Capítulo Seis.
A camisa perfeitamente branca assentou-se em seu corpo. O coldre de material flexível veio logo após. Verificou a pistola rapidamente antes de colocá-la no coldre.
- Senhor? – a voz feminina ganhou o quarto iluminado.
- Sim?
- O médico está na sala, senhor Uchiha.
Sasuke encarou a senhora de idade em seu uniforme pelo espelho e assentiu. A mulher se foi. Ele voltou a mirar o espelho e observou as sombras escuras debaixo de seus olhos. Sua pele mostrava as noites mal dormidas e o excesso de álcool.
Desviando do reflexo, apanhou o blazer escuro e deixou o quarto. No corredor andou até o seu próprio quarto, onde Sakura dormia. Manteve a porta apenas encostada, pois a garota poderia passar mal e não poderiam ouvir qualquer coisa.
Nem Kizashi ou Itachi deixaram a casa desde a chegada de Sakura. Ela poderia acordar a qualquer momento, então se dividiam para vigiá-la. Kizashi não conseguia parar de subir as escadas e apenas ficar a olhá-la.
Sasuke abriu o restante da porta e viu o Haruno sentado na poltrona com o olhar perdido na janela. A neve lá fora dançava e o vento chiava, sendo o único som do quarto.
- Ela não acordou ainda – podia-se ouvir o lamento na voz de Kizashi – Ainda não pude ver seus olhos.
Sasuke observou Sakura, que ainda permanecia em sono profundo. Ela nem ao menos havia se mexido, mantendo a mesma posição que a colocou horas atrás.
- Ela precisa de mais descanso do suponhamos – Sasuke falou voltando a olhar seu tio – Precisamos descer e conversar.
- Sim, ouvi seu celular tocar – Kizashi dessa vez o encarou – Os latinos se movimentaram, então?
- Sim – suspirou o moreno – Vamos tomar um café. A senhora Chiyo me avisou que o médico está lá embaixo também.
Kizashi levantou-se e bateu as mãos contra as coxas em sinal de nervosismo. Seu terno escuro amarrotado, transparecia que ele não conseguiu um descanso sequer.
Juntos desceram para o primeiro andar. Sentado no sofá, o médico estava tenso, nas mãos um envelope. Itachi, que não era muito afável, fumava um cigarro, com a expressão séria. Os olhos dos Uchihas e os do Haruno ficaram sobre o envelope branco.
- Boa tarde, senhor Haruno e senhor Uchiha – cumprimentou o médico, que assim que os avistou levantou-se do sofá – O resultado está pronto.
Kizashi apressou-se a apanhar o envelope das mãos dele. Sasuke observou a emoção tomar seu tio e pediu para que o médico aguardasse na cozinha, para lhes dar privacidade.
O Haruno sentou-se no sofá e apenas encarava o papel em suas mãos. O peso de uma vida de dor estava entre seus dedos. Seu destino entrelaçado à jovem adormecida no segundo andar da casa. Logo seus dedos tremiam e seu coração pulsava em seus ouvidos.
O nervosismo podia-se igualar com o nascimento de Akemi. E poderia realmente o ser.
- Tio... – Itachi começou, mas a voz embargada de Kizashi o cortou.
- Eu poderia não abrir e apenas a tomar como filha. Mebuki a aceitaria assim como mantemos Ino – a voz dele quebrou-se por alguns segundos – Ela não precisa voltar para as ruas.
- Pode toma-la como filha, tio, da mesma maneira se abrir. Mas ainda permanecerá com essa dúvida para sempre, se não o fizer – Itachi soltou suavemente, o que mostrava empatia – Abra e confirme. Tire esse peso de uma vez.
- Não há como tirar o peso de uma vida devastada como a dela, meu sobrinho – Kizashi negou com a cabeça.
- Sim, há. Ela será uma Haruno assim que abrir os olhos, então apenas abra de uma vez – Sasuke não conteve o tom ríspido, o que atraiu os olhares de ambos os homens – A vida dela não será mais a mesma. Então apenas abra e tire as dúvidas.
Sasuke sentia seu pulso apertar um pouco em ansiedade. Aquela garota adormecida, seria uma Haruno depois de tudo, não havia motivo para lamentar sem ao menos saber a verdade.
