deu de ombros e se virou para olhar o garoto no sofá ao lado. — Mas se você quiser podemos comprar uma árvore.

— Sério senhor Stark? — Disse com os olhos brilhando.

— Se é importante pra você…

— Eu quero sim! — Falou animado se levantando do sofá. — Podemos ir agora?

— Agora? — Tony perguntou com uma expressão cansada, preguiçosamente afundando no sofá. — Por que agora?

— Senhor Stark, já é dia 22! Se não formos logo, as árvores boas já terão acabado!

— Você sabe que os vendedores tem um bom estoque de árvores, né?

— Vamos senhor Stark… — murmurou fazendo manha. — A gente não tem nada pra fazer mesmo…

Vendo a expressão manhosa no rosto do garoto, Stark não conseguiu resistir por muito tempo, vê-lo agindo de modo mimado assim era uma gracinha, ainda mais com o biquinho fofo sendo sustentado em seus lábios daquele jeito. Soltando um suspiro cansado, Tony se levantou do sofá.

— Vamos então — falou e Peter sorriu animado.

"O que você não me pede chorando que eu não faço sorrindo?" Pensou enquanto via o garoto correr para o elevador parecendo uma criança.

Após trocarem suas roupas por outras mais quentes, os dois saíram de carro. Peter ia olhando entusiasmadamente a paisagem enfeitada e iluminada da rua, sentindo aquela empolgação interior que brotava em si no fim de ano.

Quando chegaram a loja, Peter sentiu sua empolgação crescer, eram tantos tipos e tamanhos de pinheiros que não sabia qual escolher, e a situação conseguiu piorar na hora de comprar os enfeites.

Acabaram comprando a maior árvore que encontraram e uma quantidade absurda de bolinhas, fitas e luzes, isso sem falar na estrela espantosamente grande.

— Acho que nos empolgamos demais, senhor Stark — o mais jovem falou quando chegou a hora de pagar, olhando as inúmeras caixas.

— "Nos"?

— Tá bom, EU me empolguei — deu um sorrisinho torto. — Acho que essa árvore não vai caber no carro, devíamos levar outra. [1]

— Não, se você gostou dessa, vamos levar essa — falou firme. — Vou pedir pra entregarem lá na torre e problema resolvido.

— Tá bom então, senhor Stark.

Depois de tudo pago, os dois resolveram dar uma volta pelo shopping e tomar um chocolate quente para aproveitar o frio que fazia nesse começo de inverno.

Munidos de um par de xícaras fumegantes de chocolate quente, os dois foram sentar na praça de alimentação, silenciosamente apreciando as músicas de natal que tocavam nos alto-falantes.

Peter soprava pacificamente o líquido quente em meio a bebericadas, e Tony se pegou olhando hipnotizado os atos do menor. Com as bochechas levemente avermelhadas e um biquinho nos lábios enquanto soprava sua bebida, seu olhar focava o nada, apenas apreciando o sabor doce, totalmente alheio ao olhar de adoração que Stark involuntariamente lhe lançava.

— Ainda temos bastante tempo livre enquanto eles não entregam a árvore, quer dar uma volta por aí? — Tony perguntou quando eles terminaram com seus chocolates.

— Pode ser.

— Vem, vamos entrar nessa loja aqui, você precisa de algumas roupas térmicas — Tony falou quando eles passaram em frente à uma loja de roupas de inverno.

— Mas eu já tenho um monte de roupas, senhor Stark, não precisa — protestou, sabia que quando Stark se empolgava em comprar isso ia longe.

— Mas agora está ficando mais frio, você precisa de roupas mais quentes, não quero que você fique doente — murmurou distraidamente enquanto revirava as araras.

Peter sentiu um calor gostosinho se alastrar em seu peito ao ouvir Stark verbalizar sua preocupação para com ele, e sem que percebesse um sorriso pequeno adornava seu rosto.

Após muitas trocas de roupa, Peter já estava cansado e suado, afinal o ar condicionado estava alto ali para manter o ambiente interior confortável, muito diferente do lado de fora, que beirava os zero graus.

Carregando um monte de sacolas, os dois continuaram sua excursão pelo shopping. Tudo estava muito bem decorado com motivos natalinos e luzes coloridas, tornando o ambiente mais alegre e festivo. Peter sustentava uma expressão feliz enquanto olhava as vitrines, mas sentiu sua animação vacilar ao passarem em frente a um quiosque italiano. Olhando os panetones nas prateleiras, sentiu seu coração pesar, a saudade invadindo seu peito. [2]

Percebendo a expressão repentinamente triste do garoto, Stark ficou confuso: há um minuto atrás ele não estava todo animado sorrindo até pro vento?

