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História Corrupted (Livro 1) - Ele Está Enfurecido - História escrita por moonysupreme - Spirit Fanfics e Histórias
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História Corrupted (Livro 1) - Ele Está Enfurecido


Escrita por: moonysupreme

Capítulo 95 - Ele Está Enfurecido


8 de outubro de 1995
Hogwarts
07:50

– Todos nós concordamos, então, que a única pessoa que tem motivos pra atacar a Edwiges é a Umbridge? – Ron perguntou, no dia seguinte, enquanto andavam nos corredores lotados em direção á aula de Feitiços.

– É a única coisa que faz sentido. – Eleanor assentiu. – Não tem como ser só coincidência... ela saber que iríamos falar com o Sirius justamente no dia em que a carta foi entregue.

– E eu estive pensando no que você disse, Eleanor... – Hermione se pronunciou. – Sobre você não achar que foi o Malfoy quem disse pro Filch que Harry estava enviando bombas de bosta... e se foi a Umbridge?

De repente, uma lâmpada se acendeu acima da cabeça de Eleanor, e ela compreendeu o que a amiga queria dizer.

– Quer dizer... depois que o Filch lesse a carta, ia ficar claro que não tinha nada á ver com bombas de bosta, então e se ela fez isso pra, depois que ele confiscasse a carta, dar um jeito de pegar dele pra poder saber o que você anda recebendo? – Prosseguiu,. – Não é como se o Filch fosse fazer algum esforço pra proteger a privacidade de algum aluno mesmo...

– Isso faz sentido... – Ron assentiu, e Eleanor concordou, mas Harry permaneceu em silêncio, com um olhar furioso no rosto, andando com passos largos e pesados. – ...Harry?

– Se realmente foi ela que machucou a Edwiges... – Ele resmungou, com as narinas inflando. – ...ela vai se ver comigo...

– Ela não pegou Snuffles ontem á noite por um triz! Um minuto á mais, e ela tinha puxado ele pelos cabelos! – Eleanor expressou sua preocupação, em um sussurro, olhando para os lados, temendo que alguém estivesse por perto para escutar. – Se ela conseguisse, eu nem sei o que aconteceria com ele...

– Estaria sendo jogado de volta em Azkaban essa manhã. – Harry afirmou, num tom de voz sombrio.

– O que importa é que, agora, ele não pode mais tentar falar conosco! – Hermione advertiu, segurando seus livros contra o peito com um pouco mais de força do que o normal. – O pior de tudo é que sequer podemos avisar isso á ele...

– Ele não vai se arriscar de novo, tenho certeza. – Ron os assegurou, mesmo que não parecesse tão certo disso. – Ele não é burro, tem noção de que ela quase o pegou.

– Eu vejo vocês depois... – Eleanor cortou o assunto, assim que chegaram na porta da sala de Flitwick.

– Depois da aula? – Harry sugeriu. – Provavelmente, vamos ter que ficar dentro da escola, de qualquer forma... – Apontou com a cabeça para o lado de fora, de onde era possível escutar um temporal intenso, e Eleanor concordou.

A aula de Feitiços era, sem dúvidas, uma das mais agitadas e barulhentas; não que os alunos não respeitassem o Professor Flitwick, mas sim pelo fato de a sala estar sempre cheia de almofadas e outros itens usados para prática dos feitiços sendo arremessados de um lado pro outro, de vez em quando, acertando um aluno, o que resultava em uma pequena discussão.

Eleanor sempre a considerou uma boa aula para poder conversar sem interrupções, mas, agora que estava sendo interrogada por seus amigos, desejava que a aula não fosse tão barulhenta assim.

– Mas o que é, exatamente, essa Ordem da Fênix? – Justin perguntou, sentado ao lado de Eleanor, sem dar atenção para o sapo á sua frente, que ameaçava saltar para longe.

– Pela última vez... é uma sociedade secreta. – Eleanor explicou, precisando interromper seu treino pela quarta vez em apenas dez minutos. Por mais que a sala estivesse cheia de sapos coaxando e corvos crocitando, além do barulho do temporal batendo nas vidraças, ela ainda temia que alguém que não deveria ouvir a conversa, acabasse ouvindo.

– Você fala como se isso explicasse muita coisa! Que diabos é uma sociedade secreta? – Ele fez careta.

– Dá pra controlar seu sapo? – O olhou de cara feia, enquanto ele esticava o braço para segurar o sapo fugitivo, enquanto o corvo de Eleanor o olhava, quase que o julgando. – Uma sociedade secreta é uma sociedade, que é secreta! O que mais você quer que eu fale?

– Me parece uma seita... é uma seita?

– Não é uma seita. – Suspirou.

– Então por que é secreta?

– Porque... oras, eu não sei! – Revirou os olhos. – E dá pra parar de me perguntar sobre esses assuntos? Vocês já sabem o suficiente!

– Ainda com essa história? – Ernie resmungou, que cutucava o seu sapo com a ponta da varinha, enojado. – Da última vez que você falou isso, eu tive que ficar aguentando aquela briga ridícula sua e da Bones, então, vê se dá um tempo!

– O que tem eu? – Susan, sentada na frente deles, se virou, com o cenho franzido.

– A Sparks estava falando mal de você. – Ernie apontou para Eleanor, entediado, a fazendo arregalar os olhos.

– Mentira! – Ela se defendeu, rapidamente.

– Era a sua voz falando o meu nome, Ernie... – Susan balançou a cabeça.

– Viu só, Sparks? Ela disse que você tem uma voz masculina... eu não deixava. – Sorriu de lado, e Susan revirou os olhos, rindo pelo nariz, e voltou á se virar para a frente.

– Hã... gente... – Justin os chamou, com a voz trêmula, e os dois se viraram para ele. – ...era pro sapo fazer isso? – Apontou para o sapo á sua frente, que se inchava, lentamente, ficando idêntico á um balão verde.

– Se esse bicho explodir e espirrar em mim, eu te mato, Justin... – Ernie fez careta, colocando o capuz sob sua cabeça, se protegendo.

– Mas eu acho que é normal! – Ele pareceu mais tranquilo, respirando fundo. – Eu já vi em um filme que tem um peixe que faz isso quando se sente ameaçado!

– Você está falando do Baiacu... – Eleanor explicou, fazendo careta. – E os sapos não são peixes...

– Mas eles vivem na água... – Retrucou, confuso, mas antes que Eleanor pudesse responder, o sapo, agora do tamanho de um maracujá, emitiu um som agudo, de tremer os tímpanos. – Cacete! – Ele largou a varinha em cima da mesa e tampou os próprios ouvidos, fazendo careta.

– Silencio! – Susan se virou para trás e apontou a varinha para o sapo, rapidamente o silenciando, e os outros três observaram enquanto o sapo murchava, silenciosamente, diante deles.

– Valeu, Susie... – Justin murmurou, alguns tons mais avermelhado, e ela apenas sorriu para ele antes de virar para a frente novamente.

– Pelo menos, ele não explodiu... – Ernie observou, tirando o capuz e, rapidamente, arrumando o cabelo, que havia ficado bagunçado.

– Como é que vocês sabem fazer esse feitiço tão bem? – Justin resmungou, vendo a facilidade com a qual todos os outros quatro haviam conseguido executar.