Kizashi sorriu de canto com as palavras do outro, sentia-se aquecido que seus sobrinhos o apoiavam de forma completa, até mesmo na aceitação de uma estranha na família.
Com os dedos trêmulos, o envelope foi aberto. Os orbes castanhos passearam pelo papel.
- E então?
- Ela é minha Akemi – uma risada escapou de Kizashi, lágrimas vieram logo depois – É minha filha.
Sasuke sorriu abertamente e a risada feliz de Itachi preencheu a sala. Kizashi levantou-se do sofá e abraçou os sobrinhos com vivacidade.
- Agora só arranjar uma forma de contar à Mebuki – suspirou fortemente o Haruno. O sorriso não se desmanchando mais de sua expressão.
****
Sentia-se flutuando. Flutuando em ondas macias e leves. Seu corpo parecia estar sendo abraçado. Braços quentes e peludos a aqueciam. Ela podia sorrir, mas a sensação era tão boa, que não queria arriscar perder. Nunca havia se sentido tão quente e confortável.
“Me piquei novamente?”, perguntou-se sentindo seu corpo um pouco pesado. Conforme despertava, não conseguia lembrar-se do que havia feito para sentir-se tão letárgica.
“Não, eu não me pico mais”, afirmou em pensamento. Heroína já havia feito parte de sua rotina, mas não mais. A droga era cara para se manter usando e trouxe consequências horríveis. Ainda havia cicatrizes das picadas em seus braços.
Sakura, sentia que algo estava errado, apenas drogas a deixava com pensamentos lentos daquela maneira. Tateando com a mão esquerda, seguiu até o braço direito e foi então que sentiu, e logo identificou pelo tato, a agulha que a furava.
“Droga!”, amaldiçoou.
- Não, não toque – repreendeu uma voz masculina suavemente.
E àquelas palavras, Sakura obrigou suas pálpebras a abrirem. A claridade ofuscou sua visão por longos segundos, mas quando pôde ver, um par de olhos castanhos estavam a centímetros de si. Sakura ofegou e tentou afastar-se o mais rápido que pôde.
- Não, não se mexa! – exclamou o homem recuando ao vê-la assustada – Precisa manter a agulha no lugar!
Com movimentos bruscos, Sakura afastou-se do homem, mas seu braço, preso pelo acesso, recusou-se a mover-se junto. E ao grito do homem, Sakura bruscamente puxou a agulha de seu braço. Sangue imediatamente começou a escorrer da ferida, mas ela não ligou.
Não vendo o final da cama, ela jogou-se com força no chão. Tudo o que passava em sua mente era em se afastar e fugir. Correr para o mais longe possível do homem.
Sakura gemeu em lamento ao cair no chão. Seu corpo balançou e estremeceu pela dor atingida, mas seu instinto era correr. O homem não tentava aproximar-se, apenas a observava, mas ela não podia arriscar-se.
Olhando pelo cômodo, ela logo constatou que não fazia ideia de onde estava. Estava vulnerável, completamente. Suas costas bateram na parede quando chegou ao limite do que parecia ser um quarto.
- Preciso que se acalme – o homem erguia as mãos sinalizando rendição – Eu estou aqui para...
Sakura encolheu-se ainda mais, seus olhos já arrastando-se pelo quarto procurando algo com que se defender. A única coisa que pôde perceber foi um objeto longo e pontiagudo na mesa ao lado da cama. E foi apenas o pensamento chegar a mente, que o som de uma batida forte inundou o quarto.
Dois homens de ternos negros entraram no quarto cautelosos, um deles tinha nas mãos uma arma. Sakura lançou-se contra o objeto pontiagudo e o apanhou. Ela sentia a adrenalina e medo correr pelo seu corpo doído como a droga mais forte que já tomou.
Tudo nela apertava em tensão, principalmente as mãos entorno do objeto que pôde pegar. Tudo o que tinha em mente era sair viva dali.
“Se matei um homem, posso matar três”, sua voz soava esganiçada em sua cabeça. Ela tentava canalizar a coragem que teve na noite em que matou Seiji, mas sentia-se lenta, apesar de saber que movia-se rapidamente. O sangue escorria pelo seu antebraço, pingando no chão e molhando seus dedos.
