Observo Lauren caminhando entre as lápides, em direção a saída e balanço Amber, que já estava quase adormecendo ao meu lado.
— Ela já foi. — Digo e levanto rapidamente do banco distante em que estávamos sentadas.
— Céus, pensei que ficaríamos aqui à noite inteira. — Ela reclama espreguiçando o corpo e eu analiso o céu escuro e estrelado.
Fito o relógio em meu pulso e noto que já estávamos a mais de uma hora e meia fora de casa. De repente estranho o fato de Justin ainda não ter ligado ou ter colocado seus homens para revirar a cidade atrás de mim.
— As fotos ficaram realmente boas. — Escuto Amber falar e assinto. Com a ajuda do zoom, havia tirado várias fotos de Lauren para mostrá-las à Justin.
Enfio as mãos nos bolsos de minha jaqueta preta para aquecê-las e caminho lentamente em direção ao túmulo onde Lauren estava.
— Aqui jaz Lucy Allen e Jack Allen. — Murmuro lendo o que estava escrito na lápide e analiso as duas fotos. A mulher tinha o cabelo escuro e olhos verdes como os de Lauren. O garoto aparentava ter dezessete anos na fotografia, tinha olhos azuis e cabelo loiro.
— Será que é o irmão dela? — Amber pergunta ligando o flash do celular e vejo-a registrar algumas fotos do momento.
— Jack Allen. O sobrenome da Lauren é Allen, se não for o irmão, deve ser algum parente importante. — Digo ainda fitando a foto do garoto. Mordo o lábio ao ler a data das mortes, Jack havia falecido há seis anos e Lucy há cinco.
— Você vai dizer pro Justin hoje? — Amb pergunta e eu desvio meu olhar para ela.
— Talvez, ainda não pensei sobre isso. — Digo e sinto meu celular vibrar em meu bolso da calça. O pego rapidamente e leio na tela o nome de Justin. Respiro fundo algumas vezes e atendo a ligação.
— ONDE VOCÊ ESTÁ, CARALHO? — Ele grita do outro lado da linha e eu tenho que afastar o celular do ouvido para não ficar surda. — ALANE, ONDE VOCÊ ESTÁ? AMBER DISSE AO JOHN QUE VOCÊS NÃO SAIRIAM E DE REPENTE, NO MEIO DE UMA REUNIÃO IMPORTANTE COM OS VENEZUELANOS, EU RECEBO UMA MENSAGEM DE JOHN DIZENDO QUE TÍNHAMOS UM PROBLEMA E OLHE SÓ, O PROBLEMA É VOCÊ! — Ele continua a gritar sem parar e Amber revira os olhos tomando o celular de minha mão e o desliga logo em seguida.
— Céus, você está louca? — Pergunto com a voz levemente alterada e tento pegar o celular de sua mão. Ela se distancia negando com a cabeça. — Amber, se eu não explicar a situação pro Justin, ele vai revirar a cidade atrás de nós e quando nos achar, acredite, nada será bom.
— Alane... — Ela solta uma risada nasalada e guarda o celular em seu bolso da calça. — Justin é um tremendo idiota e nós estamos neste fim de mundo por ele. Eu não levei porrada e não aguentei Lauren por meses seguidos pra chegar aqui e ele estragar tudo com a sua imensa imbecilidade. — Ela fala realmente furiosa e eu suspiro assentindo.
— Certo, têm razão. Dê-me a foto da Lauren.
— Por quê? — Ela pergunta abrindo a bolsa e logo me passando a foto.
— Talvez o porteiro a conheça e conheça o seu passado. Digo, este túmulo está impecável e cercado de flores realmente novas. Está óbvio que alguém o visita semanalmente e este alguém só pode ser a Lauren. — Falo enquanto sigo o mesmo caminho que Lauren passou minutos atrás.
— O porteiro deve conhecê-la apenas de vista, Lauren é uma vadia e dificilmente ela seria simpática com alguém que ela considera inferior.
Dou de ombros para o que Amber diz e caminho rapidamente até ao porteiro, implorando aos céus que ele soubesse dizer algo sobre Allen.
— Hey. — Chamo a sua atenção e leio em seu uniforme: Josh Cooper.
