D-5.
Ela não resiste aos meus beijos.
O motivo de hoje é chocante até para mim.
Aconteceu tudo muito mais rápido do que eu esperava.
Eu tinha nove dias para conquistar Jinsoul, mas acabamos nos beijando no quinto.
Ai, eu ainda não acredito.
Eu nem tinha a certeza se ela gostava de garotas, mas aí vem o universo e me confirma isso do jeito mais inesperado possível.
Okay, story time.
Começou no edifício do departamento de robótica.
Um passarinho me contou que ela ia para lá todas as sextas de tarde porque estava no clube de robótica, e como hoje era sexta, eu decidi que passaria por lá para lhe fazer uma visita. É um lugar sossegado, onde não tem quase ninguém… Então eu imaginei que só pudessem acontecer coisas boas lá.
E eu realmente precisava ganhar alguns pontos com Jinsoul. O jeito como eu agi com a Jungeun na frente dela ontem voltou a deixá-la um pouco receosa em relação a mim, e eu precisava voltar a ficar em bons termos com ela. Eu precisava que ela voltasse a precisar de mim.
Abri a porta pesada do edifício e levei a mão à testa ao perceber que haviam três pisos e que eu não fazia ideia de onde Jinsoul se podia encontrar.
Então, perguntei a uma senhora porca das limpezas se ela tinha visto uma garota loira e muito bonita, e, ao contrário do que eu esperava, ela me disse com um sorriso que, se eu estivesse me referindo a quem ela pensava, a garota estava no terceiro piso.
Oh, Jinsoul era conhecida por ali, ao que parecia.
Então ela era flop dentro da própria classe, mas tinha uma bela reputação entre os funcionários da escola? Realmente, pensando nisso, comecei a me lembrar de momentos recorrentes em que a via conversar toda animada com as senhoras das limpezas e a dizer “bom dia” a todo o mundo que visse que trabalhava ali, fossem professores, secretários ou empregados.
Jinsoul era realmente tão doce. Onde já se viu cumprimentar esse tipo de pessoas?
Enfim. Subi até ao terceiro piso com preguiça (por que motivo não havia um elevador?) e andei pelos corredores a espreitar pelas portas à procura do cabelinho loiro de que eu tanto gostava.
E então, encontrei-a.
Jinsoul estava de costas, debruçada sobre uma mesa, e achei que parecia extremamente concentrada, mesmo não conseguindo ter um vislumbre do rosto dela. Abri a porta sem fazer barulho, tentando que ela não me visse, e tive sucesso nessa missão. Aproximei-me dela a passos lentos e silenciosos, sem conseguir evitar um sorriso travesso.
Será que valia a pena assustá-la ou simplesmente surpreendê-la com a minha visita? Ou talvez eu ficasse de pé atrás dela até que ela percebesse que havia outra pessoa com ela. Ela deveria apanhar um sustão, e só conseguia pensar no quão engraçada a expressão dela deveria ficar.
Gostei da ideia.
Fiquei de pé atrás dela, esperando que ela me notasse, mas Jinsoul estava tão concentrada com o seu trabalho que, depois de eu me ter visto obrigada a ficar em silêncio e a respirar baixinho durante dois minutos, acabei cansando de esperar.
Eu era alguém de agir, não de esperar que as coisas acontecessem.
Me aproximei dela sem fazer barulho, e o meu corpo ficou muito próximo do dela.
Era… tentador.
Mesmo comigo tão próxima das costas dela, Jinsoul não me notou.
Então, levei as mãos à cintura dela, e apertei-a com intenção de a assustar com cócegas.
Ela deu um berro.
Tapei os ouvidos e arregalei os olhos, afastando-me dela. Demos as duas um pulo, e ela olhou para mim como se eu fosse um fantasma.
Jinsoul tinha uns fios elétricos na mão, e só aí olhei para o objeto que tinha vindo a consumir tanta da sua concentração. Não fazia ideia do que era aquilo, mas tinha um aspecto estranho e robótico. Imaginei que fosse alguma coisa de nerd, coisa que Jinsoul definitivamente era. Só lhe faltava o óculos para ser o pacote inteiro.
Céus, sério que eu estava gostando de uma nerd?
Quer dizer, gostando não.
Tentando conquistar. É.
Mas era uma nerd muito bonita, por sinal...
Ela levou a mão ao peito, que subia e descia devido ao susto.
— Você estava tão concentrada assim? — perguntei, de cenho franzido perante o tamanho do sobressalto dela.
— Você me assustou, Sooyoung! Porque está aqui?
O jeito de falar dela era tão fofinho. Principalmente quando dizia o meu nome…
— Eu vim te visitar, não posso? — fingi inocência, olhando para ela com olhos falsamente meigos.
Vi-a corar e ficar atrapalhada.
