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História Danganronpa - Waking up to despair. (Interativa) - Capítulo 4: Para sobreviver. - Class trial. - História escrita por Babel_Akumu - Spirit Fanfics e Histórias
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História Danganronpa - Waking up to despair. (Interativa) - Capítulo 4: Para sobreviver. - Class trial.


Escrita por: Babel_Akumu

Notas do Autor


Olá, aqui estou. Disse que postaria semana que vem, mas acabei por demorar uma semana por pura esperança de que mais pessoas comentariam na investigação (spoiler: Só teve um comentário até agora :v). Eeeenfim... Nossa... Espero que gostem do class trial (e que leiam a investigação pelo amor de Deus), pois estou até um pouco tenso, já que bom.. Não sei se esse caso ou como ele se desenrolou ficou de uma maneira legal, principalmente comparando ao caso passado, que ainda é meu suprassumo de casos. Tenho medo de algumas conclusões terem ficado fáceis demais, mas meio que, depois de tantos julgamentos, a capacidade de descobrir coisas dos personagens, que já eram boas, melhoraram mais ainda.

De qualquer modo, não vou lamentar. Podem falar o que gostaram e não gostaram, pois adoro ler seus comentários.

Enfim... Vamos demorar pra nos vermos agora, mas, quando voltarmos, será realmente a rota final. Estou esperando ansiosamente por isso.

Enfim, curtam o capítulo!!

Monokuma File #4: A vítima é Naoya Mochizuki, o Ultimate Sociólogo.
A causa da morte é a falência das suas ondas cerebrais.
A hora da morte é 12:45 P.M.

A vítima é Daisuke Yotanaka, o Ultimate Bartender.
A causa da morte é uma facada na barriga.
A hora da morte é desconhecida.

Horário: Assim que saiu do mundo virtual, Rik decidiu por olhar a hora, já que a noção de tempo dele foi perdida ao entrar no mundo, notando que eram 01:00 P.M.

Relato do Rik: Na noite anterior as mortes, perto do fim da tarde, Rik, que estava no refeitório, disse ter visto Daisuke entrar no local e caminhar na direção da cozinha, saindo misteriosamente algum tempo depois. O detetive relatou que a atitude do rapaz estava diferente do comum, pois tentou se comunicar e chamar a atenção dele várias vezes mas foi completamente ignorado.

Faca encontrada: Uma faca foi encontrada no corpo de Daisuke, cravada em sua barriga.

Camisa do Daisuke: Uma das camisas do Daisuke, mais especificamente a camisa preta que usava, foi encontrada dentro da piscina.

Roupas do Suzushi: As roupas do roteiristas estavam molhadas graças a água do mar.

Relato do Suzushi: Suzushi estava andando pelo lado de fora enquanto esperava por nós, da mesma forma que fez ontem, mas então, quando percebeu, já havia caído no sono, sem nem checar como nós estávamos, acordando deitado na areia e sentindo as ondas do mar o molharem quando viu a nossa correria. O Gabriel e a Desiree falaram que haviam o visto dormir enquanto iam atrás do Daisuke.

Segredos do New World Program #1: Os avatares trocam entre aqueles que logaram a cada nova entrada no mundo.

Segredos do New World Program #2: Você não pode deslogar do mundo assim que loga, precisando estar um tempo dentro dele para que essa opção apareça.

Cartucho: O cartucho de um dos vídeo-games, que ficava próximo a porta da sala de jogos, foi trocado.

Regra do New World Program: Monokuma disse que não deveríamos mexer em alguém enquanto ele estivesse logado no programa, pois isso poderia afetar o funcionamento dele e dessa pessoa de uma forma que o mesmo considerou "pior que a morte".

Relato da Desiree: Desiree contou que, assim que entrou no mundo virtual e se encontrou com Naoya, ambos foram surpeendidos por uma figura encapuzada, que rendeu Naoya com uma faca de guerra. Sob as ordens do sociólogo, Desiree o deixou com a figura para ir atrás dos demais e explicar a situação que estava ocorrendo, aproveitando disso para, em um processo de eliminação, ter total certeza de quem era o encapuzado.

Vestimenta: O corpo da vítima do mundo virtual estava vestido com uma grande capa e uma máscara.

Portas: Existiam duas portas, uma no térreo e outra no último andar do mundo virtual, que não conseguiram ser abertas.