— Olá, em que posso ajudá-las? — Ele pergunta com um sorriso simpático e eu elevo minha mão o mostrando à foto de Lauren.
— Você conhece essa garota? Ela se chama Lauren Allen e acabou de passar por aqui. — Digo e ele assenti, olhando de relance para a fotografia.
— Claro, Lolo é uma antiga conhecida. Ela vem visitar o túmulo de sua família todos os domingos. — Ele diz e eu olho para Amber sentindo minha mão soar frio.
— Você sabe me dizer como eles morreram?
— Jack era o irmão adotivo de Lauren, ele era usuário de drogas e pelo que eu saiba, foi assasinado por um traficante por estar devendo há muito tempo. Lucy, sua mãe, se suicidou um ano depois de sua morte. — Ele fala e eu sorrio abertamente. Realmente agradecida pelas suas informações e por estar a um passo de pegar Lauren.
— Obrigada. Muito obrigada. — Falo acenando para ele enquanto sou puxada pelo braço por Amber até ao carro.
— FINALMENTE! — Amb diz assim que adentra o carro e bate no volante algumas vezes, realmente animada. Gargalho com a sua reação.
— Você acha que essas informações são o suficiente?
— Óbvio que sim. As ligações de Tyler, o envolvimento de Tyler e Lauren às escondidas, a morte dele e agora isso. Você ajeitou o terreno, agora Justin e os meninos quem tem que o cavar até achar a ligação entre estes fatos. Quer ir tomar uma cerveja pra comemorar? — Ela pergunta, mas logo volta atrás. — Oh, não. Você está grávida. — Amb faz uma expressão frustrada e eu rio.
— Mas aceito tomar um milk-shake de morango enquanto você saboreia sua cerveja favorita. — Falo colocando o cinto e em seguida, abro a janela.
— Só se for agora.
•••••
— Justin vai, literalmente, me matar. — Digo assim que Amber para o carro em frente à enorme casa. Vejo um segurança falar algo em seu oktok, provavelmente anunciando para a fera que eu já havia chego.
— Quer que eu entre com você? — Ela pergunta me fitando e eu apenas nego com a cabeça. Eu e Justin teríamos que resolver isso a sós. — Certo, caso você estiver viva até amanhã, me liga para contar como foi. — Ela fala após me abraçar e eu gargalho com o seu humor negro. Salto do carro colocando a bolsa em meu ombro e curvo meu corpo para olhá-la pela janela.
— Conte tudo ao Khalil, eu contarei para Justin ainda hoje. — Falo e ela assenti. Aceno para Amb e caminho em direção ao portão, que já estava aberto.
— Ele está muito bravo? — Pergunto ao segurança e ele assenti.
— O Senhor Bieber disse para você ir até seu escritório. — Ele diz apertando um botão em um controle para fechar o portão e eu apenas assinto, começando a percorrer o caminho de pedra até a entrada.
Respiro fundo algumas vezes e giro a maçaneta da porta principal. Entro na casa tendo a visão perfeita do hall e tudo o que consigo ouvir é um grande silêncio. Um silêncio nada agradável, diga-se de passagem.
Resolvo não ir de elevador e subir a escada gigante para ganhar mais tempo. Assim eu poderia me preparar para o que viria logo em seguir e poderia organizar os acontecimentos em minha mente. Eu realmente estava pronta para me livrar daquele peso.
Assim que chego em frente à porta do escritório, suspiro profundamente e giro a maçaneta. Entro no enorme cômodo revirando meus olhos pelo local. Justin estava sentado em sua cadeira de couro grande e confortável que estava em frente a sua enorme janela que tinha uma bela visão do portão e do jardim. Ele fumava um charuto e estava em completo silêncio observando lá fora.
— Mandou me chamar? — Falo a primeira coisa que vem à mente logo após pigarrear e ele não move um músculo sequer. Seus olhos ainda estavam vidrados em algo lá fora e a fumaça do charuto saía de sua boca lentamente. — Justin? — O chamo após notar que ele realmente não diria nada. — Já que você não irá dizer nada, eu vou tomar um banho e deitar. Estou rea...
