História Constelações - Dramione - Seu coração estava lutando por ela

Hermione precisou de alguns minutos para se recuperar totalmente após a revelação de Astória. Em todo momento Draco segurou sua mão tentando esconder seu ódio, conseguia ver em seus olhos como estava doido para cometer alguma loucura que fosse descontar toda a amargura e decepção que sentia. Era difícil lidar com o fato de que pessoas próximas haviam feito algo desse tipo com eles, era de uma maldade absurda.

Como alguém tem coragem de repetir um processo diversas vezes com a intenção de apagar memórias significativas da mente de uma pessoa?

Como alguém tem tempo e disposição para observar que seu trabalho é desfeito com o tempo e que nada poderia impedir que duas pessoas tentassem ter a vida que foram arrancada brutalmente de si mesmas?

Draco segurou a mão de Hermione por debaixo da mesa tentando passar algum conforto, ignorando naquele momento a turbulência de emoções que estava sentindo. A mesclagem do ódio ao amor. Tentava se apegar à raiva, ao rancor, ao ódio. Precisava ter em mente que aquelas pessoas tentaram lhe fazer mal, mais de uma vez, tiveram intenções conscientes de fazê-lo esquecer a parte mais bonita da sua vida.

Ele olhou para Hermione que enxugava seu rosto após o pranto silencioso que foi submetida depois da revelação de Astória. E ao observar os detalhes imperfeitos que compõem Hermione sabia que ela realmente é a parte mais bonita da sua vida. 

Enquanto suas memórias voltavam aos poucos, Draco conseguia perceber os sentimentos que cada memória tinha, era como se estivesse revivendo tudo de novo por uma perspectiva diferente. Dessa forma ele percebeu como se apaixonou por ela, como seu coração foi fisgado por sua ex-inimiga de infância, de como cada ação e reação dela fazia seu coração ficar descontrolado.

Os detalhes imperfeitos deixava tudo tão intenso, como o primeiro olhar e silêncio compartilhado fez com que pensasse no motivo que ela estava chorando, de como compartilhar uma garrafa de uísque de fogo fez com que observasse ela de perto, tendo como privilégio notar os sinais espalhados por suas bochechas, de como seus cachos caíam selvagemente ao redor do seu rosto corado. De como observá-la da mesa da sonserina só o fazia querer se aproximar para tocá-la, encostar em sua pele com a intenção de fazer aquele formigamento ansioso sumir, e de quando contou sobre sua vida para em seguida fazer um pedido de desculpas sinceros enxergar o perdão em seus olhos castanhos, para então beijá-la a ponto de sentir como se estivesse voando. 

Oh, droga…

Quando percebeu todos esses detalhes soube exatamente por qual motivo seu coração lutava para fazê-lo se lembrar dela. A intensidade de cada memória o impulsionava a procurar mais, a querer mais, a construir mais memórias. 

Compartilhando mais sentimentos.

— Eu apareci na vida de vocês quando Narcisa surgiu com uma oferta de casamento. — Astória bebeu um gole do seu café atraindo a atenção dos dois. — No início eu não entendi por qual motivo ela estava optando em seguir um conselho de Blásio sendo que eu sabia que ele era meu namorado. Até o instante que ele me explicou o que sua mãe e aqueles dois vinha fazendo com vocês. Por mais que tentasse impedir que as memórias fossem apagadas, de alguma forma eles conseguiram colocar a mão em vocês mais vezes do que o necessário. 

— Você descobriu antes mesmo de fingirem o casamento? — Draco apertou a mão de Hermione com força.

— Sim, eu concordei em ajudá-los. Nunca imaginei que iria demorar tanto tempo para lutar ao lado de vocês e os ver ter o passado apagado, era cruel demais lidar com isso, a vontade que tínhamos de protegê-los era tanto que Narcisa mandou Pansy para me vigiar.

— Então, estamos juntos a cinco ou dez anos? — Draco fez uma careta confusa.

Astória suspirou.

— É muito confuso para vocês, nem o tempo exato conseguem entender. Eu apareci na sua vida quando tinha vinte e quatro anos, consegue se lembrar que o "casamento" aconteceu em dois meses? 

— Um pouco.

— Enfim, quando eu apareci vocês estavam se lembrando, na época você estava com a Pansy quando as memórias começaram a retornar. E você… — olhou para Hermione. — Estava "casada" com Ronald. Narcisa ajudou a criar documentos falsos, na teoria você era uma mulher casada quando se envolveu com o Draco, e em pouco tempo apareceu grávida. — Astória desviou o olhar por alguns segundos. — Eles os mantiveram presos em algum lugar até o momento do parto, não mexeram com sua mente antes de Madeline nascer, quando Narcisa me deixou se aproximar, Pansy estava com Madeline, não sei se vai se lembrar Draco ou se memórias confusas vão surgir, mas Pansy contou que você ficou próxima dela durante a gravidez, mas foi mentira, ela apenas surgiu com a menina e como todos sabiam que eram filha de vocês, acharam justo mantê-la consigo, pois Narcisa sabia que a família Malfoy iria precisar de um herdeiro. Então, nos casamos e de alguma forma Narcisa nos despachou para a América ou melhor conseguiu convencê-lo que o ideal seria sair do país, mas na época estava tão confuso que ela facilmente iria conseguir o que desejava.

