capítulo sete - cuidar
Não tinha passado das duas e meia da manhã quando Sasuke entrou no quarto do hospital extremamente furioso, conforme ele caminhava pelos corredores as pessoas o desviavam com olhares assustados.
— Itachi. — sua voz soou grave, surpreendendo seu irmão mais velho que ergueu o olhar lentamente na direção dele.
Sasuke tinha sido a primeira pessoa para quem Itachi tinha ligado assim que chegara com Sakura no pronto de socorro, logo depois de chamar Naruto que estava a caminho o mais rápido possível.
Apesar das duras palavras que Sakura tinha dirigido a ele, acreditando ser Sasuke, Itachi achou que a melhor coisa a se fazer seria comunicar o irmão mais novo, já que ele nunca o perdoaria caso não o avisasse.
— O que aconteceu com a Sakura? Quem fez isso com ela?
Sasuke teve que evitar demonstrar o quão desnorteado ele se sentiu ao vê-la desacordada na cama do hospital. Apesar de tudo Sakura ainda estava linda, naquela madrugada ela tinha levado o significado de beleza para outro nível qual ele não conseguia explicar.
O mais velho desviou o olhar com certa irritação, ainda estava vívido em sua mente a discussão que ele tinha tido com o barman. Estava furioso com a negligência daquele estabelecimento.
— Sente-se Sasuke. A enfermeira me avisou que Sakura estará acordando em breve, e não acredito que ela terá uma reação muito feliz em te encontrar.
Se ficou magoado ou não, Sasuke não demonstrou.
— O que aconteceu? — insistiu na pergunta quando se sentou em uma cadeira ao lado da cama em que Sakura dormia.
— Eu estava na boate comemorando o final de mais um caso com meus colegas da firma quando encontrei Sakura sozinha no bar, — Itachi começou a falar com a voz grave — percebi que ela estava alta quando me viu e chamou pelo seu nome. Ela começou a me xingar ao mesmo tempo em que seu corpo se recusava a ficar de pé, então ela simplesmente desmaiou. Eu a peguei no colo e a trouxe imediatamente para cá.
Para quem raramente demonstrava emoções, Sasuke estava furioso com algumas veias do pescoço saltando.
— Alguém tentou drogar ela. — concluiu completamente cego de raiva.
Olhando de perto para Sakura naquele momento, a garota parecia inocente. Ele mal podia acreditar que alguém poderia ousar fazer aquilo com ela.
— Sakura sempre saiu para boates, mas isso nunca aconteceu antes. — admitiu cerrando os punhos, se odiando por não poder ter feito nada para impedir aquela situação. Só lhe restava agradecer Itachi por ter estado lá, caso contrário a situação poderia ter sido imensamente pior, e ele talvez nunca mais pudesse vê-la.
Os olhos verdes da garota começaram a se mover lentamente, um gemido de dor escapou de seus lábios. Sua cabeça estava queimando de dor. Ela alternou seu olhar entre Sasuke e Itachi, confusa.
— Sa-Sasuke, e-eu estou vendo dois de você?
Um raro sorriso terno surgiu no rosto do moreno, que seu irmão não deixaria passar em branco.
— É o meu irmão, Itachi.
A rosada fechou seus olhos e os abriu novamente, se acostumando com a iluminação do cômodo.
— Itachi? — murmurou confusa olhando para o Uchiha mais velho. As memórias vieram pouco a pouco em sua mente — Me desculpe pelo o que aconteceu. — disse por fim.
Ele balançou a cabeça negativamente, com certa raiva contida.
— Você sabe que não tem que se desculpar Sakura, aquilo não foi culpa sua. E você teve sorte de eu ter te encontrado.
A garota murmurou um agradecimento, ainda transtornada.
Quando seu olhar se encontrou com o de Sasuke, não pode evitar se sentir pior ainda. Odiava o fato de que ele estava presenciando um momento de extrema fragilidade dela. Odiava a si mesma por ter deixado aquela situação acontecer, embora não tenha sido sua culpa.
Um suspiro cansado escapou de seus lábios enquanto ela finalmente reconhecia o quão péssimo aquela situação era.
— Eu já posso ir para casa? — perguntou não sabendo para qual dos Uchiha dirigir o questionamento.
— Assim que a enfermeira te checar você pode sair, bem, o exame toxicológico vai sair na semana que vem. O médico recomendou que você descansasse um pouco e se hidrate bastan-
— Eu vou cuidar da Sakura. — Sasuke disse prontamente surpreendendo os dois.
— Se você diz. — Itachi deu de ombros, escondendo o sorriso de canto.
[...]
O dia de trabalho com Sakura e Sasuke ausente tinha sido um tanto estranho e silencioso no escritório. Hinata e Naruto ficaram responsáveis por arquivarem as evidências do caso enquanto os outros iam visitar uma cena de crime de um caso paralelo.
— A Sakura está bem? — Hinata perguntou desviando o olhar de sua tela de computador para Naruto, naquele dia em especial ele parecia estar muito cansado como se não tivesse tido uma boa noite de sono.
— O Sasuke está cuidando dela, então acredito que sim. — o loiro resmungou.
— Você está com uma cara de cansado. — ela comentou baixinho.
— Me desculpe, eu tive que acordar no meio da madrugada para ver Sakura no hospital. É por isso que estou tão indisposto hoje, sinto muito por estar tornando o seu trabalho mais difícil.
Pelo seu olhar, Hinata percebeu que ele estava realmente arrependido. Então ela não pode evitar sorrir empática para ele. Não sabia o que tinha acontecido com Sakura e não queria invadir a privacidade da colega perguntando, então apenas desejava que ela melhorasse logo.
A garota ainda estava sem graça depois do convite realizado pela própria mãe de Naruto, ela sentia como se aquilo fosse um jantar em família em que uma namorada seria convidada e não… ela.