- Que porra você fez?! – gritou um dos homens de terno. Seus cabelos eram cumpridos, roçando em seu ombro. Ele olhava para o homem de olhos castanhos, a arma apontada para o peito dele.
- E-e-eu não a feri... – gaguejava o homem que a olhava quando acordou – Ela acordou e pulou. Estou tentando acalmá-la...
- Abaixe a arma Itachi – o homem de terno e cabelos curtos ordenou.
Sakura assistia a conversa prestando atenção nos detalhes, afinal, qualquer brecha ela poderia aproveitar. O homem de cabelos grandes, Itachi, abaixou a arma. Sakura encarou o homem de cabelos curtos. Era ele quem mandava.
- Eu sou Sasuke – a voz dele era grave e séria, mas sua fala não passava de um murmúrio – Esse é meu irmão Itachi e este é Sora, seu médico.
Sakura estreitou os olhos, mas não mudou a postura. Suas pernas já estavam tensas para poder correr. Em suas mãos o metal do objeto parecia queimar sua pele, ao mesmo tempo em que deslizava por causa do sangue.
- Você está sangrando. Nós vamos te ajudar – Sasuke tentou um passo à frente – Não vamos te ferir.
Sakura recuou mais contra a parede e apontou o metal que tinha nas mãos para frente. Sasuke recuou o passo.
Itachi passou por trás de seu irmão, guardando a pistola, e ficou na lateral da rosada. Sakura percebeu que o cerco estava fechando-se e ameaçou Itachi com o metal também, apenas para alertá-lo que ela o via.
- Nós vamos lhe explicar tudo, mas precisamos que deixe o médico te olhar – Itachi tentou esboçar um sorriso, mas pela tensão tudo o que o deixou foi uma careta.
- Não – Sakura grunhiu selvagem.
Sua voz pareceu estremecer os dois homens de terno, mas em vez de afastarem-se, eles aproximaram mais um passo. Dessa vez Sakura balançava o metal entre os dois morenos. Ela olhava furtivamente para a porta, mas sabia que pouca eram as chances de passar entre os três homens e alcançar a porta.
Sentia seu corpo lento, demorando a responder suas demandas. Sakura sabia que eles a estavam drogando, provavelmente iriam vende-la para algum bordel. Eles poderiam ser a família de Seiji e a pegaram para matá-la de forma lenta.
- Chame Sai, Itachi – Sasuke mandou dessa vez com a voz em bom som.
“Sai! O rato de merda me vendeu para eles”, o nome do garoto que prometeu ajuda-la criou um bolo na garganta dela. Ela confiou nele quando estava mais vulnerável e ele se desfez dela, a vendeu em troca de dinheiro.
Ódio queimou em seu sistema, enquanto o moreno de madeixas longas deixava o quarto tenso, os olhos negros dele ainda a miravam cautelosos. Sakura sentia-se quente ao mesmo tempo que fraqueza a fazia querer bambear as pernas.
- Você não está bem, Sakura – Sasuke voltou a falar em tom baixo.
Sakura sorriu com escárnio das palavras dele. Ela não nunca esteve bem. Todas as noites perguntava-se porque ainda tentava e foi quando encontrou com Haku, que soube que podia ter um propósito. Haku era sua tábua de salvação, apesar de fazer acreditar o contrário.
Observando o moreno alto a sua frente, a rosada sabia que Sai a entregou por muito dinheiro. O engraçado era que ela estava quase morrendo. O deboche a fez sorrir para Sasuke. Eles não teriam muito trabalho em acabar com ela.
- Sakura – a voz de Sai preencheu o quarto e a fez desviar o olhar do moreno, que tinha o cenho franzido em dúvida.
- Você... – Sakura voltou a grunhir.
Raiva a queimou viva e num impulso repentino, Sakura jogou o metal em Sai. Contudo, foi um erro. No momento em que o metal deixou suas mãos, Sasuke avançou e a agarrou fortemente. Sakura debateu-se e ainda conseguiu atingir um soco nele, mas sua força parecia nula contra o moreno duro e alto.
- Sakura, não lute! – Sai gritou a repreendendo.