– Você sacode demais a varinha. – Hannah disse, sentada ao lado de Susan, se virando para eles.

– Mas é isso que o Flitwick vive falando pra gente fazer! – Se defendeu. – O movimento do pulso! "É só girar e sacudir..." – Fez uma imitação surpreendentemente boa do Professor Flitwick, arrancando uma risada baixa de Eleanor.

– Mas, pra esse feitiço, é diferente! – Ela balançou a cabeça. – É mais uma cutucada... assim... – Pegou a própria varinha e demonstrou algumas vezes, lentamente, enquanto ele a imitava.

– Hã... eu... eu acho que... – Ele murmurou, franzindo o cenho, muito concentrado. – Acho que entendi agora! – Balançou a cabeça freneticamente, parecendo, de repente, ficar energizado.

– Ótimo, então. – Sorriu para ele, e voltou a atenção para seu próprio corvo, que permaneceu parado, como se esperando por ela.

– Silencio! – Justin exclamou, mas, ao contrário do que o feitiço deveria fazer, o sapo emitiu um som alto e quase escandaloso, saltando da mesa.

– O que você fez?! – Eleanor o encarou, confusa, pois estava ocupada com seu corvo e não viu o que havia acontecido. Viu, então, Ernie, ao lado dele, se dobrando de tanto rir.

– Não tem graça, Ernie... – Justin resmungou, muito vermelho, cruzando os braços.

– Ah... ah... tem sim!... Tem sim... – O loiro respondeu, sem fôlego.

– O que houve?! – Eleanor perguntou novamente, curiosa.

– Você falou que era quase uma cutucada! – Se explicou com antecedência. – Eu me empolguei um pouco, e sem querer espetei o sapo no olho... – Disse, rapidamente, envergonhado, e Eleanor precisou comprimir os lábios para segurar a risada que sentiu vontade de dar. Achou que o amigo já estava envergonhado o suficiente.

– Bem, hã... – Disse, engolindo em seco e respirando pela boca, tentando disfarçar. – Tenho certeza de que... se você praticar... vai melhorar.– Sorriu fraco, o dando dois tapinhas no ombro.

* * * *

Como Harry havia previsto, os alunos foram aconselhados á ficarem do lado de dentro da escola durante o intervalo, já que o temporal do lado de fora não parecia dar trégua. Assim como Justin, ele e Ron também haviam recebido ordens do Professor Flitwick de praticarem o Feitiço Silenciador para a próxima aula.

Decidiram se sentar em uma sala de aula fora de uso, no primeiro andar; Ron sugeriu que fossem para a Sala Comunal da Grifinória, mas Hermione disse que ficaria muito longe da próxima aula, e eles acabariam se atrasando. No entanto, não estavam sozinhos por lá, pois muitos alunos pareciam ter tido a mesma idéia de se sentarem naquela sala.

– El, você vai aparecer lá na Comunal hoje? – Hermione perguntou, assim que se sentaram em um canto mais isolado. – Os meninos tem o dever do Flitwick pra fazerem, mas nós podemos adiantar os outros, enquanto isso...

– Tem certeza de que é seguro? Umbridge quase nos pegou ontem, e não é como se eu pudesse estar na Comunal da Grifinória depois do toque de recolher... – Cruzou os braços, bufando. – Não temos como saber se ela não vai estar escutando, hoje.

– E nós precisamos nos reunir na nossa Comunal? – Ron indagou, fazendo careta. – A Eleanor é da Lufa-lufa! Podemos ir pra lá, não podemos? – Olhou para ela, como se buscando uma resposta concreta.

– Não seria mais complicado três pessoas se encaixarem na capa do Harry pra poderem ir embora depois do toque de recolher? – Ela franziu o cenho. – Quer dizer, eu não me importo da gente fazer os deveres lá, mas eu sempre fiz questão de ir pra Comunal de vocês porque é mais fácil de ir embora escondida...

– Acho que faz sentido... – Ele concordou com a cabeça, ficando pensativo.

– Mas que se foda. – Eleanor deu de ombros. – Eu vou pra Comunal de vocês, mesmo assim. Se a Umbridge estiver escutando, não vai poder fazer nada, até porque aposto que o Fudge não fez nenhum decreto dizendo que ela pode usar a Rede de Flú pra espionar o que os alunos estão fazendo.

– Ainda não. – Harry a corrigiu, suspirando.

– Você entendeu. – Balançou a mão. – E, de qualquer forma, nós vamos estar fazendo deveres de casa. Não é como se isso fosse proibido. – Cruzou os braços.

Antes que algum deles pudesse responder, uma comoção os interrompeu; Angelina Johnson entrava na sala, afobada, acompanhada de parte do time de quadribol da Grifinória. Ela olhou em volta, como se procurando alguém, e depois de repousar os olhos em Harry e Ron, começou á andar, ou, melhor, marchar na direção deles, desviando dos outros alunos que se aglomeravam.

– Conseguimos! – Ela anunciou, parecendo alvoroçada. – Nós conseguimos a permissão! Para reorganizar a equipe de quadribol! – Deu um pequeno pulo ao parar de frente para Harry e Ron, que se entreolharam, animados.

– Ótimo! – Os dois disseram, em uníssono.

– Não é?! Tive que ir falar com a McGonagall, e ela deve ter apelado pro Dumbledore... de qualquer forma, a Umbridge teve que ceder. Ah! Estou tão feliz! – Celebrou, de repente, parecendo radiante, e Eleanor riu pelo nariz, achando um tanto adorável. – Bem, eu quero todo o time no campo às sete horas, hoje á noite, tudo bem? Precisamos recuperar o tempo perdido... sabem quanto tempo falta pro primeiro jogo?

– Não é mês que vem? – Eleanor indagou, se lembrando apenas por ter escutado Justin e Ernie tagarelando sobre isso durante parte da aula de Feitiços, quando não estavam tentando a fazer perguntas sobre a Ordem da Fênix.

– Exato! – Angelina estalou os dedos na direção dela, como se provando o seu ponto. – Não temos mais tempo pra enrolações, o jogo está logo ali! Não se esqueçam: sete horas! – Repetiu, uma última vez, e deu às costas, desaparecendo de vista, enquanto o resto do time a seguia, com exceção de George, que, por mais que tenha a seguido, deu meia volta e andou na direção deles novamente.

– El, você vai poder aparecer por lá? – Ele perguntou, erguendo as sobrancelhas.

– Tem certeza de que é uma boa idéia? – Ela fez careta, sorrindo fraco. – Da última vez que eu fiz isso, não deu muito certo.

– Eu achei bem maneiro, se quer saber da minha opinião. – Sorriu também. – E, também, olha só... – Apontou para a janela, que estava sendo atingida com força pelo temporal. – Na minha não-tão-humilde opinião, não acho que os sonserinos nos odeiam tanto pra enfrentarem essa chuva pra nos infernizarem.

– Acho que posso passar por lá, então... – Balançou a cabeça e viu o rosto dele se iluminar por alguns segundos, antes dele, muito sem jeito, se virar e andar na direção na qual o resto do time havia desaparecido antes.

