“A vida é sacrifício, fechar os olhos e se entregar. No inicio é difícil mas vai se acostumar...”
Minhas lembranças, meu irmao e eu brincando no jardim, nos escondendo da mamãe quando quebramos um vaso, nós escrevendo cartinhas para o papai noel e outras coisas, tudo rodava na minha cabeça. Aquele berg era gigante e havia outras crianças ali que chorava a falta dos pais. Mas eu não , a presença de Newt me acalmava. Por mais que os últimos acontecimentos faziam o choro parar em minha garganta, àquele garoto segurava minha mão e não me deixava chorar.
Seus olhos não refletia dor mas sim esperança. Tudo oque queria era ser como ele mas meu peito doía pela despedida de minha mãe apouco.
-Seu nome é mesmo Newton Augustos?
-é sim. Por que?
Estavamos sentados em bancos de dois, com cintos de segurança e com homens armados que passavam pelo corredor.
-meu pai se chama Augustos.
-por que ele não estava com você ? _Newt
-eu não sei. Um dia ele ficou doente e muito nervoso, saiu de casa e... Ainda não voltou.
-você não sabe oque aconteceu não é mesmo?
-você sabe?
-claro. Mas melhor deixar pros adultos te falar, eu não vou saber explicar.
Aquele berg voava alto e rápido, mas era mais silicioso do que o ventilador da minha casa.
-oque você trouxe na mochila? _Newt
Eu nem mesmo sabia. Minha mãe a preparou e disse que eram pequenas distrações e lembranças que eu gostava. Isso me deu uma pequena pontada de alegria abri aquela mochila o mais rápido que podia. Dentro tinha meu pequeno MP3 que tanto amava, meu urso que havia ganhado quando nasci, uma foto da minha família e mais alguns presentes que havia ganhado.
Mostrei tudo a Newt.
-Esse é meu irmão gêmeo, Tobias.
-ele parece muito mesmo com você.
-ele é incrível, quando você conhecer ele vai ver!
Meus olhos brilhavam mas eu ainda me perguntava se eu mesmo voltaria a ver Tobias.
- e então que tipo de musica você escuta ai? _Newt
Passamos o resto da viagem compartilhando o fone, ele gostava e cantava baixo as musicas.
Meu pai era compositor de musicas e poemas, desde pequena ficava encantada com suas letras. Eram dramáticas e tocantes. Nem uma delas ficaram famosas no mundo todo, mas pra ele oque importava era encantar mesmo que fosse poucos.
Acabei pegando no sono no meio da viagem. Morávamos no Japão então a viagem demorou a noite toda até chegarna América . Meus pais eram americanos mas se mudaram para o Japão assim que casaram. Ficamos em um bairro de estrangeiros, próximo a minha tia por parte de mãe. Newt pelo visto era filho de italianos e britânicos e morava lá a pouco tempo. Sabia tanto inglês como japonês mas seu sotaque britânico não passava despercebido.
Acordei com sua voz me chamando...
-Jessi acorda, parece que chegamos.
Acabei dormindo no seu colo e ele não havia demonstrado incomodo algum.
Fomos levados para um grande prédio, tudo ali dentro me lembrava a hospitais, tudo era branco. Ficamos sentados em um pátio com crianças que estavam em outro berg vindo de outros lugares do mundo. Fomos obrigados a ficar quietos, ate que chegou uma mulher...
-olá meus pequenos. Sou Ava Paige, estamos aqui para protegê-los então não precisa ficar com medo. Quero que se sintam bem e me considerem como uma mãe a vocês. A partir de agora somos todos uma família a procura da cura de varias doenças. Aqui 1 em 1milhao nasce pra vencer, mas tudo depende de vocês para ser esse vencedor. Vou conhecer a cada um de vocês logo mais, prestem atenção quando forem chamados. Sejam bem vindos a sua nova casa. Até já.
Ela saiu e os murmúrios tomarão conta do local. Depois do que me pareceram muitas horas eu fui chamada. Sorri me despedindo de Newt e ele sorrio de volta, estava nervosa e com medo e tentava nao demonstrar nada. Um homem me levou até uma sala, me sentie de frente para Ava Paige.
