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História Convergente II - Ela- The way of the bunker - História escrita por JulianeCeliria - Spirit Fanfics e Histórias
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História Convergente II - Ela- The way of the bunker


Escrita por: JulianeCeliria

Capítulo 43 - Ela- The way of the bunker


Sentada numa poltrona destinada a acompanhantes observo Cara e Christina dormirem em seu leito de hospital. A respiração regular, a aparência tranquila ambas parecem estar perdidas num sonho bom, de modo que não me sinto à vontade para trazê-las de volta à esta confusão. Resolvi sentar e esperar, como se dez ou quinze minutos de espera pudessem redimir quase três anos de ausência. Fiz o que tive de fazer, fiz tudo o que estava a meu alcance! Culpa, agora que enfim os tenho por perto sinto a culpa pesar nas minhas costas como uma uma mochila inútil carrego comigo por todos os lados.

Estou prestes a levantar-me quando Cara abre os olhos sonolenta e sorri para mim, o que me causa um certo alívio, afinal ela não está com raiva por eu estar viva (e o irmão morto pelas minhas mãos, ela não viu justiça nenhuma em minha pseudo morte afinal?!) durante todo o tempo em que eles acreditaram que eu estive morta.

_ Então não foi um sonho! Você está mesmo viva! -  Ela diz entre um bocejo.

_ Você quer dizer pesadelo?! - Respondo quase que por reflexo e apesar das palavras rudes ela parece contente e finge nem notar, ou realmente não nota.

_ Chega mais perto, quero te ver melhor. 

Caminho em direção a sua cama um tanto apreensiva enquanto ela se senta e me convida a juntar-me a ela.

_ Vem Tris, pode se sentar aqui se quiser.

_ Não, estou bem de pé.

_ Olhe só pra você, seu cabelo cresceu! Está diferente, mais magra talvez, mas existe algo mais... - Seus olhos me examinam de cima abaixo, como se tivessem o poder de ver o passado o presente e o futuro naquele curto espaço de tempo. 

_ E você como se sente? Soube que foi picada por uma cascavel. - Tento desviar sua atenção.

_ Sim, verdade! Passei por maus bocados, mas por sorte tenho amigos valorosos que se arriscaram para salvar a minha vida, Christina, Tobias, Zeke e Caleb, cada um a sua maneira foram os responsáveis poe eu estar aqui bem, falando com você, deitada nessa cama macia, nesses lençóis cheirosos - Ela diz, passando a mão pela roupa de cama sentindo a textura e parecendo muito agradecida por estar ali naquele desfrutando de todo aquele conforto, mas então seus olhos se arregalam um pouco mais como se ela estivesse se dado conta de algo. Não foi intencional, mas ainda assim senti a mochila pesar um pouco mais nas minhas costas.

_ É, eles são realmente incríveis. - Foi tudo que consegui dizer.

Cara me analisa mais uma vez e depois de um breve silêncio diz:

_ Ouça Tris, não estou julgando os seus motivos para permanecer aqui. Nunca fomos muito próximas, na verdade houveram muitas pedras no nosso caminho, mas sei bem quem é você... - Ela me olha com seus grandes olhos azuis e permaneço calada, sem esboçar qualquer reação.

_ Meu palpite é que, o que a manteve aqui é a segurança de Chicago... A sua rendição para que seguíssemos nossas vidas como se tudo estivesse acabado... Doce ilusão. - Ela ri amargamente e aos poucos sinto o fardo aliviar um pouco, como se um ou dois tijolos tivessem sido retirados da minha mochila.

_ Acertei?! - Ela insiste.

_ É complicado.

_ Acertei! E você continua a mesma, sempre reticente! Estamos do mesmo lado Tris, as vezes abrir o jogo deixa as coisas mais leves. 

_ É talvez você tenha razão. Mas agora, você precisa preocupar-se com a sua recuperação.

_ Estou bem. Na verdade o Dr. Bonitão está me segurando aqui para que eu não volte para aquela cela. Aliás como está Caleb? Quer dizer, como estão todos?

_ Estão bem na medida do possível... E... Ah.. Eu. Eu, queria me certificar de que vocês duas estão bem para dizer aos outros, sabe como é, eles não confiam muito nas pessoas daqui. Mesmo em Wes... 