- Você me entregou para eles! – ela gritou batalhando para se livrar do agarre de ferro de Sasuke – Eu confiei em você! Seu rato!
- Pare com isso! – dessa vez havia sido Sasuke, que segurava os braços ensanguentados dela e tentava a conter sem a machucar.
- Seu rato! – Sakura continuava a gritar. Seus orbes verdes injetados de ódio focados apenas em Sai.
- Doutor! – Itachi exclamou e foi ajudar ao irmão com a rosada.
Sora, apressou-se em pegar uma seringa e um calmante em sua maleta aberta na cabeceira da cama. Os Uchihas continham Sakura, Sasuke segurando o tronco e braços, já Itachi partiu para segurar as pernas dela, a levantando e guiando de volta à cama.
Eles tentavam ser o mais delicado que podiam, pois o corpo dela era frágil sobre suas mãos, além de que ela mesma machucava-se, ao lutar contra eles. Quando a deitaram, o médico foi rápido e aplicou o conteúdo da seringa na coxa da rosada.
- Não! – ofegante, Sakura soluçava pela dor que sentia pelos movimentos bruscos, mas com os dois homens a segurando, nada podia fazer.
Sakura suspirou pesadamente sentindo seus músculos retesarem fortemente, para logo depois relaxar completamente. “Não”, gemeu internamente. Seus pensamentos começaram a ficar novamente lentos e inalcançáveis, nada se prendia tempo suficiente para pensar.
- Sakura – Sai chamou a atenção dela – Eu não a entreguei. Não faria isso...
- R-r-ra-rato – falou ela lentamente. As letras saiam enroladas – A-a-as r-r-ruas vão f-ficar sabendo – continuava ela entre ofegos cada vez mais lentos.
Sakura sentia seus olhos começarem a pesar. Com a boca aberta tentava respirar melhor e manter-se acordada, mas a droga que injetaram era mais forte que ela. Os morenos a soltaram ao ver que ela não mais podia lutar.
Sakura encarou os Uchihas, com raiva. Ela sempre conviveu com o pior, mas naquele momento eles eram a coisa mais desprezível que ela conseguia imaginar. A estavam drogando e sabe se lá o que fariam com ela. E antes de finalmente entregar-se a inconsciência novamente, fez um pedido, mostrando toda a repugnância que sentia.
- R-r-rápido – soprou já fechando os olhos.
- O que? – Sasuke perguntou aproximando-se para ouvir a voz baixa.
- R-r-rápido – ela repetiu e se perdeu no sono.
O silêncio expandiu-se tenso no cômodo. Sasuke limpou as gotas de suor que surgiram acima de seu lábio em nervosismo. Nada o poderia preparar para a reação da garota ao acordar. Ele nunca viu uma mulher mais selvagem na vida.
- O que ela quis dizer? – perguntou Sora, ainda tendo a seringa nas mãos.
- Para matá-la rápido – Itachi pronunciou-se rispidamente.
Sasuke encarou seu irmão e viu refletido nos olhos dele os mesmo pensamentos. Sakura era problema sério, mas eles poderiam lidar com ela. Contudo, teriam que avisar Kizashi que a filha dele era uma felina com garras, pronta para matar quem chegasse perto o suficiente.
- Não era para ela dormir o dia inteiro? – Sasuke virou-se para Sora. Sua expressão dura fez o médico engolir em seco.
- Sim, mas o organismo dela é acostumado a doses maiores e drogas mais pesadas – Sora suspirou cansadamente – Ela queimou o sedativo rapidamente. Porém, ela não poderia agir como fez. Ela levantou-se e se moveu rápido para alguém em estado tão mal.
- Estamos acostumados a estar mal, doutor. Nas ruas não há tempo para curar, você apenas continua – Sai retrucou – Sakura não iria apenas entregar-se e aceitar estar aqui. Quando ela acordar novamente, é melhor estarem preparados para outra rodada.
- Vamos estar – Sasuke disse absorvendo as palavras de Sai. Seus olhos focados na rosada estirada na cama, os cabelos róseos espalhados para todos os lados – A deixe estável novamente, doutor. Limpe os ferimentos.
- Sim, senhor Uchiha – Sora respondeu, já tomando seu trabalho.