Por alguns segundos, permaneceram em silêncio, enquanto o rosto de Ron ia de animação para preocupação em alguns segundos e seus olhos analisavam a vidraça opaca da janela.

– Espero que a chuva passe antes do treino... vai ser impossível de ver qualquer coisa assim... – Ele expressão sua preocupação, apoiando o queixo em uma das mãos.

– Não sei se é uma boa idéia você ir, Eleanor. – Harry advertiu, ajeitando os óculos que deslizaram até a ponta do nariz.

– Eu não vou mais bater em ninguém, dá um tempo... – Respondeu, em tom brincalhão.

– Estou falando da chuva. – Riu pelo nariz. – Você vai ficar ensopada antes mesmo de conseguir sentar na arquibancada, e vai acabar ficando doente.

– Não tem problema. – Deu de ombros. – A Madame Pomfrey deve ter alguma poção pra isso...

– Que é que você tem, Mione? – Ron perguntou, e os outros dois se viraram para ela, que olhava para a janela, mas com os olhos desfocados; quase como se estivesse distraída. Seu cenho estava franzido e ela parecia muito pensativa.

– Eu... estava só pensando... – Disse, balançando a cabeça, ajeitando a postura, saindo do transe.

– No Sir... Snuffles? – Harry ficou mais sério.

– Não, não necessariamente... – Ela negou com a cabeça. – Eu estava só me perguntando... eu suponho... estamos... é coisa certa... acho... não é?

Os três se entreolharam, confusos.

– Poxa, ainda bem que temos tanto diálogo entre nós. – Eleanor ironizou. – Isso foi realmente muito esclarecedor, Hermione...

– Pois é, teria sido bem chato se você não tivesse explicado com clareza. – Ron acrescentou, e ela suspirou e fechou os olhos por alguns segundos, parecendo tentar organizar seus pensamentos.

– Eu estava pensando... – Repetiu, com a voz mais firme e mais clara. – ...se estamos fazendo a certa, criando esse grupo de Defesa Contra as Artes das Trevas.

– Essa idéia não foi coisa sua e do Ron? – Eleanor fez careta.

– Foi, eu sei! – Assentiu, voltando á fitar a janela. – Mas, depois de falarmos com Snuffles...

– Ele disse que nos apoia completamente! – Harry protestou.

– Eu sei! – Suspirou, abaixando a cabeça para olhar os próprios dedos. – Foi isso que me fez pensar que, talvez, não seja uma boa idéia...

Eleanor e Harry se entreolharam, franzindo os cenhos, como se pensassem a mesma coisa.

– Não, espera aí... – Eleanor se ajeitou na cadeira, cruzando as pernas. – Eu acho que te entendi errado...

– Só pra esclarecer as coisas... – Harry disse, aborrecido, enquanto se inclinava pra frente, abaixando o tom de voz. – Sirius concorda conosco, então, automaticamente, você acha que é uma má idéia e que não devemos continuar?!

Ela alternava o olhar entre eles, parecendo tensa.

– Sejam sinceros! Vocês confiam no julgamento dele?

– É claro! – Os dois responderam, em uníssono.

– Ele era a única pessoa daquela casa que me tratava normalmente, e não me via como uma boneca de porcelana! – Eleanor retrucou.

– E ele sempre nos deu ótimos conselhos! – Harry acrescentou. – Eu não sei de onde você tirou essa história de não confiar no que ele diz!

Por alguns segundos, Hermione permaneceu em silêncio, e os dois até mesmo acharam que o assunto estava encerrado, até perceberem que ela parecia estar formulando suas frases cautelosamente.

– Vocês não acham que ele... que ele ficou um pouco... como é que eu digo... irresponsável... desde que ficou preso no Largo Grimmauld? – Disse, lentamente, enquanto Ron balançava a cabeça freneticamente e se afundava no próprio assento. – Como se ele estivesse... hã... vivendo através da gente...?

– "Vivendo através da gente"?! – Harry contorceu o rosto. – Que é que você quer dizer com isso?!

– É que... vejam bem... ele está trancado tem meses, e vive falando sobre como gostaria de estar fazendo mais pra ajudar! – Explicou. – Ele pode estar um pouco... hã... frustrado com o pouco que pode fazer, e ele adoraria estar formando sociedades secretas de Defesa bem embaixo do nariz de alguém do Ministério!

– Você está dizendo que ele, o quê? Que ele está nos instigando? – Eleanor ironizou.

– Eu não usaria essas palavras, mas... quase isso. – Deu de ombros, e os três a encararam, perplexos.

– Sirius tem razão. – Ron disse, com o tom de voz sombrio, depois de alguns segundos em silêncio. – Às vezes, você fala igualzinho á minha mãe.

* * * *

O tempo não melhorou até o fim do dia; a aula de Tratos de Criaturas Mágicas havia sido especialmente desagradável, já que, diferente das outras aulas, eles precisaram ter aulas teóricas do lado de dentro da escola. É claro, Eleanor ainda havia se divertido lendo sobre os animais mágicos, mas nada se comparava á estar do lado de fora realmente lidando com eles.

Ás seis e meia, Eleanor estava pronta para assistir o treino de quadribol da Grifinória. Havia vestido seu suéter mais agasalhado, coberto por sua capa de chuva amarela, além das botas que usava para dias particularmente lamacentos. Com sorte, chegou bem á tempo de se juntar ao time enquanto eles andavam até o campo de quadribol.

– Sem bater em pessoas dessa vez, hein, Sparks? – Angelina brincou, ao vê-la ali, a fazendo rir pelo nariz.

– Sim, sim, capitã. – Eleanor bateu continência, de brincadeira, e se juntou á Harry e Ron, que andavam um pouco mais afastados do resto do time. – Ei! Vocês dois! – Chamou os gêmeos, que andavam na frente deles.

– Aí está você, El. – George sorriu. – Eu faria uma piada sobre não ter te enxergado, mas com essa capa amarela, acho que poderia te enxergar á quilômetros de distância. – Ergueu as sobrancelhas, soltando um ronco pelo nariz.

– Está igualzinha áqueles gnomos de jardim trouxas que o papai tem guardados na garagem. – Fred acrescentou, e os dois riram, a fazendo revirar os olhos e sorrir de lado.

– Engraçados, muito engraçados. – Ironizou, com a voz monótona. – A Elle e o Lee vão pro treino também?

– Ah, não. – Fred negou com a cabeça. – Elle disse que não nos ama o suficiente pra enfrentar essa chuva por nossa causa.

– E o Lee disse que precisa "preservar a voz" pra partida de quadribol e "não pode arriscar pegar uma gripe" tão em cima da hora. – George completou, fazendo aspas com as mãos.

– Ah, não vai ter graça assistir o treino sem eles... – Fez careta.

– Obrigado pela parte que nos toca, El... – George colocou a mão no peito, fingindo grande ofensa.

– Não! Não foi isso que eu quis dizer! – Se explicou, rapidamente, ficando vermelha. – Eu quis dizer, tipo... pra assistir o treino comigo, sabe... não foi isso...

– Eu estava brincando! – Deu risada.

– Eles estão é certos de não virem. – Ron resmungou. – Você não vai conseguir enxergar nada, Eleanor... duvido que até mesmo nós consigamos enxergar alguma coisa, lá de cima, com essa chuva...

