História Cruel Summer - Oh yeah, you're right, I want it

Quando Ben botou os pés naquele salão, ele sabia que estava encrencado.

Rey estava logo a frente, conversando com seus pais, e estava simplesmente uma visão.

E ele não conseguia não parar de encará-la.

O menino já estava se xingando mentalmente, aliás, aquela era a irmã do seu melhor amigo, e além disso era 7 anos mais nova que ele. Mas ele não conseguia parar de admira-la. Era quase involuntário, não conseguia tirar os olhos dela...

A não ser quando a menina notou suas investidas.

Ambos ficaram se encarando, como se fossem as únicas duas pessoas existentes no mundo, como se o tempo tivesse congelado e só deixado os dois ali... Bem, até sua mãe interromper o contato visual.

-Ben! Que bom que resolveu dar o ar da graça! Mas nem sempre pontual, não é mesmo?- falou Lady Solo, cumprimentando o filho na sua forma típica de calorosa, mas sem deixar de notar seu descontamento pelo atraso de sua prole. 

“Ué, mas como Lady Solo está surpresa, se ele havia falado para ela que viria?”  pensou Rey enquanto olhava a interação dos dois, com uma Lady Leia muito mais baixinha que o filho, mas ainda assim, exalando inegável poder, mesmo com ele sendo de uma classe social mais alta do que a da mãe.  

-Sim, mãe – disse, agora encarando somente a sua progenitora – Mas eu havia lhe avisado isso mais cedo – explicou

-Vindo de você Benjamin, eu nunca posso ter certeza – disse bem humorada, e deixando a bronca de lado. Ela parecia bem mais interessada em receber os colegas do filho do que continuar seu sermão no meio do salão de baile. 

-Bem, se você me permite, querida mãe - disse o rapaz num floreio exagerado, fazendo a matriarca revirar os olhos -Deixe-me apresentar meus convidados, vindos diretamente do ducado de Tatooine para festejar conosco- falou, sinalizando cada um – Este, é Lorde Armitage Hux, conde de Starkiller – disse, mostrando um senhor ruivo, pálido e igualmente alto ao que fazia as apresentações- Esta é Lady Gwendoline Phasma, de Hoth – falou, direcionado para uma mulher loira e muito alta, trajada em um vestido de veludo vermelho sangue, tão luxuoso que se destacava perante os demais trajes da noite - E o senhor Dopheld Mitaka – falou para um homem de traços orientais, bem mais baixo do que o grupo em si – E Essa, é Lady Leia Solo, marquesa de Alderaan- Ben disse, agora apresentando os pais para o grupo em vez da ordem inversa -E meu pai, Lorde Han Solo, Marquês de Alderaan - falou, terminando as apresentações. Após os cumprimentos e de cumprir todas as normas de etiquetas necessárias, Leia tornou a falar

-Um prazer conhecer todos vocês.- disse a marquesa em um gesto acolhedor- A festa está uma graça, Lady Holdo fez um excelente trabalho esta noite, espero que aproveitem – disse a matriarca cordialmente.

E enquanto a conversa entre a elite prosseguia, Rey e as meninas assistiam, um tanto mais longe,  a interação do grupo.

-Ai meu... – disse Rose – Porque você não me disse que seu amante tinha um amigo tão...- falou a menina exasperada, como se fosse quase desmaiar de emoção.

-Primeiro, ele não é nada meu! – repreendeu a garota – E segundo, de qual dos amigos você esta falando?– cochichou Rey, como se as duas estivessem partilhando da pior das fofocas

-O ruivo. Ele é simplesmente o homem mais bonito e gracioso que já vi em minha existência..-e suspirou- será que estou fazendo papel de tola? – perguntou a amiga subitamente

-Eu não acho que se encantar por alguém seja tolice, e de qualquer maneira, você só irar descobrir se falar com ele- respondeu a dama.

-Bem, acho que não vai demorar para isso acontecer, porque eles estão vindo para cá! – falou Jessika animada, e para o terror de Rey.

E como Jessika disse, o grupo realmente havia mudado de direção e caminhava para aonde elas estavam. Claro, com o duque de Tatooine liderando a trupe, e voltando com aquele olhar intenso direcionando para ela. 

-Vossa Graça- disse o cumprimentando, e sem quebrar o contato. Se aquilo era algum tipo de jogo, ela não iria ceder tão fácil assim. 

-Lady Rey – disse, segurando a mão dela e levando aos lábios. Um gesto cordial e totalmente inocente ao ver da sociedade. Mas ele fazia parecer como se fosse algo erótico, quase como se fosse proibido...

