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História Cultivando O Amor - Maldição - História escrita por fyozais2 - Spirit Fanfics e Histórias
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História Cultivando O Amor - Maldição


Escrita por: fyozais2

Notas do Autor


finalmente voltei dps de sla 3/4 semanas? n sei realmente, mas enfim, att da fanfic, espero q gostem, peço desculpas pela demora, vou ver se volto a atualizar as minhas duas fanfics com mais frequência, eu estava tão focado em terminar o livro que estou lendo que acabei deixando tudo de ladoKKKKKKKK enfim, ta ai o cap, espero q gostem

Capítulo 4 - Maldição


— Eu soube que Chuuya aceitou cuidar de suas gatas, mas ele não me contou detalhes, foi tudo bem? — Dazai perguntou sentado em um banco do parque, em sua mão tinha um copo de milkshake e ele sorria docemente de encontro aos olhos de Fyodor.

— Oh, creio que sim, ele quis ir embora de madrugada, fiquei um pouco preocupado, mas ele deixou-me levá-lo — Respondeu pensativo respondendo o sorriso de Dazai com outro, Osamu suspirou aliviado e se re-encostou sobre o banco.

— Ele é meio cabeça dura às vezes, realmente não entendo o que se passa com ele, mas de qualquer forma me deixa feliz saber que foi tudo bem — Murmurou um pouco ressentido, Fyodor olhou-o confuso e Dazai soltou mais um murmúrio de descontentamento — Ele não me conta as coisas Fedya, é realmente irritante — Continuou.

— Mas você conta as coisas para ele? — Questionou e Dazai desfez seu sorriso olhando-o descontente, suspirou novamente negando com a cabeça levemente.

— Certo, talvez eu não conte as coisas para ele — Revirou os olhos, Fyodor riu fraco e cruzou os braços se recostando no banco também.

— Comece a fazer e tenho certeza que ele se abrirá com você, creio que ele tem coisas para falar contigo também, algo importante — Alertou a última parte mais seriamente do que gostaria, Dazai encolheu os ombros e tentou buscar uma resposta em mente para o tom frio que Fyodor assumirá tão de repente.

— Bem, eu vou tentar, te faria uma promessa de dedinho caso pudesse — Quebrou o clima frio tão rápido quanto havia aparecido, Dostoevsky riu novamente e balançou os ombros.

Em sua mente surgiu uma possibilidade que ele descartou, mas quando viu as mãos enfaixadas de Dazai sentiu um arrepio percorrer por seu corpo. Desviou os olhos da mão de Dazai apenas para encarar o milkshake que ele possuía entre os dedos.

— Bem, eu estou de luvas de qualquer forma, e mudando de assunto, está muito frio para tomar milkshake, não ficará doente? — Franziu a sobrancelha, Dazai apenas negou com a cabeça.

— Não ficarei doente — Fez um biquinho e viu o russo revirar os olhos — Bem de toda forma — Continuou — Você disse que está de luva, então a gente pode fazer a promessa? — Olhou-o esperançoso, Dostoevsky desconfiado fez contato visual com o garoto.

— Não está fazendo isso apenas para conseguir me tocar, está? — Disse mais em tom de sátira do que de forma séria.

— Talveez' — Falou pretensiosamente, encarou o russo por mais algum tempo em silêncio até o homem levantar o mindinho para o ar, recebendo um sorriso grande do acastanhado.

De forma lenta Dazai levou sua mão a de Fyodor começando assim, aquela junção boba de dedos. Entretanto para Dostoevsky tinha um significado no qual Dazai nem mesmo poderia imaginar. Seus dedos se juntaram em um leve aperto, Osamu sorriu grande, Fyodor sentiu-se estranho, não era como se fosse a primeira vez que alguém tocava nele, mas agora era a segunda vez que por espontânea vontade ele se voluntariava para aquela ação.

Quando tocou Chuuya anteriormente, aquilo era apenas fios de cabelo, mesmo que fosse mais próximo do que de costume, estar com Dazai em sua mão agora, era quase uma realidade distante que ele não imaginava que pudesse acontecer. Talvez aquele dia, com Chuuya fosse diferente, mas agora parecia um salto que ele conseguia dar quase que sem consciência.

O que o tranquilizava de certa forma era o fino pano que separava ambas as peles, Fyodor sentiu certo desejo incomum de sentir a pele obviamente gelada de Dazai pelo milkshake, mas isso com toda certeza não estava em cogitação.

A única pessoa que o tocara antes, de luvas, apenas acima de um pano, foi Nikolai, mas mesmo assim o outro quase que se recusava a o fazer, por puro medo de assustar Fyodor, mas a confiança de Dazai, e talvez até o desejo que ele podia ver no acastanhado de ter um mínimo encosto dele, o pegou desprevenido e despertou um desejo bobo em seu ser, desejo esse que Chuuya também havia conseguido despertar.

— Difícil? — Osamu perguntou passivamente, Fyodor concordou levemente mesmo que sentisse que tinha uma gota de mentira em sua resposta, não estava realmente difícil, foi bom e de alguma forma, se ele não tivesse tanto medo, ele gostaria de tocar em pele — Podemos ficar assim?

