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História Coração azul - Soukoku - Tempestade em um olhar - História escrita por scaravodka - Spirit Fanfics e Histórias
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História Coração azul - Soukoku - Tempestade em um olhar


Escrita por: scaravodka

Notas do Autor


só lembrando que esse capítulo é narrado pelo chuuya

eu vou fazer depois alguma coisa pra indicar quando um vai narrar e quando vai ser a vez do outro, agora não consigo porque tá tudo bugando nesse site kakakaka mas depois coloco!!

Capítulo 3 - Tempestade em um olhar


                        Chuuya 


Às vezes eu odeio ser como sou. Odeio amar Osamu Dazai e não conseguir dizer isso. Odeio mais ainda não conseguir sequer dizer o quão importante ele é para mim. Ele me deixa nervoso demais para dizer qualquer mínima palavra de conforto e que expresse meu amor, sinto como se todas as palavras que conheço sumissem do meu vocabulário quando cogito dizer alguma coisa e eu odeio isso. 


Me sinto uma pessoa horrível porque nem mesmo depois de ter quase perdido Dazai eu não consigo dizer nada sobre o quanto o amo. Se em mim isso já é doloroso o suficiente, imagino como deve ser para ele. 


Eu não entendo muito bem como a mente de uma pessoa suicida funciona, mas sei que existem milhares de coisas que podem servir como gatilho para desencadear outra crise. Sei que até pequenas coisas podem ser um gatilho para uma mente como a de Dazai, e esse talvez seja meu maior medo: que todas as palavras que não digo serem um gatilho para ele e desencadear uma crise igual ou até pior como a que aconteceu da última vez.  


Eu apoio meus braços no parapeito da sacada e inclino o corpo um pouco para a frente quando começo a me sentir desconfortável pela lembrança do dia em que Dazai tentou suicídio. Não consigo esquecer do seu corpo todo ensanguentado nos meus braços, da sua face pálida e os olhos fechados enquanto tudo o que eu conseguia fazer era chorar em desespero. Minhas mãos tremiam tanto e meu coração batia tão forte que pensei que fosse morrer, o pânico me deixou em um estado que jamais imaginei que fosse sentir. 


Eu estava desesperado demais para perceber, mas agora vejo que Dazai insistiu tanto para que eu fosse para sua casa aquele dia porque sabia que uma crise estava perto. Talvez ele quisesse que eu estivesse lá para o ajudar caso as coisas ficassem sérias demais e saísse de controle, bom, foi exatamente o que aconteceu. 


Eu já sabia que ele não era tão estável mentalmente, mas não sabia que podia chegar àquele ponto… Por isso não estranhei quando ele falou que iria ao banheiro, mas comecei a me preocupar quando demorou demais para voltar. Ele realmente não teria mesmo voltado se eu não tivesse ido ver como estava, e ele estava da pior maneira possível. 


A pergunta que Dazai praticamente acabou de me fazer retorna à minha mente. Por que eu não queria que ele morresse? Porque eu não aceitaria perder a pessoa que mais amo. Porque ele é importante para mim em um nível absurdo e eu não quero que sofra. Eu poderia ter dito isso, mas por que não consigo? Não sei do que tenho tanto medo, eu sou um idiota.


Decido deixar a sacada quando o movimento dos carros lá embaixo começa a me dar tontura, e resolvo ficar na sala de estar vendo qualquer filme que está a passar na televisão. Eu poderia chamar Dazai para ver comigo, mas o filme é um romance do tipo extra clichê e certamente vai me deixar super desconfortável se eu chamasse ele para assistir comigo. 


Quer dizer, eu estaria vendo um romance com a pessoa que sou apaixonado mas que não sabe dos meus sentimentos. Talvez seja bobeira minha, mas isso me apavora em níveis irracionais. Consigo até imaginar o desconforto que ficaria no ar com a imagem de duas pessoas se beijando na tela enquanto tudo o que eu queria era beijar a pessoa que estaria bem do meu lado. 


Certo que Osamu não consegue ler meus pensamentos, mas seria constrangedor demais para mim. Mesmo que eu tente continuar na pose de frio e calculista, às vezes não dá muito certo e alguma emoção pode ficar óbvia demais.


— Chuuya! — Dazai grita, me tirando de meus devaneios. 


Me levanto imediatamente do sofá e vou correndo até o quarto dele, com o pior passando em minha mente não consigo pensar direito e sou movido para sentir o mesmo desespero daquele dia outra vez. A ideia de o encontrar no mesmo estado da última vez me faz querer chorar. 


Eu toco a maçaneta da porta e a abro com uma força absurda, mas as batidas do meu coração se normalizam quando vejo Dazai sentado no chão em posição de meditação me encarando com os olhos arregalados. Deixo escapar um suspiro de alívio. Felizmente há apenas um Dazai confuso me olhando, sem sangue, lâminas ou remédios por perto.


