Confissão
Myranda beijou seu pescoço e os beijos desceram pela sua barriga até chegar onde queria. Seu olhar focou na arma em cima da cabeceira e depois migrou para o espelho pendurado na parede a sua frente. Estou acabado.
Harry afagou a cabeça da mulher ajoelhada a sua frente e desejou que ela se tornasse Alayne, ou melhor, Sansa. A garota que tinha arruinado todos os seus planos e se fixado em sua mente de uma forma quase sobrenatural. Ele podia fechar os olhos naquele mesmo momento e vê-la caminhando pelos jardins da mansão de Petyr Baelish, sorrindo discretamente para a pulseira barata que ele roubou de um comerciante do porto. Seus cabelos castanhos — que se revelaram ruivos — presos em uma bonita trança e seus olhos azuis brilhando como duas estrelas.
— Você é tão linda, Sansa. — Tinha começado com cortejos sem grandes pretensões. Harry ignorou os avisos de Myranda, ela é a garota favorita de Mindinho. Ele estava satisfeito em levar aquela beldade para a cama apenas uma vez.
Mas os dias fizeram aquela vontade evoluir e agora ele não a queria apenas uma noite, ele queria Sansa todas as noites que lhe restasse para viver
— Pare de pensar tanto, Harry. — Myranda disse afastando-se do seu corpo. Seria muito fácil se ele simplesmente pudesse voltar ao tempo em que sexo com ela afastava todos os problemas. — Vamos comemorar, não pegamos o dinheiro todo, mas poderemos fugir para outro país e viver juntos como planejado.
— Então, você confessa o crime?
— Sim.
O policial o encarou como se aquilo fosse um truque. Provavelmente a maioria dos presos não se entregava assim tão fácil.
— E pode me dizer o motivo de ter matado Petyr Baelish?
— O motivo? — Ele riu. — Eu poderia dizer que foi por dinheiro, o que não é uma mentira. Sabia que todo o seu lucro vem da prostituição? Dinheiro sujo, então eu pensei, por que não tirar um pedacinho disso? O cara nem iria sentir falta de algumas verdinhas sumidas do cofre.
O policial se remexeu na cadeira.
— Mas a verdade é que eu não matei apenas por dinheiro. Aquele filho da puta era um ordinário, sabia? Não vai fazer falta nenhuma nesse mundo. Ele aliciava garotas e se aproveitava delas usando-as em seus esquemas sujos. Eu poderia então dizer que também matei por caridade, mas nesse caso estaria mentindo. Nunca fui um rapaz bonzinho sabe, não me importo. Entretanto, você não pode mandar na merda do seu coração. Eu conheci uma das garotas dele, você ficaria surpreso se a visse, ela é simplesmente a pessoa mais bonita que já vi.
— Então você matou por amor? — O policial tinha um tom jocoso.
— Willas Tyrell, certo? — O homem fechou a cara. — Pode ser que não acredite em mim, mas até vigaristas amam. Sim, eu matei pelo o dinheiro e também matei por uma mulher. Sabe o que é engraçado nessa historia toda? Eu nem fiquei com o dinheiro e nem fiquei com ela. Uma bela piada.
Por alguns instantes a única coisa que podia ser ouvida na sala de interrogatório era a risada dele.
— Você teve ajuda? — Perguntou Willas finalmente.
— Não.
Poderia dizer que Myranda foi quem planejou a coisa toda. A vadia devia estar rindo da sua cara em Essos com todo o dinheiro deles. Não importa. Que ela acertasse suas contas para lá.
— E qual é o nome da garota?
Ele pensou se deveria dizer, mas não resistiu. Quem sabe alguém não a encontrasse?
— Quando a conheci ela me disse que se chamava Alayne Stone, mas depois descobri que seu nome verdadeiro é Sansa Stark.
-
— O que significa isso?
A mulher sentou do outro lado da mesa com um sorriso. Estava mais bonita do que se lembrava. Seus cabelos estavam mais curtos e mais claros, seus olhos ainda tinham o mesmo brilho malicioso e seus lábios exibiam um sorriso divertido. A primeira coisa que pensou era em como aquela mulher era corajosa em aparecer na sua frente depois de quatro anos.
