Acima de sua cabeça, abria-se a imensidão infinita dos céus, tão azuis quanto os olhos daquele, cuja imagem banhada em gotículas marítimas nunca poderia sair da memória de Hannibal – eternamente abrigar-se-ia no interior do maior dos cômodos de seu Palácio da Memória, aquele pertencente àquela única pessoa, àquele homem único –; não possuíam, entretanto, a mesma significância. Uma vez que se recebera o mais profundo olhar, vindo diretamente daqueles magníficos e tão brilhantes orbes, encarando unicamente a ti com paixão evidente, a devoção tão explicita para com sua figura, não se poderia encontrar beleza em qualquer outro lugar, em qualquer outro objeto, que não aquele ao qual seu desejo lhe impulsionava a querer... O azulado sobre si, o ruir das ondas em frente quebrando-se, o majestoso astro em fogo a pôr-se em descanso no horizonte... Nada daquilo realmente apetecia a visão caramelada do psiquiatra, nada poderia levar ao seu peito o sentimento a lhe invadir e lhe preencher por completo no momento em que captava a figura negra, ainda que estranhamente irradiando nas mais diversas cores, de seu doce William.
“It’s beautiful...” Soara a voz rouca, tão arranhada e cansada quanto a própria aparência do jovem fazia parecer. Ele sorria, ainda assim, a felicidade e euforia transbordando por entre seus poros entupidos pelo sangue do Dragão junto ao seu próprio, conforme recostava-se contra a solidez quase rochosa do peito alheio, aconchegando-se ali de uma certa forma nunca antes experimentada por si, colocando-se no lugar ao qual pertencera desde o início, mas do qual lutara tão brava e infrutiferamente para fugir. Não haviam mais escapatórias naquele momento, Graham finalmente percebeu. Nunca houvera algo como tal – eles estavam fadados àquele final e a mais nenhum outro, seria tolice o planejamento de uma nova fuga, quando viam-se tão fortemente moldados um ao outro, impregnados sob as peles, entranhas, de tal maneira que fugir de toda a situação tornara-se a mais cômica das alternativas já imaginadas.
O odor férreo lhe invadia as narinas, rodando-os incessantemente, como fazem os urubus sobre carne putrefata, junto à uma certa ardência nas mesmas em decorrência do clima frio carregado pelo ar daquela noite; sentia-se nauseado, ao mesmo tempo em que deliciava-se imensamente, inalando os odores ao seu redor vezes e vezes seguidas. Queria guardar em sua memória o momento, o cheiro amadeirado, junto ao ferroso, de seu parceiro naquele último crime... A memória é a maior dádiva da mente humana, disseram-lhe uma vez; ainda que se perca tudo em sua vida, haverá em si a memória de dias mais bonitos, mais ensolarados, dias onde haviam sorrisos nos rostos daqueles que amas e o magnífico sangue a lhes marcar as vestes com maestria.
Oh, como havia beleza na forma como cobertos em camadas e mais camadas espessas do tão quente líquido encontravam-se.
Unidos, à beira do alto penhasco.
Aos ouvidos de Will, grudados contra o peito do homem mais velho, vinha a melodia interna daquele para com quem nutria tão destrutivos – e, oh, tão bonitos – sentimentos, o soar de seu coração, acelerado em meio à adrenalina da ocasião... Aquela, sem sombra de dúvidas, era a melhor de suas memórias, não pela morbidez nela explicitada, mas, sim, em decorrência da forma como, mais que em qualquer outra ocasião, eram apenas Will e Hannibal ali, em suas formas mais cruas e primitivas, sem disfarces ou manipulações.
Dois homens apenas, cujas vidas interligadas encontravam-se.
“It’s beautiful...”
De fato, não havia cena mais agradável aos olhos de Hannibal Lecter que aquela, presente logo em sua frente, expondo-se a ele como faz um belo e orgulhoso pavão. Will era o pavão, e o era apenas por ter impregnado nos confins de seu ser a certeza de que sua forma, exposta ao outro de maneira tão natural, era capaz de cativar a atenção do mais incrível homem a caminhar sobre o planeta água. Por isso, orgulhava-se; por isso, exibia-se como a obra de arte, como o canibal via-o.
