— Obrigada por se preocupar — falou irônica — Seong, você poderia trancar a porta para mim?
— Claro — disse indo em direção a mesma — pronto, mas por que quer deixar a porta trancada?
— Porque foi o que Tae me mandou fazer antes de sair ontem.
— Ele está em casa? — perguntei olhando ao redor.
— Não, ele saiu por dias indeterminados e pediu para eu ficar trancada em casa.
— Por isso não foi a escola? — assentiu em resposta.
— Mas qual a razão de você não poder sair? Não seria só porque ele não está, seria? — indagou Seong.
— Essa parte não é da conta de vocês — falou séria.
Ao ouvir as palavras da menor deitada no sofá ao meu lado, lembrei da conversa que tive com a mesma na noite anterior. Taehyung deve ter dito para ela não sair, para que assim, ficasse segura, infelizmente isso seria uma tentativa falha já que adentrar uma casa trancada não é difícil para um assassino experiente.
Seong encarou-me, fiz o mesmo. Seu olhar entregava o quão confuso estava.
— Estão admirando a beleza um do outro? — Jaína pronunciou-se.
— Quero que vá a escola, não faz sentido ficar aqui dentro. Não há o que temer lá fora — disse para ela.
— Você não sabe de nada — reforçou.
— Jaína, Yoongi tem razão. E também — gesticulou os braços como se fosse um lutador de box — a gente vai estar lá para te proteger seja lá do que for.
Ela riu sentando lentamente no sofá, sua expressão aos poucos voltava a ser aquela a qual acostumei ver desde que somos amigos, um sorriso espontâneo acompanhado de um olhar verde brilhante. Não vou me cansar de pensar em como essa gaeota me cativa.
— Seong se eu soubesse que você era engraçado assim, teria te dado uma chance de conviver comigo a mais tempo — falou levantando-se.
— Não faça isso, você não sabe o que teria de suportar. — falei rindo ao ver a feição ofendida de Seong — Enfim, amanhã te busco para irmos juntos a escola.
— Yoongi eu não vou.
— Isso é o que veremos — insisti.
Passei para o lado de fora ouvindo o barulho da chave trancando a porta. Realmente havia me preocupado quando não a vi caminhando a minha frente ao ir para a escola, eu pensei na possibilidade dela ter perdido a hora, mas isso não seria de seu feitio.
— Quer minha ajuda para resolver o problema com Hoseok? — perguntou Seong assim que abri o portão a frente de minha casa.
— Não, a dela vai bastar. Não faço parcerias com assassinos, além do mais, se Hoseok precisar de alguém você estará aqui.
— Ele é do tipo que precisa de ajuda?
— Não, e se precisar é capaz de matar a pessoa que o está ajudando de ódio por não conseguir se virar. Ele quase me matou uma vez porque quis salvá-lo.
Seong atravessou a rua um tanto assustado, nada fora do comum. Adentrei minha casa, subi para o quarto guardar minha mochila. Olhei pela janela, minha visão era apenas de outra janela, mas essa estava fechada.
Passei o restante do dia em frente ao meu piano, a música que compus esse tempo todo era um tanto carregada e sombria.
Me preparei para sair, aproveitaria o tempo, depois de me divertir, para ir a casa de Jaína. Talvez Suga a convença mais que Yoongi de ir a escola.
As ruas como sempre com poucos pedestres, raramente um carro passava. O vento gelado em meu rosto me trazia certo prazer, também trazia lembranças amargas de Camboja, me pergunto o quanto aquele lugar mudou nesse um ano que não a visitei.
Andando por uma rua mais calma avistei um homem sozinho, sua vestimenta entregava sua autoridade. Não fazia ideia de quem era aquele homem, mas não custaria a descobrir se seria com ele que iria brincar.
O segui cautelosamente, mas ele estranhamente me notou virando-se de forma brusca com uma arma em mãos.
— Muito rápido para alguém comum — falei levantando as mãos — em que categoria você trabalha?
— Não fale comigo como se fosse uma pessoa comum! — esbravejou com a arma nas mãos tremulas.
— Vejamos só, até a garotinha de dezesseis anos que conheço tem mais coragem que você — ri do homem.
— Garotinha de dezesseis anos? — apavorou-se — Está falando de Jaína?
— Oh, então você também a conhece — tombei a cabeça para o lado — quando eu conversar com ela novamente tenho que me lembrar de pedir que lhe ensine a ter coragem.
— Novamente!? Está me dizendo que vocês se conhecem?
— Claro! E devo admitir que eu jamais pensei que a ajudante do delegado fosse ter interesse em conversar com um assassino como eu.
— Espera... Como você sabe que sou o delegado? — a arma caiu das mãos já sem forças do homem.
— Fácil. Suas roupas, o fato de conhecer ela e sua indignação ao saber que conversamos — tombei a cabeça para o lado — e agora, o que será que faço com você? Te mato? Ou talvez te deixes vivo para caçar-me?
O homem deu pequenos passos para traz, logo em seguida virou-se e saiu correndo. Não iria me esforçar para pegar ele, pois não pretendo matá-lo. O deixarei vivo para que as coisas por aqui não virem um caos.
Comecei a caminhar pelo caminho ao qual havia vindo minha vontade de matar alguém não está mais presente em meu corpo. A única vontade que tenho é de ver se ela ainda está com medo de mim.
Entrei mais uma vez pela janela do quarto da menor, ela estava dormindo com seu rosto afundado em meio ao travesseiro e, em meio aos seus braços encontrava-se um coelho de pelúcia. Ela ficava linda no escuro em meio aos lençóis de tom claro.
— Ei, acorde — falei baixo a balançando para os lados, mas nada aconteceu.
Puxei sua pelúcia e passei a olhá-la. Era incompreensível como alguém como ela pode ter um lado tão fofo. Olhei a garota novamente e ela estava sentando-se na cama enquanto coçava os olhos.
— Suga? — pronunciou baixo encarando-me — O que veio fazer aqui novamente?
— Percebi que alguém não foi a escola. Continua com medo de mim?
— Não. Eu só simplesmente não vou sair.
— Deve haver um motivo.
— Posso ligar a luz?
— Não — respondi em tom mais alto — e não mude de assunto.
— Por que você quer eu vá a escola? Não é estranho pedir-me isso? Não é mais estranho ainda que alguém teve essa mesma conversa comigo?
— Está dizendo que já tem uma suspeita de quem eu possa ser? — ri soprado — Francamente, você é bem inteligente, mas cuidado para não tirar conclusões precipitadas. Se fosse tão fácil assim descobrir quem sou, eu já estaria morto.
— Sabe, não seria um problema eu saber quem você é já que nunca iria dizer a ninguém.
— Então porque está tentando descobrir quem sou?
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