“Acontece que às vezes uma flecha lançada ao acaso atinge o alvo que o arqueiro não queria”
Walter Scott
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Nostalgia.
Essa era a palavra que me definia durante toda a viagem, não que eu estivesse pulando de alegria, pois meu semblante era neutro, mas por dentro eu estava em um misto de nostalgia e medo, afinal muitas coisas mudaram de lá para cá e aquela fuga durante a festa me fazia pensar se os sentimentos ainda eram o mesmo.
Nos hospedamos em um hotel e nos dirigimos a delegacia. Kisame informou-se rapidamente ao chegarmos e eu a reconheci a distância tentei permanecer neutro, mas a satisfação em vê-la era demais e por mais que eu quisesse realmente ser profissional eu não conseguia, pelo menos não 100%.
Eu precisava de um tempo com ela um tempo a sós eu tinhas tanto a dizer...
“Não é um momento bobo
Não é uma tempestade antes da calmaria
Esse é o final e ofegante suspiro
Do amor que estivemos mantendo
Parece que não posso mais te segurar como quero
Então eu posso te sentir em meus braços”
Slow Dancing In a Burning Room — Jhonn Mayer ( ♫ )
O abraço que eu recebi mostrou-me que eu estava errado, pois os sentimentos ainda eram os mesmos ela ainda me amava. E que tudo não passava de receio e meras ordens e no meu íntimo eu sabia disso, porque várias foram as vezes que questionei Hiruzen sobre ela e tudo que ele dizia era que ainda não podia dizer nada. Achei que era mentira que ele quisesse me esconder algo e hoje vejo que não, afinal fora ele mesmo que me designou para essa missão será que este era o momento oportuno, afinal?
Conversamos um pouco e contei-lhe o que sabia, porém a reação dela não fora bem o que eu esperava ela ficou inerte por um momento e em seguida em um pavor controlado, mas também perceptível. Era estranho vê-la daquele jeito, porém não tive tempo de questiona-la mais afundo sobre seus receios, ela queria começar os trabalhos o quanto antes, como se estivesse realmente temendo a algo, mas a que?
Será que ela não vê que para matarem a ela teriam que primeiro matar a mim?
A conheço muito bem para dizer que não havia como fazê-la voltar atrás então apenas concordei saindo.
O sorriso de Kisame esvaiou-se assim que lhe disse as coordenadas
— Ué, pensei que vocês iam se acertar agora.— ele diz confuso acompanhando-me.
— È cara eu também achei — digo frustrado — Mas temos algo mais importante a fazer agora do que definirmos nosso relacionamento.
— Ela lhe disse isso? — questionou surpreso.
— Não com estas palavras, mas é isso — digo adentrando ao carro.
Assim como eu Kisame pareceu frustrado com o desenrolar que nossa história estava levando, afinal o que eu esperava um comitê de boas vindas e uma declaração de amor?
Seria muito bobo e infantil de minha parte de fato temos que nos focar no que realmente interessa, pessoas estavam morrendo era realmente uma causa maior depois nós, nos resolviamos se sobrasse tempo.
A visão do local não era nada agradável e até mesmo se locomover era difícil havia escombros por todo o lado. O barulho de ferramentas de corte, trator as sirenes de ambulância era a definição do caos. Caminhei pelos escombros, enquanto colocava a luva a procura de qualquer pista que pudesse me levar a localizão ou próximo ataque de Deidara.
O número de vitima só aumentava a cada hora e aquela era uma cena que eu não queria ver tão cedo. O céu foi escurecendo já fazia horas que estavámos ali e não encontrávamos nada além do óbvio. Abaixei em meio aos escombros revirando algumas pedras nada a não ser uma pilastra. Balancei a cabeça negativamente fechando os olhos, estava começando a me irritar. Senti algo segurar firmemente minha mão e abri os olhos assustado.
O fitei atentamente era uma mão segurei-a firmemente era aquela pequena luz no fim do túnel, uma sobrevivente. As unhas pintadas de vermelho misturavam-se ao sangue. Gritei por ajuda, porém ninguém me ouviu, o barulho era demais e ela segurava tão firme a minha mão que suas unhas começaram a me machucar. Assoviei e Kisame veio correndo em minha direção sorriu ao ver o tesouro que eu havia achado, afinal tínhamos agora alguém para contar o que realmente havia acontecido.