– Precisamente. – Fred concordou, e os gêmeos desaceleraram os passos, se afastando mais um pouco do resto do time. – Eu e George estávamos, agora mesmo, considerando usar um dos doces Mata-Aula pra escaparmos do treino...

– Mas Fred acha que a Angelina vai saber o que fizemos. – George bufou, desanimado, agora andando ao lado de Eleanor, e ajeitou a touca que usava.

– Eu ofereci uma Vomitilha pra ela, ontem. – Fred explicou, andando ao lado de Ron, do outro lado do grupo. – Se eu soubesse, não teria feito isso...

– Nós podemos tentar usar o Febricolate. – George disse, de repente, como se uma lâmpada se acendesse acima de sua cabeça. – Ninguém sabe sobre ele ainda!

– Isso funciona? – Ron indagou, esperançoso, quando eles tiveram que sair da escola e andarem pelos gramados, ficando, instantaneamente, ensopados.

– Resumidamente, funciona. – Fred deu de ombros, usando uma das mãos pra proteger o próprio rosto. – Sua temperatura iria subir na hora.

– Mas você também ganharia uns furúnculos enormes, cheios de pus... – George acrescentou, puxando o capuz de Eleanor, que antes estava abaixado, sobre a cabeça dela, protegendo seu cabelo e parte do seu rosto. – ...e nós ainda não sabemos como dar um jeito neles.

Eleanor ergueu a cabeça para olhar para o rosto dele, procurando pelos furúnculos mencionados, mas a pele dele não tinha uma marca sequer; apenas algumas poucas sardas espalhadas pela área do nariz e das bochechas.

– Não estou vendo furúnculo nenhum! – Ron exclamou, e ela presumiu que ele tivesse feito o mesmo.

– Ah, você não saberia, irmãozinho. – Fred alegou, com o tom sombrio. – Como é que eu posso dizer isso...

– Não são lugares que são normalmente... expostos ao público... – George explicou, constrangido, e pareceu evitar o olhar de Eleanor, que comprimiu os lábios para não dar risada, enquanto ele ficava tão vermelho quanto sua touca.

– Vou falar só uma coisa pra vocês... – Fred resmungou. – Montar nessas vassouras vai ser infernal.

– Uau, ok! – Eleanor deixou uma gargalhada escapar, e ergueu as duas mãos. – Informação demais! – Exclamou, fazendo Harry e Ron darem risada. No entanto, os gêmeos pareciam estar falando sério.

Durante todo o percurso até o campo de quadribol, Eleanor perdeu a conta de quantas vezes quase escorregou na grama enlameada; em uma delas, se agarrou em Harry, que estava ao seu lado, e quase o levou junto consigo. Aquilo foi o suficiente para que eles se esquecessem do assunto "furúnculos dos gêmeos".

– Qual é, Eleanor, quer nos deixar sem apanhador? – Fred brincou, entre risadas, e ela deu uma risada constrangida.

– Desculpa, Harry... – Disse, baixinho, e o amigo apenas balançou a cabeça, rindo também, tentando disfarçar a dor que sentia nos ombros.

O capuz acima de sua cabeça, com a quantidade de quase-tombos, acabou escorregando e deixando sua cabeça exposta, e, mais uma vez, George esticou a mão e o puxou, sem dizer uma palavra sequer, como se fosse algo natural.

Ao passarem pelo Grande Lago, era quase impossível escutar os próprios pensamentos; o som da chuva batendo contra a água era ensurdecedor, e, a partir dali, passaram a maior parte do trajeto em silêncio.

– Ei, Eleanor! – Angelina chamou, quando todos chegaram no campo de quadribol. – Você pode ficar na arquibancada dos professores, já que tem mais cobertura. Acho que a Madame Hooch não vai se importar se você ficar lá, por causa da chuva... – Deu de ombros.

– Ótimo! Valeu! – Sorriu, um pouco mais aliviada por não precisar ficar o tempo todo na chuva. – Bom treino, então, meninos. – Se despediu dos quatro, e deu alguns passos para se afastar.

– Eleanor, espera aí... – George a chamou, e ela se virou á tempo de o ver tirando a própria touca. – Coloca isso aqui... – Se aproximou dela, esticando a touca com as duas mãos.

– Mas, isso é seu! – Franziu o cenho.

– Eu não posso usar durante o treino, de qualquer forma. – Deu de ombros. – E você parece que não nota quando o seu capuz cai. Precisa proteger as orelhas, pelo menos... – Explicou, enquanto colocava a touca na cabeça dela.

– Ah... valeu... – Sorriu fraco, e ele apenas retribuiu o sorriso rapidamente, antes de se juntar á Fred, que o deu uma rápida cotovelada, de brincadeira.

"Incrível como não passou pela minha cabeça colocar um guarda-chuva na mala...", Eleanor pensou consigo mesma, enquanto subia as escadas da arquibancada.

Depois de ficar confortável na arquibancada dos professores, percebeu que, como Angelina havia dito, ela era melhor do que nas outras arquibancadas. Mas, isso não era muito surpreendente; era ali que Lee ficava, quando narrava os jogos, e ele precisava ter um campo de visão limpo para conseguir enxergar tudo que acontecia, e é impossível fazer isso quando mal consegue abrir os olhos em meio á chuva.

Quando percebeu que já fazia algum tempo que estava sentada, sem fazer nada, decidiu olhar em volta; talvez, encontrasse algo que a distraísse. No entanto, se assustou ao ver uma pessoa encolhida no canto da arquibancada, e deu um pequeno salto no próprio assento.

– Desculpa! Eu não queria te assustar! – A pessoa disse, e ela demorou alguns segundos para reconhecer quem era, mas não havia se esquecido do rosto bondoso de Isaac. – Eu ia te cumprimentar, mas... é...

– Tudo bem... – Balançou a cabeça, suspirando. – O que você está fazendo aí?

– Eu venho pra cá, ás vezes... pra desenhar, sabe. – Ergueu o caderno apoiado em suas pernas. – A vista é bem bonita... – Apontou para trás deles, de onde era possível ter uma visão clara da silhueta do castelo.

– É linda mesmo... – Concordou, surpresa. Nunca havia pensado em olhar para o castelo de cima das arquibancadas, e ele ficava ainda mais bonito durante a noite, iluminado apenas pela luz do luar. – Achei que Luna fosse estar com você... sempre vejo vocês juntos.

– Eu a chamei, só por chamar, mas ela não gosta de sair do castelo durante a noite. – Balançou a cabeça. – Diz que os Narguilés saem dos esconderijos, e que não gosta de se arriscar. – Deu de ombros.

– Narg... eu não sei se já li sobre eles... – Pensou consigo mesma. – Você não quer se sentar aqui? É melhor do que conversarmos de tão longe...

Parecendo um tanto sem jeito, ele se levantou e, depois de recolher seu estojo e seu caderno, se sentou ao lado de Eleanor, a dando um sorriso fraco antes de se encolher e voltar á desenhar.

– Você não teria como ler sobre os Narguilés. – Voltou á falar, sem tirar os olhos do caderno. – Nem eu sei dizer o que eles são... Luna é quem sabe tudo sobre eles. Você deveria perguntá-la sobre, se quiser mesmo saber.

