História Connected - Capítulo 19 - Outra forma

capítulo dezenove - outra forma

    Como de esperar, a delegacia amanheceu e a movimentação enlouquecente se iniciou como de costume. Os carros iam estacionando na entrada, dando início a um novo dia de trabalho para os funcionários do laboratório.

    Naquela manhã Naruto se sentiu tentado a usar seu melhor perfume e tomar um banho demorado enquanto cantava alguma canção do Bruno Mars no chuveiro, ele tomou café da manhã e fez carinho em seu cachorro ranzinza Kurama. O loiro foi buscar Hinata em sua casa que sorriu tímida para ele.

    O loiro tinha a impressão de que os dois pareciam pareciam dois adolescente bobos, mas não pode deixar de achar aquilo bonito, singelo e sincero. Algo que ele nunca tinha tido com sua ex.

    Com a coragem que tinha na cara, Naruto segurou delicadamente o queixo de Hinata dando lhe um selinho.

    ― Bom dia Naruto. ― ela riu soprado quando o loiro a abraçou brevemente.

    ― Bom dia Hina. ― ele piscou olhando para a garota com uma expressão boba no rosto.

    Hinata apertou a ponta do nariz do garoto de leve, fazendo com que ele risse. Uzumaki sorriu de canto quando deslizou suas mãos sutilmente pela cintura da garota, puxando-a para mais perto de si e unindo ambos os lábios em um beijo fervoroso. As mãos dela se fincaram nos fios loiros de seu cabelo, enquanto ele segurava seu rosto com carinho. Naquele momento parecia apenas haver Hinata e Naruto ali, de frente para o carro dele, se beijando como um casal normal.

    A Hyuuga sorriu, amando a forma como Naruto terminava o beijo a enchendo de selinhos e por fim depositando um beijo no topo de sua testa, como se soubesse que aquilo enfraquecesse seu coração.

    ― Vamos, a gente tem bastante trabalho pela frente para resolver.

    ― Nem me diga. ― ela riu enquanto abria a porta do carro.

    O caminho até a delegacia tinha sido como das outras vezes, Naruto e Hinata conversavam animados, ora ou outra cantando juntos alguma música que tocava no rádio. Eles sentiam como se pudessem conversar sempre, como se o assunto que havia entre eles nunca morresse.

    Assim que pisaram em um dos vários escritórios da delegacia, se surpreenderam com o quão cheia a sala estava. Boa parte dos oficiais mais antigos estavam ali, Tsunade, Kurenai, Gai, Asuma, Yamato e Obito. Todos estavam sentados em uma mesa redonda de madeira discutindo em voz alta, enquanto os outros funcionários andavam pela sala feito baratas tontas.

— Ei. Que bagunça é essa aqui? — Sakura entrou na sala, e por mais incrível que parecesse, foi como se a presença na rosada tivesse feito com que do o que ela tinha a dizer fazendo com que todos ficassem no mais perfeito silêncio, prestando atenção em tudo o que ela tinha a dizer.

— Bom dia. — Tsunade sorriu para a Haruno lhe estendendo os resultados da análise — A análise deu positivo, a primeira vítima - Annelise -, e a vítima do caso que Kiba, Lee e Tenten estão investigando tiveram fluídos praticamente semelhantes. Ou seja, foram abusadas praticamente pelos mesmos homens.

Sakura fechou os olhos irritada, como se estivesse guardando um glossário de palavrões para si.

— Obrigada pela ajuda Tsunade. — disse educadamente.

— Eu sugiro que comecemos  analisar o caso como um só, se trata do mesmo caso com três cenas de crime completamente diferentes. Porém tudo está interligado. — a loira disse em alto e bom tom, atrás era possível ouvir alguns murmúrios em concordância.

Todos na sala estavam preparados para começarem a analisar o caso como um só, quando Shino entrou correndo na sala, quase que tropeçando na porta.

— Alguém viu a o anúncio que a Ino fez na imprensa! Recebemos uma ligação. A garota está vindo para a delegacia dar depoimento.

— Aparentemente não temos um dia de paz nessa delegacia. — Lee suspirou tirando os olhos do celular que segurava em suas mãos antes de mandar uma mensagem para um certo alguém.

— Lee, se quer tranquilidade, vai pra praia.

— Olha, eu não iria negar.

[...]

Sai e Ino estavam conversando sozinhos em uma sala, novamente o namorado estava colocando os ânimos da loira para cima. Fora Hinata que tinha se deparado com a cena fofa a sua frente, e acabou deixando escapar um sorriso.

— Ahm, oi, então é-

Ino sorriu diante da morena envergonhada.

— Quer falar alguma coisa Hina?

— Aí me desculpa atrapalhar vocês! É que a garota veio dar o depoimento e Sakura pediu que eu te chamasse pra fazer um retrato falado.