— E a promessa? Não era uma promessa que você iria conversar com Chuuya? — Dazai arregalou os olhos como se tivesse esquecido disso e suspirou derrotado.

— Eu vou conversar com ele sim, mas ainda podemos ficar assim? — Insistiu, Fyodor estremeceu levemente e decidiu por concordar em um acenar de cabeça — Certo, vamos fazer algo então? — Questionou animado, Dostoevsky concordou mais uma vez e sentiu o acastanhado puxá-lo levemente para levantar-se do banco.

Andando calmamente pelo parque eles buscavam algo para fazer, Dazai se sentia um pouco eufórico, já Fyodor sentia-se experimentando algo novo, mesmo em uma simples coisa com aquela.

De alguma forma ele nunca se imaginou andando com alguém em um parque, ele não o fizera nem mesmo com Nikolai, afinal o mesmo era mais o tipo de pessoa que gostava de ficar em casa, ou em algumas poucas vezes, comer algo fora mas logo voltar para casa.

Fyodor via em filmes românticos coisas como aquela e mal poderia pensar que mesmo, não sendo romanticamente, participaria de algo assim, ele se sentia estranho também, estranho por ter contato humano, mesmo que não diretamente a sua pele. Quando contatos assim ocorriam, eram sempre não desejados por ele, contatos nos quais o faziam ficar completamente desesperado por dias, mas agora, era diferente, Dazai o respeitava, havia o pedido, e ele estava de luvas, e ele estava desejando aquilo.

— Você está bem? Não está respondendo — Dazai olhou-o de canto, eles ainda andavam pelo parque e talvez o acastanhado tivesse jogado diversas palavras fora, porque no fim, pelo que aparentava, o russo não havia ouvido nenhuma delas.

— Desculpe, é novo para mim, isso — Levantou a mão ainda presa a de Dazai e riu sem humor — Então eu meio que me perdi um pouco, pode falar de novo?

Dazai divertido pensou um pouco sobre o efeito de apenas aquilo afetava Fyodor, ele se aventurou durante o começo do toque a pensar qual seria a reação de Dostoevsky caso ele fizesse mais — Obviamente ele não o faria, mas definitivamente gostaria muito.

— Eu estava dizendo que poderíamos ir a uma livraria, você gosta de ler, não gosta?

— Oh, sim, com certeza. Você quer ir de carro? — Dostoevsky perguntou, Dazai negou com a cabeça e passou a andar até o ponto de ônibus com Fyodor.

— Podemos sentar na frente, gosto de andar de ônibus, o faço quando preciso de inspiração para pintar, eu geralmente anoto pontos da cidade no qual acho bonito, me inspira — Sorriu levemente quando chegaram ao ponto, o parque não era muito longe, então não levou menos de três minutos.

— Você costuma pintar muito? — Com interesse perguntou, Fyodor poderia dizer que desde que soube que Dazai pintava uma faísca de curiosidade parecia queimar seu interior.

— Sim, eu acho, mas algumas coisas me inspiram. Chuuya fazia esses trajetos pela cidade comigo também, para a inspiração dos poemas dele, principalmente quando chegamos a cidade.

— Poemas — Fyodor divagou, Dazai olhou-o de canto e sorriu.

— Deveria pedi-lo para mostrar-lhe algum, ele é realmente bom no que faz.

— Imagino.

Quando o ônibus chegou, Dazai agradeceu por estar parcialmente vazio, e logo entrou com Fyodor.

— Como eu disse, vamos a livraria, tem alguma que você goste? — Dazai perguntou sentando-se no banco da janela, Fyodor sentou ao seu lado e como se não tivesse escutado a pergunta ele se viu encarando novamente sua mão junto a de Dazai, agora suas mãos estavam no ar, Fyodor sabia que Osamu provavelmente tinha medo de tocar no russo mais do que aquilo, então deixara suas mãos em posição desconfortável — Fyodor?

As mãos do russo soltaram-se levemente das de Dazai, e como se estivesse em uma descoberta ele escorregou suas mãos as do acastanhado novamente até juntá-las em um entrelaço, Dazai arregalou os olhos e levemente ajudou a unir ambas as mãos com mais aperto. Fyodor finalmente abaixou as mãos dos dois pousando-as em seu colo, um sorriso leve surgiu em seu rosto.

Ele podia sentir os olhos atentos de Dazai em si, se sentia um pouco exposto, e talvez até mesmo se arriscando, mas neste momento a preocupação mal conseguia atingir sua mente, ele estava totalmente alheio a qualquer pensamento.

Osamu decidiu ficar em silêncio sentindo o olhar de Fyodor sobre sua mão, era bom, ele quer pintar isso.

Em silêncio eles foram até o lugar designado, agora eles já entravam na biblioteca e Fyodor passava a andar puxando Dazai a alguma sessão, Osamu curioso apenas aceitava ser guiado, até eles chegarem a uma sessão onde grande parte dos livros eram velhos ou até mesmo empoeirados.

— Você gosta de coisas velhas então?

— Particularmente gosto de alguns autores russos mais clássicos.