-Jessica como esta minha pequena?
-estou bem.
-que bom. Sabe oque é isso?
Ela me mostrava alguns desenhos e quebra-cabeça que eu me lembro de ter feito a poucos dias a traz.
-foi eu que fiz.
-pode me explicar esse desenho? _Ava
-é digamos... minha vida. Meus pais, aqui meu pai esta tocando o violão, minha mãe esta brincando comigo e meu irmão. Aqui é minha escola, eu gosto muito dela e aqui é o parque que vamos todo final de semana para brincar e andar de bicicleta, meu irmão ja anda sem rodinhas mais eu tenho medo de cair.
Eu falava apontando para os pontos do desenho que pareciam mais rabiscos.
-que legal e que bom que gosta da escola, sabia que aqui também é uma escola, muito mais qualificada. Vai aprender muito e vai gostar muito mais desta escola que a outra. Jessica você sabe por que esta aqui? _neguei com a cabeça. _bem você é uma garotinha muito inteligente e vai ser muito importante para salvar vidas, até mesmo poderá salvar a vida de seus pais de doenças ruins. Se lembra de ver eles doentes alguma vez?
-sim mas meu irmão que sempre ficava doente.
-e se você pudesse acabar com isso? Se você pudesse acabar com as doenças e assim brincar sempre com seu irmão? Iria gostar?
-sim! Porque sempre que ele ficava doente não podíamos brincar.
-isso mostra que você é muito amorosa e prestativa também. Espero que me ajude a encontrar a cura para essas doenças. Bom agora você vai conhecer seu dormitório, você chegou aqui junto de um menino, Newt. Oque ele é pra você?
-um amigo.
-que bom que ja esta fazendo amigos, vai conhecer muitos outros. O guarda Harris vai leva-la ao seu novo quarto. Sempre que precisar pode vir falar comigo. Lembre-se que quero que me veja como uma mãe.
Eu sorri meio torto, essa ideia de ter outra mãe não me parecia muito certa, nao sei se minha mae ia gostar disso. O mesmo homem que me trouxe abre a porta e eu o segui, ele pegou em minha mão me indicando o caminho.
Do lado de fora Newt estava sentado em uma cadeira com uma fila de outras crianças acabei por chamar seu nome baixo e assim que ele viu o guarda me levar para outro lugar ele correu e me segurou pela mão fazendo o homem parar e nos encarar com a testa enrugada .
-onde você vai levar ela? _o garoto tinha umas atitudes que não era de uma criança qualquer oque fez o homem fazer uma carranca assustadora encarando ele.
-ela ficara com outra menina no quarto e estou levando ela para lá. _Guarda
-você não pode fazer isso. Eu prometi a mãe dela que ficaríamos juntos! Não vou deixar que a leve!
-oque esta acontecendo aqui?_ Ava Paige aparece na porta.
-o moleque acha que é grande pra ficar mandando em mim. Quer ficar junto da garota. _Guarda
Newt estava com centro da testa franzido, eu me perguntava se aquela atitude dele era certa. Minha mãe sempre me ensinou a nunca desafiar ou desobedecer um adulto, ja meu pai sempre me disse algumas situações em que eu devia me defender e fugir, aquele não era uma delas.
-Newt e Jessica_ Ava Paige_ vocês sabem que meninos e meninas não podem ficar junto...
-eu prometi que ficaríamos juntos! _Newt
O loiro encara a mulher sem medo algum. Ela esta com a postura reta mas com labios entreabertos como si estivesse espantada com a atitude do garoto. Toda situação me fez encolher um pouco com medo.
-oque você quer Jessica? Ficar com Newt ou com outra amiguinha?
O loiro desviou o olhar para mim e abre um sorriso no rosto, como se sentisse que fosse transbordar de orgulho. Um anjo da guarda. Era oque ele parecia para mim. Seu sorriso nos lábios finos eram aconchegantes. Aquele garoto fazia meu coração se alegrar como se o conhecesse a tempos.
-quero ficar com ele!
Ela levantou as sobrancelhas como se estivesse surpresa e depois abriu um leve sorriso.
-esta bem. _Ela pega uma prancheta e escreve algo_ pode levar os dois pro quarto 253.