— Eu vou te perguntar só uma vez e eu quero a verdade. — Ele me interrompe com uma voz estranhamente serena, mas não vira à cadeira ou o rosto em minha direção. Ele continuava a olhar pela janela. — Onde você estava?
— Estava no cemitério com Amber visitando o túmulo de minha mãe. — Digo e ele solta uma risada nasalada, como se estivesse debochando da situação.
— Ah, sim. Em um cemitério. — Ele repete mais para si próprio do que para mim e solta uma risada, agora virando o rosto em minha direção. Seus olhos estavam vermelhos e só agora eu havia sentido o cheiro forte de maconha que emanava do seu corpo. — Você não acha feio colocar a sua mãe em uma mentira? — Ele pergunta mansamente e eu sinto vontade de socá-lo por estar agindo daquela maneira estranha.
— Eu não estou mentindo. — Digo me aproximando dele, tento tocar o seu braço, mas ele desvia do meu toque. — Justin...
— Engraçado você enganar e mentir para o John apenas para ir a um cemitério. Saiba que a sua mentira custou uma vida. — Ele fala tranquilamente e eu arregalo meus olhos, realmente chocada.
— Você o matou? — Pergunto sentindo meus olhos lacrimejarem a medida que me distancio do seu corpo. — Céus, VOCÊ O MATOU? — Grito a pergunta novamente e ele apenas sorri. Um sorriso realmente macabro e maldoso. O sorriso que eu não via há muito tempo. — QUAL É O SEU PROBLEMA? — Grito partindo para cima dele e esmurrando o seu corpo com toda a força possível. Ele tenta desviar dos meus tapas e socos, mas ainda assim, eu consigo acertar alguns em seu braço e em seu peito.
— PARA, PORRA! — Ele grita segurando meus braços e eu começo a soluçar devido ao grande choro.
— TENHO NOJO DE VOCÊ! NOJO! NOJO! MEU DEUS, VOCÊ MATOU UMA PESSOA POR NADA, POR ABSOLUTAMENTE NADA! NADA, JUSTIN! — Grito sentindo meu coração apertar e empurro seu corpo para trás com força, mantendo distância entre nossos corpos.
— Não fui eu quem o matei.
— Amber têm razão. — Falo passando a mão ruidosamente em meu cabelo e sinto vontade de gritar até ficar sem voz. — Você é um tremendo BABACA! Eu estava nesta maldita cidade procurando uma maldita prova para te mostrar que Lauren Allen está armando contra você! Contra todos nós. — Falo secando as lágrimas inúteis e noto seu olhar vacilar.
— Como assim? — Ele pergunta dando um passo em minha direção, mas eu elevo minha mão.
— Pare aí! Fique aí mesmo. Não chegue perto de mim! Por que você tem que ser um idiota tão explosivo? Você não consegue esperar por algum tempo para resolver um problema e já faz as tuas merdas que magoa a todos ao seu redor. Céus, Justin. Céus. Lauren está armando pra você, seu idiota! Provavelmente ela quem invadiu a nossa casa e tentou me matar, ela quem matou o Tyler e está tentando matar a todos nós! Provavelmente Tyler estava infiltrado em nosso meio para ajudá-la a acabar conosco! Principalmente com você! — Cuspo as palavras e caminho para fora do escritório, ignorando seus chamados.
•••••
Reviro meu corpo pela cama macia ainda sem abrir meus olhos e em um ato involuntário estico meu braço a procura pelo corpo quente de Justin, porém não sinto minha pele entrar em contato com a sua.
Logo os acontecimentos de algumas horas atrás preenchem meus pensamentos e abro meus olhos constatando que ainda estava em um dos quartos de hóspedes. Após a discussão, decidi pegar algumas coisas em nosso quarto e dormir no quarto de hóspedes para aliviar os ânimos.
Desvencilho meu corpo do lençol amarelo e levanto preguiçosamente rumando ao banheiro. Tomo um banho demorado e faço minha higiene pessoal. Troco de roupa e decido passar o dia sem maquiagem. Em todo este processo, sinto ânsia duas vezes, porém não chego à vomitar. Aos poucos eu estava acostumando a minha nova rotina de gestação, por mais difícil que fosse passar mal várias vezes ao dia.
