꧁Jisung é muito teimoso, Minho cuida dele.꧂
___________________________________
Minho caminha pela escola, perdido em seus pensamentos, quando de repente alguém esbarra nele. Irritado, ele se vira, lançando um olhar fulminante para o mesmo que o bateu.
— Você não olha por onde anda? — esbraveja, a frustração é evidente na sua voz. Como sempre.
— Desculpa —o menor responde, sua expressão é neutra, mas a sua voz soa fraca
Minho para abruptamente ao perceber quem é. O sangue ferve em suas veias; é Han Jisung. Desde que se entendem por gente, já não se suportam, aí começaram a dividir um dormitório, a relação deles se tornou uma batalha constante. Eles não se gostam.As personalidades são completamente opostas, um choque que torna qualquer interação quase insuportável.
— Eu pensei que o combinado era nunca nos encontrarmos aqui — Minho fala ajeitando o casaco jeans que usa. O Han aperta os cadernos que carrega contra o corpo e morde o lábio, tentando manter a calma, mas algo na sua aparência chama a atenção.
Ele parece mais pálido do que o normal, os olhos mais fundos, como se tivesse passado noites em claro.
— Desculpa... — ele repete, mas não esconde a fraqueza.
Minho franze o cenho, avaliando o garoto . Há algo errado. O mesmo parece tonto, as mãos aparentam estar levemente trêmulas segurando o cadernos .
Em vez de se sentir satisfeito pela vulnerabilidade dele, uma preocupação involuntária começa a surgir dentro dele.
— Você está bem? — pergunta, a irritação se misturando com um toque de curiosidade, um impulso que ele não consegue ignorar.
Jisung tenta assentir com a cabeça, mas logo seu corpo sucumbe. Antes que seus joelhos toquem o chão, Minho o segura firme, prendendo-o pela cintura.
O toque é involuntário, mas a sensação de fragilidade do menor o surpreende. Ele sente a pele quente do rival sob seus dedos, e a leveza do corpo dele é quase alarmante.
O Lee tenta o manter em pé, mas Jisung está mole, como se todo o seu peso estivesse se desfazendo. A cabeça dele cai para o lado, e o outro se vê forçado a segurar sua nuca para evitar que ele caia.
O coração de Minho acelera enquanto observa os olhos alheios se fechando lentamente, a palidez do rosto está acentuada pela falta de vitalidade.
— Jisung! — Minho exclama, sua voz agora carregada de muita preocupação. Ele não sabe o que fazer, apenas sente a necessidade de o manter em pé. A fragilidade do corpo faz com que ele se sinta desconcertado e impotente.
Com um movimento rápido, Minho envolve um braço ao redor da cintura de Jisung, enquanto o mesmo apoia a cabeça dele contra seu peito.
O cheiro familiar de Jisung invade suas narinas, um misto de colônia e algo mais pessoal. Ele tenta ignorar a confusão que isso provoca em sua mente, concentrando-se em manter ele seguro.
— Ajuda aqui — Minho grita, a irritação agora substituída por um impulso de socorro. — Acorda, seu merdinha. - dá leves tapas no rosto do menor que não responde, seu corpo está completamente relaxado, e os joelhos do Lee se firmam no chão, segurando o peso alheio antes que ele caia completamente.
________________________________💊
Jisung começa a acordar lentamente, a sua cabeça ainda está girando e a luz da sala da enfermaria acaba queimando seus olhos sensíveis e pequenos . Ele pisca algumas vezes, tentando ajustar a visão embaçada.
— Finalmente. — a voz de Minho diz, essa que é um tanto ríspida, mas com um leve toque de alívio agora . Ele está agachado ao lado do Han, com uma expressão de pura preocupação e irritação.
— O que aconteceu? — Jisung murmura com a voz ainda fraca. Ele tenta se levantar, mas as pernas tremem sob ele.
O enfermeiro Jeongin, que está ao fundo organizando alguns materiais, se aproxima com um olhar sério.— Você desmaiou, pequeno Jisung . Estava com a pressão baixa e sinais de desidratação. — ele explica, ajustando os óculos. — Você precisa se cuidar melhor. O estresse e a falta de sono podem ter contribuído para isso. O que aconteceu?