– Ela parece legal. – Confessou, tentando não olhar para o caderno dele; se lembrava do quão desconfortável ele havia ficado no trem, quando Luna anunciou, para todos, que ele era um grande artista. – Ás vezes, tenho a impressão de que vocês são alguns dos poucos que acreditam em mim e no Harry... – Cruzou os braços.

– Se quer saber o que eu acho, eu digo que não é o caso. – Ele afirmou, num tom sereno. – Tenho a impressão de que o Ministério está intimidando as pessoas á não apoiarem vocês em público... quer dizer, Dumbledore foi quem mais apoiou vocês, e, agora, ele também está sendo retratado como um louco. É como se as pessoas estejam sendo desencorajadas, porque não querem ser chamadas de loucas...

Eleanor não respondeu; apenas suspirou, concordando com a cabeça.

– Vocês parecem ter apoio de muitas pessoas. Os amigos de vocês, eu, Luna, Ayaan, Damien... não estão sozinhos. – Continuou, parecendo não perceber que falava tanto; Eleanor pensou que nunca havia o visto falar por tanto tempo. – Precisam lembrar disso, sempre. Porque é isso que Você-Sabe-Quem quer... que vocês se sintam sozinhos, que se isolem...

– Ele dissemina a discórdia... – Afirmou, se lembrando do discurso de Dumbledore.

– E, se estiverem sozinhos, não são tão ameaçadores assim. – Balançou a cabeça. – Não sei muito sobre ele, mas aposto que ele não tem amigos. Não de verdade. Vocês têm algo que ele não tem.

– Tem razão... – O olhou, perplexa. – Você deveria falar mais, Isaac... é muito inteligente!

– Bem, nós da Corvinal temos uma reputação para manter. – Ergueu o olhar para ela e sorriu de forma que seus olhos quase se fecharam.

Depois daquilo, permaneceram em silêncio por alguns longos minutos até o time, finalmente, sair do vestiário. Mal haviam se trocado e, assim que colocaram o pé no campo, todos já estavam encharcados.

Mesmo com as luzes do campo acesas, era quase impossível enxergar eles, muito menos diferenciar. Eleanor conseguia ver os gêmeos, já que eram muito mais altos do que os outros, mas mal conseguia enxergar a cor do cabelo deles.

– Eles vão treinar com essa chuva? – Isaac indagou, fechando o caderno e franzindo o cenho enquanto olhava para o campo.

– Eles vão tentar, eu acho... – Suspirou, ajeitando a touca de George em sua cabeça.

– Corajosos... – Balançou a cabeça em negação. – Todos os jogadores de quadribol, na verdade... nunca conseguiria ficar em cima de uma vassoura nessas alturas... talvez seja meu instinto trouxa falando, mas aqueles gravetinhos não me dão a mínima segurança.

– Ah, eu definitivamente sei o que você quer dizer. – Riu pelo nariz. – No meu terceiro ano, tivemos que jogar em um tempo parecido com esse... na verdade, acho que estava até pior... e parecia que eu ia ser jogada da vassoura á qualquer segundo, só pela força do vento!

– Olha isso! Você é corajosa, Eleanor... – Arregalou os olhos, dando uma risada nervosa. – Acho que me lembro de ter visto essa partida... de qualquer forma, minha primeira aula de vôo foi traumática o suficiente para eu jurar nunca mais subir em uma vassoura.

– Acho que nem preciso te perguntar se você pensa em entrar pro time da Corvinal... – Brincou, e ele negou freneticamente com a cabeça.

– Estou bem com meus pés no chão, muito obrigado. – Forçou um sotaque parecido com o da McGonagall, enquanto sorria de lado.

De longe, puderam escutar o apito de Angelina ecoar; mesmo que ela estivesse logo abaixo deles, era como se ela estivesse á quilômetros de distância, e Eleanor ficou surpresa por sequer terem conseguido escutar alguma coisa. Os dois se levantaram e andaram até a beira da arquibancada, na esperança de conseguirem acompanhar o treino, mas não conseguiram ver muita coisa.

Ouviram o som do pomo de ouro passando perto deles, mas nem sinal do Harry, e Eleanor pôde reconhecer ele apenas pela velocidade da sua Firebolt, que o destacava dos outros; parecia ter desviado de um balaço, fazendo um truque que pareceu muito incrível, exceto pelo fato de que a neblina espessa era o suficiente para tudo abaixo da arquibancada estar um pouco embaçado. Era como um cenário de filme de terror.

– Eu posso não gostar muito de quadribol... – Isaac comentou, depois de 30 minutos de treino. – ...mas eu me lembro das partidas serem mais divertidas do que isso.

Depois de mais 30 minutos muito confusos e tediosos, Angelina apitou mais uma vez, parecendo, finalmente, desistir de tentar fazer o treino dar certo, e eles puderam ver o time entrando no vestiário.

– Você vai ficar aqui? – Eleanor se virou para Isaac, e olhou o próprio relógio de pulso. – Já são oito e meia... não vai querer ficar fora da escola antes do toque de recolher.

– Nossa, já passou das oito?! – Ele arregalou os olhos. – Eu perdi a noção do tempo... vou voltar agora mesmo!

– Não quer esperar o resto do time? Parece que está bem escuro... – Olhou na direção da escola, onde o caminho parecia mais escuro do que o normal. – Ou então, eu vou com você! Só preciso devolver a touca do Geor...

– Ah, não se preocupe... quando se conhece as pessoas da escola como eu conheço, não tem criatura nesses terrenos que te assuste. – Sorriu fraco, recolhendo suas coisas e as guardando na própria mochila, retirando um guarda-chuva dali de dentro. Desceram, juntos, as escadas, até chegarem ao gramado. – Te vejo depois, Eleanor. Foi bom termos conversado.

– Tudo bem, então... tome cuidado! – Se despediu, enquanto ele andava na direção da saída do campo, e Eleanor andava na direção da entrada do vestiário.

Depois de todo o tempo que levou para descer as escadas e se despedir de Isaac, não precisou esperar muito tempo para que o time saísse do vestiário; todos eles vestindo camadas e mais camadas de agasalhos, além de toucas para cobrirem as orelhas. Com exceção, é claro, de George.

– Ei! – Ela o parou, apoiando a mão no antebraço dele. – A sua touca! Você já pode pegar de vol... – Ameaçou tirá-la, mas ele a interrompeu.

– Não, não precisa! – Balançou a cabeça, segurando o braço dela antes que conseguisse. – Você precisa mais dela do que eu. – Disse, num tom de brincadeira, enquanto ajeitava a touca na cabeça dela, mas não tinha um olhar sarcástico no rosto.

– Precisa! Está frio, você não precisa ficar sem ela por minha caus...

– Quem sabe, da próxima vez, eu não te dou um cachecol pra combinar? – A interrompeu, dando uma piscadela exagerada, enquanto se juntava á Fred e os dois andavam em direção á saída do campo, ambos mancando e fazendo caretas, o que ela achou que tivesse á ver com os infames furúnculos.