— Não sentiu saudades?
Caçoar da sua desgraça, isso parecia algo que Myranda faria.
— Veio ver se continuo preso? Pois bem, me colocaram em uma cela apertada com um psicopata chamado Ramsay. — Lembrar-se do seu companheiro de cela só fez com que seu humor piorasse. Era como se os Deuses o estivessem castigando por todos os seus pecados. — Essos lhe fez bem. Imagino que encontrou outro trouxa para enganar.
— Não me culpe pela sua estupidez meu querido.
Ela soltou uma risada e colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha. Harry logo percebeu um anel de brilhantes em um dos seus dedos.
— Você se deu bem, eu já entendi, pode ir embora Randa.
Vadia. E só de pensar que ela o deixou lá para ser pego. Seu pai era um bêbado inútil e ele nunca dava ouvidos as asneiras que o velho dizia, um erro, devia ter ouvido quando o homem falou sobre nunca confiar em ninguém que não seja ele mesmo.
— Você ainda pensa na doce Alayne.
Alayne. Seu coração pesou ao pensar na mulher. Por onde ela andaria? Será que sentia sua falta? Ele pensava nela todo santo dia, relembrava o jeito como costumava lhe roubar beijos escondidos ou como ela ficava feliz quando ele recitava em seu ouvido um dos poemas do livro que ela gostava tanto. A memória da mulher o atormentava, mesmo depois de tanto tempo ele ainda sonhava com ela.
— Seu olhar já é uma resposta. — A mulher passou a remexer na bolsa e instantes depois tirou algo de dentro.
Myranda colocou uma foto na mesa e com o dedo deslizou em sua direção.
No segundo seguinte foi como se seu coração tivesse parado para logo depois bater forte dentro do peito. Com as mãos trêmulas e algemadas Harry pegou a foto. Nela estava Alayne — não, Sansa — com os cabelos ruivos esvoaçando ao vento. Ela usava um vestido típico do verão e aproveitava o sol em algum lugar que deveria ser a varanda de alguma mansão ou talvez um hotel caro.
Demorou um pouco para ele se dar conta do que aquilo significava.
— Ela está com você.
— Sim.
— Desde o inicio?
— Não desde o inicio, mas eu consegui convencê-la de qual era o caminho certo. Ela é uma boa amiga. — Randa puxou a foto dos seus dedos e voltou a guardá-la. — Linda, não?
— Sua... Sua... — Seu tom estava perigosamente baixo.
— Eu juro que quando você se encantou por Sansa eu não imaginei que a levaria a sério. Eu pensei que fosse mais espero que aquilo Harry. Entregar o coração para alguém? Que idiota faria isso?
Seu corpo inteiro fervia por causa da raiva.
— Por que está aqui Myranda? Por que correr o risco?
— Risco? Eu sou uma moça direita, noiva de um grande empresário, você é um assassino condenado que está louco para apontar outro suspeito e reduzir sua pena. Minha palavra contra a sua.
Sem poder mais controlar o próprio corpo, Harry levantou-se der repente da cadeira e deixou que suas mãos voassem no pescoço da mulher. Vou matar essa desgraçada.
— SUA ORDINÁRIA.
Não demorou para que os guardas chegassem e o jogassem para trás. Myranda agora tinha lágrimas enfeitando seu rostinho bonito — víbora —, que boa atriz ela era. A mulher foi escoltada até a saída enquanto ele era levado por outros guardas. A mulher devia estar muito confiante que nunca seria pega, mas ele tinha uma ou duas cartas guardadas na manga. Quando chegou aos corredores, Harry disse para um dos homens.
— Chame Willas Tyrell, diga a ele que tenho algumas coisas para contar.
Logo depois tiraram sua algema e ele foi jogado para a cela. Harry caminhou até sua cama e se deitou. Segundos depois estava rindo. Na verdade, ele estava gargalhando.
Que patético. Amou a mulher. Matou pela a mulher. Foi traído por ela. Foi preso. E ainda assim, mesmo sabendo de tudo, se Sansa aparecesse na sua frente novamente ele a amaria da mesma forma. Perdoaria qualquer pecado seu e a manteria ao seu lado para sempre.
Seu filho de uma puta idiota.
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