Sai sorriu para Hinata, achando graça de sua timidez.

— Tudo bem, estou indo. — disse deixando as duas sozinhas.

Hinata teria se apressado para sair da sala caso Ino não tivesse tossido, olhando para ela com um sorriso malicioso como se soubesse que ela escondia algo. Um sorriso amarelo se formou nos lábios da Hyuuga, mas mesmo assim não houve escapatória.

— Então… você e o Naruto? Ah, eu sabia que esse casal ia acontecer, vocês dois combinam tanto.

As bochechas da mais nova pareciam queimar de tão vermelhas que estavam.

— N-Não sei da onde você tirou isso.

— Ah Hina, não precisa esconder. Eu consigo perceber que vocês se gostam só pela forma que se olham, ultimamente o trabalho está estressante para todo mundo, mas de alguma forma o Naruto vive assoviando e sorrindo pelos corredores do laboratório. Eu gosto disso, desde quando você chegou ele parece estar mais em paz do que antes. — Ino sorriu gentilmente para a garota — E você não é exatamente boa em esconder seus sentimentos também, o resto do pessoal só não percebeu porque são incrivelmente tapados.

Hinata piscou, e então logo engoliu em seco.

— M-Mas eu não vejo como isso poderia dar certo, quero dizer, é anti ético.

A Yamanaka riu alto, como de ela tivesse acabado de contar uma boa piada.

— Hinata, não estresse a sua cabeça com isso, aqui na delegacia nos somos bem maleáveis. Eu e Sai por exemplo, namoramos e todo mundo sabe disso, nunca houve problema algum porque sabemos diferenciar as coisas. Agora, se o seu problema for o Neji…

Ino parecia ter acertado em cheio porque Hinata empalideceu, como se tivesse acabado de lembrar de seu primo ciumento.

— Xeque mate? — ela disse dando um rostinho sem graça.

— Hinata! — ela murmurou surpresa — Você não pode deixar que o seu primo diga o que você deve ou não fazer.

A Hyuuga sorriu entristecida.

— Não é sobre isso. Neji está tentando me proteger…

— Hina, eu não sei o que aconteceu com você e o que fizeram com você. Mas você não pode se fechar, você não pode deixar que essa “proteção” te afaste de pessoas que realmente possam te fazer bem. Amar é isso sabe, por a cara a tapa. Dói muito quando não dá certo, mas quando você encontra a pessoa certa… é gratificante.

Um sorriso tímido surgiu no rosto de Hinata, Ino estava certa e ela sabia daquilo, mas conversar com Neji sobre Naruto, e lidar com a confusão que era seus próprios sentimentos seria um desafio.

— Obrigada Ino, eu… vou dar o meu melhor para corrigir essa situação.

Ino sorriu para Hinata assentindo de leve com a cabeça, como se soubesse lá no fundo que a personalidade quente e radiante de Naruto estavam ajudando a garota a se curar de um processo doloroso, e restava apenas a ela reconhecer isso.

— Por falar no diabo. — Ino deu risada quando viu Naruto passar pelas duas, as observando com um olhar curioso.

— Falando de mim? Estou honrado de ser o tema da conversa de vocês. — Naruto piscou sorrindo com o rosto vermelho da Hyuuga.

— O quê você está fazendo aqui seu desocupado? — a Yamanaka perguntou divertida.

— Na verdade Shikamaru me chamou até a sala dele, para eu ver algo sobre um caso arquivado. Então eu estava no caminho até encontrar essas duas beldades no meu caminho.

Hinata tossiu enquanto Ino queria rolar de rir da garota.

— Hina, por que você não vai lá com o Naru? Acho que tenho algo para fazer-

E com essas palavras a loira abandonou a amiga ao lado de Naruto, que não conseguia disfarçar a vontade de rir.

— Vamos Hina. — o Uzumaki disse, levando a menina pela mão até a sala em que Shikamaru estava. Ao chegar na sala os dois se depararam com um Sasuke carrancudo (que se engasgou ao ver os dois de mãos de dadas) e Shikamaru quase cochilando na frente do computador.

— Ah você veio. — o Nara resmungou se ajeitando na cadeira — Chega mais.

Os dois se aproximaram da tela do computador dele.

— Bom Naruto, depois do que a gente conversou sobre as contas bancárias do Deidara eu fiquei realmente intrigado e resolvi dar um jeito no HD queimado dele. E bem, sabe como é, é bem complicado recuperar coisas de um computador normalmente, e quando ele está queimando é pior ainda. Tudo o que eu consegui são cálculos químicos para fazer pólvora, algumas anotações sem nexo algum e essa palavra, que se repete várias vezes…

— Akatsuki? — Naruto exclamou com os olhos azuis se arregalando.

