Madrugada de terça-feira
Kim Minjeong havia dormido profundamente naquela noite. Um sonho agradável com a mulher se divertindo com cachorrinhos aleatórios na praça próxima ao seu prédio. Logo se levantou, já estava na hora de preparar-se para o segundo dia – que torcia para ser menos atordoado que o anterior. E, não foi surpresa, sua amiga começou a bater na porta repetidas vezes.
— Estou indo! - gritou, ainda coçando seus olhos e sua pupila tentando se adaptar a luz que viera da porta - O despertador foi você hoje, idiota - a japonesa adentrou o apartamento, de braços cruzados. Kim ignorou, e saiu em busca do seu amado café.
— Posso saber por que me ignorou o dia todo de ontem? E o almoço? E a Yizhuo? - questionou. Minjeong encarou a amiga, enquanto bebia poucos goles do líquido preto - Preciso de respostas.
— Você tá tão emocionada assim pela secretária? Pensei que não se apaixonasse facilmente. Quem é você? - rebateu e Aeri encheu as bochechas, levemente irritada - Ok, te explico tudo no caminho.
O dia de ontem havia sido uma loucura.
[...]
Ao chegar no trabalho, Minjeong entrou com Uchinaga na empresa, esta que seria o seu dia de folga. Kim passou pelo reconhecimento facial, permitindo a entrada da amiga, que se sentou no sofá da recepção, onde a chinesa estaria no seu local rotineiro.
— Boa sorte com a poderosa! - disse Aeri receosa e Kim lançou um “joinha”, cumprimentando Yizhuo rapidamente, que olhou para a japonesa, ficando alguns questionamentos na sua cabeça. Óbvio, a coreana não havia contado absolutamente tudo para a amiga, omitir sobre as primeiras sensações que sua chefe causou em si tinha sido uma delas. Kim caminhou em direção ao elevador e logo uma pessoa passou por si por uma outra entrada, pedindo para segurar a porta. Kim prontamente agiu, mas ficou surpresa ao ver de quem se tratava.
— O que você tá olhando? - questionou com um certo tom grosseiro e Kim desviou o olhar. Ambas estavam sozinhas, apenas esperando o quinto andar chegar.
Eu segurei o elevador pra você, filha da puta mal agradecida. Se recomponha, Minjeong…
— Desculpe - respondeu chateada e procurou concentrar-se na telinha onde informava os andares que passavam. Jimin calou-se, pensativa, sendo a primeira a sair da caixa metálica. Minjeong bufou, revirando os olhos, já querendo dar meia volta para sua casa.
O segundo dia não seria mais tão interessante assim.
Ao se sentar, a mais nova foi diretamente ao arquivo pendente da nova coleção que havia iniciado com seu antigo chefe, ficando por ali pelas próximas horas. Os funcionários que chegaram após as oito horas sofreram cortes significativos nos seus salários, anotando mais uma revolta contra a chefe. Chegado o horário de almoço tardio pelo segundo dia, a maioria prontamente procurou sair, exceto uma pessoa. Minjeong quebrava a cabeça com o arquivo por mais algumas horas, alterando diversas vezes a ideia inicial.
O bloqueio criativo a atingia.
— Não, não não não! - bateu sua cabeça sobre as teclas do computador, choramingando. A mais nova encarou as horas no relógio. Cinco da tarde - Porcaria. Passei o dia todo aqui pra não sair nada! O que tá acontecendo? - era seu primeiro bloqueio intenso que enfrentava. A noite chegava e Kim encarou a sala de sua chefe. As luzes estavam acesas, a mais velha ainda estava por ali. Se fosse com seu pai até pediria uma conversa ou conselho, mas com a filha parece ser um pedido distante. Seus pensamentos foram interrompidos ao escutar a porta da frente ser aberta. Uchinaga e Yizhuo adentravam, confusas com a escuridão do andar e apenas uma Minjeong frustrada com a cabeça sobre a mesa.