Pensou em os seguir e insistir que George aceitasse a touca de volta, mas percebeu que Ron e Harry ainda não haviam saído, então decidiu deixar para depois, e os esperou ali. Por sorte, não demoraram muito, mas Harry não parecia muito feliz ao sair dali.

– Que cara é essa? – Ela perguntou, franzindo o cenho.

– Perguntei a mesma coisa, mas ele não quis dizer... – Ron suspirou, balançando a cabeça em desaprovação.

– Só... a chuva. Acho que me deu dor de cabeça. – Harry desconversou, não parecendo muito á fim de conversar, e andou na frente deles, um tanto apressado.

Durante todo o percurso da saída do vestiário até a saída do campo, Eleanor e Ron trocaram olhares desconfiados, pois ambos sabiam que Harry estava mentindo. O garoto, de vez em quando, colocava a mão na própria cicatriz, fazendo careta, mas logo tentava disfarçar.

Quando estavam na metade do caminho, Eleanor olhou para o relógio mais uma vez; eram 20:50, e o jantar começava ás 20h e terminava ás 21h. Se sentiu um pouco aliviada por não estar sentindo fome, pois nunca chegariam na escola á tempo de conseguirem comer alguma coisa.

– Já passou das nove horas? – Ron indagou, vendo que ela olhava o próprio relógio.

– Dez pras nove. – Respondeu. – Espero que não esteja com fome, não vamos chegar á tempo...

– Que droga... – Resmungou, fazendo careta. – Você acha que consegue passar na cozinha, antes de ir pra nossa Comunal, e pegar uns sanduí...

Antes que Ron pudesse terminar a frase, Harry, andando á quatro passos de distância, de repente, gritou e jogou os próprios óculos no chão, pressionando a mão contra a testa.

– AI! – Emitiu, e os outros dois se assustaram, correndo até o encontro dele.

– Harry! – Eleanor franziu o cenho, ajudando Ron á mantê-lo de pé, já que ele parecia ter perdido a força nas pernas, prestes á cair de joelhos no chão. – O que houve?!

– Harry, o que aconteceu?! – Ron perguntou também, parecendo mais pálido do que o normal. – Foi a sua cicatriz?!

Com o rosto contorcido de dor, Harry assentiu, e Eleanor arregalou os olhos. Rapidamente, retirou a varinha de dentro da barra da calça jeans que usava, olhando em volta, tentando enxergar através da escuridão.

– Você acha que ele está por perto? – Perguntou, em um sussurro, apertando a varinha em suas mãos, em extrema vigilância.

– Ele não pode! Não tem como ele entrar nos terrenos da escola! – Ron disse, com a voz esganiçada, o que provava que ele não tinha tanta convicção do que dizia.

– E como você acha que eu fui atacada pelo Greyback duas vezes, gênio? – Resmungou, enquanto ainda olhava para todos os lados, determinada á ver até mesmo o menor movimento nas sombras, mas era impossível ver através da escuridão e da chuva. Ao mesmo tempo que tentava manter a guarda erguida, também se preocupava com o resto do time e com Isaac. Estavam desprotegidos, á poucos metros de distância deles...

– Parem de discutir! – Harry resmungou, rangendo os dentes. – Ele não está aqui... deve estar á quilômetros de distância. Minha cicatriz doeu porque ele está com raiva.

Eleanor e Ron se calaram e se entreolharam, tensos. O jeito que Harry havia dito aquilo deu á eles a impressão de que estavam falando com um estranho, de repente. Até mesmo ele pareceu estar surpreendido com as palavras que haviam saído de sua boca, como se não tivesse dito de propósito. Como se, por alguns segundos, tivesse agido em piloto automático.

– Com... com raiva? – Eleanor engoliu em seco.

– Enfurecido. – Ele assentiu, respirando fundo.

– Você viu algo? – Ron o encarava, horrorizado, e Eleanor se aproximou deles novamente, ainda segurando sua varinha. – Tipo... uma visão, ou algo parecido?

Harry permaneceu em silêncio absoluto, abaixando a cabeça e fechando os olhos, como se tentando enxergar alguma coisa, e Ron, lentamente, o ajudou a se encostar em uma árvore. Aos poucos, a expressão de dor no rosto dele foi suavizando.

– Ele... – Começou á falar, com extrema concentração em sua voz. – Ele quer ver alguma coisa concluída, mas... parece que isso não está acontecendo na velocidade que ele quer...

Ao abrir os olhos novamente, ele pareceu, mais uma vez, surpreso pelas palavras que havia acabado de falar. Mas, ainda assim, não parecia duvidar de quão verdadeiras elas eram.

– Como... como é que você sabe disso? – Ron perguntou, enquanto Eleanor permanecia em silêncio, apenas fitando o amigo com um semblante preocupado no rosto.

Harry apenas deu de ombros e esfregou o próprio rosto, parecendo exausto. Ao mesmo tempo, os outros dois se sentaram ao lado dele, ignorando o fato de estarem sentando na grama lamacenta e estarem apenas parcialmente protegidos da chuva pelas folhas da árvore. Naquele momento, o mais importante era o que estava acontecendo com Harry.

– Isso já aconteceu antes? Nessa intensidade? – Eleanor indagou, mas antes que Harry pudesse responder, Ron acrescentou outra pergunta.

– Foi isso que você sentiu na sala na Umbridge? Ele estava zangado também? – O ruivo indagou, seu cabelo pingando. – Se ele estava zangado também, isso é bom pra nós, não é? Significa que os planos dele estão dando errado...

Harry negou com a cabeça, com o rosto sério.

– O que foi, então? – O amigo fez careta.

– Da última vez... ele estava satisfeito. Muito satisfeito... como se... como se alguma coisa boa ia acontecer. – Explicou, com a voz trêmula. – E, teve uma vez... no Largo Grimmauld, na véspera da nossa volta pra cá... eu senti essa mesma dor, mas era raiva também... ele estava furioso...

Eleanor olhou para Ron, que estava boquiaberto.

– Cara... – Ele murmurou, incrédulo. – Você pode substituir a Trelawney, se continuar assim...

– Eu não estou fazendo profecias. – Resmungou, parecendo ofendido.

– Não, mas sabe o que você está fazendo? – Exclamou, parecendo um tanto impressionado. – Você está lendo a mente de Você-Sabe-Quem!

– Não. Não é isso... – Harry negou com a cabeça, e Eleanor reparou que o queixo dele tremia. – É mais o que ele sente... como se eu recebesse imagens de quando ele sente algum pico de emoção. Dumbledore falou que alguma coisa assim estava acontecendo, no ano passado...

Um silêncio pesado se fez por alguns segundos, e Eleanor aproveitou para se levantar e estender a mão para Harry.

– Você está tremendo de frio. – Ela disse, com o cenho franzido de preocupação. – Vamos logo... precisamos voltar antes do toque de recolher...

Suspirando, Harry se levantou do chão com a ajuda dela e de Ron, e os três voltaram á andar em direção á escola, lentamente, já que Harry ainda parecia um tanto fraco.

– Harry, você precisa contar isso pra alguém. – Ron disse, cortando o silêncio.

– Contei pro Sirius, da última vez.

– Conta de novo, então!

– Não posso fazer isso, posso? – Resmungou, entristecido. – Umbridge está vigiando as lareiras e as corujas...