_ Qual é Tris, você é uma péssima mentirosa! O que está acontecendo? - Ela estreita os olhos na minha direção como se desta forma pudesse ver o que se passa na minha cabeça e por um breve momento chego até acreditar que isso é possível. Sinto minhas bochechas corarem denunciando meu desconforto, troco o peso de uma perna para outra e desvio o olhar tentando recuperar a compostura.

_ Nada! Está tudo bem! - Uso o tom mais convincente que consigo encontrar, mas tenho certeza que minha linguagem corporal me denunciou afinal estou lidando com Cara...

_ Ok, Tris, se não puder me contar em detalhes vou entender... Só me diga se eles estão bem, se vai ficar tudo bem.

_ Cara, vou cuidar para que fique. Por ora, é tudo que posso dizer. - Estou girando os calcanhares para fugir dos seus olhos especulativos mas o som de outra voz me paralisa antes que eu possa chegar a porta.

_ Tris! - Christina chama com alguma dificuldade, a voz entrecortada de alguém que esteve entubada a pouco tempo. Me aproximo da cama para que ela não tenha de repetir o esforço.

_ Estou aqui. - Respondo e seguro levemente sua mão.

Seus lábios se abrem em um sorriso e lágrimas escorrem dos seus olhos então ela pressiona seus dedos contra os meus, e o que eu pensei ser um sorriso parece ser uma carranca de dor. Mas ela não emite som algum o que parece ser ainda mais agoniante.

_ Chris, você está bem? - Ela não responde e quando tento soltar a mão para buscar ajuda ela me prende ainda mais.

_ Christina! O que está acontecendo com você?! - Cara fala em tom de advertência da cama ao lado, tentando levantar-se com alguma dificuldade. Estou completamente confusa. O que está acontecendo?

_ Tris, se afaste, ela tem delirado por conta da medicação. - Cara explica. Continuo confusa seus olhos estão bem abertos e eu a ouvi chamando pelo meu nome.

_ Pode deixar, eu fico com ela. - Cara encoraja, enquanto acaricia o ombro de Christina e entoa um " Está tudo bem." "Fique calma." "Estamos a salvo." "Ninguém vai nos machucar." "Eles estão bem." Logo virão nos ver". 

Aos poucos a fisionomia de Christina vai voltando ao normal e apenas as lágrimas persistentes escorrem pelas laterais do seu rosto formando pequenos círculos úmidos no seu travesseiro. Então somos interceptados por uma enfermeira que empurra Cara de volta para a cama e injeta um analgésico no soro de Christina mas antes que seus olhos se fechem ela diz sonolenta:

_ Será que um dia você conseguirá me perdoar?

_ Psiuuuuuu! Você deve descansar agora. - Digo mas seus olhos estão se esforçando para permanecerem abertos ela precisa da minha resposta.

_ Não há o que perdoar Chris. Mas em todo caso sinta-se perdoada, agora feche esses olhos e durma, você precisa descansar.

_ Não! Só o que eles tem feito aqui é me drogar! De nada adianta você perdoar um crime que você não desconhece! - Ela diz e de repente sinto um frio percorrer a minha espinha.

_ Quando você estiver melhor, teremos tempo para conversar aí você poderá confessar todos os crimes que cometeu enquanto estive fora. - Digo da forma mais descontraída que consigo forjar.

_ O problema Tris, é que não sei se sairemos vivos daqui. - Seus olhos vacilam e parem que dessa vez vão fechar-se, o aperto de sua mão na minha suaviza. Puxo minha mão levemente e como um cadáver tendo um espasmo ela aperta minha mão com mais força e arregala os olhos, eu me assusto e instintivamente dou um salto, mas não recuo.

_ Me perdoe por tentar tomar tudo que era seu.  - Ela diz e por fim os olhos se fecham, o aperto frouxa exatamente como uma moribunda. No mínimo sinistro.

Imagino do que ela esteja falando, mas não quero nem pensar no que pode ter acontecido entre eles para que Christina tenha se sentido tão culpada assim. E o que dizer de Tobias?! Tantas cobranças em relação a Enrico... 