— Oh, sério? Qual gosta mais? — Os olhos de Dostoevsky brilharam com a pergunta, ele começou a passar seus olhos por cada prateleira até achar o que procurava — Ká-káramazin? — Silabou com dificuldade e observou o livro na mão de Fyodor e se aproximou levemente enquanto o via admirar a capa com atenção.

— É uma surpresa que tenha algo com isso aqui, eu cresci lendo ele — Sorriu e Dazai pode observar o tom de nostalgia na voz de Fyodor — Ele e a alguns outros autores russos, e até mesmo alguns franceses me ajudaram muito a formar o que sou hoje, é um pouco estranho pegar um livro de Káramazin depois de tantos anos.

— Sobre quais assuntos você gostava de ler afinal? — Afastou-se novamente, ainda sem soltar suas mãos ele esperou a resposta de Fyodor que ainda sorria nostálgico para o livro em sua mão.

— Talvez não seja tão normal para uma criança, entretanto eu tinha certo interesse por socialismo — Dazai não escondeu seu rosto surpreso e o riso frouxo que surgiu em seus lábios — Não ria, estou falando sério — Alertou agora com um sorriso aumentando em seus lábios, Dazai não pode se aguentar e logo estava rindo.

— Certo, certo não irei rir tanto, vou agendar para hoje a noite está risada para que não tenha que presenciar — Escondeu a boca que ainda tinha um sorriso em sua mão livre, Dostoevsky o encarou desconfiado — É apenas engraçado ouvir que uma criança era interessada em assuntos mais velhos do que ela, e ainda mais quando é socialismo.

— Não ache tão estranho, Nikolai também possuía certo interesse por isso, apesar de não aparentar, porque ele é um palhaço.

— Fico curioso sobre seu amigo toda vez que menciona ele Fyo.

— Certamente irá conhece-lo, ele é uma boa gente, e até que quando não está sendo absurdo ou fazendo piadas pesadas ele realmente consegue te fazer pensar. De alguma forma ele me inspirou.

— Inspirou? No que exatamente?

Fyodor desviou o olhar como se tivesse dito algo que não queria e sorriu amarelo.

— Não importa agora, já te mostrei um autor no qual eu goste, que tal você mostrar-me o teu agora? — Dazai estreitou os olhos, mas decidiu dar de ombros.

— Vamos então — Passou a puxar o russo mais uma vez por entre as prateleiras.

Quando pararam Dazai agachou sendo acompanhado por Fyodor, quando achou o que procurava retirou o livro rapidamente — Ele definitivamente não é o meu escritor favorito, mas o livro, o livro sim é o meu favorito.

— A morte de Ivan Ilitch? — Dostoevsky encarou Dazai surpreso, e viu no rosto do mesmo um sorriso, era um sorriso triste, Fyodor pode entender o porque aquele livro era seu favorito.

— Sim, conhece?

— Sim — Suspirou, Fyodor pegou o livro da mão de Dazai e encarou a capa por algum tempo antes de entregar a Dazai novamente.

— Qual outro livro você gostava? — Quando um silêncio pareceu querer se fazer presente Dazai se apressou a falar.

— Eu realmente gosto muito do livro de Jó — Soltou um sorriso forçado, Osamu fez uma careta quase imperceptível e sentou-se no chão.

— Jó da bíblia?

— Sim — Piscou lentamente para o acastanhado, o mesmo apenas murmurou algo que Fyodor não pode ouvir — Gosto de ler, é realmente bom, ver como um homem consegue perder-se quando lhe tirado tudo.

— Lembro-me quando meus pais me forçaram a ler — Dazai comentou baixo, Fyodor olhou-o com atenção — Bem, quando deus tirou tudo de Jó, para apenas testar sua fé, eu não sei bem, ele deixou o diabo brincar com ele — Sua voz tinha uma entonação desgostosa, Dostoevsky abaixou o olhar encarando sua mão vazia — É cruel, eu acho — Disse quase em um sussurro.

— Deus sabe o que faz Dazai — Acrescentou o russo, Osamu suspirou e levantou-se sendo acompanhado por Fyodor.

Eles decidiram por fim sair da biblioteca com apenas aquilo, os dois passaram a andar calmamente pela rua sem rumo algum.

— Por que gosta do livro do Tolstói? — Fyodor perguntou depois de algum tempo em silêncio, Dazai sabia que o outro já possuía a resposta.

— A morte de Ivan Ilitch, quando li, quando era mais novo, foi estranho e engraçado, afinal, no fim ele morreu sem ninguém realmente se importar com ele e morreu por algo ridículo, não sei bem explicar, mas você com toda certeza, já sabe porque gosto desse livro, não tem necessidade perguntar.

— Você tem razão, eu sei — Seu olhar encontrou o de Dazai, eles pararam de caminhar e agora estavam em uma troca de olhares sem intenção, isso até Osamu desviar o olhar — Mas você sabe, eu gosto mais quando você fala, e eu não tenho que te decifrar.

— Não, eu não sabia — Levantou a sobrancelha em falsa surpresa.

— Não minta.

— Eu deveria dizer o mesmo para você Fyodor — Sorriu fraco, Dostoevsky piscou algumas vezes e se sentiu pego em algo, pigarreou e passou a puxar o acastanhado pela rua, voltando a caminhar. Mais uma vez em silêncio eles andavam, não tinha um lugar específico no qual eles se destinavam, mas eles nem mesmo queriam ir a algum lugar.