O Han hesita por um momento, lembrando-se das noites sem dormir, das preocupações que o consumiam, e da pressão constante para se sair bem em tudo. Ele olha para Minho, que parece cada vez mais preocupado, mas não sabe se pode falar sobre isso.
— Estava só... um pouco cansado. — ele responde, tentando desviar do verdadeiro problema.
Minho rola os olhos, mas a expressão dura no seu rosto suaviza um pouco. Ele está ali, perto, e de alguma forma isso o conforta, mesmo que a relação deles seja cheia de rivalidade.
— Cansado? É o que você chama de estar pálido como um fantasma? — Minho rebate, a frustração transparecendo em sua voz. — Não me diga que você está fazendo mais uma dessas suas maratonas de estudos. Eu já disse pra você parar de ser o robô que seus pais querem. Você é mais do que só isso. - afirma.
Jisung sente um pequeno sorriso involuntário brotar em seus lábios, mas logo é abafado pela dor de cabeça. Ele decide não responder, apenas observa enquanto Minho se levanta, afastando-se um pouco.
— Eu já disse Han Jisung, você precisa pensar mais em você. Deixar de ser chato e robótico.- afirma.
— Não começa, pare de fingir que se preocupa comigo. - Jisung encolhe os joelhos pro seu corpo e desvia o olhar do Lee.
Esse que revira os olhos, sua paciência vai se esvaindo . — Não começa com o drama, só estou dizendo a verdade, você vai acabar se matando se continuar assim.
— Faria diferença? Você já me disse várias vezes que eu poderia sumir que não faria falta. - eleva seu tom de voz.
Minho trava o maxilar, sentindo o seu sangue ferver. — Isso foi no passado! Eu estava puto e você sabe disso! Agora muda tudo, você não pode continuar se jogando para baixo como se não houvesse amanhã!
— É fácil pra você dizer isso! —o Han rebate, levantando-se lentamente com as pernas ainda tremendo. — Você não sabe o que é se sentir assim, como um fardo.
— Um fardo? — quase ri, mas a sua risada é amarga. — Eu não sou seu terapeuta! Mas não posso simplesmente ficar aqui vendo você se autodestruir!
Jisung dá um passo à frente, encarando Minho com um olhar desafiador. — Você se preocupa tanto assim? Então por que não para de me atormentar? Por que não para de me fazer sentir como se fosse um peso nas suas costas?
Minho sente o peito apertar. — Porque eu não consigo ficar indiferente a você, mesmo que me irritem suas manias. Porra, você é irritante! Mas eu não quero ver você se machucar!
— E você acha que me chamar de "irritante" vai ajudar? — dá um passo para trás, a vulnerabilidade em seus olhos sendo ofuscada pela raiva. — Não precisa se preocupar, eu posso lidar com isso sozinho.
— Lidar com isso sozinho? — Minho quase ri novamente, mas agora com um tom de desespero. — Você está se enganando! Olha pra você! O que você vai fazer? Fingir que está tudo bem enquanto se destrói por dentro?
— E você? O que está fazendo aqui, além de me irritar? — devolve a provocação, mas a intensidade de suas palavras é ofuscada pela dor que ainda sente na cabeça. — Acha que só porque está aqui, isso significa que se importa?
Minho aperta os lábios, uma mistura de raiva pulsando dentro dele. — Eu estou aqui porque não tenho escolha! Eu não posso simplesmente ignorar você! Eu vejo como você está, e não dá pra ficar quieto!
— Você deveria ter ficado quieto! — quase grita, a sua voz acaba ecoando pela enfermaria . — Não precisa se preocupar comigo.
Minho dá um passo à frente, decidido. — Eu me preocupo, mesmo que você não queira que eu faça isso! E eu não vou me afastar só porque você está de cabeça quente! E saiba que eu percebo as coisas sim, eu sei que você está fazendo duas refeições a cada 2 dias, está bebendo menos água que o normal, consumindo mais álcool e energéticos pra estudar por horas seguidas, eu vejo, eu sei, mas não adianta tentar falar com você.
— Opa, olha só essa discussão estava muito fofa sobre dois amigos que se gostam muito , mas não admitem. — Jeongin comenta, forçando um sorriso que rapidamente se desvanece. — Mas, sinceramente, agora eu estou preocupado com a sua saúde, Jisung. Você está em algum tipo de dieta restritiva? Não pode fazer isso e consumir álcool, você nem tem idade pra isso.