— Que cara de derrota, dumber - disse. A coreana lançou o dedo do meio e Aeri revirou os olhos com um sorriso. Enquanto isso, Yizhuo organizava a sala no geral - Bom, eu e Ningning saímos para almoçar enquanto você estava no seu presídio particular com a poderosa. Vai querer comer algo ou prefere passar fome?
— Presídio particular mesmo.. - falou ainda sem encarar a amiga. Yizhuo chegou próximo a sua mesa, após finalizar o trabalho - Vocês duas podem ir, eu ainda vou terminar algumas coisas - disse e a japonesa piscou seu olhar, entendendo a ideia da amiga, que apenas lançou um sorriso cansado. Óbvio, Minjeong queria que Uchinaga finalmente conquistasse o coração de sua crush, mas naquele momento não havia sido a intenção.
— Você tem certeza? - questionou Ningning, que logo recebeu uma afirmação de Kim - Tá certo. Nos vemos amanhã então - despediu-se e seguiu seu caminho com a japonesa, que lançou um coração para a coreana, esta que retribuiu, voltando a olhar o computador na sua saída.
— Vai tomar no.. - de repente a sala da sua chefe foi aberta e Kim arregalou os olhos, engolindo em seco. A mais nova baixou a tela do computador, tentando encarar a Yu, esta que tinha o olhar já direcionado a si.
— Por que ainda está aqui, senhorita Kim? - questionou e a mais nova encarou o chão, pensativa - Chegar tarde em casa pode afetar o seu trabalho - afirmou. Minjeong franziu o cenho. Essa mulher só pensa nisso?
— Já estou de saída, chefe - falou se levantando. Kim percebeu a feição tristonha de Yu, parecia ter chorado não há muito tempo. A mais velha retornou, lembrando de algo que esqueceu na sua sala e logo a outra acompanhou - Queria perguntar se.. está tudo bem - lançou. Yu voltou o olhar para a mais baixa, esta que tinha uma expressão preocupada e curiosa.
— Está sim - respondeu fria e a outra assentiu, já entendendo o recado. Jimin se aproximou de si, com alguns objetos em mãos e o forte cheiro delicioso de seu perfume. Minjeong não podia deixar de notar tal detalhe - Agora vá para casa. Está tarde - avisou, pronta para sair de seu cômodo. Próxima ao elevador, Minjeong a chamou mais uma vez, observando-a sair de sua mesa de forma rápida e atrapalhada, recebendo sua atenção antes da chegada do transporte.
Seus olhos eram tão lindos a luz noturna.
— Não somos amigas ou nada parecido, mas quero que saiba que pode confiar em mim - falou, lançando um sorriso fofo. Caramba, Minjeong, onde você arranjou toda essa coragem para falar com ela? A mais baixa já estava pronta para o vácuo, ou até um olhar desinteressado de Jimin, mas ganhou algo diferente.
Um pequeno sorriso mínimo, mas sincero, da Yu.
Ao perceber a encarada de Kim de volta a si, Jimin se virou em direção ao elevador, agora, tentando manter a seriedade em um momento de difícil reação. Apesar de ter sido chamado, o transporte parecia não estar ao seu favor naquele momento, então, apenas voltou o seu olhar a mais nova, que organizava suas coisas. A mulher encostou-se na parede, observando sua empregada, que logo se assustou, ao ver sua chefe encará-la daquela maneira semelhante ao primeiro dia.
Pare de me analisar desse jeito, pelo amor. Pensou Minjeong, sentindo suas bochechas queimarem. Sorte a sua que a noite já predominava lá fora e poucas luzes estavam acesas. Jimin fez um som com sua garganta, tentando deixar o clima mais ameno, mas já era tarde.
A mais nova já tinha seus pensamentos mais sujos naquele instante.
— Vai ficar me observando, senhorita Kim? - lançou. Sua voz estava rouca, deixando a outra desconcertada. Kim engoliu em seco, tentando pensar numa resposta. Felizmente – ou não – o elevador havia chegado. Ao adentrar, Minjeong acenou a Yu, esta que fechou a expressão, mas ainda a observava. Já distantes, Kim suspirou fundo, tentando raciocinar, mais uma vez, o clima que acabou de sentir com sua chefe.
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