                                                               **************

A meia noite em ponto conforme havíamos combinado nos encontramos nas docas da Base. Enrico, Tobias e Eu. Apesar de Wes achar mais prudente que levássemos outros soldados conosco para proteção o Capitão Finch acreditou que levantaria muitas suspeitas. Segundo Enrico, apesar de estarmos armados até os dentes, estamos seguros de qualquer embate trafegando pelos pontos cegos das câmeras de segurança graças ao trabalho que José, Pablo e mais outro rapaz cujo nome não recordo, parece que eles conseguiram invadir todo o sistema de segurança da Base, inclusive o Bunker, nos monitoram em tempo real, e mudam o quadro de imagem das telas de segurança por onde passamos.  

_ Na verdade estou surpresa que José não tenha conseguido um alto posto na Base. - Digo para Enrico quebrando o silêncio enquanto nós três seguimos caminho em direção as entranhas rochosas da base.

_ Nem eu sabia que ele era capaz de tanto! Mas acho que meu povo não almeja grandes patentes por aqui. Quanto mais sabem sobre você, mas preso fica ao sistema. - Ele diz aparentemente se sentindo satisfeito por eu ter quebrado o silêncio puxando assunto com ele. Não imaginei que estivéssemos em uma competição.

Tobias caminha olhando para frente, visivelmente incomodado com a presença de Enrico. Ainda não me decidi como vou tratar desse assunto de modo que se temos algum tempo aqui, talvez seja um bom momento para perguntar.

_ Tobias, Christina estava estranha quando fui vê-la mais cedo, pediu perdão por ter tentado roubar algo que me pertencia, você do que ela falava. - Ele engole em seco e me olha nos olhos intrigado estudando se realmente é esse tipo de assunto que quero discutir ali nesse labirinto claustrofóbico, nesse clima de tensão que chega a ser quase que palpável.

_ Talvez seja a medicação. - Ele diz ironicamente, os lábios curvando-se para cima num meio sorriso. Claramente divertido com o que? Ciúme?

_ Engraçado, porque Nita me disse outra coisa. - Digo irritada, aumentando o passo de modo a tomar a dianteira.

_ Ei, Tris, eu sei o caminho!  - Enrico diz enquanto passa o braço em torno do meu ombro.

Tudo acontece rápido demais para que eu possa registrar. Quando dei por mim estou com o corpo colado contra rocha enquanto os dois estão rolando pelo chão engalfinhados feito bichos, socos, chutes, sangue. Me lanço em cima deles e alguém acerta um soco nas minhas costelas e perco o fôlego, é o que basta para se largarem. Estou no chão torcendo para que não tenham me quebrado uma costela enquanto os dois idiotas estão de joelhos um de cada lado sangrando e se lamentando na minha volta. Que ódio! Por que será será que agem sempre como animais!

_ Olhem só pra vocês! Estão sangrando, machucados! Olhos roxos, nariz quebrado! Poderiam dizer que enfrentaram pelo menos uma gangue de rebeldes da margem! Mas não! Conseguiram machucar a si mesmo!!! Membros do próprio grupo! Que tipo de idiotas são vocês?! Já estamos em um grupo reduzido, numa missão para salvar outras quatro pessoas além de nós mesmos e quem sabe uma nação inteira e vocês se acham no direito de pôr suas diferenças em primeiro lugar. - Levanto-me com alguma dificuldade me esquivando da ajuda que ambos me oferecem.

Eles se olham de canto de olho, Enrico abre a mochila tira dela um cantil de água um par de camisetas limpas, joga uma na direção de Tobias e ambos tiram as sua rasgadas e sujas de suor e sangue. Tento não me distrair com a visão dos dois belos espécimes masculinos limpando seus ferimentos com o que restou do tecido e um pouco de água, de modo que dou-lhe as costas.  Em poucos minutos estamos caminhando em silêncio na formação inicial: Enrico, Eu e Tobias.

Olho mais detidamente na direção de Tobias e percebo que ele tem o lábio cortado provavelmente onde Enrico lhe acertou um soco. Fico tentada da tocar no local mas contenho minha mão. As emoções parecem estar amplificadas aqui nesse labirinto. Há uma tensão entre os dois, um conflito de interesses, há algumas questões não resolvidas entre Tobias e eu, e tudo parece se agigantar entre essas rochas de modo que nosso bom senso é esmagado. 

_ Enrico estamos caminhando há algum tempo, você tem certeza de que está nos levando para o caminho certo?