Jisung revira os olhos, mas a preocupação na voz de Jeongin fez seu coração acelerar. — Eu estou bem, realmente. Eu já disse.
— Não está não. - afirma indo até a mesinha da enfermaria. — Vou te encaminhar pela escola, pra um hospital. Fazer uns exames mais minuciosos, uma consulta na nutricionista.
— Não preciso disso.- Jisung afirma irritado.
— Ele perdeu uns 8 kilos e umas 900 gramas nas últimas 2 semanas.— Minho conta e Jeongin olha feio pro menor.
— Como sabe?- o Han o olha desconfiado.
O mesmo engole a seco. — Eu sei porque eu sempre te carrego no colo da sua cadeira pra cama. Você dorme em cima dos cadernos.- coça a cabeça desviando o olhar.
— Enfim.- Jeongin fala e tem a atenção de ambos. — Minho, o acompanhe para fazer os exames, ou eu chamo os seus pais, Jisung.- o enfermeiro afirma.
— Por favor, não.- Jisung suspira fechando os olhos. — Eu vou com o Minho... Se ele quiser, se não, vou sozinho.
— Até parece que você vai sozinho.- Minho ri em desdém.
— Se for preciso vou sim.- afirma o fitando.
— Então vai.- afirma e o Han engole a seco.— Você morre de medo de agulha.
— Eu vou sozinho.- afirma.
...
— Han Jisung.- a enfermeira do hospital chama.
— Vamos lá.- Minho se levanta e puxa o menor pelo pulso. O Han observa brevemente tímido o Lee o segurando sem firmeza, só o suficiente pra não o soltar.
Ao chegar na sala onde vão tirar seu sangue, já começa a suar nervoso. — Pode sentar aí.- a enfermeira diz apontando pra cadeira.
— Será que...- o Han começa a falar e tem o olhar do Lee em si . — Nada, deixa pra lá.- afirma e senta na cadeira. Se ajeita e respira fundo.
— Tudo bem. - ele diz pegando a mão do menor e segurando firme. — Nunca fale disso. Pra ninguém e nem me lembre.- desvia o olhar e aperta a mão do menor contra a sua.
A enfermeira ajusta o equipamento sobre a mesa, enquanto Jisung assente a pergunta do Lee e logo os olhos do mesmo ficam fixos no material com apreensão e nervosismo. Ele tenta ignorar a sensação crescente de desconforto que se aloja em seu estômago.
— Tudo bem, você só vai sentir uma picada, e já vai passar. — diz a enfermeira, com um sorriso encorajador, enquanto prepara a agulha.
Jisung respira fundo, uma de suas mãos se apertando nervosamente sobre o próprio joelho. Ele percebe a mão do Lee segurando a sua, firme.
— Minho... — ele murmura, hesitante.
— Não pense em nada, só foque em mim. — Minho diz com seu olhar fixo no menor. O tom de sua voz é suave, quase carinhoso, o que contrasta com a tensão que Jisung sente. — Eu estou aqui.
A enfermeira se aproxima, com a agulha em mãos, e Jisung sente seu coração acelerar. O frio da agulha toca sua pele, e ele fecha os olhos, morde o lábio inferior, tentando não pensar no que está prestes a acontecer.
— Pronto? — pergunta a enfermeira, e Jisung sente um nó na garganta.
— Não, não estou pronto. — ele responde rapidamente com a voz quase falhando.
Minho aperta sua mão com um pouco mais de firmeza, fazendo com que Jisung olhe para ele.
— Vai ser rápido. — diz tranquilo. — Concentra em mim.
A enfermeira faz a primeira punção, e Jisung sente uma picada aguda, mas suportável. Ele segura a mão do Lee com força, seus dedos entrelaçados, como se estivesse se segurando em um barco durante uma tempestade.
— Respira fundo. — Minho murmura, mantendo o olhar fixo nos olhos do menor que se concentra na sua voz , na sensação dos dedos se entrelaçando, o que o ajuda a ignorar a sensação da agulha enquanto o sangue começa a fluir.
A enfermeira trabalha rapidamente. E Jisung está perdidinho nos olhos alheios e cuidadosos do Lee. Não sente nada além da segurança da mão dele.
— Você está indo bem, continua respirando. — Minho encoraja, penteando um pouco do cabelo dele pra longe de seu rosto.