Parafusos: Existiam alguns parafusos na parte de dentro da máscara, perfurando-a e ficando presos por porcas que estavam na parte de fora.

Bombas: O corpo presente no mundo virtual estava cercado por bombas por dentro da sua roupa que explodiram assim que Desiree tirou sua máscara.

Estado do corpo virtual: Pouco sobrou dele, graças a explosão. Entretanto, em um dos poucos pedaços ainda restantes, foi possível notar uma pequena marca de perfuração.

Capítulo 29 - Capítulo 4: Para sobreviver. - Class trial.


Fanfic / Fanfiction Danganronpa - Waking up to despair. (Interativa) - Capítulo 4: Para sobreviver. - Class trial.

 Com as palmas sobre os pódios amadeirados, a luz da verdade atingiu as almas restantes, fazendo-os refletir sobre as consecutivas mortes que enfrentaram em um espaço de tempo tão curto. Só sobrou metade daquele grupo de estudantes que deram início a essa história. 

 E esse número estava prestes a diminuir ainda mais.


>Class trial start<


— Upupupu, finalmente fizeram a festa de verdade e atingiram dois de uma vez! Demorou, hein! Geralmente ocorre no terceiro caso. — Monokuma, posicionado em seu trono, deixou uma gigantesca e incômoda gargalhada sair do seu corpo estufado.

— Geralmente? — Antes que o urso fosse capaz de continuar, decidi por levantar a voz para um detalhe em sua fala.

 — Ora, foi você que fez a colocação óbvia da vez e não o Rik, Meinu! Será que ele está te influenciando? — Monokuma colocou as patas em frente ao rosto para continuar a rir. — Enfim… Todos já sabem as regras e nem se traumatizam mais, mas, só por desencargo de consciência, eu vou deixar claro novamente esse detalhe do nosso julgamento com duas pessoas! O primeiro assassinato a ser achado é o único a ser julgado! O que quero dizer é que, se esse assassinato não tiver sido cometido pela mesma pessoa, o trouxa que cometeu o assassinato do Daisuke terá feito isso por nada, já que não poderá nem ser executado quando descoberto e nem se graduar! Claro que isso não impede vocês de olharem a fundo ambos os assassinatos, mas se não fizerem isso e no fim não encontrarem o assassino certo por terem votado em alguém aleatório será comicamente trágico, de fato desesperador!

 — Mundo virtual. Será por esse assassinato que começaremos. — Erguendo uma das mãos calmamente, a violinista se mostrou em frente à corte, tomando uma ríspida atitude de liderança. — Daisuke se envolve em ambas as cenas do crime com destaque, mas é nesse mundo que suas atitudes parecem mais explícitas.

 — Fufufu, olha só quem tá cheia de protagonismo! A Desiree tem total razão e imagino que todos concordam, então vamos para a morte do Naoya! — A sortuda sorridente ergueu o punho ao decidir pelo grupo. Desiree a encarou após isso.

 — Droga, papais… Eu não vou poder contribuir em nada, já que nem entrei nesse lugar… Me desculpa. — Mononiji, sentado em cima do seu próprio local, pareceu suspirar e olhar para Rik e, em seguida, Gabriel, que o retribuiu com um sorriso nervoso.

 — E-Está tudo bem, Mononiji. Você pode nos ajudar aqui, no julgamento. — Mononiji se mostrou satisfeito ao ouvir o que o inventor falou.

 — Hm… Sobre esse mundo… — Haru colocou uma das mãos embaixo do queixo, demorando alguns segundos para refletir. — Eu fico triste ao pensar neles… O Daisuke… Ele sempre foi uma peça que nos juntava, tipo uma cola… Fazer isso com o Naoya foi algo… Tão esquisito… Naoya também estava se esforçando tanto para nos ajudar mesmo após o que fez… Ah, é, o mundo! Pessoal, vocês não acham aquelas bombas que surgiram naquele corpo esquisitas? A gente olhou em todo lugar e não tinha nada desse tipo, então… Eu acho que o Daisuke achou o motivo, que eram essas bombas que ele usou no corpo!

 — Hmpf, foco, Haru. Tenho que admitir que essas mortes foram completamente inesperadas até pra mim, mas temos que ser fortes, lembra? Enfim, acho que você tem razão nessa, mas não toda. Além do motivo, o urso babaca também falou que o mundo estava cheio de segredos e imagino que não descobrimos tudo ainda. É só uma aposta, mas acho que essas bombas têm bem mais chances de serem algo assim e não o motivo. — Masao completou as falas da garota de cabelos esverdeados.