Fyodor se pegava pensando agora sobre o livro que Dazai dissera ser seu favorito, e ter um livro que fala sobre morte como favorito, um livro no qual o assunto principal abordado era um problema próprio, para Fyodor não poderia ser estranho, afinal, um de seus contos favoritos se alojava um de seus maiores desesperos.

— Há um conto, que eu gosto muito — Iniciou quebrando o silêncio, atraiu a atenção de Dazai que estava disperso.

— Uh, qual?

— O enterro prematuro — Olhou de lado para Dazai, o mesmo piscou algumas vezes e tentou lembrar-se se já havia o lido, até que seus olhos se arregalaram levemente.

— Oh, eu conheço, esse conto é do namorado de um amigo meu, apesar de nunca ter lido o conto, lembro-me de ouvir Ranpo mencionar — Sorriu grande.

— Espera, seu amigo namora Edgar Allan Poe? — Fyodor perguntou parando novamente a caminhada, agora ele estava totalmente perplexo.

— Sim, li alguns contos dele, e ele é realmente um gênio, não é? Ranpo ficaria feliz que eu conheça alguém que tem uma obra do seu namorado como sua favorita — Osamu parecia animado falando, e Dostoevsky ainda estava um pouco perplexo.

— Estou um pouco surpreso ainda, mas sim, ele é realmente bom no que faz.

— Eu não sabia que tinha interesse em coisas de terror.

— Para ser sincero, não tenho, mas de certa forma gosto das histórias dele — Deu de ombros — O que quer fazer agora final?

— Acho que quero comer — Fez um beicinho que fez o outro rir por achar parcialmente fofo.

— Certo, vamos comer, o que quer?

— Algo doce — murmurou pensativo.

— Mas você tomou milkshake não tem nem duas horas.

— Não importa, estou faminto por doces hoje — Piscou lentamente para Fyodor, o russo revirou os olhos e concordou com a cabeça.

— Aqui perto tem um lugar que vende bolo de pote.

(...)

— Quando você disse bolo de pote, realmente acreditei que era bolo de pote, não um bolo desse tamanho — Dazai disse enquanto fechava a porta atrás de si.

— O plano inicial era um bolo de pote mesmo, mas como não tinha, achei que seria melhor se comprasse esse mesmo — Falou enquanto colocava a caixinha com o bolo acima do balcão de sua cozinha — Pelo menos você vai comer até não aguentar mais, é de chocolate com morango, poderia ter escolhido outro se não tivesse sido preguiçoso e resolvido esperar na calçada.

— Eu gosto desses sabores — Sentou-se em um dos bancos e viu Fyodor ir até o outro lado do balcão para pegar talheres — Não precisa de pratos se não quiser, posso comer assim mesmo — Murmurou enquanto pegava um dos morangos do topo do bolo.

— Você é meio porco assim mesmo? — Disse em tom de sátira, Dazai revirou os olhos e quase como provocação passou o dedo pelo glasse, mas logo viu Fyodor o direcionar um garfo — Pelo menos use isso — Se sentou ao lado de Dazai, fincando assim o garfo em outro morango.

— Morangos me lembram o Chuuya — Murmurou baixo, Dostoevsky sorriu levemente.

— Acho que quando se menciona lembrar, posso dizer que quando vejo estrela, lembro dele — Divagou e Dazai cortou um pedaço do bolo com o garfo levando a boca em seguida, com atenção ele deitou o rosto sobre a palma esperando a continuação do russo — Quando cheguei aqui, ele estava dormindo com estrela — Riu soprado.

— Ele é adorável quando dorme não é? — Dazai disse suavemente, Fyodor não sabia se deveria concordar, com toda certeza Dazai estava certo, mas Fyodor sentia-se envergonhado em concordar — Está tudo bem Fyo, sei que você também acha que sim, então apenas concorde — Riu fraco e voltou a fincar o bolo.

— Sim, ele é — Comprimiu os lábios encolhendo os ombros — Leve bolo para ele — Fyodor se levantou e foi a cozinha buscando por um pote em seus armários, Dazai apenas observou de longe voltando a atenção ao bolo a sua frente.

— Por que você não o entrega? — Questionou ainda com seu tom de voz suave, Fyodor olhou-o de canto e voltou a encolher os ombros.

— Não tenho certeza se ele gosta de me ter por perto — Disse tão baixo que Dazai nem pode ouvir.

A verdade era que o fato de Chuuya gostar de Dazai ainda não havia saído de sua mente, e mesmo que ele não tivesse levado aquele dia para algo romântico, ainda sim ele tinha certeza que se envolver com Chuuya não faria o ruivo feliz, afinal se Dazai passava tanto tempo consigo, o Nakahara com toda certeza deveria de se sentir mal. Mas de alguma forma, Dostoevsky ainda sentia vontade de ser próximo do ruivo, e Fyodor definitivamente também não queria se afastar de Dazai. 

O acastanhado o respeitava, respeitava seu espaço e nunca julgou seus problemas com toque, ele nunca toca nesse assunto, e isso deixa Dostoevsky agradecido.