— Tudo certo, garotinho. — a enfermeira diz, retirando a agulha com cuidado. — Pronto. Agora é só um curativo.
O Han solta um suspiro de alívio, sentindo a pressão na mão do maior relaxar um pouco. Ele pisca os olhos, e a luz do ambiente parece menos ofuscante agora. A enfermeira coloca um curativo de coração no local da punção e se afasta para organizar o material.
— Viu? Não foi tão ruim assim, foi? —pergunta com um leve sorriso brincando em seus lábios.
— Foi tranquilo. - afirma encostando a cabeça contra a cadeira e observando o Lee e ainda apertando suas mãos entrelaçadas.
____________________________________
— Não quero.- Jisung afirma fazendo birra.— Me nego. - abraça o travesseiro contra o corpo e se encolhe na cama.
— Você precisa tomar esse comprimido. Ele é importante.- o Lee afirma e o Han nega com a cabeça.
— Não quero. - pela milésima vez ele deixa claro que não quer.
— Chega - o Lee para de andar, irritado.— Vai tomar sim.— Ele coloca a cápsula na boca e se aproxima do Han. Arranca o travesseiro dele e fita a face manhosa do mesmo.
Ele leva a mão ao rosto fofinho e aperta as bochechas o fazendo abrir um pouco a boca. Logo se aproxima e cola seus lábios, passando a cápsula pra boca dele.
Leva a garrafa de água a mesma também e o faz beber e finalmente engolir a cápsula.
— Pronto, nem foi tão difícil assim, foi? — comenta, afastando-se com um sorriso de canto, observando Jisung ainda de cara emburrada.
— Você é insuportável, sabia? — resmunga, limpando a boca com as costas da mão, a expressão emburrada ainda está intacta. — Podia ter só me dado o remédio normal.
— Tentei isso nas últimas mil vezes, lembra? — cruza os braços, levantando uma sobrancelha. — Agora toma o próximo que nem um bom menino ou a gente vai ter que repetir isso todo dia.
— Bom menino, uma ova — rebate, virando de lado na cama. — Eu vou te processar por isso, sabia?
O Lee solta uma risada baixa, se aproximando da cama mais uma vez e se inclinando até o rosto de Jisung com os olhos cravados nos dele.
— Processar, é? — murmura, sua voz rouca fazendo o menor tremer levemente e engolir a seco — Acho que você gostou mais do que vai admitir.
O menor revira os olhos, mas o rubor em suas bochechas o entrega.— Cala a boca — resmunga. — Me deixa dormir em paz agora.- Minho dá um sorriso convencido, sabendo muito bem o efeito que tem sobre o garoto .
Ele passa a mão pelos cabelos do menor, bagunçando-os levemente.— Dormir? Depois de fazer birra? — provoca, inclinando-se mais para perto, o rosto a centímetros do dele. — Você realmente acha que merece?
O Han aperta os lábios, o rubor em suas bochechas só se intensificando. Ele sabe que, quanto mais tentasse bancar o durão, mais Minho aproveitaria a situação. Mas ainda assim, não podia deixar de se sentir aquecido com a proximidade.
— Eu mereço, sim — murmura, desviando o olhar. — Agora sai, vai.
Minho solta um suspiro teatral e se levanta, passando as mãos pelos próprios bolsos como se estivesse pensando em alguma outra forma de provocá-lo.— Tá, tá bom, você venceu — diz, recuando com um sorriso brincalhão. — Mas amanhã, nada de birra, entendido?
— Depende de você não me encher o saco — afirma , escondendo o rosto no travesseiro.
Minho balança a cabeça, rindo baixo, enquanto caminha até a porta.— Boa noite, princesa teimosa — ele diz com sua voz rouca, antes de fechar a porta atrás de si. Deixando o seu colega para trás.
O Lee encosta as costas na porta e suspira fechando os olhos e passando a ponta dos dedos nos lábios. Como se quisesse certeza do que fez.
☀️_____________________________☀️
— Me solta! — Jisung protesta, chutando as pernas no ar enquanto Minho o carrega nos ombros como se fosse um saco de batatas. — Eu já disse que não vou tomar banho!
— Ah, vai sim — responde, nem um pouco afetado pelos protestos do menor. — Você está fedendo a teimosia e preguiça.