Não demorou para que a equipe de resgate viesse até mim quebrando e retirando tudo que estivesse no caminho da sobrevivente. Era uma jovem loira seus pulmões puxaram uma boa quantia de ar quando finalmente foi tirada dos escombros.
Sua maca estava passando por mim quando ela novamente segurou-me pelo braço a fitei confuso.
— Grazie!
Apenas sorri-lhe de volta vendo-a ser levada para o hospital.
A acompanhei com o olhar com um mínimo sorriso nos lábios, afinal era revigorante ouvir aquilo. As horas foram passando e nós não encontramos mais nada. Agora teríamos que esperar a melhora da moça para colhermos informação. O sorriso ainda que mínimo fazia-se presente nos meus lábios eu havia feito o bem a alguém e aquilo me fazia bem também.
— Eii, chefe — questionou Kisame aproximando-se.
— Hmmm — murmuro retirando as luvas.
— A onde vamos agora? — ele me questionou também retirando as luvas.
— Comer — digo jogando a ambas as luvas no lixo — Estou morrendo de fome.
— Boa — ele diz sorrindo — Também estou.
Caminhamos a passos lentos até uma lanchonete já estava no finalzinho de tarde então optamos por um lanche. Fizemos nossos pedidos e nos ajeitamos ali mesmo no balcão tomando uma coca-cola, enquanto esperamos. A conversa era sobre futebol claro e Kisame me zuava porque meu time havia perdido para o dele no último jogo.
O som da Tv misturando-se a barulhos de chapa e de nossas risadas até que um alerta roubou nossa total atenção. O noticiário mostrava um armazém abandonado onde mostrava claramente Deidara fazendo uma mulher de refem e como se não bastasse isso a mulher estava com um bebê no colo.
— Maldito — digo serrando os punhos.
A fome havia sumido repentinamente, paguei rapidamente a bebida que consumimos e saímos as pressas para o local. O local já estava cercado pela polícia que tentava negociar com ele a todo custo, porém sem sucesso. Havia todo um cuidado devido aos reféns, afinal havia uma criança ali também o que deixava o caso ainda mais complicado. Me aproximei de vagar e o vi se enfurecer gritando meu nome e ameaçando matar aquelas duas pessoas se eu me aproximasse mais. Meus pés pararam a onde estavam eu não queria que ninguém saísse ferido conversei com ele e ele estava irredutível e ver-me alimentou ainda mais o seu ódio eu via em seus olhos que ele o faria, que ele mataria sim aquelas pessoas sem nem pensar duas vezes.
Me afastei e deixei outra pessoa tratar das negociações, enquanto eu pensava em algo e ia atrás de suas exigências, porque claro ele queria ainda mais atenção da mídia então assim o fiz convoquei os repórteres. Logo o circo estava armado, havia câmeras e helicópteros por todos os lados.
Ele havia adentrado o galpão e agora mantia-se protegido pela porta e refém que assim como a criança chorava. Konan passou por mim como um raio indo em direção ao local e fora contida apenas por um dos policiais que pedia para ela se afastar. A minha presença e a presença de Konan era tudo o que ele queria e bem nós estávamos ali, assim como fez comigo a reconheceu de imediato e mandou que ela não desse mais nenhum passo ou ela veria aquelas pessoas morrerem. Ela levou a mão a boca parecia conhecer aquelas pessoas o que não me agradou nenhum pouco, afinal tudo isso era para nos atingir realmente. Me aproximei e repousei minha mão sob seu ombro ela me olhou chorosa.
“Um dia, quando o céu estiver desabando
Eu vou estar aqui ao seu lado,
Aqui, ao seu lado
Nada nunca ficará entre nós,
E eu vou estar aqui ao seu lado,
Aqui, ao seu lado”
Next To You — Chris Brown Feat. Justin Bieber ( ♫ )
Sinceramente eu não sabia que rumo tomar.
