O relacionamento de Hu Tao e Yanfei era uma coisa saudável e carinhosa — por algumas vezes. A Consultora Jurídica estava bem acostumada a escutar Hu Tao contando algumas coisas meio sem sentido ou sobre a própria funerária. Porém, algo que sua namorada falou em um passeio pelo porto mexeu com a meio adepti.
— Ei YanYan, se um dia eu morrer, espero virar uma bela borboleta — dizia segurando bem carinhosamente a mão da namorada enquanto olhava para o céu
O breve choque veio à meio adepti que logo respirou fundo e olhou para a morena.
— Que história é essa Hu Tao? Você ainda vai viver muito, pense que ainda há muitos caixões para vender e gente para assustar — disse dando uma risada para tentar animar o clima.
— Tá tudo bem, YanYan, era brincadeira como sempre faço. Viveremos muito juntas ainda — diz, dando seu sorriso habitual e puxando a namorada para um selinho rápido.
O passeio continuou tranquilamente até que cada uma das duas teve seus afazeres e ocupações.
Assim que Hu Tao fechou a porta da funerária, a mesma começou a tossir muito, rapidamente manchando suas mãos de sangue.
— Você ainda não contou a ela, não é? — perguntou o aposentado arconte geo saindo de trás de uma pilastra.
— Que isso? Logo estarei melhor, não preciso preocupa-la com isso — disse tossindo cada vez mais sangue.
Zhongli olhava com um olhar apreensivo a sua chefe.
A pouco mais de uma semana, Hu Tao começou uma crise de desmaios e tosses seguidas por sangue muito constante. Assim que Baizhu foi chamado para dar uma olhada, deu a triste notícia que ela havia contraído uma doença sem cura — pelo menos não que o homem de cabelos verdes soubesse.
A dona da Funerária Wangsheng continuou sendo bem otimista, levando sua vida, e mais importante: escondendo a tal doença dos amigos e da própria namorada. Não queria fazê-los perder o tempo se preocupando por uma breve doença.
[...]
Na próxima semana, o casal saiu novamente para um breve passeio, e Hu Tao continuou com o mesmo assunto.
— YanYan, se um dia eu me for… você me faria um caixão bem bonito? — perguntou andando à frente da namorada.
— De novo com isso, Tao? Já lhe disse que viveremos muito. Mas sim, se esse dia chegar, lhe farei um lindo caixão — respondeu meio preocupada, sua namorada não era de tocar no mesmo assunto tão cedo.
Semanas foram se passando e sempre no seu passeio de tempo livre a morena veio com essas mesmas conversas. Aparentava estar bem, saudável e energética.
Mas sempre que se separavam e a morena fechava as portas atrás de si, seu estado piorava. Antes eram gotas de sangue que sujavam as mãos, agora são poças de sangue que sujam toda a entrada de vermelho, deixando Hu Tao extremamente fraca e incapaz de parar em pé.
Ao longo dos dias, Hu Tao foi começando a ficar pálida e seus olhos meio sem vida, cheio de olheiras, porém, na frente das pessoas — principalmente na frente de Yanfei — queria aparentar estar bem, mas estava começando a ficar difícil.
— Ei Yanfei, não era para estar com a Hu Tao como sempre fazem? — falou Xiangling, que sempre via as duas passarem por ali de mãos dadas.
— Ah, hoje não. A Tao está meio ocupada, parece que chegou um pedido de caixão hoje — a Consultora jurídica dizia com um tom de preocupação evidente.
Uma, duas semanas se passaram e Hu Tao estava sumida das ruas, não falava com ninguém sobre as promoções da funerária ou entregando alguns panfletos por aí e sendo parada às vezes por alguns Millelith.
— Zhongli, olá! A Hu Tao está muito ocupada? — perguntou abrindo a porta da funerária.
— Ah, Yanfei, na verdade, acho que tem algo que ela gostaria de contar a você. Me acompanhe. — O moreno, com tristeza em seu olhar, encarava a meio adepti.
Zhongli guiou a jovem até o quarto de Hu Tao, onde a morena estava deitada com uma cara meio fechada.
— HU TAO! O que aconteceu com você?! — perguntou eufórica, quase tropeçando em seus próprios pés enquanto corria até sua cama.
— YanYan, você está aqui... Pelo menos vai poder cumprir a promessa do caixão bonito — Tossiu. — para a sua namorada, né? — disse dando um pequeno sorriso, mas na metade, acabou tossindo um pouco de sangue trazendo choque ao rosto de sua namorada.
— Hu-Hu Tao, o que aconteceu com você? Está tossindo sangue, pele pálida, olhos cansados… — dizia com uma extrema vontade de chorar, porém se segurando e sendo forte. — Já chamou o doutor Baizhu?
— Ei YanYan, me desculpe, eu tenho escondido isso de você há muito tempo. Na verdade, o Zhongli o chamou nos primeiros dias, porém ele disse que essa doença meio que era fatal.