— Não tô fedendo nada! — rebate, tentando se debater, mas a força de Minho o mantém no lugar. — Eu tô ótimo do jeito que tô!
O maior solta uma risada baixa, enquanto atravessa o corredor com ele ainda no ombro.— Ótimo? Você não tomou banho o dia todo ontem . Isso não é ótimo, isso é nojento. — faz uma careta dramática, apesar do Han não conseguir ver. — Quer que eu durma com você cheirando assim?
— Você nem vai dormir comigo! — resmunga, tentando se espremer para escapar do aperto alheio . — Eu vou ficar no meu canto, e você no seu! Me deixa em paz!
O Lee balança a cabeça, sorrindo divertido.
— Ah, não vai não. Não tem escapatória dessa vez. Ou você toma banho, ou eu te jogo lá com roupa e tudo.
— Você não teria coragem! — exaspera com os olhos arregalados enquanto tenta virar a cabeça para encarar o maior..
— Experimenta — desafia, dando um leve tapinha nas costas dele. — Só fala mais uma vez que não quer, e a gente vai ver quem ganha.
— Tá bom! Eu tomo banho, mas me põe no chão! — finalmente cede, embora ainda resmungue com desgosto.
— Agora sim, estamos falando a mesma língua. — sorri vitorioso, colocando ele de volta no chão, mas mantendo uma mão firme no braço dele para garantir que o mesmo não tente fugir.
— Você me paga por isso — ameaça, cruzando os braços de forma desafiadora, embora o rubor em suas bochechas denuncie o quão embaraçado está.
— Eu te pago com um banho quente e relaxante, vai — provoca mais , empurrando-o suavemente na direção do banheiro.
— Eu te odeio, sabia? — murmura, tentando arrastar os pés no chão, mas Minho não deixa.
— Claro que sei — ri, abrindo a porta do banheiro e empurrando ele para dentro. — Mas isso não muda o fato de que você precisa de um banho.- fecha a porta e volta a suspirar.
...
Minho se joga na cama, suspirando enquanto desbloqueia o celular. Ele dá uma olhada rápida nas mensagens, rolando a tela preguiçosamente enquanto aproveita o raro momento de sossego. Só que, como sempre, essa calmaria não dura muito.
— MINHO! — O grito de Jisung ecoa pelo apartamento, fazendo o Lee suspirar de novo, dessa vez mais pesado.
Ele se levanta devagar, largando o celular no colchão e caminhando até o banheiro, batendo de leve na porta antes de abri-la.
— O que foi agora? — pergunta, meio impaciente.
— Me traz uma toalha e uma roupa! —
o Han responde com a voz um tanto abafada do outro lado da porta. — Esqueci de pegar antes de entrar!
Minho arqueia uma sobrancelha, claramente se divertindo com a situação.— Então, você entra no banho, me faz carregar você até aqui, e nem pensa em pegar uma toalha? — ri baixinho, encostando-se à porta. — E como você esperava sair depois, hein?
— Cala a boca! — resmunga, e Minho consegue até imaginar a expressão emburrada dele do outro lado. — Só me traz logo! Não vou sair pelado!
— Poderia, sabe? Não tenho problema com isso. Somos dois homens . — provoca, mas já vai em direção ao armário pegar uma toalha e uma muda de roupa.
— Eu odeio você! — grita do banheiro, claramente frustrado.
— Eu sei. - Minho murmura baixinho só pra si mesmo. Logo volta com a toalha e a roupa, abrindo uma pequena fresta da porta para passar as coisas.
— Aqui está, sua Majestade — diz, debochado. — Se precisar de mais alguma coisa, só gritar, certo?
Quando Jisung atrás da porta tenta pegar a toalha, Minho não solta de imediato, mantendo-a presa entre seus dedos. O silêncio entre os dois fica denso, e Minho sorri de canto, apreciando o rosto molhadinho do outro que aparece um pouco na porta.
— Pode soltar, Min... — diz em um tom baixo, visivelmente incomodado pela proximidade.
— Por que não pede direito? — indaga com sua voz soando baixa e quase sedutora.
O Han fica em silêncio por um momento, sentindo o coração acelerar, mas se recusa a dar o braço a torcer.— Por favor — murmura, sem vontade, e o outro. finalmente solta a toalha.
