Capítulo 2
O Uchiha que me amava
Por mim: Katara Uchiha
Na manhã seguinte, Fugaku acordou desorientado, sua cabeça ainda pesava com o que acontecera. O homem abriu olhos, mas nada mudou, a mesma escuridão em que estivera enterrado, desde os 12 anos, continuava lá. Ele havia acostumado-se com ela, e por sua culpa desistira de muitas coisas, sua carreira como ninja fora encerrada, seu talento com desenhos e pinturas foi abandonado, todavia, o que mais lhe ferira, fora deixar de ver o belo rosto de Kushina.
Desde a primeira vez que a viu, fora como se um buraco fosse aberto em seu peito; ela estava em sua casa, e ele e seus irmão, guiados por Itachi, foram encaminhados a casa de Sarada, para que a irmã mais velha os protege-se. Foi nesse cenário que a viu pela a primeira vez, os belos e longos fios rosados combinavam com ela e seus olhos, com o mais belo tom de verde que já vira, a tornava a menina mais incrível que ele teve o prazer de testemunhar.
Mas nada preparou-lhe para o gênio que ela teria, pois o rosto doce e delicado de um anjo, era completamente conflitante com sua língua afiada, que dizia o que pensava, sem levar em consideração o que achariam; o seu modo puro e verdadeiro, o cativaram cada vez mais, a certeza que a mãe retornaria, bem e a salvo, era inspirador. Por fim, ao final da noite ele sabia que estava completamente apaixonado, como jamais imaginaria estar.
Porém, o dia mais incrível da sua vida, tornou-se igualmente o pior, em breve instantes, pois quando Itachi e o seu pai retornaram, ele descobriu que alguém havia matado sua mãe, este fato fez seu sangue ferver, seus olhos arderam e tudo tornou-se vermelho. Naquele dia, Fugaku aprendera o que era a maldição do ódio.
Seu objetivo tornou-se matar quem matou sua mãe, e o desejo de vingança crescia nele, a única coisa que o trazia a realidade era a enxerida menina, que teimosamente ia tomando cada vez mais espaço em seu coração.
Sakura tornou-se aos poucos sua mãe, não fora difícil amá-la, a doce mulher o tratava e aos seus irmãos como seus próprios filhos, assim como os seus belos olhos lembravam os de Kushina, embora Fugaku conseguia discerni-los com precisão, já que os tons de verde eram diferentes, além de sua amada possuir doces pontos castanhos em suas ires, que assemelhavam a caramelo queimado.
Mas o desejo do ódio que ainda o corroía e o seu terno amor por ela, cresciam na mesma proporção. Entretanto, o que mais lhe doía era sentir que a menina o odiava apenas por ele ser filho de Sasuke Uchiha, o homem que abandonara sua mãe, muito embora ela mesma não fosse sua filha.
Aos poucos ele quis enterrar seus sentimentos, todavia sempre via-se desenhando-a, mesmo que não a visse, sonhava com ela, portanto, desenhava o tempo todo, como uma tentativa de arranca-la de sua mente e deixa-la no papel, intocada, como uma ideia de um destino melhor.
Frente a essas duas realidades, ele transitava entre o ódio destruidor e amor purificador, sua mente criou-se uma competição do que era mais importante em sua vida, e só aumentou quando a menina, depois de descobrir os seus desenhos, passou a corresponder seus sentimentos, aos poucos o ódio diminuiu e o seu amor cresceu, mas isso só durou até a revelação de que seu pai era também pai de Kushina, isto o quebrou novamente, pois agora ela era sua irmã e ele jamais poderia viver esse amor. Por isso, concentrou-se em seu treinamento para vingar-se do homem serpente que causara-lhe tanto mal
E depois que o fizera, ele não conseguira mais enxergar, pensou que teria válido a pena, sua missão no mundo estava terminada, e ele poderia simplesmente ir embora, mas Kushina não permitiu que ele tivesse este trágico fim, ela lutava por ela, por ele, pelos os dois. Quando ele ainda estava com os olhos enfaixados pode ouvir os pais entrando em seu quarto, Kushina estava sentada na poltrona ao lado de sua cama, como sempre estivera, desde sua cegueira.
– Como ele está? – perguntou Sasuke Uchiha.
– Está bem melhor – respondeu Kushina – logo ele estará novinho em folha, para ser rabugento como quiser.
– Muito engraçado – respondeu-lhe, ao sentar na cama, logo Kushina correu e lhe pôs um travesseiro por trás, para apoiar-se.
– Eu e Sakura precisamos falar com os dois – Disse Sasuke de maneira incisiva.