— Entregue por mim, é mais fácil para você encontrá-lo — Quando achou um pote ele voltou ao lado de Dazai e com uma espátula limpa ele retirou um pedaço — E pode levar o resto do bolo para você também, eu não conseguiria comer tudo de toda forma.

— Você é um anjo — Osamu murmurou enquanto continuava a se derreter com o sabor do bolo. Fyodor apenas olhou-o sem humor, ele não estava com tanta vontade de comer bolo, então apenas se conteve em comer alguns morangos da decoração e observar Dazai desfrutar-se do bolo.

Os olhos de Fyodor em alguns momentos caíam sobre a mão de Dazai, ele sentia-se estranho, e talvez até esperançoso que pudesse tocar a mão de Dazai mais uma vez, fazia algum tempo que ele sentia tão a vontade, talvez pudesse rasgá-lo, a vontade de afundar sua mão nua, na do acastanhado.

— Dazai — Chamou em um tom sério, no mesmo segundo viu o outro atentar-se a suas palavras.

Fyodor tremeu, ele estava nervoso, ele não sabia bem o que iria fazer, mas ele, ele definitivamente…

— O que foi? — Dazai desviou seu olhar para as mãos de Fyodor, e observou-as tremer, tremer tanto que o russo mal conseguia segurar o garfo — Aconteceu algo? — Perguntou preocupado.

— Não, é que.. É que — Piscou algumas vezes, uma de suas mãos passou lentamente a retirar as luvas graciosamente, mesmo que ainda estivesse tremendo, ele o fazia — Quero te contar algo.

Apenas o ato de cogitar o fazer fazia todo o corpo de Fyodor estremecer, era como se apenas um pensamento pudesse ter controle total de seu corpo, fazê-lo perder a compostura e parecer frágil.

Osamu atentamente olhou os dedos finos e pálidos de Fyodor, ele prestou atenção na forma em que ele apertava as luvas entre os dedos e como ele não conseguia aquietar-se.

A garganta do russo secou, ele não conseguia dizer uma só palavra. O que quebrou o silêncio entre os dois foi o som de um celular tocando, Dazai desviou sua atenção das mãos de Fyodor e levou a mão até o bolso, encontrando o próprio celular vibrando.

— É Ango — Disse descontente — Ele quase não me liga, que estranho, vou atender, já volto — Dazai levantou-se e Fyodor o viu sumir, ele respirou fundo e escondeu o rosto entre as mãos xingando-se internamente.

Para ele era perigoso se expor a grandes emoções, tão perigoso a ponto de que poderia trazer algo que ele se livrara a anos novamente.

Fyodor levantou-se também, decidindo beber um copo de água.

— Fyodor, desculpa, acho que vou ter que ir, Ango e Oda vão sair, e querem que eu cuide das crianças de Oda — Dazai aproximou-se um pouco decepcionado, Fyodor olhou-o descontente mas concordou em um sorriso — Quando não quiser sorrir não precisa — Falou de repente e Dostoevsky desviou o olhar.

— Certo.

— Mas antes de eu ir, o que queria dizer? Vou acabar curioso se não souber.

— Eu queria tocar suas mãos sem luvas — Disse um tanto envergonhado e ainda balançado, Dazai olhou-o em surpresa e com um pouco de ansiedade — Mas acho que é demais para mim — Lamentou-se baixo, Dazai sorriu fraco e compreensivo concordou com a cabeça — Tenho medo que possa voltar a ter crises caso faça algo assim — Admitiu, Osamu confuso franziu o cenho.

— Crises?

— Sim — Colocou o copo sobre o balcão voltando a recompor-se — Vou levá-lo, então posso te contar sobre isso — Comprimiu os lábios olhando para qualquer ponto, o acastanhado concordou em um acenar.

Os dois desceram em silêncio até a garagem, quando entraram no carro Dostoevsky respirou fundo apertando a mão sobre o volante. Osamu explicou rapidamente o lugar no qual seria seu destino, Fyodor colocou a localização no gps.

— Eu tinha convulsões epilépticas quando mais novo — Iniciou o russo, o acastanhado sentiu sua boca secar e com dificuldade levantou o olhar para Fyodor — Fazem alguns anos que posso tomar drogas anticonvulsivas sem acompanhamento, isso porque fazem quase seis anos que não tenho uma convulsão, mas eu sinto medo que minha tentação em tocar em alguém possa influenciar nisso. É isso que não estou levando em conta minha maldição, eu fui imprudente em querer tocá-lo, me sinto tentado e culpado Dazai — Suas íris arroxeadas encontraram as de Osamu por um breve segundo, Dostoevsky se sentiu estranho com o rosto de Dazai, ele não conseguiu decifrar o que aquela expressão significava.

O silêncio que se instalou por alguns minutos fez Fyodor se sentir nervoso, mas aquilo era algo estranho, ele queria que Dazai dissesse que estava tudo bem, ou que insistisse que estava tudo bem ser tocado, mesmo que ele soubesse que alguém nunca diria isso, afinal ele representava perigo para ele mesmo e aos outros.

— Maldição? — Questionou depois de longos e tortuosos minutos de silêncio.