...
Assim que chegamos no quarto Newt correu para ficar na parte de cima da beliche. Eu nem discuti porque tinha medo de rolar e cair do alto enquanto dormia.
Ficamos um tempo no quarto seguindo as instruções do guarda. Ele disse que um apito se daria quando pudéssemos sair para o refeitório. Enquanto isso Newt me mostrava que trouxe suas coleções de mangas preferidos. Eu conhecia alguns mais por causa do meu irmão.
-aaah eu queria muito ter um sharingan!!! Ou ser um espadachim.
Ele falava animado e me divertia com isso. Ele me contava também de sua irmã. Que estavam fazendo testes para ver se ela poderia vir para cá. Ele parecia sentir falta dela,como eu sentia do meu irmão.
O quarto era pequeno, tinha uma escrivaninha, um guarda-roupa com roupas brancas e todas iguais, eram um padrão apenas com tamanhos diferentes. Tinha uma estante de livros que eu não reconhecia nem um deles e um pequeno banheiro.
Eu já estava com o estomago roncando quando soou o apito e varias crianças saiam dos quartos, seguimos na mesma direção pelo corredor largo. Subimos por uma escada para o andar de cima, este era apenas o local do refeitório. Varias mesas grandes com bancos de todos os lados e a cozinha.
Estava na fila esperando para pegar o lanche da manhã quando reconheci um garoto que passava pelas mesas procurando um lugar para sentar.
-Thomas.
Eu não acreditava que ele estava aqui. Thomas era meu primo filho da tia Amanda.
-Thomas!!!
Eu gritei e corri até ele que quando me viu sorriu, deixou sua comida na mesa e abriu os abraços para me pegar no colo.
-Jessi! Meu deus! Magrela você também veio!
-Thomas não acredito que esta aqui. Você ficou doente e nunca mais te vi.
-ei! Isso nem faz tanto tempo.
-desde quando esta aqui?
-acho que faz duas semanas... Jessi... Como estava minha mãe?
-da ultima vez que a vi estava bem. Um pouco triste por você.
-hum. Olha vou comer que esta quase na hora de começar minhas aulas. Depois agente se fala.
Ele parecia ter ficado um pouco triste. Thomas era pouco mais de um ano mais velho que eu, então crescemos junto praticamente.
-Jessi, quem era ele? _Newt chegava carregando dois lanches e dois copos de leite em sua bandeja_ peguei pra você também.
-meu primo Thomas. Obrigada Newt, ia ter que voltar pro final da fila!
Ele sorria como sempre. Cativava. Não foi surpresa pra mim que ele fizesse amigos rápido.
...
Tínhamos aula todos os dias, a tarde ajudávamos em alguma tarefa simples do local. Era horário pra acordar, comer, dormir e brincar. Uma vez na semana tinha aula diferenciadas para meninas e para meninos onde aprendíamos sobre a puberdade, hormônios e sobre nosso próprio corpo; era um dos poucos momentos que ficava longe de Newt. Mas agradecia por isso pois ficaria constrangida de mais com os assuntos das aulas. As classes eram separadas por turma de idioma e por quartos.
Eles nos ensinaram sobre oque acontecia no mundo. O fulgor, eu não entendia esse nome já que era na verdade o nome que se dava a uma luminosidade ou luz intensa. Mas nos mostraram oque esse vírus fazia no corpo das pessoas, nos mostraram fotos e desenhos explicando como ele agia no sangue e no celebro. Desde então eu temia pela minha família.
Eles explicaram como cada um de nós poderíamos ajudar a salvar as pessoas. E as vezes essas explicações me dava medo, a maioria dizia que através do nosso celebro que produzia uma enzima no nosso sangue que seria produzida a cura. Mas apesar do medo eu queria salvar pessoas. Acabei por me dedicar a isso.
As vezes a noite escutava Newt soluçar ao segurar o choro, ele nunca falava nada e apesar de seu sorriso eu sabia que ele estava sofrendo por algo.