– Conte pro Dumbledore, então. – Eleanor sugeriu.

– Acabei de falar que ele já sabe. – Respondeu, ríspido, como se não quisesse falar do diretor. – Não adianta eu falar de novo.

– Eu discordo. – Ela retrucou. – Se Voldemort estava com raiva, é como Ron disse... isso é bom pra nós. Alguma coisa deu errado pra ele... Dumbledore gostaria de saber.

– É, fazer o quê? – Deu de ombros, indiferente, e apressou o passo, se distanciando deles.

De vez em quando, algum deles escorregava no terreno lamacento, e o barulho assustava os outros dois, mas continuavam andando, em silêncio. A chuva não parecia ter sequer previsão de trégua, e Eleanor começava á tremer de frio também.

Em meio ao silêncio, ela não podia evitar deixar seus pensamentos correrem soltos. Não parava de pensar no que Harry havia dito sobre o que Voldemort teria sentido. O que é que ele queria que fosse feito rapidamente, e não estavam fazendo com eficiência o suficiente para ele?

Talvez, tivesse algo á ver com a arma citada pelos membros da Ordem da Fênix. A arma que ele não possuía da última vez... o que será que teria acontecido? A Ordem impediu que ele a obtivesse, o frustrando? Teria acontecido alguma luta, deixando alguém ferido? Onde estava guardada a arma? Quem estava a protegendo? Seria o suficiente? Por quanto tempo Voldemort ficaria irritado, e quanto tempo levaria para ele voltar á se sentir satisfeito?

– Você vem com a gente? – Harry perguntou, tirando Eleanor de seus devaneios, e ela percebeu que já haviam chegado na escola; estavam diante da escadaria que dava acesso para o castelo.

– Pode ser, mas eu preciso passar no meu dormitório antes... minhas roupas estão encharcadas. – Fez careta, sentindo o tecido úmido por todo seu corpo; a capa de chuva havia a protegido, mas não o suficiente para estar completamente seca.

– Então, vai ter que tomar muito cuidado com o Filch. – Ele balançou a cabeça. – Até você descer até a sua Comunal, se trocar e subir tudo de novo, até a torre da Grifinória, já vai ter passado do toque de recolher...

– Eu não vou conseguir ficar até sei lá que horas com as roupas molhadas desse jeito! – Retrucou, apontando para si mesma, e, então, se lembrou de algo. Quase como uma lâmpada se acendendo em sua cabeça. – Na verdade... eu acho... não... talvez?

– Qual é a sua e da Hermione pra ficarem murmurando assim e acharem que a gente entende, hein? – Ron fez careta.

– Não entendi nada do que você disse. – Harry negou com a cabeça, com o cenho franzido, parecendo confuso.

– É só que... tem um feitiço... – Estalou os dedos, tentando se lembrar, enquanto retirava a varinha da barra da calça novamente. – Eu só preciso... me lembrar...

– Que feitiço?

Ela não respondeu, apenas fechou os olhos com força e massageou a ponte do nariz, tentando, com cada fibra de seu corpo, se lembrar do feitiço. Já fazia quase um ano desde que o viu sendo executado, e já era surpreendente o suficiente ela ter lembrado que ele existia.

– Siccus... Siccus... não, não era isso... – Falava consigo mesma, baixinho, enquanto os outros dois se entreolhavam, pensando se ela havia perdido a cabeça de vez. – Siccus? Acho que... Siccus...

– Ô, Eleanor, acho que a touca do George ficou muito apertada em você... – Ron ergueu as sobrancelhas. – Você não está fazendo sentido algum!

– É um feitiço! Eu só preciso me lembrar! – Bateu o pé, frustrada. – Que droga, onde está Hermione quando precisamos dela?

– Quanta gentileza! – Ironizou, cruzando os braços.

– AHA! – Exclamou, de repente, dando um salto. – Siccis Munda! – Fez um rápido movimento com a varinha, apontando-a para si mesma.

Diferente da vez em que viu outra pessoa executar esse feitiço, o jato de ar quente que saiu de sua varinha não havia sido nem um pouco leve. Na verdade, havia sido tão forte que emitiu um som estrondoso, que fez parecer que quinze secadores de cabelo haviam sido ligados ao mesmo tempo, e Eleanor quase perdeu o equilíbrio ao ser empurrada para trás pela intensidade do ar, e a touca de George saiu voando e caiu no chão á alguns passos de distância.

No fim das contas, estava quase que completamente seca em menos de 10 segundos, com a exceção de seus cabelos terem ficado um pouco mais volumosos do que o normal. Ao olhar para Ron e Harry, os dois tinham os olhos arregalados, mas não sabia se era pela altura do som, pelo jeito que ela quase foi jogada longe pela própria varinha, ou se era pelo feitiço.

– Viram só? Eu disse que era um feitiço de verdade... – Respirou fundo e, recolhendo a touca do chão, a colocou novamente na cabeça. – Vamos ou não? – Se apressou para andar na frente deles, os deixando para trás.

– Nós nunca aprendemos esse feitiço! – Harry exclamou, andando logo atrás dela. – Eu nunca nem soube da existência disso!

– Eu já vi minha mãe fazendo parecido, mas nunca estive perto o suficiente pra ouvir o encantamento... – Ron contou, pensativo. – Onde você aprendeu isso, El?

– ...hã... – Ela arregalou os olhos, parando de andar por um milésimo de segundo, pensando em que desculpa daria. – Eu... li em um livro. – Inventou, continuando de costas para eles.

– Que... que livro?! – Ron fez careta.

– Claramente, um que vocês não leram. – Deu de ombros, fingindo descaso.

– Você está andando muito com a Hermione, isso sim!

Imaginou que, antes de começarem á fazer os deveres, teriam que contar para Hermione sobre as dores na cicatriz de Harry, mas ao chegarem na Sala Comunal, a encontraram  vazia; ela havia ido se deitar mais cedo, deixando Bichento enroscado em uma poltrona próxima da lareira, ronronando, sonolento. Harry, ela reparou, pareceu um tanto aliviado por não precisarem ficar mais um minuto sequer naquele assunto, por mais que o Ron o olhasse á cada dois minutos, o lançando olhares ansiosos.

– Você pode me ajudar á fazer aquele dever do Snape? – Harry a perguntou, em uma clara tentativa de mudar o assunto. – Você falou, algumas vezes, que têm estudado mais Poções, pra ser magizoo-sei-lá-o-quê...

– Magizoologista... – Ela o corrigiu, se sentando no sofá, e Bichento, ao ouvir a voz dela, ergueu a cabeça, a olhando, e miou baixinho. – Acho que posso tentar... o que ele te mandou fazer?

– Uma redação falando de onde e por que eu errei a Solução pra Fortalecer. – Revirou os olhos, como se pudesse ouvir a voz de Snape em sua cabeça naquele exato momento. – Eu peguei um livro, na biblioteca, pra ele não dizer que copiei tudo do livro que usamos nas aulas... mas não entendi nada do que tinha ali. Era outro idioma!

– Oras, Poções não é tão difícil assim... – O olhou, balançando a cabeça, abrindo espaço em seu colo para Bichento, que saltava em cima dela e se aconchegava.

