Quando Shikamaru chegou à empresa na quarta-feira de manhã e não encontrou Hinata sentada à mesa, estranhou a falta da morena e foi até Sai buscar informações.
— Sai, onde está Hinata?
— Olá, Shikamaru, bom dia. — Foi um pouco incisivo e viu o chefe se desculpar pela falta de educação. — Eu não sei onde ela está. Nunca se atrasa, na verdade. Vou tentar ligar para ela agora mesmo — o secretário disse de maneira preocupada.
— Faça isso, por favor. E me informe assim que souber dela.
— Claro. Pode deixar — concordou com um pequeno sorriso de lado. O chefe estava preocupado demais com a bela morena.
[...]
Hinata entrou tão rápido dentro da empresa que não notou o homem parado em frente ao elevador, esperando. Seu corpo bateu forte contra as costas largas e se desequilibrou, sendo segurada pela cintura um pouco antes de ir em direção ao chão.
— Tudo bem? — uma voz rouca perguntou e Hinata levantou os olhos, encontrando um olhar preocupado em sua direção.
— Ah… sim. Desculpe! — exclamou sem graça, se afastando e encarando os próprios pés.
— Sem problemas. Parece apressada — o homem comentou analisando bem a mulher.
— Estou atrasada. Por algum motivo meu despertador resolveu não tocar — suspirou chateada.
— Não se preocupe, Shikamaru vai entender. Ele é um cara legal apesar de tudo.
A morena olhou o homem à sua frente e sorriu. Ele estava certo. Shikamaru era legal. Observou bem o ruivo que ainda a encarava e ficou pensando quem ele poderia ser. Parecia alguém íntimo do chefe e era muito bonito. Era impressionante como aquele lugar só tinha homens lindos e atraentes.
Viu quando o homem de olhos esmeraldas deu um sorriso de lado e só assim ela percebeu que estava o encarando há mais tempo do que o recomendado. Sentiu as bochechas esquentarem e pigarreou sem jeito, ouvindo o ruivo rir de maneira anasalada.
— Você é ainda mais bonita pessoalmente, Hinata.
— O quê? Co-como vo-você sabe meu nome? — indagou, irritada por sua gagueira sempre surgir em horas inoportunas. Só então se dando conta de que aquele estranho conhecia muito sobre ela.
— Sou Gaara Sabaku, antigo sócio de Shikamaru. Ele falou muito sobre você — comentou ainda sorrindo de lado. — É um prazer te conhecer.
Hinata abriu a boca de maneira surpresa e o homem a achou ainda mais perfeita depois daquilo, considerando aquele jeito meio inocente e tímido muito atraente. A Hyuuga se lembrava da ligação do chefe no dia anterior, marcando uma reunião com o antigo sócio. Só não imaginou que seria tão cedo e que o homem seria um deus grego, ruivo e de olhos verdes. E, principalmente, não poderia nem sonhar que ele a conhecia. Estava realmente surpresa e curiosa sobre o que Shikamaru teria falado sobre ela para aquele homem.
Acordou do transe quando a porta do elevador foi aberta, sendo segurada por Gaara para que ela entrasse. Ainda corada, passou pelo homem timidamente e ficou encolhida num canto, sentindo o olhar atento sobre si.
— Como tem sido trabalhar com ele?
— Ele é um bom companheiro — falou com vontade de rir, por tudo que acontecera até se tornarem amigos.
— Se ele for um idiota com você, pode me falar, eu virei pessoalmente colocá-lo no devido lugar.
— O-obrigada, senhor Sabaku — disse com um sorriso contido.
— Me chame de Gaara. Senhor Sabaku me põe muito velho. Não pareço muito velho, pareço? — perguntou com as sobrancelhas arqueadas.
— Não mesmo — respondeu rindo. — Gaara.
— Bem melhor assim — disse piscando para ela e saindo do elevador.
Os dois caminharam lado a lado e passaram por Sai, que falou com a Hyuuga sobre o desespero do chefe graças à sua ausência. Ela se desculpou, justificando que não atendera o celular por já estar em frente ao prédio.
— Parece que você é requisitada.
— Será que vou receber uma bronca?
— Não enquanto eu estiver aqui. E espero que nem depois. Pode me passar o seu número e me contar se Shikamaru brigar com você.
— Está pedindo meu telefone? — perguntou surpresa.
— Se não for muita cara de pau, estou, sim.
Hinata sorriu sem jeito e acenou positivamente com a cabeça, fazendo o ruivo devolver o sorriso de maneira sexy e lhe estender seu aparelho celular.
Digitou o próprio número e devolveu para o homem, que salvou o contato. Eles entraram na sala ainda sorrindo um para o outro e atraíram a atenção de Shikamaru, que estava lendo alguns papéis.