— Isso foi tudo no qual prestou atenção? — Perguntou sem humor.

— Não, claro que não Fyo — Disse com uma calmaria em sua voz — Mas, o que quer dizer com maldição?

— Eu tenho uma, ou possuo suposições que tenho uma — Falou mapeando cada uma de duas palavras com dificuldade, quando parou no sinal vermelho, ele finalmente olhou novamente para Dazai, e tudo que encontrou foi uma imagem que fez seu coração errar uma batida.

Dazai estava deitado de lado, seus olhos pareciam divinamente vidrados em si, ele respirava calmamente, aquela atenção toda que o acastanhado tinha em Fyodor, fez o russo esquecer-se até do assunto anterior. Entretanto, logo foi lembrado quando Dazai arqueou a sobrancelha esperando por uma resposta.

Fyodor voltou seu olhar ao trânsito quando o percebeu abrir, ignorando os questionamentos de Dazai, continuou olhando para frente como se não houvesse outra pessoa dentro do mesmo carro que ele.

Osamu suspirou quando percebeu que não seria respondido, uma ideia passou por sua mente, e ele decidido pegou seu celular procurando pelo número de Chuuya.

"CHUUYA, está aí?" — Se apressou em enviar a mensagem, e logo pude ver a sinalização de que havia sido visualizado.

"Sim, o que quer idiota?"

"Mais tarde vou te ligar, por favor atenda, é só para avisar mesmo, é um assunto que apenas sua pessoa digníssima pode me responder" — Exagerou em sua mensagem rindo brevemente.

"Que seja, não tenho nada a fazer mesmo".

Desligando o celular, Dazai colocou-o em seu bolso e voltou a olhar para Dostoevsky, percebendo que ele ainda estaria perdido em pensamentos.

— Fyodor, sei que não vai falar sobre sua tal maldição, mas podemos falar sobre as convulsões então? Você poderia ter me dito antes, eu teria tomado mais cuidado.

— Você já é cuidadoso o suficiente Dazai, sinto que deveria te agradecer às vezes — Ainda sem olhar Dazai, era estranho dizer algo dessa forma para o acastanhado, mas ele não estava mentindo. Dostoevsky lutava contra seu medo para olhar para o rosto de Dazai naquele momento, mas desde que havia tocado no assunto da maldição ele sentia-se assustado com que reação Dazai teria.

— Eu poderia ser mais — Sua voz parecia doce, um tom doce que Fyodor não esperava que o outro pudesse dizer de forma séria.

O silêncio tomou conta mais uma vez deles, era quase como se o silêncio fosse a forma mais fácil de conversar para eles.

Quando chegaram ao destino, Dazai despediu-se de Fyodor com relutância, ele realmente não queria ter de ir.

— Obrigado pela companhia de hoje — Falou encostado na janela do carro pela parte de fora, o outro sorriu pouco sendo logo retribuído.

— Eu que agradeço, obrigado por segurar minha mão hoje, foi bom.

O sorriso de Dazai aumentou, seus olhos haviam se encontrado, eles não conseguiam desviar. A respiração de Dazai falhava, e ele se sentia um pouco mais por desejar se aproximar de Fyodor e beijar seus lábios, o russo era definitivamente atraente, mas ele nunca o faria, talvez algum dia ele conseguisse, mas para isso teria de entender mais sobre o russo.

— Posso contar para Chuuya sobre hoje?

"Eu não sei se ele vai gostar de saber" — Pensou Fyodor, mas decidiu apenas acenar com a cabeça que sim.

Quando finalmente se despediram, Fyodor esperou que Dazai sumisse de sua visão após entrar na casa de Oda.

— Estava com o russo? — Ango disse assim que viu a imagem de Dazai aproximar-se dele.

— Sim, e vocês atrapalharam meu encontro — Falou em um falso tom indignado, logo rindo.

— Que pena — Oda apareceu de repente se pendurando nos ombros do irmão em um abraço.

— Onde estão as crianças? E onde vão afinal?

— Vai ter um daqueles encontros de turma dos que se mudaram para Yokohama, querem se juntar em um bar — Ango respondeu enquanto pegava sua jaqueta no sofá.

— E as crianças já estão dormindo, então só terá de se preocupar se uma delas acordar.

— Oh, certo — Acenou com a cabeça enquanto via os outros dois passarem a andar em direção a porta.

— Tem comida na geladeira se estiver com fome, tchau, qualquer coisa me liga — Avisou Oda que agora já estava praticamente fora de casa.

— Eu já comi de qualquer forma — Falou baixo, percebendo que o outro nem mesmo o ouviria porque saira sem dar chance a uma resposta. Logo Dazai lembrou-se de algo, e decepcionado se jogou no sofá.

"Merda, esqueci o bolo".

Decidindo não perdurar em sua lamentável tristeza de ter esquecido de trazer o bolo, ele pegou o celular decidindo que ligaria para Chuuya. Procurou o número do garoto em seu celular, e logo pode ouvir chamar.

— Pensei que demoraria mais para ligar — Nakahara disse preguiçosamente.

— As crianças estão dormindo, e Oda me pediu para cuidar delas, vou acabar só dormindo aqui mesmo — Murmurou ouvindo Chuuya concordar.

