A luz pálida da lua era a única fonte de iluminação que Charlie poderia ter. Encontrava-se, agora, no quarto que já considerava seu. A moça não apresentava o mínimo de cansaço, masmo que a madrugada já tenha se feito presente. A sua frente podia se ver dois computadores e um tablet, todos ligados em paginas diferentes,porém relacionadas a jogos. A ruiva tinha em mãos um livro de “Harry Potter” que estava relendo, novamente. Estava muito entretida com a estória, mas ainda sim sabia que tinha uma tarefa, e com isso em mente, fecha seu livro e arruma-se sentada na cama.
-- Então...Não sei bem como funciona isso, mas acredite, eu estou rezando, então se pudesse aparecer aqui Castiel...-- Proclama com os olhos fechados, logo reabrindo-os devagar para checar se havia ocorrido algum efeito. -- Qual é Cass? Eu to rezando aqui! Eu preciso mesmo de ajuda, é muito sério.-- Outra vez o silêncio domina o quarto e Charlie começa a se questionar se Sam realmente tinha lhe ensinado certo, porém, um leve farfalhar a faz perder o foco do pensamento.
-- Qual o problema Charlie? -- O anjo fala frio,mas sem realmente ter essa intenção.
-- Boa noite para você Charlie! Como vai? Bem? Que ótima notícia. -- As falas carregadas de sarcasmos só fizeram confundir o anjo por completo, fazendo-o tombar a cabeça levemente para a esquerda. A ruiva revira os olhos para o ato, mesmo o achando muito fofo -- Esquece Cass. -- A semelhança presente entre a ruiva e Dean, fez Castiel se lembrar da razão de precisar ser breve.
-- Você não está em perigo, então acho que já posso ir.
-- O que? Não.-- A ruiva fala rápido, antes que o moreno desapareça -- Eu não te chamei por isso.
-- Por que me chamou? -- Outra vez a confusão dominou o olhar do moreno, que estava tão perdido como nunca.
-- Eu quero conversar.
-- Sobre o que? -- Pergunta vendo a outra sentar-se novamente na beirada da cama, e o chamando para acompanha-la.
-- Sobre você e Dean.
A curta frase pronunciada, agiu como um tsunami em meio ao cérebro de Castiel, destruindo e levando toda a sua estrutura. Sentiu seu peito doer e seus músculos amolecerem, tinha certeza de que se fosse humano, já estaria morto no chão há alguns segundos atrás. Toda a força que possuía no momento foram direcionadas a busca de um outro sentido para aquela frase, que não fosse aquele que tanto temia.
-- Vocês brigaram, não foi?-- Fala, com a preocupação estampada no olhar.
Novamente a voz feminina pode ser ouvida, quebrando a placa de gelo que se formou no raciocínio do anjo, que finalmente conseguiu encarar a humana ao seu lado. A suposição que lhe foi dada de bandeja serviu mais do que perfeitamente para um desculpa coerente, e ele a aceitou de bom grado. Não aprovava mentiras, mas ele já não era mais um santo e sua situação era mais do que preocupante.
-- Sim.-- Mentiu.
Charlie acreditava que uma possível briga era bem provável de ter acontecido. Seria uma explicação perfeita para a agressividade e grosseiria do loiro e para o sumiço do moreno. Já tinha aceitado tal ideia em sua cabeça e até planejado, junto de Sam, uma reconciliação. Mas toda sua certeza foi por água abaixo no momento em viu a reação do Anjo quando tocou no nome do caçador. A respirção acelerada e as pequenas gotas de suor, que teimavam em descer pela testa alva do outro, fizeram com que Charlie reconsiderasse suas suposições. Ela podia ser nova e até um pouco ingênua em certos assuntos, mas agora, tinha umas novas certezas ; a) Uma briga não causaria esse efeito em ninguém. b) Podia não saber o que aconteceu, mas não cometeria a garfie de achar que sabia. c) E tinha alguém mentindo descaradamente para ela.
-- O que aconteceu? Pode me contar? -- Pergunta, tentando descobrir se seguir com o plano era ou não uma boa opção.
-- Para dizer a verdade, eu não entendi muito bem o que aconteceu.
-- Entendo.-- Analisa o anjo com o olhar -- Olha , não se preocupa, sei que vocês vão se acertar. O Dean pode ser pior que uma mula algumas vezes mas ele não é injusto. Eu te chamei mais por que eu e Sam ficamos preocupados com seu sumiço -- O anjo desvia o olhar por um instante, prendendo-o em um ponto qualquer do quarto, tentando ao máximo expulsar o sentimento de culpa que o invadiu -- Ele até pediu para chamar você para conversar.
-- Como?-- pergunta, verdadeiramente curioso.
-- Amanha de manha, nesse endereço aqui. -- Charlie fala lhe estendendo um papel com um endereço gravado. A desconfiança logo atingiu Castiel, muitos pontos soltos para uma unica história.
-- Se ele quer conversar, por que não me chamou?