-Cof cof – pigarreou Rose ao lado de Rey. E pelo o que parecia, os dois ficaram ali por tempo demais, e então o duque rapidamente soltou a mão da dama.

-Senhorita Tico – disse o lorde, finalmente cumprimentando a garota

-Vossa Graça – Rose respondeu com uma leve reverência. E então, ele se virou e se apresentou para as demais damas presentes no grupo.

-Deixem me apresentá-las aos meus colegas dos quais falei para as senhoritas – disse apresentando novamente seus convidados, um por um. Todos as cumprimentaram de forma cordial e elegante. 

E as meninas não deixaram de perceber que Hux deixou para cumprimentar Rose por último, e que foi a apresentação mais demorada...

Quando as normas de etiqueta finalmente acabaram, pode-se ouvir ao fundo o início de certos acordes, significando que uma música estaria para começar, e que os senhores da festa poderiam formar seus pares para a primeira dança da noite.

-Senhorita Tico – disse Hux sem largar as mãos de menina – Me daria a honra? – perguntou se]m rodeios, já sinalizando para a pista de dança.

-Seria um prazer, meu lorde – disse a menina, e assim o mais alto a guiou para longe do grupo. 

Mitaka também chamou por Paige, que aceitou de forma um tanto relutante.

E por fim, Ben se direcionou para pedir a mão de Rey...

-Senhorita, você me daria a honra? – perguntou o duque. Porém o pedido deu terrivelmente errado quando a amiga de Rey se pôs na frente dela no último segundo.

-Mas é claro Vossa Graça! – disse Jessika contente com seu feitio astuto, e o nobre não teve outra opção a não ser guiá-la para a pista de dança. Mas não deixando de perceber os risinhos de Rey ali atrás, vendo a armadilha em que ele caiu.

-Bem senhoritas – disse Phasma – Eu não me importaria de tomar um refresco, me acompanham? – e assim, as 4 foram em direção a mesa de drinks, enquanto observavam risonhas a interação do último "casal" formado. 

O tempo foi passando e o grupo composto por Lady Phasma, Rey, Talie e Kaydel estava interagindo em uma conversa leve e descontraída,.Porém, logo ouviram a escandalosa risada de Jessika, acompanhada por um Ben Solo no pior dos humores se aproximando de onde estavam, e assim a conversa se cessou. 

-Ai queridas amigas. vocês tinham que ver! – disse a menina, enquanto arrastava Kaydel, Talie e Rey para longe da bancada – Ele foi tão galante! Um verdadeiro cavalheiro! E se ele não pedir minha mão em casamento ainda essa temporada... – disse a menina sonhadora. Kaydel só fez rir, e Rey estava preocupada pelos desencantos da amiga – Vamos Tallie, eu preciso de uma bebida urgente! – falou a garota subitamente, deixando as outras duas para trás, meio rindo, meio desconfiadas de como a situação se desenrolou. 

Enquanto isso, Ben e Phasma conversavam sobre o total desastre do qual foi aquela dança. 

-Tão ruim assim Benji? – perguntou a loira, quase sentindo o sofrimento do amigo

-Foi terrível. Acho que vou precisar consultar um especialista em pés após essa dança – disse tentando verificar se todos os seus dedos ainda estavam pregados no seu pé. Mas Phasma só riu

-Eu achei um encanto, principalmente a parte em que ela tagarelava e você olhava para os outros pares pedindo ajuda. Realmente galante, Benji – respondeu ela, sem conseguir deixar de fazer piada com o sofrimento do duque. 

-Isso, pode rir o quanto quiser Lady Phasma, foi um prazer entretê-la. Agora, onde está o Hux? Estávamos na mesma quadrilha... – perguntou, mas ao olhar para a cara que a amiga estava fazendo ele entendeu tudo – Ah...

-Sim, “ah...” – e depois de uma leve pausa, a loira continuou – E veja, agora que a sua amiguinha foi embora, você pode convidar tranquilamente Lady Rey para a próxima dança – disse apontando para Rey e Kaydel que estavam ainda paradas conversando, sem sinal das outras duas meninas que estavam  no grupo. 

-Pobre Jessika, ela caiu rapidinho por ele, não é mesmo? – perguntou Kaydel, uma vez que os ouvidos da senhorita Pava estavam fora de alcance.

-Disso é que eu tenho medo – respondeu Rey sincera, ainda encarando o duque e sua conversa com Phasma

-O que você quer dizer com isso? – perguntou a loira

-Como se você não soubesse – disse, mas ao perceber de que a amiga não tinha ideia do que a outra estava falando ela explicou – Ah Kaydel, não é como se  você não visse as notícias, todas as fofocas sobre o que aconteceu com ele. E quando eu era pequena, ele não era nada diferente do que essas colunas disseram. 