– Não, você não entendeu... era outro idioma. Literalmente. – A olhou de volta, sério, mostrando que não estava exagerando, e andou até a própria mochila, que estava jogada em cima da mesa próxima da janela, a abrindo.

Retirou de dentro dela um livro velho e empoeirado, com capa de couro desbotado e marrom. Se jogou ao lado dela, no sofá, a entregando o livro, enquanto Ron, sentado na poltrona onde Bichento estava dormindo antes, começava o dever passado por Flitwick.

– Eu acho que é espanhol. – Ele acrescentou, enquanto Eleanor abria o livro e o folheava, rapidamente. – Pelo menos, foi o que pareceu.

– Parece espanhol... mas tem umas palavras diferentes. – Ela negou com a cabeça. – Acho que é galego...

– Galego?

– É muito parecido com espanhol... um pouco com o português também. – Assentiu, lendo atentamente. – Eu não falo galego, mas acho que sei o suficiente sobre espanhol pra tentar descobrir o que diz aqui...

– Você fala espanhol? – Ron ergueu o olhar do próprio livro, incrédulo.

– "Falar" é uma palavra forte. – Ela negou com a cabeça. – Eu e minha família já viajamos pra Espanha, e eu aprendi algumas coisas...

– Francês, espanhol... como é que você sofria bullying na Smeltings, mesmo? – Harry fez careta. – Duda mal sabe falar inglês direito...

– O que mais você sabe fazer? Só pra não termos mais surpresas... – Ron acrescentou.

– Eu fiz balé por alguns anos. – Contou, sorrindo fraco. – Mas precisei sair das aulas, depois que recebi a carta de Hogwarts... na verdade, depois que entrei pra essa escola, não tenho tempo de fazer mais nada em casa. – O sorriso dela murchou aos poucos.

– De uns tempos pra cá, Hogwarts têm se tornado mais uma maldição do que uma benção, não é? – Harry suspirou, desanimado, olhando em volta. – Aqui é melhor do que na casa dos meus tios, sem dúvidas, mas ainda assim... qualquer lugar é melhor do que lá. Só gostaria de poder ficar com Sirius até isso tudo acabar.

– Vai acabar logo... eu espero. – Ela balançou a cabeça, o dando um sorriso tranquilizador. – Se não acabar logo, nós bolamos um plano pra jogar a Umbridge no Grande Lago, de oferenda pra Lula Gigante... – Brincou, arrancando gargalhadas dos outros dois.

– É capaz da Lula cuspir ela de volta pra superfície! – Harry acrescentou, entre risadas, e Ron se dobrou de tanto rir.

Depois dos risos, aos poucos, se acalmarem, Eleanor se ajeitou no sofá, e, enquanto segurava o livro em uma mão, acariciava Bichento com a outra; o gato a fazia sentir falta de Fofucho. Enquanto ela tentava ler as páginas e encontrar o que Harry procurava, ele se juntou á Ron para fazerem o dever de Feitiços, e assim passaram as próximas horas.

Quando já era pouco depois das onze, eles decidiram dar uma pausa no dever de Flitwick pela noite, e Ron se despediu deles, dizendo que iria dormir. Assim que ele subiu as escadas, Harry se sentou ao lado de Eleanor, esticando o pescoço para saber se ela já tinha acabado.

– Nada ainda? – Perguntou, bocejando.

– Só algumas coisas... – Deu de ombros, sem tirar os olhos do livro, apenas o dando uma olhada rápida quando ele bocejou. – Se você estiver cansado, eu posso levar esse livro, traduzir o que eu puder, e te entrego depois...

– Não... não se preocupe com isso... – Ele negou com a cabeça, bocejando mais uma vez, deitando no sofá, ao lado dela; com sorte, era comprido o suficiente para que ele pudesse deitar sem ficar em cima dela. – Eu estou ouvindo... só vou descansar os olhos...

– Ok, então... – Ela pigarreou. – Estas prantas son mas efficaces para enframar o cellebro e, por tanto, munto uzadas em Poçans para Confonder e Entontecer, coamdo el bruxo dezeja produzir quemtura en a cabeza e inquyetaçon...

– Viu só? Impossível! – Harry resmungou, sonolento, com os olhos fechados.

– Eu consegui traduzir algumas coisas... – Franziu o cenho. – Por exemplo... estas plantas são mais... eficazes... para inflamar o cérebro. – Leu, lentamente, tentando não confundir as palavras, e Harry permaneceu em silêncio. – ...e, portanto, muito usadas... em Poções para Confundir e Estontear, eu presumo... quando o bruxo deseja produzir quentura na cabeça e... inquietação.

– Aham... – Murmurou, se aconchegando no sofá.

– Harry, só pra garantir que eu não vou ficar presa aqui, se você cair no sono... você vai poder me emprestar sua capa de novo? – O olhou, e ele sequer hesitou abrir os olhos.

– Está na minha mochila... – Respondeu, retirando os óculos do rosto, pois provavelmente estavam o atrapalhando á "descansar os olhos". – É só pegar...

– Por que você não vai pro dormitório logo? – Indagou, querendo dar risada.

– Eu preciso terminar... o dever. – Balançou a cabeça, bocejando novamente. – Ler o livro...

– O livro em galego, você quer dizer?

– Esse mesmo... – Assentiu, esticando a mão para tomá-lo da mão dela. – Viu? Estou lendo... não vou dormir agora... relaxa... – O abriu em uma página qualquer e, muito relutantemente, abriu os olhos, e parecia estar fingindo ler, porém seu olhar estava desfocado demais para que Eleanor acreditasse nele por um segundo sequer.

– Boa leitura, então... – Ironizou, levantando as sobrancelhas rapidamente e voltando á acariciar Bichento.

Nem mesmo 10 minutos depois, Harry caiu no sono, e o livro caiu, aberto, em seu peito, e Eleanor, que já se sentia sonolenta também, se levantou do sofá, com cuidado para não assustá-lo.

Colocou Bichento de volta na poltrona onde ele estava antes, se desculpando em sussurros quando o gato começou á miar em protesto, mas antes de o soltar, viu que havia um cobertor pendurado no encosto da poltrona. Olhou para Harry, rapidamente, e decidiu pegar o cobertor.

Enquanto Bichento miava, reclamando, Eleanor jogou o cobertor por cima do corpo do amigo, que sequer notou; apenas virou para o lado e suspirou fundo. Ela pensou em pegar o livro de suas mãos, levá-lo consigo e o devolver com as traduções que conseguisse fazer, mas não queria arriscar acordar ele; as coisas estavam difíceis para os dois, e não iria atrapalhar o pouco tempo de paz que ele poderia ter na escola.

Vendo que não havia mais nada que pudesse fazer ali, apenas abriu a mochila de Harry (sentiu-se um tanto mal de mexer nas coisas dele, mas se consolou dizendo á si mesma que ele havia dado permissão, e que não estava infringindo a privacidade dele), e retirou a Capa de Invisibilidade de James Potter de dentro dali.

Com sorte, ainda não havia ficado alta o suficiente para a capa deixar seus pés á mostra, e ela pôde ir com tranquilidade da Torre da Grifinória até a entrada dos barris da Lufa-lufa, sem se preocupar com Filch a encontrando.



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