História Cupidos de Joelhos Ralados - Vida de Cupido Não é Fácil.

Era só mais uma terça-feira comum, onde uma turma de crianças do fundamental aguardavam ansiosamente o fim da aula maçante de matemática. Afinal, nada melhor do que correr livre por uma quadra de esportes depois de ficar encarando tantos números escritos no quadro negro.

Enquanto a professora terminava de explicar pela segunda vez o dever de casa para alguns alunos, outros conversam baixinho entre si para não atrapalhar a aula.

— Deixa eu ver se entendi Tama… — Sussurrou o garotinho para a amiga sentada na carteira da frente. —  O nosso professor gosta do enfermeiro da escola, é isso? 

— Muito! Ele disse que gosta muito! — Exclamou com os olhos brilhando e as bochechas coradas de animação.

— E você quer bancar o cupido? Tá maluca? 

— A gente só vai dar um empurrãozinho Leo. E outra, eu tenho quase certeza que o tio Law também gosta dele. Me ajuda?

O rosto do garotinho se contorceu em uma careta de desgosto, não queria se meter em encrenca de novo por causa das ideias loucas da amiga. E Tama vendo que o baixinho ia recusar decidiu usar a carta que tinha na manga.

— Sem você eu não vou conseguir! Preciso muito de sua ajuda. — Juntou as palmas das mãos e fez um bico. Era só isso que precisava para convencer Leo a fazer qualquer coisa.

A expressão de Leo suavizou quando viu a menina implorando por ajuda, e por fim, sorriu.

— Tudo bem, já que você precisa muito da minha ajuda eu não posso recusar.

•×•

— E então? Podem me explicar como isso aconteceu?

As duas crianças encaram as costas do enfermeiro da escola enquanto o mesmo preparava os materiais para fazer os curativos.

— A gente tava correndo na aula de educação física e caímos. — Explicou Leo.

— Entendi, e quem é o professor de vocês? — Law perguntou enquanto terminava o curativo no joelho da garotinha de cabelos arroxeados.

— O tio Luffy! — Exclamou Tama enquanto levantava a perna para analisar o trabalho feito pelo enfermeiro.

Law suspirou.

— Bem, vou avisar a ele mais tarde para tomar mais cuidado nas aulas. 

Assim que se virou para preparar mais um curativo sentiu seu jaleco ser puxado. Quando olhou para trás viu as duas crianças o encarando com os olhos arregalados.

— Não briga com ele por favor!  — Começou Tama.

— O tio Luffy é legal! — Completou Leo.

— É verdade as aulas deles são as melhores!

— A Tama acha que vocês deveriam se casar!

— Leo!

— O que? Não foi pra isso que você falou pra gente se jogar no chão?

— Leo você estragou o plano!

— Espera… Que plano?

Agora Law estava confuso.

— A Tama fez um plano para a gente se jogar no chão, vir parar aqui na enfermaria e falar bem do tio Luffy pra vocês se casarem.

O enfermeiro não sabia se ria ou se dava um sermão nas crianças a sua frente pela ideia maluca e arriscada — vai que acabassem se machucando mais? —. Tentando controlar o riso com um suspiro profundo Law se virou para a bancada pegando o outro curativo e abaixando na altura de Leo para fazer a aplicação.

Quando estava terminando, ouviu duas batidas na porta que foi aberta antes mesmo que Law autorizasse a entrada.

Já sabia quem era.

— Oi Tral, vim ver se você já terminou com as crianças, elas estão bem?

Antes que Law pudesse responder a Luffy, Tama observou na mão esquerda do enfermeiro um anel dourado. Aquilo só podia significar uma coisa:

— Você já é casado!

Agora todo seu plano estava arruinando de vez e com esse pensamento em mente sua única reação foi começar a chorar.

— Tral o que você fez?! Ela tá chorando! 

— Eu não fiz nada! Tama, por favor fique calma.

E para melhorar ainda mais a situação, Leo que até o momento estava só observando, finalmente tinha entendido o que aconteceu: se Law já era casado não tinham nada que poderiam fazer.

A única coisa que restava era sentar e chorar.

— Tral faça alguma coisa!

Suspirando novamente o enfermeiro retirou a aliança, agachou para ficar na altura da menina e colocou o objeto nas mãos pequenas de Tama.

— Leia o nome que está gravado dentro dela. — Pediu Law.

Segurando o choro e esfregando os olhos com uma das mãos para enxugar as lágrimas, Tama aproximou a aliança para que pudesse enxergar o que estava escrito:

"Luffy"

— O que 'tá escrito aí Tama? — Leo perguntou curioso.

— 'Tá escrito o nome do tio Luffy… Vocês são casados!

— Espera aí, então quer dizer que eu ralei meu joelho todo para nada?

— Eu não tô entendo nada! Por que você quer saber se o Tral é casado? Eu não vou dividir ele com ninguém já vou avisando! Manda sua mãe procurar outro.

— Mugiwara-ya!

— Eu não queria separar vocês tio Luffy! Eu queria fazer vocês se casarem!

— Você é um padre?

A única reação que Law conseguiu ter depois de ouvir aquela pergunta vindo de Luffy foi a de espalmar a própria testa. 

Misericórdia.

— Escuta Tama, não faça mais isso tudo bem? Nada de se jogar no chão de propósito e nem ficar bancando o cupido por aí, algumas pessoas podem não gostar disso.

A garotinha a acenou com a cabeça e devolveu a aliança para o enfermeiro 

— Me desculpa tio Law e tio Luffy, eu prometo que não vou fazer mais nada disso! E me desculpa também Leo, por ter feito você se machucar atoa.

— Tá tudo bem, eu ralo meu joelho toda semana mesmo. 

— Ótimo! Tá tudo resolvido. Vocês podem ir, a aula já acabou. E Tral, vamos pra casa que eu 'tô morrendo de fome.

As crianças se despediram dos dois adultos e foram em direção a saída da escola onde seus pais aguardavam.

— Que bom que eles já eram casados, né Leo?

— Sim!

— Quer me ajudar com a tia Robin e o tio Franky?

— Quero!

É… Ainda eram só crianças sendo crianças mesmo.