Ao cair da noite, conforme o último dos raios ofuscantes do grande astro em fogo se apagou, não houve breu. Não, não durante as horas a se seguir.
“It’s beautiful...”
A beleza a cintilar em frente aos olhos amendoados do doutor... a beleza pertencente a Will Graham, e a qual nenhuma outra criatura poderia alcançar, chegava a tornar-se divina, como se o próprio Deus houvesse-lhe esculpido cada uma das curvas, cada uma das linhas de seu rosto, cada músculo contraído de seu corpo, cada sorriso a lhe adornar os deliciosos lábios finos, cada pequeno pedaço de si a deixa-lo tão único quanto ele certamente era... Hannibal ousaria dizer, ainda, que Will era Deus, o próprio e magnânimo ser, mostrando-se em sua mais legítima e magnífica forma... Ele sabia, no entanto, ser esta uma constatação errônea; Will não era Deus, não poderia ser; Dr. Lecter tampouco o era. Mas, juntos, eles desafiá-lo-iam, levariam Seu Sagrado Reino ao chão, uma vez mais.
Ao que, do interior tão inquietantemente quieto do doutor, soou o incansável ruir de seu coração, a bater com uma espantosa velocidade, como se pronto para colocar-se peito afora e pelos confins rochosos esconder-se, o corpo sutilmente esguio surgiu próximo a si, manchado em branco graças ao belo reflexo sobre si exercido pela lua contra as gotículas salgadas da água do mar. Era William Graham, em toda a sua magnitude, mostrando-se puramente àquele a quem mais nutria ódio, e aquele para com quem seus próprios batimentos cardíacos viam-se desenfreados dentro de si – como se, ao colocar seu par de orbes estonteantemente azuis sobre os adoravelmente cor mel de Hannibal, o mais jovem retornasse aos seus doze anos de idade, sendo o pré-adolescente recheado de problemas e paixonites por um ou outro coleguinha. William Graham, quem tencionara, mais de uma única vez, colocar um fim à vida do Estripador de Chesapeake... Aquele mesmo William Graham quem, vergonhosamente, expunha-se ao dito assassino em nada mais que sua completa nudez, seu ser mais primitivo, o qual pouco poderia permitir transparecer para outros além de si mesmo, e, naquele momento, daquele homem também.
O paraíso no qual ambos encontravam-se, construído por suas próprias figuras, por suas próprias mãos calejadas e férteis imaginações, era o pedaço de terra ainda seguro para cada um deles, o único lugar onde, um dia, poderiam encontrar paz tendo como companhia um ao outro – dois seres chafurdados em uma maldade quase mitológica, muitos disseram. Sua paz, não como a paz convencional, advinha de seus momentos compartilhados, repletos daquela magia pertencente a eles apenas; as memórias eram aquelas a engatilhar os sentimentos de puro êxtase e felicidade, aquelas a sobreviverem enquanto tudo ao redor ruía e, como se nada significasse, caía aos seus pés; o mais importante, no entanto, era que, em seu pequeno espaço privado, pertencente exclusivamente a Hannibal e Will, eram apenas os dois, sós em sua própria dança sangrenta.
E, oh, como era bela a sua dança. Repleta de cores, ela era.
Enquanto o mundo ao redor, monocromático como as vestes de um corretor qualquer, e sem qualquer significância maior, da bolsa, afundava-se em seu já tão conhecido cinza, o par tornava-se esverdeado, como o lamacento pântano, ao qual, certo dia, haviam deixado à putrefazerem-se os poucos resquícios mortais de uma pobre vítima. Bailando ao seu redor, o amarelo misturava-se à heterogênea desordem – ainda que, em sua maneira própria de existência, tão ordenada quanto poderia –, radiante como o majestoso sol, o mesmo que, pouco tempo antes, mostrara-se tão pomposamente contra o céu desanuviado. Alaranjado impunha-se entre o violeta, o vinho, o cor-de-rosa, o prateado, o dourado e o marrom, conforme explodiam-se as distintas colorações a rodear a sombra negra do corpo nu de Will Graham... Dele, e apenas dele, era liberada a esplêndida variedade, pelos arredores impregnando-se como faria o mais temido dos parasitas, alcançando a figura alta, imponente e esguia, daquele cuja pessoa cativara o próprio William... O mostro que, com suas garras medonhas e dentes afiados, encurralou o jovem investigador como a um amedrontado animalzinho.