— Viu? Não foi tão difícil — provoca com um sorriso satisfeito, fechando a porta de volta. — Agora seja rápido.
Jisung rola os olhos, mas suas bochechas ardem de vergonha enquanto segura a toalha contra o peito. Precisa engolir a saliva que se acumulou em sua boca.
...
Jisung aparece na pequena mesa do dormitório, trajando um pijama de pelúcia estampado com ursinhos, parecendo tão confortável quanto ridículo. Minho já está sentado ali, cercado por pacotes e latas, observando o colega com um sorriso contido.
— Estou faminto.- comenta Jisung, jogando-se na cadeira a frente dele.
O Lee ri, pegando um dos sacos de compras sobre a mesa.— Eu fui na loja de conveniência e comprei várias coisas. Tem de tudo aqui: lamens, salgadinhos, doces e até algumas bebidas. O que você quer?
Jisung olha para os pacotes, e seu estômago ronca alto, deixando clara a urgência de sua fome.
— Tudo. Quero tudo — diz ele.
O maior separa um cup noodles e coloca água fervendo, logo abre um pacote de biscoitos, empurrando-os na direção dele.
— Antes de atacar tudo, me diz uma coisa... Você não está sentindo nenhum sintoma, né? — pergunta com um tom mais sério, encarando o Han de perto. — Febre, dor, mal-estar?
Jisung faz uma careta enquanto mexe no pote de noodles.— Não... Quer dizer, minha cabeça dói um pouco, mas tirando isso, estou bem — responde ele, dando de ombros.
O maior franze o cenho e se inclina um pouco mais para perto.— Tá me dizendo a verdade, né? Não está escondendo nada?
O Han bufa, rolando os olhos e começando a abrir os pacotes.— Para de se preocupar tanto. É só uma dorzinha de cabeça, nada demais. Fico bem depois que comer — diz ele, tentando aliviar a tensão no rosto de Minho com um sorriso breve.
O mesmo o observa por mais alguns segundos, claramente ainda preocupado, mas decide deixar passar por enquanto.
— Se você diz... Mas qualquer coisa, me avisa — diz , inclinando-se para trás na cadeira, ainda observando o garoto devorar o miojo como se não houvesse amanhã.— Eu não deveria dar porcarias pra você comer, vou fazer um jantar mais forte. - se levanta e anda em direção a cozinha.
— Não precisa, Minho! — Jisung protesta, ainda com a boca cheia de noodles. — Estou ótimo com isso. De verdade.
O Lee para e se vira, cruzando os braços.
— E você acha que eu vou ficar tranquilo sabendo que você só comeu essas porcarias? Não, eu vou fazer carne, arroz e salada pra você.
— Mas... eu não quero! — tenta argumentar, fazendo uma expressão de descontentamento. — Isso vai demorar e eu só quero comer aqui e relaxar.
— Você não quer o que é melhor pra você? — diz ele, começando a se mover novamente em direção à cozinha. — Eu prometo que não vai demorar tanto.
O menor revira os olhos, mas um pequeno sorriso surge em seu rosto.— Você é insistente, sabia? Isso é muito irritante.
— E você é teimoso — responde, rindo enquanto pega os ingredientes da geladeira. — Então estamos quites.
— Vou ficar aqui reclamando enquanto você cozinha — responde, cruzando os braços sobre a mesa, fingindo estar bravo.
Minho dá um sorriso vitorioso que o Han não pode ver.— Isso é bom, porque a sua reclamação só me motiva a fazer algo mais gostoso. Agora, se aquiete e aproveite os snacks enquanto eu preparo o resto.
...
Depois de devorar tudo o que Minho preparou, Jisung se joga na cama de forma relaxada, um sorriso satisfeito no rosto. Ele se espreguiça, sentindo o estômago cheio, enquanto Minho limpa a cozinha.
— Que sono.- Jisung murmura apertando os travesseiros contra o rosto. Nem tinha percebido que estava na cama do mais velho.
Acaba inalando o cheiro dele e suspira rente ao travesseiro, acaba sorrindo de canto. — Você usa um shampoo cheiroso.- o Han comenta fechando os olhos e ouve o maior sorrir nasal.
— Eu sei.- sorri confiante e se aproxima do garoto. — Vem, vamos medir sua febre. - tira um termômetro da caixinha.
— Sério que você vai fazer isso? Pensei que estava brincando.