-Rey! Eu não acredito que você, de todas as pessoas, vai acreditar nessas colunas de fofocas!- disse a amiga, batendo de leve em sue braço -E assim, eu não posso afirmar nada, mas, ele é um duque...não é normal que tentem caçar qualquer informação a respeito de sua vida para botarem em seus jornais? Mesmo que não sejam inteiramente verdadeiras? – disse Kaydel, tentando trazer razão para Rey

-Eu não sei não...- disse, ainda incerta. 

-Eu acho que aquele colégio te deixou é muito desconfiada... – mas as duas interromperam o assunto assim que viram o duque retornar

-Lady Rey... – disse, voltando com aquele olhar penetrante. Agora não restava dúvidas que o pedido seria para ela – Você me daria as honras dessa próxima dança – perguntou Ben

-Claro, Vossa Graça – disse, com uma vermelhidão cobrindo suas bochechas. E Kaydel dando uma piscadinha para a amiga enquanto o duque pegava sua mão e a conduzia para o salão de baile.

E para o desespero de Rey, a próxima dança seria uma valsa. Ou seja, teriam que ficar o mais próximos o possível um do outro. 

E quando os primeiros acordes da música ressoaram no salão, a menina estava levemente tremendo.

-Nervosa, catadora? – disse Ben. Foi um simples sussurro no seu ouvido, mas que deixou um arrepio que se espalhou até a base de sua coluna

“O que está acontecendo comigo?” pensou a mesma, enquanto o duque só exibia um sorriso de canto de boca. Ele sabia que ele exercia pelo menos algum efeito nela. E ela sabia que tinha que acabar com esse joguinho dele.

Então sem pensar muito, ela deu um discreto, mas doloroso, pisão no seu pé. Acabando com o sorrisinho, e o substituindo por uma expressão de dor.

-Mil desculpas, Vossa Graça – disse Rey inocente, mas ele sabia que ela tinha muito bem feito de propósito.

-Por que tanto ódio de repente? – perguntou Ben, secamente

-Não pense que eu não sei que você andou aprontando durante o tempo qual fiquei fora. Eu te conheço, Solo – falou, o encarando

-Do que você está falando? – perguntou de forma genuína, mas Rey não estava comprando nada do que ele falava, muito menos suas tentativas de se explicar. 

-Eu estava em um internato, não em uma prisão. Nós tínhamos acesso aos jornais – e de instante, o semblante do mais alto fechou como uma tempestade

-Então você decidiu acreditar em tudo o que aquelas colunas de fofocas lhe informaram – disse fazendo a menina girar pelo salão

-Eu já sei tudo que eu precisava saber de você, Lorde Solo – disse a Rey irada, mudando completamente de humor de forma repentina.

-Você sabe? – disse fazendo a rodopiar para longe dele, mas ainda mantendo contato com sua mão, e em movimento brusco ele a trouxe de volta para si, com a mulher colidindo com seu peitoral – Ah você sabe... – falou, voltando com aquele olhar penetrante.      

Estavam mais juntos do que nunca, seus corpos estavam colados de tal maneira que qualquer um que olhasse consideraria impróprio. A mão na cintura de Rey queimava, e uma súbita pressão era aplicada, fazendo que por milímetro por milímetro, ficassem ainda em mais contato um com um outro. Mas Rey não podia prestar atenção em nada disso, pois só conseguia se concentrar nos olhos castanhos do homem a sua frente, brilhando com um fervor que ela nunca tinha visto antes...e totalmente direcionado para ela. E foi assim que ela cometeu o pior dos crimes...seu olhar acompanhou o do duque, que estava focado totalmente em seus lábios. A surpresa foi grande, e uma sensação estranha e ao mesmo tempo prazerosa invadiu seu ser, tão inesperada e tão forte que ela sentiu a necessidade de umedecer os próprios lábios, fechar seus olhos para senti-la completamente, e...

Foi ali que os dois perceberam o que estava prestes a acontecer, e se separaram imediatamente.

Por sorte, a música tinha acabado de acabar, e foi o tempo necessário para eles fazerem uma breve reverência e baterem palmas desconfortáveis para então seguirem cada um para um canto do salão de baile, sem nem olhar mais para o outro uma outra vez.

Enquanto Rey corria esbaforida pela multidão, ela finalmente encontrou uma Rose nas nuvens. Mas a Rose sonhadora teria que servir, precisava de sua amiga nesse momento.