Hannibal Lecter não poderia oferecer ao outro o mesmo a lhe ser oferecido; não poderia irradiar a beleza saída tão delicadamente do interior mesclado em pureza e malicia de seu ilustre companheiro; dentro de si, não possuía a gama de cores presenciada por seu par de olhos maravilhados. Ele poderia entregar, entretanto, a única cor a qual era capaz de produzir: o vermelho. Tão vivo quanto ele próprio, tão radiante quanto fora o grotesco espetáculo pelo casal produzido em mais de uma ocasião, e tão repleto dos mais profundos sentimentos, quanto a cena apreciada devotadamente naquele momento por seus olhos caramelo.
O canibal era atingido repetidas vezes pela reluzente explosão colorida, a mesma lhe rodeando a figura, guardando-o protetoramente da forma como faria o singelo casulo de uma pequena borboleta, enquanto, de dentro de si, sua própria explosão era externada, o belo avermelhado liquidamente lhe escorrendo para fora do corpo, erguendo-se de tal maneira a parecer flutuar contra a noite enluarada. E, então, ao que tocavam-se os corpos ansiosos dos amantes, separados por nada mais que as vestes do mais velho deles, misturavam-se freneticamente as cores, enlouquecidas, o mais arrebatador sentimento de prazer tomando aqueles, cujas figuras pareciam unirem-se em apenas uma em poucos segundos.
“Is Hannibal... In love with me?” Certa vez, ele se permitiu proferir tal pergunta à sua psiquiatra predileta – a única que lhe restara depois dos fatídicos acontecimentos –, hesitação expressa em sua fala, junto a uma leve pitada de sua habitual contenção. Havia algo a que Bedelia não poderia saber, e este algo era o seu extremo e irrefutável desespero interno, a vontade por si sentida em ter ciência dos pensamentos a rodear a mente daquele, cuja imagem esteve, por tanto tempo quanto poderia lembrar-se, em sua própria, enquanto tal pergunta lhe escapava por entre os lábios bem esculpidos.
“... Yes, but do you ache for him?” A perspicácia da astuta doutora não poderia deixar de perceber, e a resposta, nunca em voz alta pronunciada, não poderia ser outra, se não aquela a perpetrar por entre o cérebro obstinado de Will – “Absolutamente”. Verdadeiramente, esta tal resposta ainda seria demasiadamente simples, uma vez que aquela pequenina palavra poderia carregar tantos significados, os mesmos voltando-se, entretanto, a uma única conclusão... A dor e o sofrimento estiveram presentes em todos os momentos, conscientemente ou não, em doses moderadas junto ao desejo... Oh, o desejo, quente como a lava do mais temperamental vulcão, e tão destrutivo quanto, acomodando-se entre as entranhas machucadas de William, embrenhando-se ali e dali recusando-se a sair – era o seu lugar de pertence, no final das contas. Ele desejou o mais velho desde o primeiro momento em que seu par de orbes azuis encontraram a figura altiva, vestida de maneira a não restarem dúvidas quanto ao seu poder, sua finesse; e, ainda, qualquer um veria, fundo em seus olhos cor de caramelo, o brilho incandescente de um sentimento indescritível para com o jovem Graham.
Não havia surpresa, para Will, em constatar consigo mesmo que, de fato, sentiu-se atraído pelo doutor, a surpresa encontrava-se ao ter-se conhecimento de que tal atração não fora restringida apenas a si mesmo. Qual não foi o tamanho de seu espanto, quando soube o sentimento em si desperto ser recíproco?
“It’s beautiful...”