— Brincar? Nunca! — diz, olhando nos olhos dele enquanto coloca o termômetro embaixo da axila do mesmo. — Agora fica quieto.
O silêncio prevalece entre eles enquanto o Han tenta não pensar no cuidado alheio consigo.
— Isso é desconfortável, sabia? — o menor resmunga, tentando se afastar levemente.
— Fica parado. — força um tom autoritário. — Se você não parar de se mexer, não vou conseguir obter a medição certa.
Ele faz uma careta, mas se mantém imóvel.
— Você só quer ver eu me sentir desconfortável. — provoca, tentando desviar a atenção da situação.
— E você só quer me deixar preocupado, então estamos quites. — contra-ataca, sem perder a confiança.
Um apito repentino interrompe o clima, e Minho rapidamente tira o termômetro da axila de Jisung.
— Vamos ver... — ele diz, olhando para a tela. — Hmm... 36,5. Tá bom, tá bom.- limpa o termômetro com um paninho e coloca na caixinha de volta. — Melhor você dormir agora.- tenta se afastar da cama mas tem sua blusa segurada pelo menor que se levanta e fica próximo de si.
— Espera Min...- engole a seco. — Não é nada. - solta a blusa alheia. — Desculpa.- ri sem graça.
O maior engole a saliva, sentindo uma onda de nervosismo e confusão pela ação alheia. Jisung começa a corar, a ansiedade em seu olhar crescendo enquanto se encaram.
Os dois ficam em silêncio por um momento, o Han olha para o outro de baixo, seus olhos dizem tudo que a boca não ousa. O peso do ambiente se torna palpável, como se o ar tivesse parado de se mover. Ambos respiram pesadamente, a tensão vai crescendo.
— O que foi? — pergunta, tentando quebrar o silêncio, mas sua voz sai mais suave do que pretendia.
Jisung hesita, os seus lábios acabam se movendo, mas nenhuma palavra sai. Ele simplesmente observa, como se estivesse tentando decifrar algo nas profundezas dos olhos do outro garoto.
— Não se preocupe, só... — Minho começa, mas não consegue completar a frase. Ele sente um impulso inexplicável de se aproximar, de fechar a distância que parece aumentar entre eles.
— Eu... — Jisung finalmente murmura com a voz trêmula. — Eu só pensei que, talvez, pudéssemos...
A frase fica pendente no ar, como um convite implícito que os dois sabem que não devem considerar. O silêncio se estende, carregado de sentimentos não ditos.
— Ji ... — balbucia , mas novamente é interrompido pelas palavras que não conseguem se concretizar.
O Han morde o lábio inferior, lutando contra o desejo de se aproximar ainda mais.
— Desculpa, é só que... — ele tenta explicar, mas as palavras falham.
Minho respira fundo, o cheiro familiar do garoto acaba inundando seus sentidos. Ele dá um passo à frente, aproximando-se um pouco mais.
— Você não precisa pedir desculpas — ele diz com sua voz mais baixa, quase em um sussurro enquanto penteia uma mecha de cabelo dele para o lado.
Quando Minho cola suas testas, ambos ficam em silêncio. Apenas sentindo o calor um do outro. — Min...- o Han murmura.
— Eu quero fazer isso...- o Lee também diz baixinho.
O Han abre os olhos rapidamente e desliza uma mão pelos ombros do maior e chega na nuca dele. O faz aproximar o rosto do seu e finalmente sela seus lábios
O beijo é hesitante no início, estão explorando um terreno totalmente diferente , mas o ósculo logo se transforma em algo mais profundo, mais intenso.
O Han sente o calor se espalhar por seu corpo, cada centímetro do contato entre eles vibrando por todo o seu ser.
O Lee responde ao beijo com sua mão envolvendo a cinturinha alheia e puxando-o para mais perto, como se quisesse absorver cada parte dele. O gosto de Jisung é doce e intoxicante, e ele se perde nesse momento, esquecendo todas as brigas e rivalidades que haviam existido entre eles.
Os lábios se movem juntos em um ritmo que parece natural, como se sempre devessem estar assim. A incerteza que antes preenchia o ar agora dá lugar a uma intensidade , como se cada batida de seus corações estivesse em perfeita harmonia agora.