Lembrava-se ainda no fim daquela mesma noite, de se despedir de Naruto com seu costumeiro rubor nas bochechas e ouvi-lo pedindo desculpas por sua mãe a deixar envergonhada.
A verdade era que ela nunca tinha pensado em Naruto com uma segunda intenção, e agora que tinham mencionado… aquilo não parecia querer sair da sua cabeça.
— Você está distraída. — ele comentou, olhando curiosamente para a menina.
Hinata piscou surpresa por ele ter percebido, e ao mesmo tempo agradeceu aos céus por ele não poder ler seus pensamentos, já que os mesmos estavam perdidos justamente nele.
— Ah… — a voz dela morreu enquanto procurava arranjar uma boa desculpa — eu só estava pensando que… é estranho que Deidara tenha conseguido se manter sozinho.
— Como assim?
Um suspiro de alívio quase escapou de seus lábios.
— Bem, seu pai não o bancava e ele não recebia nenhuma bolsa estudantil do governo. É simplesmente estranho ele ter conseguido se manter tão bem por tanto tempo.
O loiro franziu o cenho, concordando com o que ela falava.
— Eu posso tentar verificar a conta bancária dele, mas não acho que vamos achar alguma coisa. Além disso, o caso já está praticamente encerrado.
— Eu sei disso, só que tem algo absurdamente estranho.
— Te entendo Hinata. É irritante saber que não podemos ir muito além disso.
Ela concordou com um aceno de cabeça, voltando a se ocupar com o trabalho.
Novamente o silêncio tomou conta da sala, o que a incomodou. Por algum motivo ela queria continuar ouvir a voz de Naruto, queria conversar mais com ele e não ficar em silêncio com uma papelada e um computador.
Aparentemente ele sentia o mesmo, pois começou a tagarelar novamente.
— Hinata, se eu te pedisse para me ajudar em algo, você me ajudaria? Mesmo se não parecesse certo a primeira vista?
Ela levantou os olhos da tela do computador pela segunda vez.
— O quê seria exatamente?
— É para ajudar a Sakura, eu te prometo.
Bem, ela estava entediada no final das contas.
[...]
O carro preto foi estacionado na frente da boate em que Sakura tinha passado a noite anterior, Naruto saiu do veículo com seu distintivo a mostra e uma expressão séria no rosto enquanto Hinata estava simplesmente inexpressiva.
Eles não tinham avisado que iriam vir então fora uma surpresa para o dono do local ver um casal chegando quando o local tinha acabado de ser aberto.
— Nós ainda não abrimos. — um segurança barrou a entrada.
— Eu não perguntei se vocês abriram ou não o estabelecimento. — Naruto respondeu rude.
— Nós somos da polícia de Konoha. — Hinata não precisou nem forçar para que um sorriso amável surgisse em seu rosto.
— Entrem.
A boate ficava no centro da cidade e tinha um ambiente realmente atraente. O local tinha uma combinação bem feita de azul e roxo, parecia que desde o teto das paredes até o piso havia um degradê do roxo para o azul que era simplesmente lindo. A pista de dança era enorme, contando um mezanino para a área VIP além de um fumódromo nos fundos do local. Mais para o canto havia um bar enorme.
— Gostaríamos de conversar com o homem que estava trabalhando como barman hoje de madrugada. — novamente Hinata utilizava de seus charmes e gentileza para conseguir o que queria.
— M-mas o patrão-
— Seremos breves. — ela sorriu inclinando a cabeça levemente para o lado — A não ser que você queria que nós voltássemos aqui com um mandado, afinal não deve ter sido a primeira vez que uma mulher é dopada neste estabelecimento. O que mais vocês vêm permitindo? Entrada de menores? Drogas?
O segurança tencionou o maxilar e se afastou para trazer o barman para os dois policiais.
— Uau Hinata, eu teria medo de ser o seu namorado. Você é assustadora. — Naruto exclamou e logo em seguida corou com sua própria fala.
Já a garota riu discretamente.
— Acho que devo levar isso como um elogio?
— Não é a primeira vez que eu te elogio mesmo. — ele admitiu, e a pose de Hinata se esvaiu com um sorriso envergonhado. Naruto sabia exatamente quais palavras dizer para deixá-la assim.
Um homem de estatura alta e fortes traços asiáticos se aproximou deles.
— Olá, meu nome é Xin, eu sou o barman da boate.
— Nós gostaríamos de realizar algumas perguntas sobre essa madrugada. Uma garota de cabelos rosa foi drogada nas dependências deste clube. O que você tem a dizer sobre isso?
Ele ficou tenso ao ouvir aquilo, porém não aparentava estar surpreso. O que fez Hinata concluir que sua suposição estava certa, Sakura não fora a única pessoa a ser dopada ali. E se eles não tomassem nenhuma atitude, ela também não seria a última.
— Eu não me lembro de quem entregou a bebida para ela. É muito comum que os clientes simplesmente paguem bebidas para outras mulheres.
Naruto cruzou os braços com uma expressão irritadiça.
— E nunca lhe ocorreu que poderiam batizar essas bebidas?
Xin respirou fundo, como se estivesse contando até três.
— O que eu quero dizer é que essa madrugada foi de muito movimento aqui na boate, meu colega se acidentou e pegou uns dias de licença. Trabalhar no bar sozinho é algo muito corrido.
— Então você está assumindo que foi negligente?
— Não me recordo de estar falando com um advogado.
O loiro estreitou o olhar para o homem.
— Vamos embora Hinata, da próxima vez iremos retornar com um mandado. Apenas esperem.
Então os dois se retiraram com expressões sérias e irritadas com passos duros, sabendo que a fala do loiro era verdadeira. Eles iam voltar.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.