E foi aí que percebi que ela tinha começado a se sentir de um jeito diferente em relação a mim.
Jinsoul normalmente só sorria, como se eu fosse uma amiga muito legal.
Mas hoje, ela corou.
O que quero dizer é: a reação “normal” dela para a minha visita deveria ser um “ah, Sooyoung, obrigada, você é tão legal! É solitário aqui em cima às vezes...”, mas em vez disso, ela corou, envergonhada.
Corou de amor. Paixão.
Era isso, não era?
Não consegui evitar o sorriso. Demorou cinco dias. Devia ser um recorde.
Claro que eu não podia agir sem ter a certeza. Era estranho ela ter mudado de ideias do dia para a noite, no mínimo. Então, me aproximei um pouco dela.
Eu era mais alta do que Jinsoul, e vi que ela ficou ligeiramente intimidada com a aura de superioridade que eu emanava. Era normal. Todo o mundo se sentia desse jeito em relação a mim.
Mas nem todo o mundo ficava com a respiração alterada ao me ver chegar perto, certo?
Eu sempre fui muito boa notando esse tipo de sinais. Não é à toa que eu consigo tudo o que quero. E vi que Jinsoul respirava rápido e descompassado, ao mesmo tempo que tentava se controlar.
Mas ainda assim, isso não era o suficiente para eu ter a certeza. Havia muito em jogo. Eu não podia arriscar demasiado se não queria perder a garota pela qual tinha trabalhado tanto.
Pensando bem, eu quase tinha armado uma briga com uma campeã de basquete à custa de Jinsoul. Seria morte certa… Especialmente considerando que ela também gostava da minha Soulie.
Mas okay, não era isso o importante. Não vale de nada ficar pensando no que podia ou devia ter acontecido, especialmente se for algo ruim.
— Você estava trabalhando no quê, Jinsoul? — perguntei, convencida de que não haveria jeito melhor de descobrir o quão afetada ela estava comigo do que ouvir a voz dela. Isso costuma ser a primeira coisa a falhar.
— Ah, eu… Aquilo… era…
Vendo que ela estava aflita, me aproximei mais um pouco. Àquele ponto, eu já estava praticamente brincando com o fogo e passando dos limites. Ela acabou se encostando forçosamente à mesa onde estava trabalhando, e vi que o rosto dela já estava muito mais avermelhado do que quando eu entrara ali.
— Responda, Soulie…
Jinsoul engoliu em seco, enquanto os seus olhos aflitos tentavam fugir de mim. Ela já respirava tão irregularmente que o seu peito subia e descia visivelmente. Se os batimentos cardíacos das pessoas fossem audíveis, o de Jinsoul provavelmente me ensurdeceria naquele momento.
Eu sabia o que ela tinha na cabeça.
Eu sabia o que ela queria.
E eu também o queria. Mas eu não lhe ia dar isso com tanta facilidade.
— Qual o problema, bonitinha? Porque não olha para mim?
Então, os olhos castanhos e aflitos de Jinsoul encontraram-se com os meus, e vi que ela abriu a boca, atônita pela proximidade e provavelmente pelo quanto eu era bonita de perto.
Olhando para trás, acho que ela realmente paralisou. Jinsoul queria agir, mas não sabia como. Ela nunca devia ter beijado ninguém. Até me admirei, do jeito que ela era linda.
Cheguei mais perto.
Os nossos corpos se encostaram, e eu já sentia a respiração dela.
Coloquei as mãos sobre a mesa, de um jeito que a deixava encurralada. Mas ela gostava.
Então, Jinsoul fechou os olhos, ansiando o contato. Inacreditável.
Não dava para não a achar uma gracinha. Tinha sido tão fácil. É tudo tão fácil quando se tem um rostinho bonito e palavras meigas, não é?
Decidi que acabaria com a tortura de Jinsoul, e aproximei-me dela, acabando finalmente com a distância que ainda havia entre os nossos lábios.
Senti-a inspirar, prendendo a respiração logo de seguida, como se não acreditasse no que estava acontecendo.
Jinsoul estava um pouco atrapalhada, tentando fazer a coisa certa. Ela não queria me desapontar. Devia achar que eu era profissional em beijar garotas, e queria corresponder às expectativas. Foi tão fofinho.
E tão bom. Ela não era incrível, mas era… doce, de certa forma. Era um beijo mais inocente e sem segundas intenções do que os que eu normalmente provava, e comecei a pensar se não deveria começar a gostar de mais garotas boas, porque era um sentimento tão diferente e tão etéreo. Jinsoul era um anjo.
O beijo durou mais do que eu esperava. Tentei a certo ponto quebrar o contato, mas Jinsoul não queria se separar de mim. Ela segurou a minha cintura com as mãos firmes e desesperadas para que eu não fosse embora, e não consegui evitar sorrir.
Eu era tão viciante assim?
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