— Você sabe o que é isso? — Hinata perguntou surpresa para o loiro, e não se surpreendeu ao perceber que até mesmo Shikamaru estava confuso.

— Minha prima Karin, é uma jornalista obcecada em teorias da conspiração-

— Ela está investigando sobre essa tal Akatsuki faz anos, — Sasuke se pronunciou sem se dar o trabalho de olhar para o computador, ele mencionava a ex namorada com um tom de voz distante, como se fosse uma época da qual ele não se orgulhava — Karin dizia que se tratava de uma organização criminosa muito bem estabelecida e difícil de se localizar. Ela também acreditava que eles estavam envolvidos com política, e por isso jamais seriam pegos.

Naruto e Hinata se entreolharam.

— Tudo bem que Deidara era um pouco desestabilizado, e poderia muito bem acreditar em teorias da conspiração…

— Mas o que justifica os depósitos de dinheiro anônimos na conta dele? E por que ele queimaria seus inventos antes de morrer?

— Porque talvez a sua invenção final já estivesse na mão de alguém. — Sasuke respondeu como se fosse o óbvio.

sakura haruno, antes

Ela estava bêbada com um cigarro aceso na mão quando atendeu a porta de sua casa, tinha sido irritante ouvir sua campainha tocar incessante por pelo menos dois minutos seguidos. Sentiu vontade de socar o rosto de Sasuke quando descobriu que era ele quem estava a incomodando. O moreno estava visivelmente bêbado, ele tinha um leve roxo na bochecha como se tivesse levado um tapa de alguém, Sakura queria elogiar essa pessoa.

— Veio aqui ver a minha miséria é isso, Uchiha?

Sasuke ficou alguns minutos feito um idiota encarando a garota, até que pudesse falar algo que fizesse sentido.

— Eu vim te ver. Foda-se o que você vai falar, foda-se o que ele vai falar. Eu vim aqui te ver, e eu não me importo Sakura.

A rosada o olhou incrédula, deu um trago em seu cigarro e soltou a fumaça pacientemente como se fosse um exercício mental para não encher aquele homem de porrada por ser tão inconveniente

— Ah sim, você veio me ver chorando pelo seu melhor amigo, tá bom, entra aí. 

Deu as costas para ele, indo em direção a adega pegar mais alguma bebida, não o dando opção senão entrar na casa. Sasuke seguiu a garota até a adega.

— Por que você está chorando? Vocês… Suigetsu terminou com você? — a voz do Uchiha falhou de forma patética, ele tinha total noção de que nunca agiria assim se estivesse sóbrio, mas… ele não conseguia se controlar. Não pode deixar de olhar para ela esperançoso.

Queria ficar triste por ela, mas as vozes da sua cabeça estavam dando graças a Deus que aquele namoro tinha acabado.

— O que você acha Sasuke? Que porra garoto. Já que você está aqui, por que não pega aquela vodca lá no alto que eu não consigo pegar?

Ele assentiu, pegando a garrafa com facilidade. A adega era um pouco pequena para os dois, isso fazia com que ambos estivessem perigosamente próximos um do outro. Sasuke, ainda com os olhos focados em Sakura, abriu a garrafa com os dentes.

— Por que você está me encarando, hein porra?

— Por que você é gostosa? — ele respondeu descaradamente enquanto dava um gole direto do gargalo da garrafa.

Sakura se sentiu dividida entre socar o rosto dele e corar de vergonha, porém apenas tomou a garrafa das mãos dele e continuou a beber sabendo que uma bela ressaca a esperava no dia seguinte.

Os dois se olharam, um analisando o outro.

Era a primeira vez que estavam tão alterados, um na frente do outro, e ainda por cima sozinhos.

Era difícil para Sakura lidar com a verdade de que o único homem que ela realmente queria estava na sua frente, a chamando de gostosa com um sorriso safado no rosto.

Era difícil para Sasuke ver a garota que tinha acabado de terminar com um de seus amigos assim, tão de perto, olhando para ele com a cara de brava que ele já estava acostumado a ver todo dia. E como adorava ver as sobrancelhas dela se arqueando, e os olhos verdes se estreitando.

Todos os pensamentos contidos de Sasuke sobre a rosada pareciam querer vir a tona.

As mãos dele deslizaram pela cintura dela, que o observava atentamente como uma cobra prestes a dar o bote. Ele sorriu preguiçoso ao perceber o corpo dela estremecendo enquanto ele delineava sua silhueta com a ponta do dedo.

— Você não vai precisar chorar se eu a divertir essa noite. A não ser que você queira chorar de outra forma.

Sakura piscou, um gemido surpresa escapou de seus lábios quando percebeu que Sasuke traçava uma série de beijos e chupadas em seu pescoço.

— Vamos para o meu quarto. — sussurrou sentindo suas pernas bambearam.