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História Contemplado à meia noite - Pessoas estranhas ! - História escrita por JensenJared_J2 - Spirit Fanfics e Histórias
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História Contemplado à meia noite - Pessoas estranhas !


Escrita por: JensenJared_J2

Notas do Autor


Boa leitura !

Capítulo 3 - Pessoas estranhas !


Três dias depois, Jensen, de mala na mão, viu-se no estacionamento da ACM, onde vários ônibus do acampamento recolhiam os delinquentes juvenis. Não podia acreditar que estava ali. Donna tinha conseguido... E Jeffrey o tinha deixado. Jensen, que só bebia uns dois golinhos de cerveja, nunca havia realmente fumado um cigarro — e muito menos um baseado — e, estava prestes a ser despachado para um acampamento para adolescentes problemáticos. Donna tocou seu braço.

— Acho que estão chamando você.

Não poderia haver um jeito mais rápido de a mãe se livrar dele. Jensen evitou o toque, irritado e tão magoado que já nem sabia o que fazer. Tinha pedido, implorado, chorado — nada funcionou. Iria para o acampamento. Odiava a ideia, mas não tinha outra escolha. Sem dizer uma palavra à mãe e jurando que não choraria na frente de tantas pessoas, Jensen endireitou o corpo e caminhou para o ônibus atrás da mulher que empunhava uma placa onde se lia: ACAMPAMENTO SONS OFF THE SPELL.

Droga. Para que tipo de buraco estava sendo levado?

Quando entrou no ônibus, os oito ou nove adolescentes que já estavam lá ergueram a cabeça e olharam para ele. Sentiu uma coisa estranha no peito e os calafrios surgiram novamente. Nunca, em seus 18 anos de vida, quis tanto dar meia-volta e sair correndo. Fez um esforço para se conter e encarou... Meu Deus, o que era aquilo? Um garoto tinha pintado os cabelos de três cores diferentes: rosa, preto e verde-limão. Outro só usava preto — calça preta e camisa de mangas compridas preta, tinha até lápis preto em volta dos olhos e as unhas pintadas de preto também. O estilo gótico não tinha saído de moda? Onde aquele garoto se inspirou para se vestir daquele jeito? Não sabia que as cores vibrantes estavam em alta? Que o azul era o novo preto? E havia a garota sentada bem na frente do ônibus. Tinha piercings nas duas sobrancelhas. Jensen olhou pela janela para ver se a mãe continuava lá. Sem dúvida, se ela lançasse um olhar para aquelas figuras, saberia que Jensen estava no lugar errado.

— Sente-se — disse alguém às suas costas.

Jensen virou-se e viu que era a motorista. Embora não tivesse reparado antes, percebeu que ali até a motorista era esquisita. Seus cabelos grisalhos tingidos de violeta pareciam um capacete de futebol americano. Não que Jensen o censurasse por deixar as mechas espetadas alguns centímetros. A mulher era baixinha. Nanica. Jensen olhou para seus pés, quase esperando dar com botas verdes de duende. Mas não, nada de botas de duende. Olhou para frente do ônibus. Como aquela mulherzinha conseguia dirigir?

— Vamos, Vamos — disse a nanica. — Tenho que deixar vocês lá na hora do almoço, portanto vá andando.

Como todos os outros já estavam sentados, Jensen supôs que a mulher estivesse falando com ele. Deu alguns passos pelo corredor do ônibus, sentindo que sua vida jamais seria a mesma.

— Pode se sentar aqui comigo — disse uma voz. A garota tinha cabelos loiros encaracolados, mais loiros até que os de Jensen, mas os olhos eram tão escuros que pareciam pretos. Deu uma tapinha no assento vazio ao lado. Jensen tentou não olhar muito, mas aquela estranha combinação de claro/escuro era irresistível. Então a garota arqueou as sobrancelhas como se... Como se o fato de ele se sentar ao seu lado significasse que poderiam transar ou coisa parecida.

— Obrigado — Jensen deu mais alguns passos, arrastando a mala, que se prendeu na fileira de assentos onde estava a garota. Ele se virou para puxá-la. Seu olhar se cruzou com o dela e Jensen conteve a respiração. A loira agora tinha... Olhos verdes! Olhos verdes brilhantes, muito brilhantes. Como aquilo era possível?

Engoliu em seco e observou as mãos dela. Talvez estivesse segurando uma caixinha de lentes de contato, que acabara de trocar... Nenhuma caixinha. A jovem arqueou de novo as sobrancelhas e, quando ele percebeu que estava olhando para ela, procurou se apressar para desprender a mala. Passado o calafrio, seguiu para assento que ele mesma tinha escolhido. Antes de se sentar, notou outro garoto atrás, sozinho. Esse tinha cabelos negros, repicados e levemente espetados pra cima e os olhos azuis. Olhos azuis normais, mas a camiseta verde clara do garoto os realçava. Acenou com a cabeça para Jensen. Nada de muito esquisito, graças a Deus. Pelo menos, havia uma pessoa normal perto dele no ônibus. Já sentado, olhou novamente para a garota loira. Mas ela não estava olhando para ele, por isso Jensen não pôde ver se a cor de seus olhos tinha ficado diferente de novo. Mas então reparou que o garoto do cabelo tricolor tinha alguma coisa nas mãos. Conteve mais uma vez a respiração. O garoto segurava um sapo. Não uma rã — uma rã ainda seria admissível —, mas um sapo. Um sapo horroroso e coaxante. Que tipo de menino pintava os cabelos de três cores e levava um sapo para um acampamento? Que droga, talvez fosse um daqueles sapos com alucinógeno na pele, que as pessoas lambem para ficar doidonas.