– Seu pai e eu notamos o quanto vocês se gostam – admitiu Sakura, Fugaku nunca pode ver, mas Kushina ficara tão rosa quanto seu cabelo – Portanto, não achamos que um segredo possa impedi-los.
– O que quer dizer com isso mamãe – perguntou a pequena recuperando-se do rubor.
– Queremos dizer querida, que Fugaku não é meu filho, pelo menos não de sangue, pois eu o tenho como meu – Ao ouvir a notícia, o mundo de Fugaku fora abaixo, seu pai não era seu pai, e sua mãe tinha morrido, dessa forma, ele era um órfão, e estava de fato só no mundo.
– Isso quer dizer que não somos irmãos? – perguntou Kushina ainda tentando assimilar as informações
– Não, nem de sangue, nem de criação, muito embora eu tenha Fugaku como meu filho – respondeu Sakura.
Uma áurea negra tomou conta de Fugaku, ele queria que todos saíssem, pois precisava pensar, e queria ficar só, como de fato merecia, por isso gritou: – Saiam do meu quarto, todos vocês!
– Olha como você fala comigo, não acha que está muito estressadinho? – indagou Kushina, que começava a ficar brava com a reação de Fugaku.
Ainda com raiva, mas abaixando o tom de voz, em apenas um murmúrio, pediu:
– Deixe-me só... – respirando fundo – Eu preciso de um momento.
Os três deixaram o quarto, Kushina parou do outro lado, pondo a mão na porta, queria retornar e mandar o Uchiha se catar, pois não deixá-lo-ia mesmo que ele manda-se, mas sua mãe, pondo sua mão em seu ombro, disse:
– Ele precisa de um tempo querida – ainda olhando para a porta, a menina compartilhou sua inquietação:
– Não entendo mamãe – abaixou os olhos para o chão – eu também acabo de descobri a verdade e só quero ficar perto dele, mesmo ele sendo esse cabeça de pudim.
– Sei que é difícil compreende-lo agora, mas você descobriu que tem dois pais querida, que sua mãe te ama e que seu amor é possível – Sakura puxou a filha para um abraço – Já ele querida, bem ele descobriu que não tem mais os dois pais e ele está muito ferido, pensamos que contando a verdade ele ficaria mais feliz, pois teria você para cuidar, muito embora, agora pareça que deveríamos ter aguardado um pouco mais; Venha querida, vamos fazer a torta que ele gosta, tenho certeza que logo ele será outra pessoa.
Contudo, ele não melhorara, apenas afastava-se cada vez mais Kushina, sentia-se inútil em casa, passava os dias no quarto, e todos o conheciam como o Uchiha sem visão, a ironia de um Uchiha cego fora a oportunidade perfeita para parte de Konoha destilar seu ódio sobre ele e embora Kushina continua-se o amando, ele sentia-se o nada perto dela, cada vez ela desenvolvia suas habilidades, já ele? ele permanecia preso em seu quarto, desviando das investidas da garota, mesmo ele a quisesse com a vida, não poderia a ter.
Por fim, decidiu seguir sua vida, pediu permissão ao pai para sair de casa, em busca de sua própria vida, que negou em dar-lhe, apenas sendo convencido por sua mãe, que confiava nele, apesar de tudo. Ainda contrariado, Sasuke deu a seu filho uma pequena quantia que dispunha e pediu que se algo ocorre-se independente do quê, ele deveria voltar para casa, pois sempre teria seu lar.
Ele ainda podia ouvir o choro de Kushina ao pedir para ele ficar, deixa-la foi a atitude mais dolorosa que já tomara, mas precisava afastar-se, buscar uma motivação e ela devia ser feliz, sem estar presa a um peso morto como ele.
Agora, depois de vestido, ele decidira que deveria encontrar a moça da noite passada, e assumir a responsabilidade por seus atos impensáveis, nem por um instante imaginou que uma noite de diversão terminaria com a possibilidade de ele torna-se um pai. Fugaku nunca fora irresponsável, mas o cheiro dela, cumulado com a sua voz o fez pensar em coisas que não devia.
Caminhou até a sineta e a acionou, a mesma ressoou na área dos criados, Will logo percebeu que seu patrão o solicitava, dirigindo-se a sala de jantar, onde seu mestre costumava fazer suas refeições, junto com mais duas camareiras, que serviriam o café da manhã. Ao chegar a grande sala o mordomo questionou a Fugaku, que já estava sentado a espera deles:
– Solicitou-me senhor?