— Bem, por que queria me ligar?

— Ah, certo, como funcionam convulsões epiléticas? — Perguntou sem demoras, Chuuya surpreso se calou por alguns segundos.

— Esquisito perguntar isso do nada, mas enfim, quer saber algo em específico ou…?

— Uh, Fyodor… — Travou em sua frase, pensando se estaria tudo bem contar aquilo para o ruivo.

— O que tem ele? — Questionou Nakahara duvidoso.

Ele havia dito que tudo bem falar sobre o dia, então estaria tudo bem contar a Chuuya não? Afinal ele apenas queria saber como ajudar o russo.

— Ele me contou hoje que quando era menor, tinha crises epiléticas, e ele meio que queria segurar minha mão hoje, mas ele tem medo de que isso cause uma emoção muito forte nele a ponto de despertar as crises de novo — Osamu disse com lentidão, explicando da forma mais clara que conseguia, Chuuya soltou um ar surpreso e respirou fundo buscando palavras para responder.

— Ele usa algum tipo de medicamento?

— Ele usa drogas anticonvulsivas.

— Acompanhamento médico? 

— Pelo que ele me disse, ele não tem crises a alguns anos, então agora consegue usar os anticonvulsivos sem acompanhamento.

Chuuya ficou em silêncio por algum tempo, ele não sabia bem o que responder, é verdade que ele já havia estudado parte dos tipos de epilepsia na faculdade, mas ainda sim pensar em uma solução para aquilo era difícil.

— Dazai, tocar nele é perigoso para ele, mas ainda sim, é difícil que alguém viva mais tempo simplesmente evitando toque humano — Falou Chuuya com sinceridade, Dazai concordou em um murmúrio — A única coisa que posso te dizer é como lidar com uma crise convulsiva, mas isso seria tratado melhor em um psicólogo.

— Você acha que depois de todos esses anos ele aceitaria ir em um?

— Realmente? Eu acho que não — O ruivo disse com esforço — Você não acha que consegue convencê-lo? Se ele quer, e está desejando toque humano, ele vai precisar lidar com isso, você sabe disso.

— É, eu sei — Disse tão baixo que Chuuya mal pode escutar.

Do outro lado da linha o ruivo sentia-se estranho, e até com pena do russo, ele nunca havia conhecido alguém em tais condições e não conseguia entender como o homem havia conseguido viver tantos anos daquela forma. Ainda mais com crises de epilepsia que eram estritamente complicadas de lidar, e quando não se há ninguém por perto torna tudo mais perigoso. As chances daquele choque causar algo em Dostoevsky eram altas, mas ainda sim para alguém que agora desejava aquilo, era quase que impossível que não viesse a acontecer em algum momento.

— E… — Dazai iniciou tirando Chuuya de seus pensamentos — Ele falou algo de maldição, eu não sei o que ele quis dizer com aquilo, porque ele não quis me contar, mas eu não consigo tirar isso da cabeça.

— Maldição, como assim? — Perguntou o Nakahara confuso.

— É eu também não sei, de qualquer forma, como posso lidar caso algo como aquilo aconteça com ele?

Chuuya comprimiu os lábios, a verdade era que lidar com convulsões não era nada simples, não era como abrir a boca da pessoa ou deixá-la do jeito que estava, não havia um modo certo de como lidar com epilepsia.

— Convulsões duram de dois a três minutos geralmente, dependendo do tipo de epilepsia que ele tem, ele pode exibir sinais de uma pré-convulsão, caso aconteça algo, você precisa tirar qualquer coisa cortante que estiver por perto dele e que possa machucá-lo, deixe o rosto dele de lado para que não corra risco dele engasgar, e é isso. Não há mais o que fazer, além de esperar que acabe.

Dazai ficou em silêncio, aquela descrição criou uma imagem em sua cabeça que ele não gostaria de imaginar, se ver em uma situação como aquela ele definitivamente não queria.

— Sei que é complicado algo assim, mas é bom que você saiba — Chuuya falou de forma calma enquanto escutava a respiração pesada de Osamu — Ainda sim, se puder o convencer a ir a um psicólogo irá ajudar.

— Certo — Eles ficaram em silêncio por mais algum tempo até Dazai ouvir o som do interfone — O interfone tá tocando, já volto — Falou e apenas ouvir um som de concordância de Chuuya.

Quando abriu a porta percebeu ali Fyodor, em sua mão ele tinha a caixinha de bolo junto com o pote que havia separado para Chuuya.

— Você tinha esquecido — Dostoevsky sorriu grande, Dazai sentiu seu peito apertar, ele não sabia bem como convulsões funcionavam, mas apenas pelo que Chuuya havia relatado, era definitivamente ruim, e imaginar que o russo havia estado em situações como aquela, o fazia gelar.

— Obrigado — Dazai andou para perto de Fyodor e pegou a caixa junto ao pote, segurando os com força. Osamu queria tanto abraçar Fyodor, mas nem isso ele poderia.

— Eu já vou indo então — Disse um pouco sem jeito, indo em direção ao carro, quando estava abrindo a porta, ele ouviu a voz de Dazai chamar pelo seu nome — Sim?