Tinha ouvido falar deles num seriado de crimes idiota da televisão, mas sempre achou que fosse bobagem. Não sabia o que era pior: lamber um sapo para ficar doidão ou carregar um sapo por aí só para parecer extravagante. Colocando a mala no assento vazio do lado, para que ninguém se sentasse tentado a ocupá-lo, Jensen suspirou fundo e olhou pela janela. O ônibus ia muito rápido, embora ele não imaginasse como a motorista conseguia alcançar os pedais.

— Sabe como chamam quem vai para o nosso acampamento? — a voz vinha do lado do assento onde estava o garoto com o sapo. Jensen supôs que não era com ele, mas ainda assim virou a cabeça. Como ogaroto olhava diretamente para o seu rosto, achou que tinha se enganado.

— Quem? — perguntou Jensen, tentando não parecer nem muito simpático nem muito antissocial. A última coisa que queria era irritar aquelas aberrações.

— Os caras que vão para os outros acampamentos. São seis acampamentos num raio de cinco quilômetros em Houston— com as duas mãos, ele repuxou os cabelos tricolores para a nuca e os manteve assim por alguns segundos. Jensen notou então que o garoto não estava mais com o sapo. E não havia por perto nenhuma caixa ou coisa semelhante onde ele pudesse ter guardado o bicho. Era só o que faltava. Dali a pouco um sapo com a pele cheia de alucinógenos poderia saltar em seu colo num piscar de olhos. Não que os sapos o matassem de medo ou coisa assim. Só não queria que pulassem em cima dele.

— De “osso duro de roer” — disse o garoto.

— Por quê? — Jensen acomodou os pés na beira do assento, no caso de algum sapo aparecer saltitante por ali.

— O acampamento antes se chamava Bone Creek, que significa Riacho dos Ossos — explicou o garoto —, por causa de uns ossos de dinossauro que acharam no local.

Ah — interrompeu a garota loira —, também nos chamam de “osso duro”...

Ouviram-se risinhos maliciosos nos outros assentos.

— Qual é a graça? — resmungou o garoto de preto num tom tão irritado que Jensen estremeceu.

—Não sabe o que é ter o osso duro? — continuou a loirinha. — Então vem cá que eu te explico onde encontrá-lo em você.

Quando ele se virou, Jensen viu de novo seus olhos. Mãe do Céu! Estavam dourados, da cor dos olhos de um felino. Lentes de contato “radicais”, sem dúvida. Só lentes poderiam produzir um efeito daqueles.

O garoto gótico se levantou como se fosse sentar ao lado da loira.

— Não faça isso — disse para Garoto do Sapo, sem o sapo, levantando-se também e cruzando o corredor até a Garoto Gótico, para sussurrar alguma coisa em seu ouvido.

— Que merda! — o Garoto Gótico voltou a se sentar. Em seguida, olhou para a loirinha e lhe apontou uma unha pintada de preto. — Nem pense em me aborrecer. Como coisas maiores que você na calada da noite.

— Alguém aí falou em calada da noite? — a voz vinha dos fundos do ônibus.

Jensen se virou para ver de quem era a voz. Outra garota, em quem Jensen não tinha reparado, levantou-se. Tinha cabelos muito pretos e usava óculos de sol quase da mesma cor. Sua pele é que a fazia parecer anormal. Pálida. Sem cor.

— Vocês sabem por que mudaram o nome do acampamento para acampamento Sons Off The Spell? — perguntou o Garoto do Sapo.

— Não — disse alguém na frente do ônibus.

— Por causa da lenda indígena de que, no crepúsculo, se você ficar de pé debaixo da cachoeira, pode ver as sombras dos anjos da morte dançando.

Anjos da morte dançando?

O que havia de errado com aquela gente? Jensen agitou-se no assento. Seria um pesadelo? Talvez parte de seus terrores noturnos? Afundou-se no estofamento macio e tentou acordar dos sonhos do jeito que a Dra. Evergreen tinha ensinado.

Concentração. Concentração.

Inspirou fundo pelo nariz e expirou pela boca — cantarolando baixinho, ao mesmo tempo, É apenas um sonho, não é real, não existe. Ou não estava dormindo ou sua concentração tinha embarcado no ônibus errado. Preferia muito mais sonhar num ônibus diferente. Ainda incapaz de acreditar nos próprios olhos, começou a observar os outros passageiros. A loirinha se virou para ela e suas pupilas eram negras de novo.

De arrepiar.

Ninguém mais ali percebia que aquilo não era normal?

Virando-se de novo no assento, olhou para o garoto que havia considerado o mais normal de todos. Seus suaves olhos azuis, que lembravam o mar azulado do Caribe, encontraram-se com os dele. Em seguida, ele encolheu os ombros. Jensen não sabia exatamente o que significava o gesto, mas de fato o garoto não parecia nada esquisito — o que, de certo modo, o tornava tão esquisito quanto os demais. Jensen se recostou no banco e, tirando o celular da bolsa, começou a digitar uma mensagem para Chris.

“Ajude-me! Enfiado num ônibus cheio de monstros. Monstros de verdade!”

Jensen recebeu a resposta de Chris quase imediatamente:

“Não, você é que precisa me ajudar. Acho que estou com aids.”


Notas Finais


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