_ Sim, absoluta.

_ São muitas bifurcações como pode ter certeza?

_ São pequenas mudanças sutis na paisagem que você só acompanha se está esperando por elas Tris. A partir do quinto lustre oval entra na primeira bifurcação á esquerda.  - Ele explica... Contamos obedecemos.

_ Então a paisagem retoma ao mesmo formato, mas então exatamente depois de seguir por 8 quilômetros em linha reta na parede cinzenta e rochosa à sua direita você verá muitas  ranhuras como  em qualquer outra parede de pedra pela qual tenha cruzado, mas se olhar olhar melhor, ou se souber o que procurar fica mais fácil, o símbolo é um oito deitado. Na primeira vez é mais complicado, mas depois ele parece reluzir para você, basta apertar nos dois espaços ovalares que um teclado vai surgir e então aí a senha é  4762 e estamos dentro. 

Antes que Enrico terminasse de falar meus olhos encontram o pequeno oito deitado, luminoso reluzindo feito ouro na pedra e meus dedos são atraídos feito ímãs na sua direção.

_ Calma aí Tris, espera. É um elevador. - Enrico diz enquanto eles se aproxima.

Eles se posicionam um de cada lado, eu ponho os dedos no oito invertido, o teclado surge azul brilhante e digito os números correspondentes a senha e um tubo de vibro nos cobre o nos conduzindo ao que parece ser o centro da Terra. Sinto meu estômago revirar e fico feliz em não ter feito aquela refeição que Wes  havia insistido tanto para que eu fizesse hoje mais cedo. Tobias sente minha tensão e põe a mão no meu ombro e me olha com ternura, meu impulso inicial é deitar a cabeça em seu ombro, mas então me lembro de que não estamos sós e que esta aqui é uma missão muito importante. Respiro fundo e me contento em retribuir apenas o olhar.

Depois de descer o que imagino ser pelo menos uns 20 andares, o elevador pára silenciosamente sem  qualquer mostrador ou indicação que identifique de fato se estamos no local certo. O tupo de vidro é sugado de volta para terra abruptamente e sou tomada por uma sensação de vulnerabilidade. Parece que estamos sendo observados. Busco algum reconhecimento nos olhos de Enrico que mantém uma postura relaxada de quem parece saber exatamente onde está. Ele acena levemente com a cabeça na minha direção, mas a tensão não abandona meu corpo e pelo que vejo Tobias espelha a minha preocupação.

 Apesar do meu relógio de pulso indicar altas horas da madrugada o local é estranhamente bem iluminado, como se estivesse preparado para receber visitantes a qualquer momento, mas a julgar pelo silêncio que é quebrado apenas pelo martelar violento das batidas do meu coração e pelo som da nossa respiração, o local parece estar vazio. Seguimos Enrico pelo amplo corredor que diferente dos padrões grosseiros de pedra das demais construções subterrâneas da base estas foras trabalhadas aparentemente com esmero e muita atenção ao detalhes. As paredes são completamente brancas com pequenos padrões florais em tons dourados o pé direito é tão alto que poderia jurar que estamos sob um céu azul e abaixo dos nossos pés o piso é feito de um mármore que se eu não estivesse vendo jamais poderia imaginá-lo, sequer consigo descrevê-lo. 

_ Incrível, não é mesmo? - Enrico comenta.

_ Você alguma vez o viu? - Pergunto.

_ É claro que não. - Ele responde.

_ E como saberei onde encontrá-lo? - Digo sentindo as mãos formigarem, porque na verdade não sei se realmente é isso que quero.

_ Alejandra disse que não sai da biblioteca, que apesar de ter uma suíte luxuosa ele prefere utilizar o escritório anexo a ela.

_ Mas e quanto a segurança? Um cara como ele deveria ter no mínimo uma escolta armada. - Tobias questiona.

_ Acontece que ninguém conhece a identidade dele e tão pouco esse lugar. Eu tenho a localização porque a Tris descobriu que Alejandra é neta dele e me convenceu a seduzi-la para obter informações. - Enrico me olha ressentido e Tobias sorri e me lança um olhar travesso enquanto acena a cabeça em concordância.

_ Como fazemos para chegar à Biblioteca? - Pergunto.

