História Condenados (Hiatus) - Fuck All

Rebecca Lee

Fiquei parada observando aquilo que havia me pegado totalmente de surpresa. Isso é raro.

Respirei fundo e virei de costas começando a andar lentamente tentando controlar a sensação de queimação em meu peito. Raiva, talvez.

— Rebecca! — ouço Carl gritar.

Apenas estendo o dedo do meio para ele e continuo andando.

Eu tenho que admitir que me sinto quebrada igual a inúteis pedaços de vidro, esse lugar esta me deixando fraca e isso não pode acontecer de maneira alguma. Paro por um instante e foco meu olhar no céu azul.

— Como eu pude mudar de uma hora para a outra? — pergunto a mim mesma em um murmuro.

Ando mais alguns metros e avisto a casa, ou melhor, um dos motivos da minha fraqueza. Pulo os pequenos degraus e adentro a casa que estava vazia para a minha sorte, não estou preparada para perguntas.

Subo as escadas rapidamente e entro em meu quarto e tranco a porta, logo em seguida me jogo na cama. Imagens de como tudo aconteceu voltam em minha mente, eu deveria ter ficado sozinha era muito melhor. Eu fui feita para ser sozinha.

Coloco minhas mãos sobre meu rosto tentando impedir as lagrimas teimosas. Eu preciso dar um jeito de esquecer tudo isso e continuar com a minha vida, se possível claro. Nesse momento eu só desejo uma lata de refrigerante.

Escuto batidas em minha janela, me levanto da cama e vou em direção à janela avistando Ron jogando pequenas pedras. Ele sorri e eu retribuo. Destranco a porta e desço as escadas, abro a entrada da frente e vejo o garoto com uma touca na cabeça escorado no batente da porta. Dou espaço para ele entrar e assim subimos as escadas novamente e vamos para o meu quarto.

Sentamos em minha cama um de frente para o outro.

— Por que está aqui? — pergunto.

— Eu quero conversar com você. — disse ele.

Balancei a cabeça em concordância.

Ron coloca suas mãos no bolso de sua calça e no mesmo momento pego minha faca. Arregalo os olhos assim que noto que oque ele tirou dali foi uma pistola.

Levantei em um pulo da cama me afastando.

— Se acalme eu não vou ferir você. — diz ele.

— Então o que você esta fazendo com uma pistola nas mãos? — perguntei ainda com a faca apontada para ele.

— Eu quero dar ela para você.

Olhei para ele desconfiadamente.

— Vai precisar dela. — ele estendeu a arma. — Rick e seu grupo são perigosos. — afirma ele.

— Mas você vai precisar dela quando Alexandria cair.

— Você é mais importante. — diz ele.

Reviro meus olhos e pego a pistola a colocando em meu tênis junto com minha querida faca.

Escoro-me na escrivaninha e fico apenas parada o encarando.

Ele anda em minha direção, o garoto põe suas mãos em minha cintura.

Seu rosto se aproxima do meu e eu estranho sua ação, sinto seus lábios se chocarem lentamente contra os meus me deixando em choque. Para minha salvação alguém bate na porta e escuto um choro de criança vindo do outro lado.

Abro a porta dando de cara com Carol e em seu colo está Judith.

— Atrapalhei alguma coisa? — perguntou Carol com uma cara de desconfiada.

Dou uma risada sem graça.

— Já estava de saída mesmo. — diz Ron.

Olho por cima do ombro de Carol e vejo o garoto de touca descendo as escadas e ao mesmo tempo avisto Carl subindo as mesmas.  Os dois trocam olhares estranhos e Carl passa por nós indo a seu quarto e fechando a porta com força.

Naquele momento eu notei que problemas iriam acontecer, e eu não irei conseguir impedir eles.