Lindo, como o mar à frente, inquieto, ansiosamente esperando pelo que vem a seguir. Lindo, como o par de burcas coloridas, tão azuis quantos as águas agitadas do oceano, inundadas por sua própria essência, de Will Graham. Lindo, como a forma espectral do magnífico ser conhecido como Hannibal Lecter, brilhante... lindo. Lindo, como a dança perpetrada pela junção de ambos os corpos, sobre a areia, pálida contra a lua, pousados. Lindo, como a peça musical composta por eles e apenas por eles, por suas vozes em uníssono, o soar de sua própria arte contra a noite negra.
“Hanni... Oh, fuck...” Will não pôde conter-se, conforme sentia-se completamente invadido pelo outro, o sexo grosso profundamente enterrado em si, repetidamente lhe levando estrelas à negritude por detrás de suas pálpebras fortemente fechadas. As cores por si expelidas pareciam, naquele momento, mais iluminadoras que anteriormente, instigadas pela luz da grande lua cheia emanada; sua pele, suada encontrava-se, devido ao esforço por si feito ao subir e descer contra o corpo rochoso do outro, agradavelmente pegajosa, cintilando seu brilho aos olhos de seu companheiro, enquanto escutavam-se os baques de ambos os corpos, igualmente desgastados pelo esforço, ainda que fortes, determinados à continuação de seu tão apreciado, tão deliciosamente instigante, ato.
Agora, o canibal costumava ser um homem culto, o linguajar por si utilizado em suas conversas sociais sendo extremamente polido e rico. No entanto, algo em Hannibal felicitava-se, enchia-se de um deleite incompreensível à mente, ao que ouvia palavras de baixo calão vindas dos lábios de Graham em momentos como aquele; ele mesmo permitia-se, vez ou outra, utilizar-se de uma ou outra daquelas palavras, apenas quando necessário, isto é.
Sua mente encontrava-se enevoada, porém, incapacitada de pronunciar qualquer sentença coerente, e, até mesmo, incapacitada de pronunciar som algum não envolvido com seus gemidos roucos, enlouquecidos. Nenhuma palavra suja de sua parte, palavra alguma... Não era necessário, afinal – Will tinha a habilidade de suprir todo o estoque preciso, com tantas daquelas pequenas promiscuidades escorrendo de si como o suor de sua testa, doces em sua voz grossa, tão deliciosas quanto estar dentro dele, envolvido por seu interior extremamente quente e macio, acolhedor ao seu redor. Tratando de Hannibal Lecter, entretanto, não se poderia esperar que ele simplesmente se calasse.
“I am already fucking, Will.” Entre dentes, ele informou, inapropriadamente zombeteiro para a ocasião, o sorriso em seu rosto mostrando ao outro seu completo arrebatamento diante da ocasião. Com um movimento supreendentemente ágil de seus quadris, o mais jovem foi capaz de cessar qualquer tipo de linha de raciocínio estranha de seu companheiro, levando para fora o rugir incontrolado, animalesco, vindo do fundo da garganta do doutor... Will sempre fora muito bom em calar o desgraçado.
Como resposta, ele firmou o aperto feito por seus dedos longínquos contra a carne em chamas, já bastante castigada, da cintura do outro, criando a sustentabilidade necessária para que, no segundo seguinte, pudesse lançar seu próprio quadril acima, punindo-o em sua própria maneira destorcida, conforme acertava-lhe o ponto mais prazeroso do corpo, forte, sem qualquer piedade pelas cordas vocais massacradas de William, quem não poderia controlar, mesmo que tencionasse, os gritos em prazer por si liberados ao vento. As mais belas melodias presenciadas pelos ouvidos experientes de Hannibal, realmente, os olhos coloridos rolando nas próprias órbitas, fora de controle.