– Sim Will, preciso que mande Dante até a madame Trulone e peça que ela me envie a menina que esteve aqui ontem, o mais rápido possível.
Não demorou para Dante, o jovem que prestava o serviço de correspondência para Fugaku, retornar com uma informação deveras incomoda:
– Senhor, a madame Trulone disse que não enviara ninguém ontem a noite, mas que se o senhor precisar, ela pode lhe enviar a qualquer momento – disse o jovem, em suas calças curtas engolindo em seco.
– Como não! – Urrou Fugaku – Ela acha que estou louco? – sem levantar-se do sofá disse com a voz baixa – Diga a essa senhora, que a quero em minha sala de visita em no máximo 20 min a contar de agora.
Dante, ainda tremendo com medo do homem, saiu correndo às pressas. Ele correu pelas ruas da tumultuada cidade, e só parou quando chegou em frente a casa de Madame Truolone, ele repassou o recado, e esperou enquanto a afobada mulher arrumava-se minimamente para sair de casa, seu senso o convenceu de esperar por ela do lado de fora, e assim o fez.
Em um pouco mais de meia hora, Fugaku recebia Will em seus aposentos que lhe informava que Madame Trulone já esperava por ele, na sala de visitas; O Uchiha levantou-se de prontidão encaminhando-se para encontra-la.
A mulher corpulenta, trajava um ridículo vestido amarelo, obviamente menor que o seu tamanho, ela estava instalada em seu sofá e tomava café com biscoito amanteigados, quando a mulher percebeu a presença dele foi a primeira a dizer:
– Que história é essa de me tirar da minha casa aleatoriamente Fugaku? Sei que tem muito dinheiro, mas saiba que não mandas em todos em Yokohama, embora pense que sim.
– Ora, pare de história, Karya, quero que me diga de uma vez por todas, quem foi a mulher que me mandou aqui ontem.
Karya Trulone tinha certeza absoluta de que não mandara ninguém, e ainda mais certeza, de que se Fugaku queria achar quem quer que fosse, deveria ser pelo fato de ela ter o roubado, por isso era crucial sair de lá, tão logo, pudesse, antes que o revoltado comerciante envolve-se a polícia no caso.
– Pois repito, não mandei ninguém aqui ontem, eu jamais faria isso!
– Senhor – chamou Will, Fugaku aproveitou a presença do mordomo e perguntou – Will, ontem veio uma mulher aqui não veio? Essa mulher pensa que sou louco!
– Ontem veio aqui uma mulher, já era bem tarde, e parecia ter sido enviada por madame Trulone.
– Parecia? – perguntou o Uchiha irritando-se.
– Sim, bem não lembro bem, mas acredito que ela disse isso – falou o idoso mordomo – De qualquer forma senhor, seu pai está no telefone e pede para falar, imediatamente.
Fugaku levantou-se ainda bufando com o que estava acontecendo – permaneçam aqui, todos vocês – disse e saiu pela porta, até o telefone, odiava quando seu pai exigia falar com ele, pois, depois de tantos anos, ainda o amava, por isso falou com a voz impostada:
– Alo pai, ao que devo a honra de sua ligação?
– Muito hilário Fugaku, sua mãe fez eu ligar logo, ela está impaciente para saber como estão as coisas?
– Ora, está tudo certo, como sempre, tedioso.
– Tedioso? – perguntou Sasuke – e a Kushina, chegou bem? Ela fora tão tarde, mas foi a única passagem que conseguimos para ela.
Ainda segurando o telefone, em sua mente passou um milhão de coisas, mas não poderia ser, por que ela faria algo assim com ele?
– Está tudo bem pai, mas preciso ir agora – sem esperar resposta de seu pai do outro lado da linha, o Uchiha desligou a ligação, com a mente pesada, retornou a passos rápidos para a sala de visitas, encontrando lá aqueles que ele deixara. Ainda de cabeça baixa pediu a Will:
– Will, por favor descreva a mulher que esteve aqui ontem.
– Bem, a jovem era muito bonita, mas só pude perceber bem seus traços, quando ela tirou a pesada capa preta, a menina estava congelando – o mordomo parecia refletir – bem, ela parecia um anjo, pelo branca, longos cabelos rosas e belos olhos verdes.
– Não tenho nada exótico assim em minha casa – apressou-se em falar – tenho certeza que usou meu nome para poder entrar nesta casa e roubar o que quer que seja que está procurando Fugaku.
Mas ele mal a ouvira, pois sabia de quem tratava-se, sua mente ficou confusa e seu estômago revirou e ele só podia dizer:
– Kushina.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.