 — Mas… Como que essas bombas foram utilizadas? Desculpem se eu estiver  perguntando algo bobo, mas… Eu não consigo entender como o… Assassino sabia o momento que a Desiree ia retirar a máscara para ativá-las… — Gabriel questionou.

 — Ih, é verdade. Talvez ele estivesse com um controle! Alguém viu outra pessoa mexendo em um controle? — Haru foi a primeira a chegar em uma conclusão.

 — Se me permitem, eu gostaria de falar e me redimir por minha atitude molenga no julgamento passado. — Rik sorriu ao falar, tomando a frente. — Não acho que o assassino estava simplesmente esperando que alguém mexesse no corpo para ativar as bombas, pois esperar esse ato seria arriscar demais o próprio disfarce. O que eu sugiro e realmente imagino estar correto é que ele fez uma espécie de mecanismo. — O rapaz ergueu um dos indicadores. — Para explicar melhor… Se não lembram, por dentro da máscara, encontramos alguns parafusos presos, algo sem sentido, de primeiro momento, mas, ao teorizar sobre isso, cheguei em uma conclusão… Que bem, sinto que posso me orgulhar como Ultimate Detective. A máscara e as bombas estavam interligadas por um mecanismo, com a retirada dela sendo o ativador das explosões graças a isso. O motivo de parecer difícil entender como eles estavam associados e por que a máscara foi capaz de ativar as bombas é pura e simplesmente porque a ligação desses dois itens acabou sendo varrida com a explosão.

 — Espera… Eu… Não entendi nada! Isso parece complicado demais! Como assim? — Haru parecia se esforçar para entender o raciocínio que Rik havia tido. O detetive, ao ver a reação da degustadora, virou seu rosto em minha direção, piscando com o único olho que tinha, como se passasse o bastão para mim e me desse parte dos créditos da própria descoberta.

 — Existia um fio de ligação, linhas. — Recebendo o bastão, decidi usar o que concluí com as falas dele. — Não fomos capazes de ver as bombas antes delas explodirem, mas, assumindo que o pensamento do Rik está correto, elas provavelmente eram granadas, que se ativaram quando seus pinos foram removidos. E essa remoção se deu quando Desiree retirou a máscara do morto, que estava, na realidade, conectada aos pinos por dentro graças a certas linhas que amarravam esses mesmos pinos aos parafusos que estavam dentro dela.

 — Hmpf, deixa eu ver se entendi: Quando a violinista deu um puxão na máscara, essas linhas que estavam amarradas nela, graças aos parafusos, e nas granadas, foram puxadas, soltando os pinos das bombas e assim as ativando? — Masao cruzou os braços ao entender a conclusão que foi feita, parecendo refletir sobre ela.

 — Espera… Acho que tô entendendo, mas caramba! Como? Isso parece tão difícil e complexo! Como que o Daisuke projetou toda essa coisa? E como vocês dois chegaram nessa conclusão? Caramba, vocês tem mais de uma cabeça, só assim pra pensar em algo tão difícil! — Haru, após finalmente entender mais do que estava ocorrendo, não negou sua surpresa.

 — Daisuke pra lá, Daisuke pra cá… Hihihi, é sempre muito bom ver todo esse trabalho em equipe, mas acho que vocês estão pulando coisas demais. Vamos apenas esclarecer algo, primeiramente. — Rey deixou ambos os braços sobre o ar, com um sorriso tão característico que nem ao menos vale mais a pena destacar em minha narração. — Vamos, venham, me refutem. É algo simples mas que precisa ser totalmente esclarecido para seguirmos seguros, sem ignorar o óbvio por parecer óbvio. O que dá certeza a vocês que aquele que estava com aquela roupa esquisitinha era mesmo o Daisuke? A pessoa que foi encontrada morta após aquela explosão gigantesca foi o Naoya, então é fácil de assumir que ele era quem estava vestindo aquilo quando a Desiree foi burrinha e tentou ver quem estava por baixo da máscara. Com isso em mente, imagino que vocês apenas pularam todo o processo que os levariam a essa conclusão, mas o que estão supondo é que, de alguma maneira, Daisuke vestiu Naoya com aquelas roupas, correto? Seria algo fácil de se fazer dado como elas eram. Entretanto, já pararam para pensar que só estão sendo levados para esse pensamento justamente por estarem ouvindo a narrativa que Desiree contou para vocês? E se, na realidade, ela for a assassina e tiver criado toda essa história para nos fazer culpar o Daisuke? A única pessoa que pode provar que ela viu essa figura encapuzada segurando o tadinho do Naoya é ela mesma, não? E, bom, quando se fala de matar o Naoya… Ela também é a pessoa que teria mais motivos pra isso.