_ Segundo Alejandra é o cômodo preferido dele, o maior de todos e fica no final do bunker. Apesar da minha curiosidade nunca cheguei perto, mas soube que há um jardim artificial na entrada com grama, árvores de frutas sintéticas, flores, plantas, e até alguns pequenos animais que a primeira vista parecerão muito reais mais são apenas hologramas que aparecem aqui e ali para dar um pouco de vida ao local... 

Enquanto ele descreve o Jardim do Presidente fico me perguntando o que aconteceu com todos esses trabalhadores que desempenharam suas funções com tanto esmero para que Nicholaus King tivesse seu oásis particular... Imagino se foram realocados em experimentos, se tiveram suas memórias apagadas ou se foram mortos...

Vejo a silhueta do jardim se desenhando logo a diante e o cavalo desgovernado no meu peito começa a galopar violentamente. Reduzimos o passo instintivamente, enquanto o som artificial de natureza vai crescendo nos nossos ouvidos. Uma figura familiar chama minha atenção na copa de uma das árvores e sinto meus ossos gelarem com a constatação que ela me traz: O Presidente sabe que estou aqui. Aponto meu dedo indicador na direção do corvo e como já esperasse pela deixa o pássaro bate suas asas e alça voo a imagem holográfica se desfazendo antes que eu pudesse mostrar a Tobias ou a Enrico o que eu havia visto.

Chegou a hora da verdade! Você passou esse tempo todo se perguntando por que ele a deixou viver, hoje as coisas, enfim ficarão claras...

Adentramos o jardim maravilhados com a verossimilhança de tudo que nos cerca, bromélias coloridas cercadas por borboletas atenciosas, grama macia e verdinha, um pomar carregado de tentadoras maçãs vermelhas, (tão clichê). Tudo ali era absurdamente mágico e convidativo a tocar...CONVIDATIVO À TOCAR!

_ Armadilha! Não toquem em nada! - Digo desesperada olhando em volta e quando conta Tobias está caído no chão como que tira um cochilo próximo ao arbusto de bromélias. E pasmem! Enrico foi capaz de dar uma mordida na maldita maçã!

Com muito esforço viro o Tobias de barriga para cima. Confiro os sinais vitais, graças a Deus está estável! Parece que realmente está apagado. Eu o seguro pelos braços e o puxo para fora do jardim. Repito o mesmo procedimento com Enrico tomando o cuidado para tirar os resquícios da fruta que ficaram na sua garganta. Procuro deixá-los em uma posição confortável enquanto ganho tempo para encontrar a coragem de que preciso. Confiro o relógio e constato que já sei, o tempo não é meu aliado nesse momento. Tenho mais 3 ou 4 horas até o dia amanhecer, que é quando deveríamos estar de volta. Dou um beijo de leve nos lábios de Tobias e um beijo na bochecha de Enrico, inflo meus pulmões e atravesso o jardim decidida.

Estou pronta para esmurrar as enormes portas duplas da Biblioteca com as duas mãos, mas elas se abrem sozinhas antes que eu possa tocá-las de modo que meus braços ficam no ar com punhos cerrados. A Visão que tenho é um misto de assombro e admiração. Flashbackas do fatídico sonho ou alucinação que tive enquanto estava sob o efeito da droga fazem tudo aquilo parecer muito surreal. Já isso aqui, isso é magnifico! O salão como todo o bunker do Presidente tem um Pé direito enorme cujo teto ovalado em tons luxuosos de dourado ostenta um lustre gigantesco que provavelmente deve ter sido instalado com a ajuda de um guindaste. O Salão tem o formato de um círculo e diversos corredores e estantes repletas de livros circundam as paredes até o teto, formando vários e vários andares do que imagino ser todo tipo de conhecimento armazenado entre milhares e milhares de páginas. Caleb ficaria fascinado.

Dou alguns passos em direção ao centro da sala e ouço as primeiras notas. Então a música cresce e meu conta do enorme piano de calda no centro da sala, lindo branco, emana uma canção harmoniosa, apaixonada porém triste e melancólica.

_ O que você sente ao ouvir essa canção Beatrice? 

Instintivamente meus olhos percorrem todo o ambiente à procura do emissor daquela voz e para a minha surpresa, está a poucos metros tocando piano, bem diante de mim. Esfrego os olhos como se isso fosse melhor minha visão...

