– Eu gosto deste. – Digo mostrando o papel de parede colorido para Amber, que apenas faz uma careta.
– Bleh. — Ela abre a boca colocando o dedo na garganta indicando vômito. – É uma boate, precisamos de uma cor sexy.
– Certo... – Concordo ainda folheando entediada o catálogo de cores. Por fim, paro em um vermelho vivo e sorrio. – Acho que este ficará muito bom. – Mostro para ela que esbanja um sorriso assentindo.
– Oh, sim. É este com certeza. – Ela fala animada admirando a cor.
– Certo. Diga ao Za para falar com o pessoal. – Falo e ela apenas assenti levantando apressadamente e caminhando para fora do escritório.
Suspiro lentamente enquanto checo meu celular pela milésima vez em apenas quinze minutos. Nenhuma mensagem, nenhuma ligação.
Justin Drew Bieber havia, literalmente, desaparecido do mapa desde a nossa última briga ontem à tarde. Eu não sabia aonde ele estava, como passou a noite e muito menos com quem. De qualquer forma, eu não havia perguntado sobre ele para ninguém, tão pouco telefonado ou enviado um torpedo. Dessa vez, a sua atitude realmente havia me ferido e eu não planejava correr atrás de forma alguma.
Eu estava na Demons com a Amb e o Za, checando alguns papéis e olhando a nova decoração. Sempre estávamos procurando mudar às coisas para atrair mais clientes e até então, estava dando realmente certo já que todos os dias se formava uma longa fila pelo quarteirão.
– Hey, baby. – A voz de Amb me retira dos meus devaneios e eu a encaro. Ela estava encostada na porta me analisando atentamente. – Quer comer alguma coisa? Almoçar?
– Seria bom. – É tudo que respondo pegando minha bolsa e me levantando da grande cadeira confortável.
Ela sorri enquanto caminha em silêncio ao meu lado e assim permanecemos até chegarmos ao restaurante luxuoso que era o seu preferido.
– A comida daqui é divina. Tenho certeza que você vai adorar. – Ela elogia o local logo quando o garçom se afasta e eu sorrio.
– Claro. – Respondo bebericando a água gelada e a vejo negar com a cabeça.
– Alane, o que está havendo? – Ela pergunta me encarando por cima de seus óculos escuros da Prada e eu apenas suspiro, realmente cansada e sem vontade de relembrar o dia de ontem novamente.
– Nada. Está tudo bem. – Respondo forçando um sorriso amarelo enquanto ela revira os olhos retirando os óculos e os deixando em cima da mesa.
– Você é como uma irmã para mim, eu te conheço e sei quando tem alguma coisa errada. Aconteceu alguma coisa com você? Com o bebê? Com o Justin? Diga, por favor. – Ela pergunta já começando a ficar preocupada e eu nego.
– Com o bebê está tudo ótimo.
– E com o Bieber? — Ela pergunta com a sobrancelha arqueada e eu suspiro. – Sabia que tinha o dedo podre dele. O que aquele babaca te fez? – Amb pergunta já elevando o tom de voz e eu percebo os olhares atentos e intrometidos de algumas pessoas ao redor.
– Não é nada, Amb. Vamos apenas... Esquecer isso.
– Se você não dizer, eu mesma vou perguntar para ele. – Ela fala e em seguida toma todo o vinho branco que havia em sua taça em apenas um gole. Eu cruzo os braços enquanto encosto minhas costas na cadeira.
– Boa sorte para o encontrar.
– Como? – Ela pergunta sem entender e eu reviro os olhos.
– Ele simplesmente desapareceu da face da terra. – Resmungo a contragosto e vejo uma expressão de completa confusão formar em seu rosto.
– Vocês brigaram?
– O que você acha? – Solto uma risada nasalada sarcástica enquanto estico meu braço para pegar a taça novamente.
– Por que?
– Porque ele é um completo babaca, como você mesma disse.
– Alane...