Eu queria muito matá-lo, mas até mesmo se eu mandasse o sniper atirar a vida daquelas pessoas estaria em risco e eu não podia colocar a vida de uma criança em risco. Não há símbolo maior de pureza do que uma criança. Criança é uma benção é uma dádiva eu não podia deixar aquela criança inocente pagar por meus erros, porque por mais que eu me negasse o erro de deixá-lo escapar foi meu porque eu não fui atrás do mesmo, porque eu relevei, porque eu estava perdido demais nas minhas dores, nos meus amores.
Olhei para Konan e depois para a criança que estendia as mãozinhas chorando.
Estava de cara com os meus dois maiores sonhos.
Ter um filho com ela era tudo o que eu mais queria, mas parece que isso nunca iria acontecer afinal, passei por ela e chamei a atenção de Deidara oferecendo a ele uma troca eu por eles. Sem armas, sem colete, sem nada apenas eu por eles. Ele abriu um largo sorriso ao ouvir isso. Abaixei-me colocando ali a frente dele todas as minhas armas e canivete. Até que sentir ser contido por Kisame.
— Não faz isso cara — ele diz suplicante — Ele vai te matar.
Preparei-me para respondê-lo, porém Konan também segura meu braço.
— Itachi — ela diz chorosa — Não me deixe de novo…
— Não posso deixar uma criança inocente pagar por um erro meu — digo decidido fitando-a e tocando-lhe o rosto sutilmente antes de segurá-lo com ambas as mãos depositando um beijo sob sua testa — I’ll never leave you! (Eu nunca vou deixar você!)
As palavras carregadas com aquele sotaque que ela tanto gostava na intenção de transmitir segurança. Segurança que nem mesmo eu tinha.
Eu estava caminhando para a minha morte e eu sabia disso, mas para pessoas que exercem funções como as minhas nós já perdemos o medo da morte após alguns anos. A única coisa que eu lamentava era de não ter tido filhos com aquela que eu amava. Eu sequer havia dado a ela o meu sobrenome e isso me frustrava.
“Se você tiver um filho meu
Você tornaria a minha vida completa”
Next To You — Chris Brown Feat. Justin Bieber ( ♫ )
Afastei-me dela e levantei as mãos acima da cabeça em sinal de rendição, enquanto começava a me aproximar dele. A arma logo fora apontada para mim em direção a meu peito. A mulher passou por mim e eu ouvi pela segunda vez naquele dia.
— Grazie!
Estávamos a poucos passos um do outro, ele sorria malevolamente. Adentrou o armazém e pediu para que eu o acompanhasse e assim o fiz, afinal eu planejava me defender e lá dentro as chances dele disparar e atingir alguém além de mim eram bem menores. Durante o percurso ele despejou em mim todo o seu ódio xingando-me de qualquer adjetivo que você possa imaginar ele estava tão entretido em seus xingamentos que se surpreendeu ao me ver reagir, de fato ele havia baixado a guarda e assim que eu afastei a arma do meu peito batendo em sua mão fazendo-a ir para o lado e ele disparou fazendo o barulho ecoar por todo o local. Segurei firmemente em seu pulso com a mão esquerda, enquanto pegava a arma com a direita. Girando-a para cima ouvi o barulho de seus dedo se quebrando e um grito de dor do mesmo que já estava ao chão.
Apertei o botão de destravamento do pente e ele caiu aos meus pés efetuei os demais cuidados retirando a bala que havia na agulha jogando a arma longe. Agora era no mano a mano, eu apenas dei lhe as costas e comecei a sair o lugar estava cercado não havia como ele fugir, porém ao contrário do que eu imaginava ele começou a rir, franzi o cenho e o fitei confuso.
— Qual a graça, idiota? — questiono.
— Você acha mesmo que eu não tinha um plano B? — ele diz sorrindo vitorioso e abrindo o casaco revelando assim os explosivos.
— Oh, Shit (Oh, Merda) — resmungo vendo um clarão se formar e meu corpo ser jogado além da porta por onde eu tinha entrado. A dor cruciante do meu corpo contra o asfalto e minha visão ficou turva por alguns segundos até que eu não pudesse ver mais nada.
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• Escrita por: @CrowsUchiha
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