-- É que o Dean tem andado meio... diferente ultimamente. Sam quer conversar sem correr o risco de que ele escute. A verdade é que estamos um pouco preocupados com ele também. Sam acredita que você possa ajudar a descobrir o que tá’ acontecendo. -- Podiam dizer qualquer coisa sobre Charlie, mas nunca que se tratava de uma má atriz. Deavido suas novas certezas teve que mudar um pouco a estória que deveria contar e acabou tendo que improvisar, porém se sentia muito confiante. Até mesmo ela acreditaria.
A desconfiança em Castiel ainda era presente, mas com menos intensidade. Os olhos da outra pareciam dizer a verdade, e ele se perguntou se por acaso o comportamento de Dean não tenha sido causado pelo que aconteceu algumas semanas atrás. Mas não quis se prolongar nesse pensamento.
A única coisa que realmente se fez notar, foi a saudade sentia do caçador. Como um soluço incômodo que nunca vai realmente embora. Depois da primeira semana sem dar notícias, Castiel acabou vencido pela falta sufocante que sentia, e sem que pudesse ser visto, passou uma noite inteira velando o sono do loiro, como se ele fosse a mais bela das obras de arte. Sabia que se Dean soubesse disso provavelmente se sentiria bastante incomodado e irritado,mas não era como se pudesse evitar. Não era como se pudesse simplesmente fechar os olhos e dizer que nada conteceu, até porque, toda vez que os fechava se deparava com as formas perfeitas que era o rosto do Winchester. Não podia entrar em nenhum bar de esquina e beber, pois além da dificuldade para ficar bebado, o bar provavelmente conteria o cheiro de alcóol que era marca registrada nas roupas do loiro. Nunca se sentiu tão encurralado e temeroso como agora,mas não ia demonstrar e muito menos negar o pedido de Sam, pois se Dean precisava dele, Dean teria ele.
--Certo...-- Fala pegando o papel das mãos de Charlie.-- Se não me engano, acho que você já deveria estar dormindo.
-- Você tem razão -- A ruiva fala, finalmente sentindo o sono lhe alcançar. Estava mais do que satisfeita com o resultado de seu trabalho-- Cass...-- Chama quando percebe que o outro já se preparava para partir.
-- O que?
-- Boa noite. -- A garota sorri, terna.
-- Boa noite Charlie.
**************
Dean acorda ao som de uma música que não lembrava de conhecer. Esfregando os olhos pelo sono, quase estapeia o irmão que o sacudia freneticamente sorrindo.
-- Qual é o seu problema? -- fala conseguindo acerta-lo com um travesseiro.
-- Já te disseram que você é lindo quando acorda?
-- Sim, todas sextas. -- Dean fala irônico, arrancando gargalhadas gostosas do moreno. -- O que foi Sammy. -- Levanta-se a procura de uma blusa, já que so vestia uma calça moletom.
-- Nós temos um encontro hoje-- o moreno fala, sem demonstrar empolgação -- Charlie mandou aparecermos aqui-- lhe entrega uma papel com um endereço -- disse para irmos bem vestidos e arrumados.
-- Só pode ser brincadeira -- Revira os olhos. Não estava nem um pouco afim de ter esse tal encontro, e até poderia criar um caso, mas sabia da vontade que o irmão tinha e tentava esconder. Faria por ele, e só por ele. -- Acha que essa roupa serve?-- Aponta para o próprio corpo.
-- Claro, se você quiser que ter a Charlie te xingando por uma tarde toda. Como é? Juro que não vai doer nada-- Sam se aproxima do irmão e sussurra em seu ouvido-- E pode até ter recompensa depois. -- Sam estava realmente animado. Queria que ele o loiro se resolvesse logo com Castiel para que seu humor voltasse.-- Charlie disse para irmos separados, então eu vou na frente. -- Disse já se longe do loiro, que o encarava um tanto quanto surpreso. Primeiro pelo que acabara de escutar e ,segundo, por só ter reparado nas roupas do moreno nesse momento; Blazer preto, camisa polo cinza e uma calça cáqui que ele nem sabia da existência. Estava lindo, como sempre.
-- Mas... e o café?! -- Dean gritou para que o outro ouvisse.
-- Não acho que vamos passar fome!-- gritou sem olhar para trás -- Te vejo em alguns minutos.
Sam saíra do bunker e entrou no carro vermelho, que tinha como motorista a ruiva. O plano estava andando corretamente, só faltava esperar Dean se arrumar.
*********
Dean encarava indeciso suas roupas. “ Eu to’ parecendo uma adolescente! Que merda!” . Sua irritação fez com que ele escolhesse a primeira coisa em que seus dedos tocaram, sem se importar se era apropriado ou não. Já havia tomado uma banho e estava comendo um pedaço de pão. Mesmo que Sam dissesse que não era necessário, não correria o risco de sentir fome. Quando estava saindo, se perguntou mentalmente a onde Charlie estaria. Queria muito implorar para que mudasse de ideia. Não sabia por que, mas seu coração acelerou junto com seu impala. “ O dia vai ser longo...”
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