Era pouca as vezes que conseguia falar com Thomas e sempre ele parecia distante e preocupado com sua mãe. Nós já entendíamos que elas estavam doentes, estavam infectadas e diferente de nós elas não se curaram e poderia acabar por morrer. Eu ficava triste e queria ter Thomas mais perto de mim, ele parecia que queria ficar um pouco distante.
As aulas eram na maioria entediantes, matemática, química, idiomas, história e etc. Mas algumas era contagiantes como arte, tecnologia e biologia que eles sempre levavam algum animal.
Depois de quase um mês já havia me acostumado a rotina, já lia livros dificílimos que provavelmente uma criança comum não se interessaria. Fazíamos exames semanalmente e também atividades físicas que eram bem puxadas.
Eu sempre tiravas boas notas e era sempre elogiada apesar da timidez. Eu não conseguia ser corajosa. E Newt sempre se mostrava presente pra me ajudar.
Um dia fui chamada a sala de Ava Paige e ficava tremendo de medo achando que havia feito algo de errado. E enquanto eu esperava do lado de fora ele apareceu correndo e rindo.
-Newt? Não devia estar na aula?
-devia mas vi que você começou a tremer quando foi chamada então tive que vir. Esta com medo de novo?
-um pouco. Nunca mais fui chamada aqui. É melhor você voltar ou vão brigar com você.
-esta bem. Mas não fica com medo, você não fez nada. E mesmo assim você tem que mostrar confiança. Encara ela igual uma naja que ela se espanta.
Ele ficava me encarando imitando uma cobra me fazendo dar gargalhadas com seus movimentos que mais pareciam de uma minhoca. Quando ele parou ficou me olhando com um sorriso fofo enquanto eu limpava uma lagrima de tanto rir.
-você fica linda quando sorri assim.
Eu provavelmente fiquei vermelha mas ele... Parecia um pimentão.
-vou voltar, agente se vê daqui a pouco.
Ele deu um beijo na bochecha e saiu correndo de volta pra sala. Logo a porta a minha frente foi aberta e fui chamada. Entrei na sala e ja me sentindo mais corajosa que antes.
-Jessica minha pequena você parece muito feliz. Eu recebi alguns resultados seus e por isso te chamei. Lembra quando nos falamos da primeira vez? _eu assenti_ eu disse que você era uma menina inteligente mas acabou me surpreendendo muito. Você aparentemente é a mais inteligente e astuta entre as crianças. Por isso eu queria dar a você alguns desafios e trabalhos muito importante para o desenvolvimento da cura para o fulgor. Jessica.. Você gostaria de trabalhar comigo na ala laboratorial?
...
Eu estava radiante, orgulhosa de mim mesma e ansiosa. Ansiosa para o trabalho que aceitei; e ansiosa para encontrar Newt e conta-lo... Queria que ele ver ele se orgulhar de mim. Durante a aula eu não conseguia prestar atenção no professor e ficava tentando controlar o riso. Olhava para atrás as vezes e via que ele sentia minha felicidade, ele sorria tanto quando me via que era quase impossível resistir ao impulso de abraça-lo e contar tudo oque tinha acontecido.
Quando soou o apito para o almoço eu estava eufórica e pulei nos braços dele antes mesmo de sairmos da sala. Uma lagrima escorreu do meu rosto.
-ei... Nossa nunca te vi assim tão feliz... Oque foi que...
-eu vou ser importante Newt! Quer dizer... A Ava me chamou pra... Pra dizer que sou muito inteligente e que quer eu ajude ela no laboratório!
O sorriso dele que já era grande agora ficou de orelha a orelha. Ele me abraçou forte e aquilo me deixava ainda mais feliz.
Mesmo depois enquanto andávamos em direção ao refeitório não conseguíamos dizer mais nada, só sorriamos feito bobos. Eu pensei que nada podia nos fazer ficar mais feliz. Mas podia... Quando chegamos lá Newt caiu no chão aos prantos. No começo eu não entendi e me senti desolada. Mas logo escutei uma voz feminina o chamar.
O garota loira corria na nossa direção, ela se ajoelhou e abraçou ele como se fosse a ultima coisa que poderiam fazer. As lagrimas de Newt não eram exatamente prantos... Era uma felicidade que estava transbordando ele, o alivio parecia ter tomado conta de si.
-Sonya!!!
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