A jovem de cabelos rosas ouvindo isso não conseguiu mais conter seu choro e começou a desabar em cima dos lençóis que cobriam sua namorada.
Zhongli olhava tudo aquilo da porta e ficava bastante desanimado, por mesmo sendo um arconte, o mesmo não conseguiria fazer nada para ajudar no estado de Hu Tao.
Yanfei acabou deixando um pouco de lado seu trabalho de Consultora jurídica. Ela adorava isso, mas estava com medo de perder seu tempo com Hu Tao.
Enquanto juntas, a morena parecia mostrar melhoras, elas brincavam e riam juntas e Hu Tao estava parecendo muito melhor.
— Ah, Tao… você me sujou toda de tinta, como irei terminar esse caixão — dizia dando uma risada serena e alegre enquanto ajudava sua namorada a decorar um caixão
— Mas essa é a Brincadeira, YanYan. — Pegava mais um pouco de tinta e passava na bochecha da meio Adepti rindo levemente. — Você está parecendo um arco íris, YanYan — dizia se aproximando e beijando docemente sua namorada.
— Te amo Tao, e quem sabe esse caixão aqui fique para vidas mais a frente. Afinal, você está melhorando, né? — dizia pintando a bochecha da morena.
— Também te amo, YanYan. Mas isso só o tempo dirá, ninguém pode controlar essas coisas.
[...]
Mais semanas se passaram e Hu Tao já estava bem melhor. Cuspindo menos sangue e até voltando a dar uns breves passeios com sua namorada.
— Ei Tao, aquela constelação lá é linda, não é mesmo? – Apontava para a constelação em formato de borboleta.
— Sim. Linda, YanYan. Um dia espero ser como ela — diz abraçando a jovem de cabelos rosados.
Com a extrema melhora de Hu Tao, Yanfei voltou a suas atividades de Consultoria jurídica, mas uma pessoa veio a sua visita e os assuntos não eram judiciais.
— Senhorita Yanfei, sinto muito aparecer aqui do nada, mas a situação da Hu Tao piorou drasticamente. — Zhongli entrou com uma certa pressa.
A meio adepti levantou correndo e largando tudo para trás, indo até a sua namorada.
— NÃO! Ei, Tao... consegue me ouvir? — disse caindo de joelhos ao lado da cama da morena. — Hu Tao, me responde!
— Yan..Yan, você veio me ver… — dizia levantando a mão trêmula e encostando na bochecha da namorada. – Obrigada, YanYan, pela felicidade e por ter me amado até o último dia da minha vida. Nunca lhe esquecerei. — Tossiu. — Falarei a todos os espíritos o quanto minha namorada Yanfei era incrível. — Dessa vez, a morena dizia em lágrimas, enquanto acariciava a bochecha da amada.
— Não fale isso, Hu Tao. Você vai sobreviver, vamos viver muito ainda. Por favor, você consegue ser forte, né? — dizia tremendo e segurando a outra mão de sua namorada. Sua mão estava muito fria mesmo sendo usuária pyro.
Antes de falar mais alguma coisa, Hu Tao começou dessa vez a vomitar um monte de sangue, em seguida, olhando para os olhos de Yanfei.
— Te amo YanYan… E lembre-se: eu serei uma bela... borboleta... — Ao terminar de falar, a mão de Hu Tao soltou a bochecha da namorada aos poucos e caiu aos lençóis da cama.
— HU TAO! EI, ACORDA! NÃO ME DEIXA, TAO!? AAAAAH! — A jovem gritava e esperneava, chorando e se lamentando enquanto ainda segurava a mão agora sem vida da pessoa que mais amou.
A tristeza de Yanfei foi ouvida por todos ali próximos, principalmente por Zhongli, que estava na parte de fora do quarto. Tal tristeza também atingiu o aposentado arconte, vendo tudo isso acontecer
[...]
Um mês se passou desde a morte de Hu Tao e podemos dizer que Liyue — ou a Funerária Wangsheng — não era mais a mesma; principalmente Yanfei. A perda foi difícil para ela, então a meio adepti se isolou em seu escritório chorando por horas e horas enquanto segurava o antigo chapéu de Hu Tao.
Saiu um dia para ver um pouco as estrelas, foi ao local que ela e sua namorada costumavam ir.
— As estrelas estão lindas hoje, igual naquele dia... do nosso primeiro beijo. — Lamentou-se olhando para o céu, porém, se encolhendo para chorar um pouco pelas lembranças.
Em sua mão, que estava para fora, apoiou-se uma borboleta. Era uma bela borboleta com cores pyro vibrantes.
— Tem razão, você agora deve estar contando a todos como teve uma namorada incrível, não é, Tao? — Sorriu para a borboleta em sua mão enquanto lágrimas escorriam de seu rosto.
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