Cato meu celular do criado-mudo e caminho em direção ao elevador. Realmente com preguiça em descer os inúmeros degraus para ir até a cozinha.
— Bom dia, querida. — Abi fala com um sorriso acolhedor assim que passo pela porta.
— Bom dia. — Desejo caminhando até ela e dando um beijo carinhoso em sua bochecha magra.
— Como está o bebê? — Ela pergunta enquanto eu pego uma jarra de suco.
— Muito bem. — Digo caminhando ao seu lado até a sala de jantar. Coloco a jarra em cima da mesa e observo o café da manhã reforçado que ela havia feito e posto à mesa. — Uau, tem comida para um batalhão. — Digo e ela sorri.
— Tudo para você se alimentar bem. — Ela fala ajeitando as xícaras na mesa e eu sento em uma cadeira.
— Pattie está em casa?
— Não, ela tomou um café rápido e disse que iria resolver algumas coisas durante o dia. — Ela responde e eu assinto colocando a vitamina de morango em um copo grande. Sinto vontade de perguntar por Justin, mas não o faço.
— Essa vitamina está divina. — Elogio arrancando uma risada de Abi.
— Você diz isso todas as manhãs.
— Sim, mas... — Paro de falar ao ver Justin passar pela porta. Ele ainda estava apenas com uma calça de moletom cinza e seu cabelo, que estava começando a crescer, estava um pouco amassado. Seu semblante era de sono e ele aparentava ter acabado de acordar.
— Bom dia, Senhor Bieber. — Abi o deseja, mas ele não a responde. Apenas se senta na cadeira à minha frente e enche sua xícara até o topo de café.
Torço a boca com a sua grosseria, mas não digo nada continuando a mastigar o bolo de cenoura. Ele não olha em minha direção ou tenta dizer algo, apenas mastiga o pão integral em silêncio enquanto mexe em seu celular.
Estávamos em uma guerra do silêncio e eu não seria a primeira a levantar a bandeira branca. Justin havia cometido um ato inimaginável por algo que poderia ter sido resolvido, se ele ao menos tivesse esperado.
Flashback On
— Que futuro você acha que um criminoso pode dar a uma criança? Ao seu filho? Me diz. Você acha que viverá em paz ao lado de um cara que mata pessoas e comete crimes graves como se fosse algo totalmente normal? Como você irá fazer quando o seu filho perguntar qual a profissão do pai? Você acha que ele terá orgulho de quem Justin é?
Flashback Off
Lembro das palavras de William e sinto à vontade de comer passar. Aquelas perguntas eram como se fossem socos no estômago e mesmo depois de tanto tempo, eu ainda não tinha sequer a noção das respostas.
Eu não sabia como seria viver ao lado de Justin com um bebê. Ele estava cercado de problemas e aquela não era a melhor hora de se engravidar. Em meio a tantas coisas ruins, definitivamente não era o melhor momento para se ter um bebê. Eu sabia que Justin amava o nosso filho mais que a si próprio e qualquer coisa neste mundo, eu via em seus olhos e em seus atos, mas seus inimigos eram tão poderosos e ameaçadores quanto ele.
— Alane. — Ouço a sua voz pela primeira vez e desperto dos devaneios, o fitando. — Seu celular está tocando, não vai atender? — Ele pergunta e só naquele instante, é que noto o aparelho vibrando em cima da mesa, ao lado do meu prato.
Leio o nome de Amber e o pego rapidamente, atendendo a ligação em seguida.
— Bom dia, anjo do mal. — Ela fala realmente alegre e eu estranho sua felicidade as onze da manhã. Normalmente Amb sempre estava mal humorada neste horário.
— Bom dia. — Falo franzindo a testa e noto Justin tentando disfarçar que estava prestando atenção na conversa. — Posso saber o motivo de estar tão animada?
— Eu tive uma noite realmente agradável e regada a sexo com Khalil. — Ela fala com uma voz maliciosa e eu suspiro. Diferente de mim, Amber havia tido uma noite boa. — E você, hum? Como foi a reação de Justin depois de você contar sobre Lauren? — Olho para Justin que me fitava descaradamente e arqueio a sobrancelha.