-Ah Rey! Que maravilha ter te encontrado! Você não vai acreditar no que aconteceu! Eu me sinto...ah! – disse suspirando

-Você também não vai acreditar no que aconteceu comigo também – disse murmurando, dando um olhar furtivo para o salão para ver se encontrava um resquício de Ben Solo ali – Mas – disse voltando a encarar a amiga – me conte, o que aconteceu para deixar você tão contente?- disse suspirando. Seu quase beijo com o duque poderia esperar. 

-Ah Rey... – disse, sinalizando para ela se abaixar para que assim a mais baixa pudesse sussurrar em seu ouvido – Armitage minha querida amiga – disse, quase em risadinhas – Ele é um perfeito cavaleiro, me cortejou a noite toda, simplesmente um encanto! E acredite ele possuí um senso de humor também! – disse a amiga eufórica – Após a dança conversamos por muito tempo e...

-Pela Força! Rose sua indecente! – disse a amiga num sussurro eufórico, e muito feliz pela outra – Eu não acredito!

-Sim! – disse ela, ainda afetada pelos acontecimentos – Ele foi buscar bebidas para nós. Deve ter encontrado Lorde Solo no caminho por conta da demora...mas minha querida amiga, foi tão encantador... 

-Eu então torço muito por vocês dois – disse com sinceridade. Nunca imaginaria ver a amiga tão contente assim.

-Obrigado,...mas você ia me contar alguma coisa, não? – porém, antes que ela pudesse ousar em responder, Hux chegou com duas taças e se aproximou de Rose.

-Como prometido, m’lady – disse um Hux todo abobado, e Rey teve que se segurar para não rir – Ah! Lady Dameron, eu não sabia que a senhorita estava presente, me desculpe... – mas a menina o cortou ali mesmo

-Não precisa se desculpar Lorde Hux, eu vou deixa-los a sós – disse piscando para os dois, como se dissesse “Eu já sei de tudo” e foi tentar encontrar alguém que ela conhecia naquele salão. 

"Posso contar aquela situação para Rose outra hora..." pensou enquanto se afastava mais e mais do casal de enamorados. 

...

Após assistir uma dança que interrompia sua chegada ao outro lado do salão, a garota pôs a se mover novamente, dessa vez encontrando Lady Solo e seu marido conversando com a própria Lady Holdo a alguns passos a frente

Rey tentou desviar o mais rápido possível. Sabia que não ia conseguir encarar os pais de Ben depois daquele momento ainda não superado na pista de dança. Porém ela não foi veloz o bastante, ao passo que Lady Solo já a chamava para conversa

-Que bom encontra-la querida! Estava falando agora com Lady Holdo sobre os tempos de férias que passávamos juntos! Que época graciosa era – disse a mulher, saudosa do tempo da infância do filho...ou dos poucos momentos que conseguiu partilhar dela.

E esse era o pior assunto para eles estarem falando

-Claro, eram férias realmente divertidas – disse Rey, mantendo a cordialidade e educação perante a presença das duas senhoras e Lorde Han. 

-Sim, como eram! E agora! Todos enormes, prontos para o casamento! 

"Péssima escolha de palavras, Lady Leia, péssima"  pensou a menina, enquanto forçava um sorriso elegante. 

-Certamente! Lembro de você falando de Vossa Graça ainda em fraldas! E agora é um nobre crescido, um perfeito cavalheiro, não concorda Senhorita Dameron? – disse Lady Holdo, e com certeza nada naquela conversa poderia piorar

-Ahn...mas é claro, um perfeito cavalheiro – disse a garota, já não conseguindo disfarçar totalmente sua falta de conforto com o assunto. 

- Pare de deixar a garota desconfortável, Leia – disse Han com humor – Pelos céus, ela acabou de sair de um maldito convento, deixe ela respirar – falou o homem, salvando a pele de Rey.    

-Está bem, vou cortar o assunto. Aliás não era disso que eu queria realmente falar com a senhorita. Eu estava querendo convidar você e Lady Dameron para uma temporada em minha casa – e Leia sussurrou de forma humorosa – Na verdade, sua mãe adorou a ideia, estávamos só esperando sua aprovação – e agora voltou para o volume normal – Então, o que me diz?

E Rey sabia que não ia conseguir fugir de um plano de Leia Solo por nada em sua vida.

-Claro, vai ser ótimo! – disse, com um sorriso cordial no rosto.

-Ah que estupendo! Pela manhã lhe mando mais cartas sobre a sua visita! Está prometido, viu? – disse a matriarca.

Por sorte, ela avistou Tallie e Jessika passando ao longo de seu campo de visão, e usando isso de desculpa, ela se afastou dos nobres e foi ao encontro de suas amigas.

Ela já sabia que o verão ia ser cruel.