Quando finalmente se afastam, ofegantes, seus rostos permanecem próximos, e Minho olha nos olhos dele, buscando qualquer sinal de arrependimento. Mas, em vez disso, encontra um brilho diferente.
— Então... isso aconteceu — o Lee murmura, tentando encontrar as palavras certas, mas apenas sorrindo.
Jisung ri nervosamente, a cor subindo em suas bochechas. — É, eu acho que sim.— Volta a selar seus lábios rapidamente.
As mãos do maior rapidamente adentram sua blusa de pijama e menor estende os braços automaticamente para que a peça seja retirada de seu corpo.
O beijo se torna mais faminto. O Lee desce pro pescoço branquinho em chupadas fortes enquanto tem os fios negros apertados com força pelo garoto.
Jisung tem as costas na cama e o Lee por cima de si, então passa a abrir a blusa dele e expor seu corpo brevemente definido.
Ambos só de calça, voltam a se beijar intensamente. As mãos do Han passeiam pelas costas do homem que aperta sua cinturinha com vontade.
—Min...- geme arrastado qual sente a ereção dele roçar contra a sua enquanto tem o pescoço marcado.
— Tem certeza?- questiona o olhando por um momento.
— Uhum.- ele afirma com os olhinhos brilhantes.
⏱️______________________________⏱️
— Hm..- Jisung balbucia enquanto vai acordando. Logo percebe que está sozinho na cama. — Min?- coça os olhinhos e se senta na cama.
Levantando-se, trajado só com uma blusa do Lee, ele vai até a varanda, com os pés descalços fazendo pouco barulho no chão frio.
Ao abrir a porta, avista o garoto sentado em uma cadeira, com o olhar perdido no horizonte, a brisa da manhã brincando com seus cabelos.
A visão dele traz um sorriso involuntário ao rosto do menor , que se sente atraído pela calma que emana dele.
Sem pensar duas vezes, se aproxima e se senta em seu colo, aconchegando-se no peito dele. O corpo do Lee é quentinho, e o menor se sente seguro ali, como se o mundo lá fora, agora não existisse.
— O que você está fazendo aqui sozinho? — pergunta, aninhando-se mais contra ele, respirando seu cheiro familiar.
— Pensando — Minho responde, envolvendo os braços ao redor da cintura dele, puxando-o mais para perto.
— Pensando em quê? — insiste, levantando a cabeça para olhar nos olhos dele com a curiosidade a crescer dentro de si.
— Na gente — Minho diz enquanto seus olhos fixam-se nos do Han.
O silêncio se instala por um momento, e o menor sente o coração acelerar. Ele nunca se cansa da proximidade, da sensação de estar assim, tão íntimos.
— Eu não odeio você.- Jisung afirma selando seus lábios rapidamente.
— Não me odeia porque transamos?- questiona acariciando o rosto dele.
— Não. Não odeio, porque eu te amo. - confessa e o Lee não evita sorrir de canto.
— Você sabe que isso muda tudo, né? —diz com seu sorriso se alargando enquanto observa a expressão do menor, ainda incrédulo.
— Muda? — indaga , arqueando uma sobrancelha.— Por que mudaria?- se faz.
— Porque você finalmente admitiu — responde, inclinando-se um pouco mais para frente.— Isso significa que você está disposto a deixar de lado todo o drama entre nós.
— Drama é o que menos quero agora — diz, olhando nos olhos dele. — Quero apenas você, sem mais brigas.
— Então tá fácil — Minho sorri com um brilho travesso em seu olhar. — O que você quer fazer agora, sabendo que me ama?
Jisung morde o lábio, pensativo, a ansiedade começando a tomar conta dele.— Eu quero... — ele hesita, um sorriso tímido surgindo em seu rosto. — Quero ficar aqui com você, só nós dois. Sem mais confusões, de verdade.
— Isso eu posso fazer — responde, envolvendo os braços ao redor do menor, apertando-o contra si. — Só nós dois, o resto do mundo pode esperar.- afunda o rosto nos fios dele.
— E, talvez, um café? — Jisung sugere.
— Um café? Agora você está falando a minha língua — Minho ri.— Vou lá, eu faço pra você.
O menor se levanta do colo dele, mas não sem antes dar lhe um último selinho.— Te espero — ele diz, sorrindo, enquanto se dirige para dentro e o maior vai logo atrás.
Realmente tudo muda.
Fim
__________
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.