– Não, eu não quero a sua piedade. – Digo observando seus olhos cheios de compaixão, mas eu não queria nada disso. – Eu apenas... Não tinha noção que seria tão difícil. Digo, eu sabia que seria complicado ter algum tipo de envolvimento com uma pessoa como ele, mas não pensei que poderia ser tão... Complicado.
– Eu não vou mentir para você. Eu também me sinto assim em relação ao Khalil, talvez com Justin seja ainda mais complicado por ele ser quem ele é. – Ela diz e eu mordisco meu lábio inferior enquanto coloco uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.
– Sim... – Respondo pensando se contava ou não para Amb o motivo da briga, mas decido não dizer nada e apenas dar-lhe a notícia que ela tanto esperava. – Você será madrinha de um menino. – Digo e a vejo arregalar os olhos enquanto solta um gritinho de animação, novamente chamando atenção de olhares curiosos em nossa direção.
– Oh, meu Deus. É um menino? – Ela diz toda entusiasmada e eu assinto realmente alegre com a sua reação.
– Sim, é.
– Céus! Eu esperei tanto por este momento. Estou tão feliz, vou poder comprar todos os sapatinhos que houver na Gucci, na Chanel, na Prada... Não vejo a hora. – Ela fala toda animada e eu sorrio a imaginando como uma louca em lojas de grifes comprando mil presentes para o afilhado.
– Obrigada, Amb. – Digo com sinceridade apertando a sua mão por cima da mesa. Ela apenas pisca um dos olhos e aperta a minha mão com força.
– Somos como irmãs, Alane. A sua felicidade é a minha também... Seja lá o que Justin fez com você, vocês precisam conversar e resolver se conseguem e se realmente querem levar essa relação adiante.
– Sinceramente, eu não sei mais se consigo, Amb. — Suspiro.
– É exatamente por isso que vocês precisam conversar. – Ela comenta e eu apenas assinto.
– Você tem falado com o William? – Pergunto depois de um tempo em silêncio e até mesmo eu fico surpresa ao dizer o seu nome em voz alta.
Eu não o via a tanto tempo... Céus, como eu sentia saudades. Como eu queria poder voltar tudo do início e ter sido sincera com William desde o começo, como eu queria poder conversar com ele e tentar fazê-lo entender o meu lado. Agora já era tarde demais e aquela dor do arrependimento me perseguia todos os dias da minha vida.
– Não. William apenas... Sumiu. – Ela responde com cautela por saber de toda a nossa história mal resolvida e eu sinto as lágrimas chegarem ao meus olhos, mas não às permito descer.
– Eu queria tanto que ele estivesse nesse momento tão único e especial da minha vida. – Comento passando a mão pela minha barriga que já estava apontando.
– Também queria muito que ele estivesse aqui. – Ela suspira e logo o garçom chega com a nossa comida dando fim a aquele assunto.
{...}
A música que soava pela Demons era quase ensurdecedora e eu estava na área vip, encostada em um corrimão dourado que dava uma bela visão da pista de dança. Lá em baixo, as pessoas dançavam enlouquecidas, quase atropelando umas às outras.
Suspiro dando um gole na batida de maracujá com morango misturada com suco que eu havia pedido no bar, já que eu estava longe de bebidas alcoólicas por causa do bebê.
Sem dúvidas, eu não poderia estar mais entediada. Digamos que uma boate com pessoas bêbadas por todos os lados não era a minha definição de diversão, mas eu não me importava. Eu apenas queria me manter longe daquela casa ridiculamente grande e vazia e eu topava qualquer coisa, até mesmo passar toda à noite observando as pessoas se divertirem enquanto eu apenas me mantinha quieta em um canto.
Assim era melhor. Penso pela décima vez, tentando, inutilmente, convencer-me que sim, daquela maneira era melhor.
– Você está bem? – Escuto a voz de Sharieff e desvio meus olhos da pista para o seu rosto. Sorrio assentindo o vendo ao meu lado, com um cigarro entremeio os dedos e uma garrafa de uísque na outra mão.