— Hum, Pete, está tudo bem? — Perguntou cauteloso.

— Os panetones — apontou pra vitrine. — Me lembraram a tia May — falou amuado. — Ela fazia todo Natal, ficava horrível na maioria das vezes, mas era o panetone da tia May — no que terminou de falar uma lágrima solitária rolou sobre sua bochecha, logo sendo seguida por mais algumas.

Na maioria dos dias conseguia seguir bem, mas quando se lembrava dessas pequenas coisas seu coração se apertava em saudade, o bolo se formava na garganta e o pranto era inevitável. 

Vendo o pequeno chorar, Tony se sentiu impotente, o que faria? Em uma tentativa de confortar o garoto, passou seu braço por sobre os ombros dele, o puxando para perto em um abraço, o ouvindo fungar levemente enquanto acariciava suavemente suas costas.

A cena chamava a atenção dos que passavam ali? Chamava! Mas Tony não estava nem aí, se preocupava mais em fazer o menor parar de chorar.

Após poucos minutos Peter se acalmou, mas ainda se manteve próximo ao Stark. Tony o levou ao banheiro para que lavasse o rosto, e também para esperar os olhos vermelhos darem uma amenizada, e logo eles saíram para que continuassem com o passeio.

— Ei garoto, o que quer de natal? — Tony perguntou de repente enquanto caminhavam.

— Não precisa me dar nada, senhor Stark — respondeu. — O senhor já comprou a árvore que eu queria.

— Mas pode pedir outra coisa. Vai lá, diz alguma coisa que você queira.

— Uhm… — pensou um pouco. — Então eu quero patinar!

— Patinar? Certo, quer ir onde?

— No Rockfeller Center!

— Tudo bem então! Você tem patins?

— Não, mas-

— Ótimo, vamos comprar patins então — Stark disse animado, logo puxando Peter para uma loja de sapatos.

— Mas senhor Stark, podemos alugar patins lá — protestou.

— Por que, se podemos comprar novos?

Peter apenas soltou um suspiro em desistência. Se Tony queria gastar, protestar contra era inútil.

Depois de comprarem dois pares de patins, os dois resolveram que já era hora de ir embora, naquela altura era possível que já tivessem entregue a árvore na torre.

Enquanto caminhavam em direção aos elevadores, passaram novamente em frente ao quiosque italiano, e Peter cutucou o braço de Stark para lhe chamar a atenção.

— Podemos comprar um panetone, senhor Stark?

— Claro, quantos você quiser — disse compreensivo.

Após comprarem um panetone tradicional, Peter avistou uma loja que anunciava promoção de suéteres em sua vitrine, e logo arrastou Stark para ela.

— Você quer um suéter? — Tony perguntou enquanto entravam na loja.

— Natal não é Natal sem um suéter horroroso — disse com um sorrisinho. — Aqui, experimenta esse — colocou uma peça nos braços de Tony e pegou uma para si, então ambos foram para o provador.

— E então, ficou bom? — Tony falou saindo da cabine, estava com uma ar risonho e vestindo um suéter vermelho com renas bordadas nele.

— Você está engraçado, senhor Stark — riu. — Ficou perfeito — sorriu mais e fez um sinal de joinha com a mão. — E eu? Fiquei bonito? — Fez graça e pegou na barra do suéter azul decorado com bonecos de neve.

— Está fofo — Tony então se aproximou e apertou uma das bochechas de Peter, que logo se esquivou do toque, sentindo o rosto aquecer.

Eles então pagaram as roupas e se dirigiram para o elevador, logo chegando à garagem, cheios de sacolas.

Ao chegarem na torre, a árvore já estava lá, os esperando. Tony mandou que colocassem ela na sala de TV, como Peter havia pedido, e logo os dois pegaram as caixas de enfeites e começaram a espalha-los pelo grande pinheiro.

Se há um ano atrás alguém dissesse que Tony Stark estaria usando um suéter de renas enquanto monta uma árvore de Natal junto com um garoto muitos anos mais jovem que ele, a pessoa seria taxada de doida, no mínimo. Nem o próprio Tony acreditava que estava realmente fazendo aquilo só porque um molequinho piscou seus olhinhos e deu um sorrisinho para si.