— Péssima. Nós podemos continuar esta conversa mais tarde?
— Claro. Nos falamos mais tarde, beijos. — Ela fala e desliga a ligação, sem esperar eu dizer algo. Observo Justin se levantar enquanto carregava a garrafa de café inteira em sua mão.
— Por que precisa de tanto café? — Pergunto não contendo minha curiosidade.
— Quando acabar vá até meu escritório. — Ele fala ignorando minha pergunta e logo some das minhas vistas quando passa pela porta e vira no corredor.
Demoro mais algum tempo na mesa, realmente me empanturrando de comida e fazendo hora para ir até Justin. Depois de alguns minutos levanto e caminho para o escritório.
Mordo o lábio notando que a porta estava aberta e entro encontrando Justin que estava sentado em sua cadeira, fumando um cigarro e digitando algo em seu computador. Sentado em seu sofá vinho, estava um segurança que eu nunca havia visto pela casa antes.
— Alane, este é o seu novo segurança. — Ele fala sem retirar os olhos do computador e eu arqueio a sobrancelha cruzando meus braços.
— Este terá a duração de quantas horas? — Pergunto debochadamente e ele desvia a atenção para mim. — O outro não durou nem vinte e quatro horas por sua causa.
— Você não perde uma oportunidade de agir como criança. — Ele fala realmente furioso e eu solto uma risada alta debochada.
— Céus, eu não perco uma oportunidade de ser criança? É sério? Justin, você matou uma pessoa por absolutamente nada. Por você ser tão explosivo e impulsivo.
— Jimmy, nos deixe a sós. — Ele fala para o segurança que já se levanta e caminha para fora, fechando a porta ao se retirar. — Você vai ficar falando sobre isso até quando? — Ele pergunta entremeio os dentes e eu dou de ombros.
— Até você se tocar que agora você é pai e que talvez John pudesse ter uma família também. Que ele pudesse ter um filho o esperando retornar para casa. Como você faz isso com alguém sem ao menos pensar duas vezes? Sem ter um pingo de empatia e compaixão ao próximo? — Pergunto sentindo meus olhos lacrimejar, mas seguro as malditas lágrimas que não adiantariam em absolutamente nada neste momento.
— Espero que você saiba que foi sua culpa.
— Minha culpa? — Pergunto apontando para mim mesma, totalmente chocada com a sua fala.
— Se você tivesse se mantido em casa, assim como tinha dito, nada disso teria acontecido.
— Céus, Justin. Quando você irá crescer? — Pergunto com a voz levemente alterada, realmente furiosa com a sua justificativa sem fundamento.
— Alane, você já sabia com quem estava se metendo desde o início. Desde...
— NÃO! — Grito realmente irritada com a sua desculpa. — Eu sabia sim, Bieber. Sabia muito bem e mesmo assim quis acreditar que você fosse uma pessoa melhor e que no fundo, você não era quem deixava transparecer, mas eu não sei mais se estava certa. Eu te amo, Justin e amo com todo o meu coração, mas eu nunca vou concordar com esta parte da sua vida, nunca vou entender o porquê você faz coisas ruins com pessoas que não merecem. Você acha que o nosso filho vai ter orgulho desse tipo de coisa futuramente? — Pergunto e vejo seu olhar vacilar, ele tenta dizer algo, mas desiste. — Pense bem, Justin. Agora não é mais apenas sobre nós dois, é sobre ter uma família e sobre ter responsabilidade o suficiente para que o nosso filho cresça em um lar agradável e longe de coisas ruins.
— Alane, eu sou um criminoso. — Ele dá uma risada sem humor. — É o que faço e faço realmente bem. Eu vou ter um filho, mas vou continuar sendo um. Eu vou manter vocês longe do que faço, mas não queira mudar as coisas agora.
— Não estou tentando mudar nada. Você tem essa parte da sua vida e eu sempre soube, mas nada justifica fazer algo assim com outra pessoa a troco de nada. John não fez nada pra você, nem pra mim e nem pra ninguém.
— E você quer que eu faça o que? Que eu o ressuscite? — Ele pergunta realmente sério e eu fico surpresa pelo fato de Justin não utilizar do deboche pela primeira vez em uma discussão.