— Eu só ia pedir para você trazer um pedaço de bolo pra mim. — ele diz calmo ao passo que um sorriso se abre em seus lábios. 


— Ah… — é tudo o que consigo fazer enquanto desvio meus olhos dele. — Eu pego para você. — digo virando para voltar. 


Começo a pensar se não teria sido mais fácil se ele já tivesse gritado que queria bolo e não apenas meu nome, o vácuo que ficou depois que o disse quase me proporcionou a morte. Mas não devo ficar estressado por isso, não é mesmo? Porque é mesmo muito melhor ouvir a voz de Dazai pedindo por um pedaço de bolo do que seus gritos de dor. 


Volto para o quarto dele com um pedaço de bolo de chocolate e o entrego, seus olhinhos brilharam como os de uma criança quando começou a comer. É ao mesmo tempo fofo e engraçado como ele pode ser tão adorável. 


Me sento ao lado dele no chão, de repente senti uma necessidade estranha de ficar ao seu lado. Dazai parece surpreso quando faço isso, os olhos correndo suavemente pela minha face enquanto leva o garfo com um pedacinho de bolo até a boca. 


Eu seria um idiota se dissesse que não sei o motivo para estar surpreso, são raras as vezes em que decido ficar ao lado dele por vontade própria e com o bom humor que sinto agora. Por se tratar da pessoa que amo eu deveria querer estar ao lado dele o tempo todo, mas por algum motivo não consigo. Acho que o problema está em mim, se ao menos eu fosse menos inseguro com tudo o que sinto, nós poderíamos ser mais próximos. 


— O que você estava fazendo? — eu pergunto.


— Meditação. Ajuda a acalmar o espírito, sabia? 


— Eu não sabia disso…


— Pois é. Decidi começar a fazer hoje para quando eu morrer, minha alma ficar em paz absoluta. — ele solta um longo suspiro ao passo que um sorriso doloroso se forma em seus lábios. — Quero fazer com que minha alma fique em paz logo. Para sempre. 


Não é a primeira vez que Dazai fala coisas nesse sentido, mas toda vez que ele diz sinto a mesma dor crescer e rasgar cada vez mais fundo em meu coração. É tão doloroso saber que ele não vê valor na própria vida… Se ao menos eu soubesse como fazê-lo enxergar isso. 


Giro minha cabeça para olhá-lo, Dazai tem um sorriso no rosto mas sei que quer chorar. Sei que aquele sorriso está sendo mantido por um esforço enorme, e que a qualquer momento pode se transformar em lágrimas. Isso dói, ver esse sorriso falso em seu rosto dói. Eu apenas queria poder fazê-lo sorrir verdadeiramente. 


— Você me salvaria de novo, Chuuya? — sua voz sai um pouco embargada. 


Vejo a dor nos lindos olhos de Dazai, o castanho como uma tempestade, uma dor que não posso tirar e que se torna apenas maior quando não digo nada. Eu queria poder ser capaz de tirar essa dor, mas como posso fazer isso se apenas causo mais dor quando fico sem palavras? 


Sem saber direito o que fazer ou dizer, eu seguro a mão de Dazai e entrelaço com a minha. Não consigo ler que emoção sente agora com esse toque, mas sei que está surpreso outra vez. 


Como eu poderia dizer à Dazai que eu quero sentir esse toque para sempre? Que eu não quero mais que ele tente suicídio outra vez porque eu não seria capaz de lidar com a dor que sua falta faria. Eu não quero perder seu toque, não quero o perder. 


— Eu vou sempre estar ao seu lado, Dazai… — digo, fazendo o máximo de esforço para não desviar os olhos do moreno.


De novo o mesmo sorriso doloroso se abre em seu rosto, talvez eu também esteja sorrindo desse jeito agora. 


Não sinto que as palavras que eu disse foram suficientes, ainda tem muito o que quero dizer, mas isso é só o que consigo agora. 


Dazai fica em silêncio por um instante, os olhos descem até nossas mãos entrelaçadas enquanto algo passa em sua mente. Não consigo imaginar no que ele pode estar a pensar agora, mas aquele doloroso sorriso que ele tinha nos lábios parece se transformar em um sorriso mais suave.


— Vamos ver o mar do alto de um penhasco? — ele sugere de repente. 


Uma onda de calor sobe imediatamente pelo meu corpo, e por reflexo eu aperto mais o toque em nossas mãos. 


— Precisa mesmo ser do alto de um penhasco?


— Precisa! 


— Por que não pode ser do chão mesmo? — questiono outra vez, sentindo certo medo dessa sugestão. 


— Porque de cima é mais bonito!


Com certeza, mais bonito e mais perigoso. 







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