— Hinata! Fiquei preocupado com você.
— Oi, Shikamaru. Desculpe o atraso, meu despertador não tocou. Acabei ficando sem tempo de avisar.
— Sem problemas. O importante é que chegou bem — falou aliviado e feliz em ver a morena.
— Oi, Nara. Eu estou aqui também, sabia? — Gaara perguntou de maneira irônica, fazendo a mulher rir.
— Ah, oi. Quero dizer, que bom que chegou. Precisamos repassar alguns detalhes antes da reunião com os Uchihas.
— Sou todo ouvidos. — Sentou-se em frente ao amigo, lançando um último olhar para Hinata, que sorriu contidamente e se ocupou com suas tarefas.
Conversaram por um tempo, concentrados no assunto até que um movimento ao lado fez ambos os homens virarem-se e encararem Hinata, que se encontrava em pé, passando a mão na saia, tentando desamassá-la.
— Ah, desculpem! Eu vou buscar café. Querem? — a mulher perguntou distraída.
Os dois homens concordaram e acompanharam com o olhar a mulher dar a volta na mesa e sair da sala, andando de forma elegante. Os dois voltaram a se encarar e o clima parecia um pouco diferente.
— Ela é realmente muito linda. Além de ser gentil — Gaara comentou provocando.
Shikamaru teve que se controlar para não bufar e deixar aparente seu desgosto em ouvir o amigo elogiando Hinata.
"Agora todo mundo que vier aqui vai se interessar por ela?", pensou nervoso, lembrando-se de Naruto, que também havia demonstrado desejo pela perolada.
— É mesmo — concordou forçando um sorriso. — Fico feliz que eu e ela nos acertamos.
— Eu também. Ela não merece alguém como você sendo arrogante e rabugento.
— Eu não era rabugento! Só… um pouco arrogante — confessou sem graça, fazendo o ruivo rir distraidamente.
— Se é nisso que acredita…
— Vamos voltar a falar da reunião com os Uchihas, sim?
Gaara concordou ainda rindo e logo voltaram a decidir como convencer Fugaku a permitir a preciosa ajuda de Sasuke na GTS.
[...]
Hinata enchia tranquilamente sua xícara de café quando sentiu alguém se aproximar dela, se virou rapidamente e encontrou Sasuke com seu habitual sorriso galanteador.
— Oi, princesa. Está linda hoje.
— Obrigada, Sasuke! — falou sorrindo e corando.
Era impressionante como as coisas mudavam tão rápido. Em um momento, se sentia tímida e considerava Sasuke um homem com testosterona atacada; no outro, ela entendia que não passava de um bom amigo que gostava de colocá-la para cima.
— Como está sendo o dia?
— Eu me atrasei e esbarrei em um ruivo bem bonito. Acho que as coisas estão equilibradas.
Sasuke gargalhou e concordou com a cabeça enquanto a mulher sorvia alguns goles da sua bebida.
— Você é terrível, Hinata. Gosto disso — o homem exclamou rindo. — Já que estamos falando de homens bonitos, devo dizer que estou realmente disposto a conquistar o Uzumaki.
— O goleiro do Cruzeiro realmente fisgou seu interesse, senhor Uchiha?
— Quem diria, não é? Ele era um palhaço quando éramos adolescentes. Reencontrá-lo agora tão… maduro e... gostoso. Foi chocante!
Hinata sorriu com a empolgação do amigo e concordou. Era bom saber que agora conhecia-o realmente. Antes que pudesse dizer alguma coisa, Sai passou pelos dois morenos e os cumprimentou.
— O Sai também é uma gracinha, né? — Sasuke comentou analisando o secretário que sorria para a moça da lanchonete. — Ele nunca respondeu às minhas insinuações. Com certeza é hétero. Ninguém resiste ao charme Uchiha.
A Hyuuga arqueou as sobrancelhas e riu. Era impressionante como a autoestima de Sasuke era elevada, a mulher ficava impressionada que seu ego inflado coubesse no prédio.
— Bem humilde, hein, Sasuke?
— Realista! — falou, piscando para ela antes de se despedir e se afastar.
A morena terminou seu café e encheu os que levaria para Gaara e Shikamaru. Caminhou calmamente até a sala e entrou, reparando que os olhares se voltaram para ela de imediato.
Deixou as bebidas na mesa do Nara e sorriu para os homens antes de se sentar à sua mesa, sem sequer notar que Shikamaru lançava um olhar ameaçador a Gaara, que apenas sorria desafiador.
[...]