— Não posso te dar um abraço, então saiba, que eu queria te dar um — Deu-lhe um sorriso carinhoso, Dostoevsky sentiu seu coração errar mais uma batida, ele perdeu seu sorriso junto de seus pensamentos, então acenou para Osamu rapidamente antes de entrar no carro e colocar a cabeça encostada ao volante.

Dazai decidiu entrar, e quando pegou seu celular percebeu que Chuuya ainda estava na chamada.

— Quer vir para cá hoje? — Osamu perguntou aparecendo de repente.

— Agora?

— Sim.

— Certo.

(...)

— Quer bolo? — Dazai perguntou a Chuuya, enquanto abria a geladeira para tirar o bolo que antes havia guardado.

— Quero — Jogou-se no sofá enquanto olhava o amigo de longe.

Chuuya permitiu-se viajar pela imagem de Dazai por algum tempo, os ombros um pouco à mostra do garoto devido a camisa larga, a pele amorenada e os fios de cabelo bagunçados. Aquela imagem que Chuuya conhecia a tantos anos, e o achava a pessoa mais bonita que teria conhecido, coisa de apaixonado, e ele sabia disso, mas ainda sim, para ele Osamu ainda era o mais bonito.

Seus olhos brilharam ao ver o sorriso junto a dois pratos com bolo vindo em sua direção, Dazai sentou-se no sofá a frente de Chuuya e o entregou o prato.

— Você colocou muito — Murmurou Nakahara.

— Coma apenas o que aguentar, o que não quiser coloque no pote depois, Fyo que separou para você — Chuuya olhou-o surpreso, e sorriu fraco, Fyodor era realmente fofo, isso no pensamento rápido de Chuuya — Eu e Fyodor andamos de mão dadas hoje, mas isso apenas com ele de luvas — Dazai disse sorrindo bobo, Nakahara observou o sorriso de Dazai e encolheu os ombros recusando-se a pensar demais.

— E como ele reagiu? — A pergunta saiu de seus lábios involuntariamente.

— Ele foi adorável.

Chuuya mais uma vez sorriu, e dessa vez nem mesmo ele pode entender o porquê, em sua mente martelou a resposta de que possivelmente ele sentia empatia por Fyodor, empatia por ele ter conseguido participar de um toque mútuo, mesmo de luvas.

— Entendo — Sussurrou levando um morango à boca, soltou um murmúrio de satisfação quando sentiu o gosto doce do morango e ouviu uma risadinha vinda de Dazai.

— Gostoso não é? Esses estão doces, um milagre, muitas vezes é muito azedo — Comentou o acastanhado aproximando-se levemente, furtivamente ele levou mais um morango de seu prato a boca de Chuuya quando ele iria o responder.

— Ei! — Riu, voltando a mastigar ele sentiu-se corar quando percebeu que Dazai ainda estava perto dele. De repente ele sentiu o cabelo de Dazai em seu pescoço, ele deitava em seu ombro e murmurava algumas frases de lamento.

— Estou cansado, deixe-me ficar assim — Respirou fundo, o ar quente de seus lábios bateram na pele de Chuuya, o que o trouxe uma onda de arrepios pelo seu corpo.

— Você deveria parar de fazer coisas assim tão de repente comigo, é tão cauteloso com Fyodor, mas comigo faz tudo como se estivesse pronto a se jogar — Nakahara disse um pouco sério, talvez mais do que gostaria, mas ele realmente sentia-se mexido quando Dazai se aproximava dele dessa forma.

— Nós conhecemos a anos, não? — Afastou-se do ombro de Chuuya, ficando com o rosto a um palmo de distância do rosto do outro — Acredito que não tenha problema — Chuuya esquecendo-se como respirava levou a mão ao ombro de Dazai apertando o lugar firmemente.

— Você precisa parar de fazer coisas assim, eu não te dei o direito — Sua voz agora parecia trêmula diferente de antes, Dazai olhou-o estranho, agora ele podia sentir a mão de Chuuya tremer levemente sobre seu ombro.

— Eu não posso? — Disse por um fio de voz.

— Não — Osamu piscou algumas vezes antes de se afastar lentamente, comprimiu os lábios e um pouco sem jeito tirou a mão de Chuuya de seu ombro.

— Eu fiz algo? Você nunca tinha reclamado antes — Sentou-se novamente no sofá, Nakahara buscava se recompor enquanto pegava um pedaço de bolo. Assim que terminou a garfada que havia pego, olhou fixamente para Dazai.

— Não, não é isso, eu só… Não importa, não precisa parar — Um nervosismo tinha em sua voz, ele gostava quando Dazai se aproximava daquela forma, mas tinha de lutar contra seus impulsos para não acabar com a amizade dos dois, confessando tudo de uma só vez.

Chuuya virou-se de lado, deixando de encarar Dazai e apenas comendo em silêncio.

Osamu apenas olhou-o também em silêncio, ele realmente não conseguia entender. Dazai sentia-se tão bem perto de Chuuya, mas agora ele parecia sempre querer o afastar.

Ele realmente deveria conversar sobre seus problemas com o ruivo, e conversaria agora, ele não poderia deixar que a amizade deles terminasse dessa forma.



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