 — Eu vou te matar. — Essas palavras saíram de forma ríspida dos lábios da loira após ouvir o que a sortuda disse, provocando apenas mais risadas naquela que havia levantado tais teorias.

 — Você pode até tentar, mas o Monokuma-chan não vai deixar. Ainda não sabemos se existe um ou dois assassinos, então o Monokuma não vai te deixar acabar com a minha vida agora, afinal, se ele permitir, entregará que existe mais de um assassino e nenhuma regra está sendo desobedecida. Se quer acabar comigo, Desi, faça isso por meio dos seus argumentos, Caso eles façam sentido, tenho certeza que as pessoas ficarão do seu lado. — Rey Yagami provocou Desiree, que pareceu se envolver completamente no que foi proposto.


× War of words ×


Rey Yagami x Desiree Akamura


Rey: Primeiramente, o que garante que Naoya não foi morto no momento em que você retirou a máscara dele e isso te tornou a assassina do mesmo? O anúncio de corpo só tocou após essa ação, não?

Desiree: O anúncio de corpo só tocou após acharmos o corpo do Naoya do lado de fora do mundo virtual e não quando eu retirei a máscara dele. Ele de fato morreu dentro do mundo e tal fato pode ser comprovado com seu Monokuma File, que diz que sua hora da morte foi às doze e quarenta e cinco da tarde enquanto a hora em que deslogamos, poucos minutos após a explosão, foi às uma da tarde.


Quem você escolhe

 

> Rey

> Desiree

 

>Desiree<

 

— Como devem se lembrar, eu havia dito que me foquei no horário em que saímos do mundo virtual justamente por perdermos essa noção lá dentro, e, de fato, se tratava das uma da tarde, quinze minutos após nosso amigo Naoya falecer. — Rik tomou a voz, fortalecendo o argumento de Desiree.



 Rey: Então, se a morte não ocorreu quando Desiree causou aquela explosão, existe algo que prove que o assassinato ocorreu mesmo dentro do mundo virtual e não em outro lugar? O que além daquela explosão poderia matar Naoya?

Desiree: A causa da morte do Naoya, ainda segundo o Monokuma File, foi a falência das ondas cerebrais. Na vida real, imagino que não exista alguém que seja capaz de causar tal morte e não machucar seu corpo físico. Você poderia argumentar que talvez se mexessem no corpo, como o Monokuma proibiu, essa morte ocorresse, mas, como ele explicou quando questionamos sobre isso, ele não consideraria essa situação como morte, pois o que ocorreria seria uma desconexão entre cérebro e corpo, onde o primeiro continuaria funcionando, mas sem conseguir ter acesso ao segundo. Mas, além desse fator, também temos a resposta para como ele morreu dentro do mundo virtual se não foi a explosão que o matou. No pouco que sobrou do seu corpo fictício, foi encontrado uma pequena marca de perfuração, que se encaixa com a faca que a figura encapuzada havia utilizado antes para ameaçá-lo quando nos encontramos com ela.


Quem você escolhe

 

> Rey

> Desiree

 >Desiree<

 Rey: Hihihi, e agora chegamos novamente à estaca zero, Desi-chan, afinal… Ninguém além de você e o falecido Naoya viram essa figura encapuzada e armada com uma faca. O que garante que não foi você que matou Naoya na hora que o Monokuma File diz, dentro do mundo virtual, e utilizou dessa roupa e da bomba para forjar essa narrativa de um suposto assassino?

 Desiree: … O Daisuke cometeu esse crime e deslogou em seguida… Ele era o único que podia ter feito, já que estava dentro do mundo virtual antes de nós e por isso já podia deslogar assim que entramos.