Gaara entrou na sala de reuniões, encontrando Sasuke que olhava distraidamente para o celular. Quando os olhos do Uchiha se levantaram e encontraram o ruivo, ele sorriu e se levantou.
— Gaara, fazem o quê…? Cinco anos?
— Bem por aí, Sasuke. Como vão as coisas?
— Tudo ótimo. Como vai a família? Temari continua aquele furacão loiro?
— Não poderia ser diferente — riu com o outro. — Meus pais estão bem, enfim, tudo ótimo também. Meu único problema é esse que talvez você possa me ajudar.
— Shikamaru já nos deixou a par de tudo. Agora nos resta falar com meu pai. Sente-se, ele já está vindo.
Concluiu a frase alguns segundos antes de Fugaku entrar junto do jovem Nara.
— Gaara! Não te vejo desde… Bom, eu não me lembro. Alguma festa de aniversário do Sasuke?
— Possivelmente, senhor Uchiha.
— Seu pai ainda tem aquele iate em Guarapari? Eu decidi vender o meu.
— Rasa também se livrou da Dama de Ferro, mas pretende comprar uma lancha para as férias.
— Acho legal botar o papo em dia, mas temos uma agenda a cumprir — Shikamaru comentou, tentando não soar indelicado.
— É, pai, tenho uns clientes para visitar — Sasuke comentou, digitando alguma mensagem no próprio celular.
— Certo, certo. Vamos marcar outro encontro, então. Unir as famílias em alguma festa, hã? Acho que seria bom para relembrar os velhos tempos.
— Claro, seria ótimo, senhor Uchiha — o ruivo sorriu.
Então Shikamaru deu início às negociações: do valor do contrato temporário de Sasuke, de como a GTS poderia se tornar uma parceira da Nara & Uchiha, recebendo trabalhos menores, quase como uma terceirização, não precisando assim de uma fusão. Os prós, os contras, tudo foi medido. E, obviamente, o Nara apelou um pouco para o sentimental, alegando o quanto eles deram duro naquela pequena empresa, o fato das famílias poderem se unir de alguma forma, algo meio nostálgico.
Por fim, fecharam o acordo. Sasuke receberia um valor razoável, poderia conciliar os horários e se dedicar a ambas as empresas, e a GTS tinha esperança de novo.
[...]
Hinata chegou em casa naquela noite, após um dia relativamente tranquilo de trabalho, tomou um banho rápido e preparou um miojo para saciar a fome.
Estava mexendo no celular, distraída com o feed de notícias do Facebook quando recebeu uma mensagem de um número desconhecido em seu Whatsapp.
“Diz para mim, o Nara te deu sossego mesmo? 19:58”
Ela precisou pensar por um instante até se lembrar que havia dado seu número a um certo ruivo muito bonito. Adicionou o contato e respondeu, incapaz de conter um sorrisinho:
“Definitivamente 20:01”
“Ele se tornou um cara bem legal, mas obg por se preocupar :) 20:01”
“Acaba sendo uma boa desculpa para falar com você rsrs 20:02”
A Hyuuga mordeu o lábio inferior, contente pelo que leu. Estava mesmo a fim de conhecer um cara legal, só não sabia muito bem o que deveria responder. Não queria parecer atirada, muito menos desesperada, mas precisava deixar claro de alguma forma que tinha certos interesses nele. Aflita, resolveu mandar uma figurinha. Eram sempre uma boa escolha, pensou enquanto procurava algo fofo, como um gatinho sorridente.
Para seu completo espanto, acabou tocando na imagem ao lado, algo que recebera de sua irmã há um tempo, quando a garota estava comentando que seu flerte havia dado certo. Nem ela sabia o motivo de ter salvo aquilo. A bendita figurinha consistia em um pequeno retângulo vermelho com os dizeres em branco: “Estudos apontam que se você quiser, eu quero”.
Hinata quase teve um infarto ao ver que Gaara havia visualizado, não tendo tempo de apagar a mensagem. Pensou seriamente em se esconder debaixo da cama pelo resto de sua vida, desejou ser abduzida por aliens, o que também seria de grande ajuda, mas nada disso era uma boa solução. Antes que continuasse aquele ataque de pânico, ouviu o som característico de uma mensagem recebida.
Olhou para a tela do celular, a respiração falhando, o coração acelerado como nunca, e o que viu foi bem mais animador que esperava:
“Olha, é só vc falar quando, princesa. Tô ao seu dispor 20:07”
Assim, Hinata Hyuuga faleceu. Foi o que ela imaginou, tal era a emoção que sentia. Depois de tanto tempo sem paquerar, ou apenas papear com o sexo oposto, aquilo era um avanço digno de ser comparado com a chegada do homem à lua. Pelo menos, na opinião da morena.
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