Com a ajuda de uma escada, Peter colocou a estrela na ponta da árvore e oficialmente finalizou a decoração de Natal deles. Sorrindo ele ligou as luzes e se sentou no sofá com Tony ao seu lado, ambos admirando sua criação.

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— Garoto, ei garoto — Tony diz sacudindo levemente o corpo adormecido de Peter sobre a cama.

— Só mais 5 minutos, tia May — murmurou puxando o cobertor mais para cima, cobrindo seu rosto.

— Levanta Peter, eu não sou sua tia — disse enquanto puxava a coberta do mais novo, lhe fazendo acordar.

— Senhor Stark? — Perguntou confuso coçando os olhos.

—  É, agora levanta e se arruma, eu reservei um pacote para agora cedo pra gente ir patinar, lembra?

A palavra "patinar" foi o que bastou como incentivo para que Peter despertasse por completo, pulasse da cama e corresse pro banheiro, apenas para voltar um segundo depois e inesperadamente se jogar nos braços de Tony, que ficou imóvel e confuso.

— Feliz Natal senhor Stark — falou e logo se soltou, sem esperar uma resposta para voltar a correr para dentro do banheiro, se trancando lá.

Mais tarde Peter colocaria a culpa de seu ato repentino no sono que nublava seu cérebro, mas por ora estava mais concentrado na sua animação em ir patinar no gelo com Tony.

Stark apenas balançou a cabeça e murmurou um "feliz Natal", que com certeza Peter não ouviu. Deixou então sua mente se focar em outra coisa: era sua imaginação ou Peter estava usando uma calça de pijama rosa da Hello Kitty?

Peter saiu do banheiro já bem acordado e foi para o closet trocar de roupa.

— Coloca algo bem quente, está nevando lá fora — Tony alertou e Peter botou a cabeça para fora do closet.

— Sério senhor Stark? — perguntou com os olhos brilhando de empolgação.

— É sim, olha lá — foi até a janela e abriu as cortinas, revelando a visão do lado de fora onde pequenos flocos branquinhos caíam e se acumulam levemente em qualquer superfície que encontrassem.

Um pouco mais animado, Peter vestiu algumas roupas térmicas e pegou um grande casaco, um par de luvas e um gorro. Pegou seus patins novos e saiu, encontrando Stark já de pé na porta, a sua espera.

Os dois então desceram e tomaram café, para depois irem à garagem e saírem em direção ao Rockfeller Center. Tony dirigia com extremo cuidado devido a neve nas ruas, e Peter ia olhando pela janela a paisagem branca.

Depois de algum tempo os dois chegaram no local, onde já tinha muitas pessoas patinando e se divertindo. O lugar estava todo iluminado e a grandiosa árvore de Natal brilhava com centenas de luzinhas coloridas, enchendo os olhos de qualquer um que olhasse [imagem da capa].

Os dois deram uma volta observando tudo enquanto aguardavam sua sessão começar. Pouco depois os dois já estavam de patins calçados e deslizavam pela pista, rindo e atraindo olhares de quem reconhecia Tony Stark por debaixo do casaco pesado.

Foi uma hora e meia de muita diversão e tombos, era fácil perder o equilíbrio no gelo liso, o que rendia muitas risadas de Tony, já que era Peter quem mais caía. Depois disso foram ao chalé e se livraram de boa parte dos casacos, já que o local era aquecido. E, como o pacote VIP que Stark havia comprado dava direito, eles comeram biscoitos e doces, tomaram chocolate quente e visitaram o Top of the Rock. Depois disso resolveram voltar para a torre pois a nevasca estava piorando e não era bom ficar lá fora muito tempo.

— Obrigado senhor Stark — Peter disse, já acomodado confortavelmente no banco do carro enquanto voltavam.

— Pelo quê?

— Por hoje, bem… por tudo — Tony então se virou para olhar o garoto que tinha seus olhos fechados e sorria pacificamente.

Tony não falou nada, julgou não ser necessário, mas completou em pensamento: "Eu que agradeço, garoto, eu que agradeço", afinal, não conseguia se lembrar de um única vez nos últimos anos em que se divertira verdadeiramente como hoje, e com algo tão simples.

Talvez Happy estivesse realmente certo, Tony estava diferente por causa do garoto, e talvez aquele playboy de coração frio já não tivesse o coração tão frio assim.