- Itachi, leve Sai para o prédio. Comece o treinamento dele imediatamente – Sasuke voltou a ordenar. Seus pensamentos correndo velozmente em sua cabeça. Havia muitas coisas a serem arranjadas.
- Não vou deixa-la – Sai negou com veemência.
- Você não tem palavra aqui, soldado – Itachi latiu aproximando-se do garoto – Sakura é assunto dos Uchihas e Harunos agora. Você irá para o treinamento. Logo saberá seu lugar.
Com a saída de seu irmão e o garoto, Sasuke assistiu o médico estabilizar Sakura novamente. Limpando as feridas dela e o sangue que a manchava. Contudo, não permaneceu por muito mais tempo. Kizashi precisava saber o que estava por vir e preparar Mebuki e Ino.
****
Os fios loiros escorriam numa bela cascata pelas costas dela. Estando distraída ela não o viu chegando ou ao menos o ouviu. Mebuki apenas continuava a cozinhar frente ao balcão de mármore. Ela balançava o corpo conforme o jazz suave deixava o sistema de som.
Mebuki sempre amou cozinhar com música, então instalou na cozinha um próprio sistema de som. Durante anos a viu deslizar pelo chão brilhante em passos de danças, que o deixavam encantado.
- Mebuki – chamou por ela.
- Kizashi! – exclamou ela surpresa, o mirando por cima do ombro.
Kizashi a observou enquanto ela secava as mãos num pano de prato. Mebuki sorriu quando o encarou, mas logo franziu o cenho em preocupação ao ver seu estado amarrotado. Seu cansaço era visível para qualquer desconhecido, para Mebuki então, era significava a visão de dias difíceis.
- O que houve? – ela indagou caminhando rapidamente até ele – Eu sabia que algo estava acontecendo quando me ligou ontem à noite – passou as mãos no peito do marido, numa carícia amorosa.
Kizashi não conseguiu responder e antes que desse conta, seus olhos marejaram. Não conseguia falar, mas ao ver o medo nos olhos verdes dela, embalou o rosto feminino em suas mãos.
- Kizashi... – Mebuki sentia seu peito comprimir seu peito – O que está acontecendo? Sasuke e Itachi estão bem? Fugaku? Mikoto? Emi?
- Estão todos bem – forçou-se a engolir o bolo doído em sua garganta.
- Eu não estou entendendo...
Kizashi, apanhando a mão dela na sua, a levou até um dos bancos dispostos na ilha da cozinha. Mebuki sentou-se completamente focada no marido, que também sentou-se e ainda segurava suas mãos.
- Há alguns dias, Kakashi pediu uma reunião de emergência – Kizashi engoliu em seco e mirando os olhos verdes atentos de Mebuki, despejou a história de uma vez – Ele estava resolvendo alguns negócios, quando a viu.
- Viu quem? – Mebuki perguntou ansiosamente.
- Nossa menina...
- Ino? O que Ino fazia... – Mebuki o interrompeu já ganhando um tom de braveza.
- Não, Mebuki – o Haruno negou com a cabeça e num suspiro feliz, sorriu imensamente – Ele viu Akemi, ou ao menos uma garota que tinha todas as características.
- O que está me dizendo, Kizashi? – Mebuki gaguejou apertando suas mãos na dele.
- Eu o mandei buscar a garota e fiz um teste de paternidade – Kizashi soltou as mãos dela para alcançar o papel no bolso interno do blazer.
Mebuki olhou para o papel que ele lhe estendia, mas não pegou. Seu coração batia tão rápido que o podia sentir nos ouvidos. A esperança queimou tão forte que lhe arrancou um ofego. Porém, quando voltou a olhar para seu marido, negou com a cabeça não querendo pegar o envelope.
- O que... – tentou falar ela, mas nãos conseguia raciocinar – Eu não...
- É a nossa menina, Mebuki – Kizashi deixou finalmente que as lágrimas caíssem. Ele via a confusão nos olhos dela – Deu positivo. Akemi está viva e voltou para nós.
Mebuki levantou-se do banco, ficando de pé. Liberou-se do aperto das mãos do marido e tomou alguma distância. Lágrimas chegaram aos seus orbes verdes, começou a se sentir trêmula. A verdade estava nos olhos de Kizashi, mas era inacreditável.