– Sim, por que não estaria? – Pergunto passando a mão pelo cabelo e o jogando pro lado, agora olhando novamente para a pista.
– Eu imaginei que... – Ele interrompe a fala bruscamente e nega com a cabeça, como se fosse melhor ficar calado. – Deixa.
– O que? – Pergunto com a testa franzida voltando a o fitar. – Você pode dizer, se quiser.
– Você e Justin estão bem? – Por fim, ele pergunta e eu o olho surpresa.
– Sim, claro. – Assinto sem vontade de conversar sobre isso novamente e ele arqueia as sobrancelhas esbanjando um sorriso que mostrava seus dentes perfeitos.
– Então por que ele passou essa noite na minha casa? – Ele pergunta e eu sinto meu coração acelerar. Céus, como eu estava feliz por ele ter dormido na casa do Khalil, bem longe de Abby ou qualquer outra pessoa. Não consigo esconder minha felicidade quando abro um sorriso e ele nota.
– Tivemos alguns problemas, você sabe. Justin é um pouco complicado às vezes. – Digo tentando diminuir o peso nas palavras porque Justin sempre era complicado ao extremo.
– Eu sei, mas seja lá o que aconteceu, vocês precisam conversar. Ele estava realmente mal, acho que foi a primeira vez que eu vi Justin Bieber tentando segurar o choro. – Ele diz e eu juro que meu coração se parte quando escuto que ele estava mal por minha causa. Tento não expressar o quanto saber sobre aquilo me abalava, já que ele quem havia sido um completo idiota, mas eu o amava e saber disso me machucava.
– E-ele... – Pigarreio sentindo até mesmo um nó se formar em minha garganta. Em quase um ano que eu o conhecia, eu jamais tinha o visto chorar ou algo perto disso. Eu nem ao menos sabia que ele ainda conseguia demonstrar sentimentos assim. – Ele... Aonde ele está?
– Ali. – Sharieff responde apontando para a pista de dança.
E lá estava Justin Bieber, com o seu famoso óculos escuros, vestido com uma regata preta colada que marcava bem os seus músculos, a sua calça preta estava bem abaixo da sua bunda, mostrando toda a sua cueca branca. Enquanto andava vez ou outra ele a puxava para cima. Em seu pescoço tinha inúmeras correntes que se mexiam de um lado para o outro à medida em que ele caminhava e elas brilhavam tanto que dava para eu conseguir notar aqui de cima.
Por onde ele passava, as pessoas abriam caminho e o olhavam cochichando, principalmente as mulheres. Meus olhos o seguiam enquanto ele subia lentamente a escada para a área particular. Céus, eu nem ao menos conseguia me mover ou falar alguma coisa. A única coisa que eu conseguia pensar era se mesmo com todas essas merdas, Justin Bieber sempre conseguiria ter um efeito de outro mundo sobre mim.
– Essa é a sua oportunidade. – Ouço Khalil dizer ao meu lado e logo sinto seu corpo se distanciar do meu.
Eu não me movo do lugar, apenas permaneço parada, ainda com o corpo curvado e encostada ao corrimão. Eu não havia virado para trás para o olhar, mas só pelos cumprimentos eu sabia que ele já estava presente.
Bebo mais um pouco da batida tentando afastar Justin de meus pensamentos, mesmo sabendo que era quase impossível porque de alguma forma, só de saber que ele estava no mesmo ambiente que eu o meu coração batia como um louco. Justin Bieber era como uma droga. Uma droga a qual eu não conseguia mais escapar.
PVO Justin Bieber
Reviro meu corpo na cama e estico meu braço alcançando um abajur. Acendo a luz e rolo para o outro lado colocando um travesseiro em cima do rosto tentando ignorar os chamados incessantes de Khalil.