— Apenas quero que você pense antes de fazer. Que você seja humano o suficiente para admitir que cometou um grande erro e que tente contornar esta situação tendo compaixão e empatia com o seu próximo. — Falo e ele apenas assenti.
— Será que você pode esquecer esse assunto por alguns instantes e explicar o que disse ontem? — Ele pergunta com uma expressão cansada e eu noto que havia olheiras escuras em baixo de seus olhos.
— Há muito tempo eu escutei uma conversa de Tyler no celular, aqui dentro de casa. Ele havia dito algo sobre descobrir alguma coisa, eu não consegui ouvir a conversa toda. Depois, quando já estávamos juntos, eu escutei mais uma e ele falava sobre você, como se tivesse passando algum tipo de informação para a pessoa. Depois você me disse que ele estava agindo estranho contigo e eu descobri que ele e Lauren conversavam às escondidas, eu estranhei pelo fato deles não demonstrarem nenhum tipo de afeto pessoalmente na frente de todos. Eu sei que fiz errado não contando antes, mas eu tinha medo de você não acreditar nas minhas desconfianças ou ser impulsivo e fazer algo ruim contra alguém que não merecia, porque eu não tinha certeza de nada. — Suspiro o fitando. — Eu sei que se houvesse contado antes, talvez tivesse evitado o atentado e teria evitado quase perder o nosso bebê.
— Alane, só de você estar dentro desta casa significa que eu confio em você. Você deveria ter me falado antes. — Ele fala calmamente, mas eu noto em seus olhos que ele estava com raiva.
— Eu sei, desculpe. Coisas do tipo não irão repetir. — Digo sentando na cadeira em frente a sua mesa e ele assenti. Retiro o celular do bolso e coloco na galeria de fotos, estico meu braço o entregando e ele o pega analisando as fotos com calma. — Khalil te disse algo?
— Não, por que? — Ele pergunta sem desviar os olhos do celular.
— Eu disse para Amber que ela poderia contar para ele ontem mesmo, mas acredito que ela tinha algo melhor para fazer na hora. — Falo soltando uma risada baixa ao lembrar o que ela havia dito na ligação. — O porteiro do cemitério disse que Lucy era a mãe de Lauren e Jack o irmão adotivo. Ele me contou que Jack devia uma grana para algum traficante por ser usuário de drogas, ele não conseguiu quitar sua dívida e o assassinaram. Lucy se suicidou um ano depois de sua morte. — Explico e fico assustada com a sua reação a seguir. Justin havia dado um soco tão forte na mesa que o vidro havia trincado e saía sangue de sua mão. — Justin, calma. Por favor, calma. — Falo circulando a mesa e tentando o parar enquanto via ele jogar as coisas pelo chão, realmente transtornado e em completo ataque de fúria. — JUSTIN! JIMMY! JIMMY! — Grito para o segurança ao notar que não conseguiria o parar e ele entra rapidamente no cômodo acompanhado de Abi.
— NÃO TOCA EM MIM, PORRA! — Justin grita ainda alterado para o segurança que continua parado no mesmo lugar e eu bufo.
— Senhor Bieber, se acalme. — Abi pede com os olhos arregalados.
— FAZ ALGUMA COISA! — Grito para o segurança que estava parado como uma estátua. — Ele vai destruir tudo. — Falo sentindo vontade de chorar como um bebê ao ver quem eu amo tão transtornado daquela forma. Eu nunca havia visto Justin assim.
— Eu vou buscar um calmante. — Jimmy fala finalmente se movendo do lugar e eu tento controlar minha respiração ao sentir tudo ao meu redor ficar turvo. Minhas pernas bambeiam e eu tenho que segurar na mesa para não cair.
— Alane, Alane, querida. — Ouço a voz assustada de Abi, mas não consigo mais me manter em pé. Meu corpo teria se chocado contra o chão se Justin não tivesse me segurado firmemente.
— AMOR, AMOR. O QUE ESTÁ HAVENDO? — Ele pergunta para Abigail com um semblante de preocupação e dando tapas fracos em meu rosto para tentar me manter acordada, mas eu não consigo. Apenas fecho meus olhos e me permito cair em um sono profundo.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.