- Onde ela está? – sussurrou fracamente.
- Na casa de Sasuke. Ele e Itachi a acharam e estão cuidando dela – Kizashi levantou-se também – Ela é linda. Tão parecida contigo. Não pude ver os olhos, pois quando saí ainda dormia, mas eles devem ser tão brilhantes quanto os seus.
Mebuki levou as mãos à boca, cobrindo os lábios emocionada. Kizashi a alcançou antes de ela desabar num choro doloroso e cheio de soluços. Ele beijou os cabelos loiros e a apertou nos braços. A Haruno tremia agarrada nele.
Minutos passaram-se antes que algum deles pudesse romper o silêncio. Kizashi agradecia que Ino não estava na casa, não queria que ela presencia-se sua mãe desabando num choro desesperado.
- Por que me escondeu? – questionou Mebuki afastando-se para poder olhá-lo.
- Não acreditei quando Kakashi me informou, mas ainda sim pedi que fossem atrás dela. Eu fiz o exame assim que a encontrei. Recebi o exame hoje à tarde.
- Por que não a trouxe para mim?! – exclamou Mebuki afastando-se ainda mais dele – Eu a quero...
O Haruno não permitiu a distância e a puxou para seus braços novamente.
- A situação dela é delicada, querida – começou suavemente – Quando os meninos a acharam ela estava mal....
- Ela está ferida?! – Mebuki paralisou com a notícia. Seus orbes verdes arregalaram em urgência – Quem a feriu? Me leve até ela agora!
- Querida – Kizashi conteve a mulher de sair andando para fora de seus braços e apanhando o rosto dela entre as mãos, despejou – Sakura, é o nome dela agora. Ela estava em situação de rua desde pequena. Aqueles malditos a roubaram de nós e descartaram em algum beco imundo.
- Kizashi... – lamentou a loira, novas lágrimas surgindo.
- Ela se meteu em problemas sérios há poucos dias, acabou saindo bem machucada. Mas nós a temos agora e está tudo sobre controle. Ela está na casa de Sasuke, onde Sora a está cuidando pessoalmente.
- Me leve até lá, por favor! – Mebuki afundou as unhas nos braços fortes do marido – Me deixe vê-la.
Kizashi assentiu imediatamente. Juntos apressaram-se para a porta de entrada. Os empregados da casa estranhando a emergência de seus patrões cochichavam. Quando partiram com o carro em alta velocidade, Mebuki limpou as lágrimas que a deixavam.
- Conversou com ela? Como sabe de tudo isso? – perguntou a Haruno ansiosamente.
- Os garotos fizeram as perguntas certas nas ruas. E Akemi foi encontrada com um garoto, ele a estava ajudando a ir para um algum lugar quente e seguro.
- Deus! – exclamou Mebuki passando as mãos nos fios que caiam lhe no rosto – Minha bebê vivendo nas ruas. Anos longe de mim, correndo perigo...
Kizashi grunhiu com as palavras da mulher. Tentava não pensar no quão ruim foi a vida de Akemi, pois perderia a mente e sacaria as armas para os russos novamente, e então uma nova guerra começaria. Precisava focar na sua filha agora e dar todo o apoio que estava ao seu alcance.
- Temos que avisar Ino! – voltou Mebuki a exclamar – Ela ficará tão feliz!
- Vamos com calma, querida – Kizashi disse, enquanto passava pelo portão da casa de seu sobrinho quarenta minutos depois – Akemi precisa de nós agora, quando tudo estiver encaminhado, Ino irá conhece-la. Primeiro precisamos conversar com Akemi.
O casal Haruno deixaram o carro e antes que abrissem a porta, Sasuke os recebeu com um cigarro pendurado nos lábios.
- Sasuke! – Mebuki o abraçou calorosamente.
Retribuindo o abraço da tia, Sasuke encarou Kizashi por cima da cabeça loira. Sasuke observou o tio apertar os punhos, interpretando o olhar escuro que o deu.
- O que houve? – Kizashi falou rispidamente.
- Ela acordou – Sasuke olhou brevemente para a tia, mas desviou novamente para o homem – E as coisas não saíram muito bem.
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