 Quem você escolhe

 

> Rey

> Desiree

 >Rey<

 

 Rey: Ele era o único além de você que poderia ter cometido esse crime. Seu argumento se sustenta no fato de que o assassino deslogou após o crime que cometeu, pois, como esse suposto ataque ocorreu logo após entrarmos, não seria possível que ninguém além dele deslogasse e fugisse do andar onde o crime aconteceu para escapar de nós, mas deslogar não era necessário, Desiree. Se você for a pessoa que matou o Naoya, é completamente possível que você tenha se unido a nós sem precisar deslogar, afinal, a única pessoa que veio do andar onde essa suposta ameaça ocorreu e que tinha acesso onde o corpo foi encontrado era justamente a pessoa que criou toda essa narrativa de um Daisuke mascarado que ninguém além de você viu, Desi.

>Resultados

Desiree: 02

Rey: 01<

 

 — Desculpe, senhorita Desiree, mas a moça assustadora está falando coisas que tem sentido. — Mononiji foi o primeiro a dizer o que de fato era verdade. No fim, só tinhamos as próprias falas de Desiree como defesa dela.

 — Eu não matei o Naoya. — Desiree, apesar do momento, continuou no que acreditava.

 — Então prove! Se não matou deve ser fácil me refutar. Eu mesma disse isso quando comecei a falar, que seria fácil remover essas pedras do caminho. Por que não está sendo? Será que na verdade eu me enganei? Não é fácil remover pois elas não são pedras, mas sim a sólida verdade? Fufufu. — Rey encarou as costas de uma das mãos ao fim da própria fala.

 — Desi… Ree, por favor, prove que a Rey está errada… — O tom de Gabriel era desesperançoso.

 — Hmpf, eu odeio admitir, mas a sortuda idiota está de novo tomando as rédeas e nos levando a algo que faz bastante sentido. — Masao bufou.

 — Eu já disse. Que. Não. Matei. O Naoya. — Apertando as próprias mãos ferozmente, a violinista não se mostrava capaz de manter a paciência. —  Existiram vários momentos em que eu estava mais furiosa com ele e tive essa oportunidade… Para fazer esse ato apenas agora. Naoya recebeu todo o meu ódio por vários dias seguidos, foi aquele que eu mais desejei matar pelo que ele fez com a Hanako, mas… Mas… Infelizmente… — Seu corpo suava, sua boca tremia. Palavras que deveriam ser simples se mostravam tão difíceis à medida que a loira se obrigava a cuspi-las. — Aquele ódio que tanto senti no começo foi diminuindo cada vez mais… Eu nunca esqueci o que ele fez, a dor que ele causou, mas também… Mesmo não querendo… Mesmo evitando tanto… Meu coração foi se acalmando… Conviver ao lado dele pareceu cada vez menos odioso e foi se tornando bom e pacato… Ele… O Naoya…— E então, fechando os olhos, Desiree tomou fôlego para deixar em alto e bom tom o que queria dizer. — se tornou o único amigo que tive depois dela!

 Por um pequeno período de tempo, o silêncio acabou por perdurar. Parece que o Monokuma estava correto. Depois de tantos julgamentos, a sensibilidade que os demais tinham quanto a morte se tornou cada vez menor. Mas, em um momento como esse, onde a lógica do julgamento é deixada de lado e fagulhas de sentimentos surgem, sentimentos voltam a rodear essa sala de morte, que se põe em silêncio para prestar um réquiem.

 Essa deve ser a primeira vez que realmente participo desse amontoado de sentimentos.

 Não é muito, muito menos algo significativo.

 Eu ainda sou Meinu, uma casca vazia.

 Entretanto.

 Eu dividi momentos com Naoya e Daisuke.

 E as memórias… O que elas representam...  Estão me atacando como nunca ultimamente.

 Essa sensação, por mais que seja mínima, ainda aperta o meu peito.

 — Oh, que linda declaração! Aposto que o Naoya está bem mais feliz lá no inferno. Enfim, mesmo que agora saibamos como você pensa, ainda não encontrei nada nesta declaração que prove a sua inocência, Desi. — Rompendo o silêncio, Rey decidiu falar.

 — Como você dorme durante a noite sendo desgraçada assim? — Masao decidiu por falar também.

 — Muito bem, obrigada. — Rey respondeu enquanto juntava as mãos em frente ao rosto.

 — Ah, mas também não é por aí, Rey. — Haru também se colocou a argumentar após o fim do momento. — Se foi a Desi que matou o Naoya e não o Daisuke, por que o Daisuke logou no mundo virtual e deslogou antes que o encontrássemos? Isso tá meio esquisito, eu acho!