– Bro, estou indo a Demons com Amber, Za e a Alane, vamos nessa? – Paro de escutar quando ouço o nome de Alane. A única pessoa que eu não conseguia tirar da minha mente, por mais que eu tentasse a afastar. – Bizzle. – Ouço ele chamar novamente, mas logo escuto passos se distanciando indicando que ele havia desistido.
– Porra. – Xingo afundando ainda mais minha cabeça no travesseiro relembrando a briga e à noite de ontem.
Flashback On
– Bizzle? – Vejo a expressão surpresa de Khalil ao me ver na porta da sua casa às três da manhã, segurando uma garrafa de Whisky e bêbado.
– E aí. – Aceno com a cabeça incapaz de formar uma frase maior e entro tropeçando nos meus próprios pés.
– O que está fazendo aqui? – Ele pergunta tentando me ajudar a andar, mas eu o empurro começando a sentir a droga da raiva.
– Você não é nada receptivo. – Digo um pouco embolado e reviro meus olhos tateando os bolsos da minha jaqueta e da calça procurando pelo meu maço.
– Quer que eu ligue para a Alane? – Ele pergunta assim que me sento no sofá e eu apenas bufo.
– Tenho cara de criança, porra? – Pergunto fechando os olhos e jogando a cabeça para trás a apoiando na almofada confortável. Abro os olhos novamente quando percebo que estava sendo observado. — O que é? — Pergunto rudemente logo após tragar a fumaça.
– Vocês brigaram? – Ele pergunta e eu apenas nego com a cabeça, não querendo mesmo falar sobre isso já que eu sabia que se tratava sobre Alane. – Então não vejo problema em ligar pra ela. – Ele diz catando o celular do bolso e eu bufo novamente.
– Não, porra. Eu sou a porra do seu chefe e estou falando pra você não ligar. – Digo o olhando com raiva e ele solta uma risada.
– Ótimo, então vocês brigaram. E aí, qual foi a merda da vez? – Ele pergunta se sentando no sofá ao meu lado e eu dou de ombros.
– Nada demais. – Bem, se talvez o “nada demais” para Khalil fosse eu não ter acompanhado Alane na descoberta de sexo do nosso filho, então eu não estava mentindo.
– Então está com essa cara e esse cheiro de merda por que?
– PORQUE EU CAGUEI TUDO, CARALHO. – Explodo realmente nervoso e ele apenas assenti, esperando que eu falasse mais alguma coisa, mas eu não falo. Apenas começo a ter uma sensação que eu não sentia a muito tempo: a droga da sensação de choro.
– Você quer dizer o que aconteceu? Talvez conversar, sei lá. – Ele diz e se senta ao meu lado um pouco sem jeito. Nós éramos irmãos desde que me entendo por gente, mas não éramos de conversar sobre coisas íntimas, já que nenhum de nós gostava muito de demonstrar sentimentos.
– Não.
– Então... Você quer pedir uma pizza? – Ele pergunta depois de alguns minutos em silêncio e eu até mesmo tento endireitar minha postura para o olhar melhor.
– Pizza?
– Sim, pizza. Não é isso que as mulheres fazem quando estão com o coração partido e vão chorar na casa das amigas? – Ele pergunta realmente sério e eu tento prender o riso, mas vejo que seria algo impossível.
– Eu estou chapado, mas nem tanto a esse ponto. – Digo enquanto rio ainda mais.
– Achei que poderia te animar. - Ele cruza os braços dando de ombros. – Eu pensei em te chamar pra comer algumas vadias, mas eu não quero problemas.
– Amber conseguiu mesmo te colocar uma coleira, não é?
– Da mesma forma que você está de quatro pela Alane.
– Não sei da onde você tirou isso, cara. Sua imaginação é muito fértil. – Digo e bocejo logo em seguida, agora sentindo um pouco a adrenalina abaixar em meu sangue.
– Então por que está na minha casa caindo de bêbado as três da manhã? – Xeque-mate, Sharieff.