Seus movimentos, tão belamente sincronizados como se o par fizesse parte do maior espetáculo de dança já visto, aumentavam gradualmente em intensidade, mantendo-se sempre calmos, calculadamente calmos, sem qualquer necessidade para um aumento em seu ritmo único... Não havia pressa... Não haviam compromissos agendados para qualquer dos dois... Não haviam preocupações... Não havia nada mais além de seus próprios corpos, um ao outro unidos, como se fossem um apenas, em sincronia movimentando-se... Não havia nada mais no ar, que a maresia conhecida e o cheiro de sexo espalhando-se... Não havia nada mais a ouvir-se, que as majestosas ondas a quebrarem-se contra a praia, junto ao soar enlouquecido do par de vozes másculas moldadas em gemidos e urros de prazer... Não havia nada mais que Will Graham e Hannibal Lecter, completamente nus diante um ao outro, sem mais o uso de suas antigas máscaras.
Paz.
Com um último movimento dos quadris habilidosos do jovem, o doutor desfez-se abundantemente, ainda profundamente enterrado contra seu interior maravilhosamente macio, preenchendo-o por completo, como nenhum outro ser poderia fazer. Dentre seus lábios finos, um último gemido escapou, mais prolongado e sutil que seus urros anteriores, ao que sentia o coração em seu peito totalmente disparado, como um louco, a pressão contra o baixo ventre tomando-o por inteiro, oh, tão deliciosamente. William acabou-se no mesmo instante, deixando que, de seu interior, viesse seu líquido contra o próprio peito e o corpo deitado do mais velho, unido ao seu, não exatamente sutil, grito rouco; ele não pudera conter-se por mais um segundo sequer... não diante da expressão contorcida em inigualável prazer na face do doutor, do seu doutor.
Exausto, deixou-se cair suavemente contra o peito suado do outro, o membro ainda deliciosamente dentro de si, sentindo-o quente contra o seu próprio, a respiração desenfreada fazendo-o subir e descer divertidamente. Seu próprio membro apertava-se entre a pressão de seus corpos juntos... Ele não pôde importar-se com tal naquele momento, pois sentiu um dos braços musculosos do outro lhe envolver o tronco, abraçando-o, levando-o para ainda mais perto, mesmo algo deste modo sendo completamente impossível, dado o grau de aproximação entre ambos. Mesmo a menor das distâncias ainda era grande demais...
“It’s beautiful...” Soara a voz rouca, tão arranhada e cansada quanto a própria aparência do jovem fazia parecer. Ainda assim, tão centrada e pronta... Ele o faria, e o faria naquele momento, sem qualquer hesitação de sua parte – vivera repleto de ações que de maneira alguma lhe pertenciam, afinal, era chegada a hora em que revelar-se-ia ao mundo exterior, sem medos, sem mais pensamentos sobre onde aquela decisão por si tomada poderia levar a ambos.
Ele o fez, então.
Arremessou o próprio corpo precipício abaixo, levando junto a si o grande monstro em sua vida, aquele que, ao invés de esconder-se em seu armário, ou sob sua cama, preferira alojar-se dentro do jovem Will, tomando-lhe o único lugar cabível, o lugar o qual não lhe fora permitida a entrada, mas contra tais muralhas lutara com fúria, até encontrar-se seguramente sobre o teto mais alto do mais inalcançável forte que ali encontrava-se, um dos braços erguendo-se vitorioso em direção aos céus.
Hannibal Lecter conseguira aquilo o que mais desejara: o coração de Will Graham. Sobre todos os outros, ele triunfara e sobre seus oponentes tripudiara como sendo o único a alcançar a glória naquele território hostil, inconsistente. Ele caíra; deixara-se cair junto àquele para com quem nutria sentimentos improváveis; deixara-se ser puxado, arremessado junto a ele, para a morte certa, para a borda de seu penhasco preferido; sentira o vento gélido, rápido, lhe atingir o corpo; sentira o aperto das mãos fortes do outro contra si, desespero em seus atos, embora não houvesse medo; abraçou-o como pôde, sem condições para deixa-lo soltar-se, não outra vez; escutara, sobre o rufar do ar agitado a sua volta, a respiração descompassada do outro, junto à sua própria.
Finalmente, sorriu... Pois soube aquele ser o fim...
And when we die, no place to stay... We are in heaven anyway
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