_ Melancolia. - Tudo que respondo.

_ Sua avó costumava gostar dessa canção. Chama Noturnos, Opera 9 de Frederic Chopin. Ele a compôs para o cortejo de uma moça. Sua avó achava romântico e eu, assim como você melancólico.  - Ele diz enquanto pára de tocar e se vira de modo que ficamos frente a frente, olhos nos olhos.

Estou um pouco confusa, temo que talvez seja o efeito do jardim... Ele falou minha avó? Ele conheceu ela, quem? A mãe do Wes?

_ Você parece confusa querida? Quer se sentar? - Ele se levanta e caminha na minha direção e me esquivo instintivamente como se uma cobra peçonhenta estivesse prestes a me dar o bote.

_ Beatrice, não tenho intenção nenhuma de fazer mal algum a você querida. Aliás, tenho esperado por este momento por três longos anos...

_ Como, como assim?

_ Eu estava esperando que você viesse até mim. Não posso subir você sabe e não há como confiar nada em Persefone os meus genes são recessivos perante a herança genética opressora daqueles rebeldes no sangue daquela infame. A mãe dela já não era boa coisa, foi fruto de um relacionamento impensado, num momento de desespero, o qual me custou uma cidade inteira. 

_ Quem é Persefone? 

_ Você a conhece vulgarmente como Alejandra. 

Estamos de pé diante um do outro eu, aparentemente desconfortável, ele muito tranquilo e feliz em me ver o que só faz aumentar a minha estranheza e o meu desconforto.

_ Beatrice, vamos tomar um chá, você gosta de chá certo? - Ele ergue as sobrancelhas brancas enquanto aguarda minha resposta eu assinto nervosamente porque não sei como agir. Ele faz menção de tocar meu ombro me esquivo e ele retira a mão com olhar de pesar. 

_ Você é o Presidente Nicholaus King, certo? - Digo o óbvio enquanto o sigo apenas para situar as coisas e de fato testar a minha sanidade. 

_ Certo. - Ele responde enquanto indica uma poltrona para que eu me sente.

_ Você fala na minha avó desde que eu cheguei... Que avó? Só conheci meus pais Andrew e Natalie Prior que foram brutalmente assassinados num confronto entre Facções num dos seus Experimentos.  

_ Eu nem o conheci. - Ele diz e abaixa a cabeça tristemente.

_ Do que você está falando? - Pergunto nervosamente.

_ Quantas colheres de açúcar, creme, leite? - Ele pergunta desconversando enquanto serve uma xícara de chá para mim.

_ Do que você esta falando?

_ Beatrice, é uma longa história. Teremos tempo. Saboreie sei chá. 

_ Mas eu nem lhe disse como queria.

_ Eu pus creme como sua avó costuma tomar. 

_ Eu gosto com açúcar.

_ Tudo bem, posso servir outro.

_ Ouça, vim até aqui por um motivo, General Sparks vai levar meus amigos a julgamento com sugestão de pena de morte e se você quer tomar chá comigo sugiro que faça uma ligação agora mesmo e liberte todos eles, inclusive os dois que estão desmaiados no corredor lá fora.

_ Você acha que realmente tem escolha?

_ Sim, eu acho que tenho. 

Ele me olha me examina por um momento então levanta, tira um aparelho de telefone do bolso digita um numero e após o primeiro toque o presidente põe o General Sparks no viva voz

_ Presidente!

_ Boa Noite meu caro General Sparks

_ Chegou aos meus ouvidos um certo julgamento marcado para amanhã.

_ Os suspeitos assassinaram militares do DAG

_ Eu os Absolvo e ordeno que libertem eles imediatamente.

_ O quê?

_ Isso mesmo que você ouviu.

_ Eu os julgo inocentes e ordeno que você os liberte e os dê boas condições para convivência em sociedade. 

_ Mas senhor.

_ Sparks está discutindo comigo?

_ Não senhor.

_ Foi o que pensei.

_ Boa noite senhor. - 

NIcholaus desliga o telefone sem desejar boa noite a Sparks e fico satisfeita por isso, pelo menos alguém o coloca no lugar dele.


Notas Finais


Gente não corrigi porque são 00:28 e tenho que acordar as 06:45 hahaha amanhã ao longo do dia corrijo Beijos


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