– Em qual quarto eu posso ficar? – Pergunto tentando desviar o foco da conversa e ele percebe de imediato, mas acaba não insistindo.
– Segunda porta à direita no segundo andar.
Levanto cambaleante sentindo minha visão ainda turva e caminho sem pressa até a escada que eu não lembrava de ter tantos degraus daquela forma.
– Bizzle, você quer ajuda? – Ouço Khalil perguntar, mas dou de ombros apoiando no corrimão e subo tropeçando vez ou outra.
Adentro o quarto de hóspedes e tateio a parede a procura do interruptor. Desisto de acender a luz ao constatar que eu estava bêbado demais até mesmo para isso.
– Caralho. – Praguejo irritado ao bater meu pé em algum móvel, mas continuo a andar no escuro até encontrar a cama.
Dou mais um gole na garrafa de Whisky que já estava abaixo da metade e sento na cama. Solto uma lufada de ar e passo a mão raivosamente pelo meu cabelo quando a imagem perfeita de Alane vem a minha cabeça.
– Bieber? – Escuto a voz de Khalil e em seguida, a luz é acessa. – Não conseguiu encontrar o interruptor? – Ele pergunta entremeio os risos e eu apenas o mostro meu dedo enquanto dou mais uma golada na garrafa. – Vai com calma, cara. Não quero que vomite no meu assoalho novo.
– Eu deveria ter ido para a casa do Za. – Murmuro largando a garrafa na mesa de cabeceira e deito, sem me importar em retirar os tênis.
– Você não quer mesmo conversar? – Ele pergunta novamente e eu não movo um músculo. – Certo, mas eu...
– Você já amou alguém? – Pergunto e não é preciso eu abrir meus olhos para ver que ele estava realmente chocado. Nós nunca falávamos sobre sentimentos.
– Não. Digo, não sei.
– Que bom. – Respondo abrindo meus olhos e agora o fitando. – Essas coisas realmente fodem com você.
– Você não está fodido, cara. Ela vai te dar um filho.
– Eu sei, mas... Eu nunca sei o que fazer pra resolver os problemas entre nós. Você não sabe o quanto isso me deixa exausto. O quanto brigar todos os dias por coisas banais é cansativo.
– Eu não sou um expert em relacionamentos, mas você já pensou que pra você são coisas banais e pra ela não?
Xeque-mate, Sharieff. Mais uma vez.
– Por que você não liga pra ela? Talvez vocês consigam se resolver agora que estão mais tranquilos.
– Uma ligação não resolve essa merda, cara. – Lamento enquanto viro de barriga para cima, tentando impedir que meus olhos lacrimejassem pela segunda vez no dia. O que essa mulher fez comigo, afinal?
– E se você for pessoalmente?
– Ela não quer me ver. Não depois de hoje.
– Não tem como você consertar? Qual é, Bizzle. Você é o Justin Bieber e não tem nada que o Justin Bieber não consiga fazer. Você pode comprar um carro, uma jóia, a levar para o melhor restaurante do país.
– As coisas não funcionam assim, Khalil. – Solto uma risada sarcástica pelo nariz. – Alane é realmente uma garota diferente. Ela não se importa com o valor da minha conta bancária, nem com jóias ou jantares caros. Enquanto eu posso proporcionar coisas grandes, ela prefere apenas ter a minha companhia pra assistir ou comer algo. Você percebe o quanto isso é insano? Eu nunca conheci uma garota como essa e agora ela vai dar o melhor presente que eu poderia receber: meu filho.
– Você já disse isso a ela alguma vez?
– Não.
– Pois deveria. Alane é uma garota única e especial pra você, então você precisa deixar isso claro antes que a perca.
– Não vou perder ela, cara. Ela me ama, eu tenho certeza.
– Ela te ama, mas você precisa valorizar o sentimento, entende? Talvez você esteja esquecendo do principal. – Ele diz dando de ombros e dando um gole no Whisky que eu havia largado.