— Qual foi a vez…

— A quarta vez. — Astória interpretou certo a pergunta hesitante de Hermione. — Eu acompanhei de perto a quarta e mais ou menos a quinta.

— Como assim? — Draco olhou para ela curioso.

— Os Ministérios tiveram uma conferência em Veneza para debater sobre as leis voltadas para os trouxas, nessa época você trabalhava no departamento que foi escolhido para a conferência Draco e Hermione também teve que ir com o seu grupo do Ministério da França. E vocês teriam que ficar uns dias, mas prolongou por um mês. Quando retornou estava com as memórias de volta, a conferência aconteceu novamente, você foi, e Pansy acabou indo para lá e acho que Ronald também, eu fui atrás mas não consegui impedir, na época estava com Madeline e não pude fazer muita coisa sem por ela em perigo. Pansy estava descontrolada. No final, vocês retornaram sem memória.

Draco não conseguia pensar com clareza.

Eles realmente estavam dispostos a fazê-lo viver uma vida de mentira apenas por não aceitarem que ele e Hermione poderiam se amar. Era loucura imaginar a disposição de alguém em querer acabar com sua vida.

— Eu peço desculpas por ser uma chata ou fazer algo que pudesse atacar Madeline. — Astória olhou para a garota. — Eu tive que tentar fazer Pansy ter alguma reação além das brigas constantes comigo, tentou ao máximo fazer eu perder o controle e machucar Madeline, assim sairia vitoriosa, e quase pedi o controle naquele dia, sinto muito, ter que conviver com uma pessoa como ela era complicado.

Draco assentiu com a cabeça sem dizer nada.

Não sabia se poderia perdoá-la por quase bater em sua filha.

— Eu vou avisar que vocês estão recuperando as memórias, também irei deixar o apartamento trancado e estou voltando para a Inglaterra. A gente se encontra por lá, eu vou ajudá-los a fazer as malas de Madeline. — Astória se levantou da mesa deixando-os a sós.

Draco suspirou passando as mãos em seus cabelos frustrado com as informações que recebeu. Tentava não chorar ou quebrar algo devido o ódio que sentia. 

— "Os olhos são parecidos como os da minha mãe." — Draco olhou para Hermione confuso. — Foi isso o que eu disse para ela naquele dia, que tinha os olhos parecidos com os da minha mãe, um esverdeado claro… — Hermione soltou uma risada sem humor. — Madeline puxou os olhos dela, muita ironia. E o fato dela ter esses olhos que fez o que ela ficasse com você, poderia ser os olhos de Pansy, e se fosse castanhos, o que teria acontecido com ela?

Hermione quis chorar, sentiu seu corpo ser abraçado, Draco deitou sua cabeça em seu ombro tentando confortá-la.

— Eu não sei, amor. Mas vamos vencer, eu e você. Nunca mais ninguém vai nos separar, tudo bem?

Hermione confirmou com a cabeça com medo de se falar iria começar a chorar. E por alguns minutos eles ficaram em silêncio compartilhando a mesma dor até o momento que Madeline chamou Draco.

— Eu vou ajudar Astória. — Hermione se afastou tomando fôlego. — Precisamos sair desse lugar o mais rápido possível.

— Tudo bem. — Draco a observou sair da cozinha enquanto chegou na sala de estar pegando Madeline no colo a abraçando-a. Naquele momento se imaginou não conhecer sua filha, não estar próxima dela e isso causou uma angústia profunda só pelo pensamento.

Draco escutou Madeline falar sobre o desenho enquanto se deitava no sofá com ela sentada ao seu lado. Contudo, por mais que confirmasse com a cabeça demonstrando atenção, Draco estava com os pensamentos longe, especialmente em Hermione. 

Draco sentiu novamente aquela avalanche intensa de sentimentos, fazendo seu coração suspirar aliviado, causando arrepios em seu corpo a ponto de querer se aproximar de Hermione e beijá-la.

Sentia como se estivesse afundando lentamente em um ponto que viver sem ela não era uma opção, Draco teve milhões de chances de seguir em frente, de tentar ficar com outra pessoa, de tentar ter uma vida com alguém que quisesse, mas não conseguia, nunca conseguiu, nem se fosse obrigado iria ter qualquer chance de sucesso. Ele estava completamente rendido de corpo e alma.

Seu coração estava lutando por ela…

Não se esqueça.

Não se esqueça de Hermione.

Não se esqueça da mulher que você escolheu para sua vida.

Não se esqueça de que você a ama.