Ela estava sozinha. Kordei entrou naquela maldita sala e descobriu o sexo do nosso filho sozinha, sendo que ela tinha à mim. Sendo que ela achava que poderia contar comigo.
Suspiro realmente cansado, sentindo o gosto amargo do arrependimento chegar a garganta e formar um nó na traqueia. Passo a mão ruidosamente pelos olhos, tentando impedir a primeira lágrima que ameaçava escorrer.
– Você está bem, Bizzle?
– Sabe de uma coisa, cara? – Pergunto ainda de olhos fechados e solto uma lufada de ar antes de continuar. – É um menino.
– Caralho. Você já contou isso pros outros? Caralho. Parabéns, irmão. Mais um pra fazer parte da equipe. – Ele fala praticamente se jogando em cima de mim para me abraçar, o que me faz rir é que seus olhos escuros estão até mesmo iluminados.
– Valeu, bro.
– Você já contou pra Pattie?
– Ainda não tive a oportunidade, mas talvez ela já saiba, já que a Alane fez questão de gritar isso na briga. – Comento e vejo a expressão confusa formar em seu rosto quando ele franzi a testa.
– Você não foi na consulta, não é? – Ele pergunta cruzando os braços e eu assinto. – Certo, você deu uma puta mancada, mas pra sua sorte, eu sou o seu melhor amigo.
– O que quer dizer?
– Nada, apenas esteja pronto amanhã à noite para irmos a Demons. Vamos comemorar a chegada de mais um Bieber.
Flashback Off
O celular vibrando dentro do bolso da minha calça faz com que eu desperte das lembranças de ontem e eu o pego preguiçosamente lendo a mensagem de Khalil.
“Você não vem? Alane está aqui. Não perca a oportunidade, irmão.”
Examino a hora e percebo que era tarde. Por mais que tivesse recebido ligações de Za, Pattie e até mesmo Abby, eu havia dormido o dia inteiro e fiz questão de colocar o celular no silencioso. Parecia que Atlanta inteira havia ligado ou deixado mensagem, menos Alane. A única pessoa que realmente me interessava.
Eu sabia que ela estava machucada e com razão, mas pensei que talvez hoje ela acordasse disposta a conversar.
Reviro meu corpo novamente na cama e puxo o travesseiro ao meu lado para abraçar, exatamente como havia feito noite passada. A verdade é que eu estava tão acostumado a ter companhia para dormir que não conseguia mais dormir sozinho. Há alguns meses atrás, uma cama king saze era excelente para se dormir sozinho e de repente, eu comecei a achar grande demais e vazia demais sem a companhia dela.
Reviro meus olhos para os meus próprios pensamentos. Desde quando eu era tão sentimental dessa forma? Nego com a cabeça e resolvo voltar à dormir, mas novamente o celular vibrando me atrapalha. Decido ignorar o novo torpedo de Khalil e suspiro levantando da cama.
Antes de ir para a Demons, resolvo passar em casa para tomar um banho e colocar uma roupa limpa, já que eu estava fedendo a bebida, cigarro e maconha.
{...}
Dou uma longa tragada no cigarro enquanto observo o portão terminar de se abrir lentamente. Acelero a Mercedes pelo caminho de pedra e estaciono o carro na entrada de casa. Desço do carro rapidamente e não me importo em retirar a chave da ignição. Eu não pretendia demorar.
Subo rapidamente as escadas tentando não fazer barulho. Pattie estava em casa e eu não queria ter que responder ao seu interrogatório sobre aonde estive noite passada.
Assim que entro no quarto, sinto o cheiro floral de Alane. O seu perfume parecia estar em cada canto do cômodo e isso era uma merda. Eu não conseguia mais tirar essa mulher da minha cabeça e eu estava decidido a precipitar os planos que ainda estavam em desenvolvimento na minha cabeça. Nada disso agora importava, a única coisa que realmente me importava era que Alane fosse minha pro resto de nossas vidas.
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