 — Fufufu, boa pergunta, Haru! Vamos discutir sobre isso! — A sortuda exclamou.

 

Nonstop debate

Truth bullets

Relato do Rik

Faca encontrada

Monokuma file #4

Relato da Desiree

 — Eu… Não quero concordar com a  Rey, mas… Se foi a Desiree que matou o Naoya… Tinha mesmo necessidade do Daisuke ter logado no mundo virtual? — Gabriel perguntou.

 — Eu já disse que não matei o Naoya. — Desiree ainda apertava as próprias mãos.

 — Virou um papagaio pra ficar só repetindo a mesma coisa? — Rey gargalhou.

 — Hm… O Daisuke… Se o Gabe e a Rey estão certos… Acho que ele era só inocente também, né? Tirando o relato da Desi, não tinha mais nada que levantava suspeitas para o Daisuke. — Haru concluiu.

 — Tem certeza disso, Haru? — Rik sorriu.

 

 >não tinha mais nada que levantava suspeitas para o Daisuke.<

>Pista: Relato do Rik<

 

 — Não, isso está errado. 

 Minha voz ecoou pela sala de julgamento no momento em que tomei a atitude de me envolver novamente na discussão.

 — Uh? Não faz? Explica, quero entender e ajudar! — Haru, ao ouvir minha refutação, decidiu mostrar sua confusão.

 — O relato que o Rik nos contou mostra que a atitude do Daisuke estava suspeita mesmo antes dele entrar no mundo. Se não recordam, ontem, já durante a noite, Daisuke foi visto entrando na cozinha por ele, não respondendo suas tentativas de contato. Ele apenas entrou na cozinha, ficou por um tempo e depois saiu. — Completei.

 — Hm… Não entendi… E se ele só estivesse com sono demais e achasse que o Rik era uma alucinação? — Haru me perguntou.

  — Bom, sei que convivi bem pouco com o Daisuke, mas nunca tinha o visto agir daquela forma antes, nem quando estava com bastante sono. — Rik cruzou os braços, suspirando enquanto parecia recordar.

 — Além de tudo, também existe um motivo óbvio para desconfiar do Daisuke, que é o que ele pegou na cozinha. — Complementei, já pronta para apontar o item com que o Bartender havia pego.

 

Monokuma File #4

Horário

Relato do Rik

Faca encontrada

Camisa do Daisuke

Roupas do Suzushi

Relato do Suzushi

Segredos do New World Program #1

Segredos do New World Program #2

Cartucho

Regra do New World Program

Relato da Desiree

Vestimenta

Portas

Parafusos

Bombas

Estado do corpo virtual

 

 



























 

 

 

 

 

 

 

Monokuma File #4

Horário

Relato do Rik

>Faca encontrada<

Camisa do Daisuke

Roupas do Suzushi

Relato do Suzushi

Segredos do New World Program #1

Segredos do New World Program #2

Cartucho

Regra do New World Program

Relato da Desiree

Vestimenta

Portas

Parafusos

Bombas

Estado do corpo virtual

 

 

 

— É isto aqui.

 Ergui o tablet, onde havia anotado as pistas, pronta para mostrar aquilo. — O motivo de Daisuke ter ido até a cozinha foi para pegar o item que ele foi assassinado, essa faca de cozinha. 

 — E pensar que fui bobo o suficiente para confiar na pessoa que o Daisuke era e não ir atrás dele. Se eu tivesse confiado mais em minhas habilidades, talvez todo esse julgamento não estivesse ocorrendo agora. Perdão, pessoal. — Rik suspirou, parecendo estar frustrado.

 — Você está dando seu melhor, papai! Isso que importa. — Mononiji pareceu tentar confortá-lo.

 Confiado no Daisuke.

 Como ele consegue? Carregar essa culpa, sentir como poderia evitar várias situações, desde a Naomi, quando apoiou a decisão do Suzushi apenas para que o caso ocorresse como ocorreu, até agora, onde poderia ter ido atrás do Daisuke mas não foi.

 Esse papel de traidor. Por mais que ele diga que está usando disso para tentar salvar todos.

 Enquanto seu plano não tem êxito, situações que nos levam a tantos julgamentos continuam a ocorrer por sua própria responsabilidade.

 Você sente esse peso, Rik Yamada?

 Eu seria capaz de ser assim?

 De ter um objetivo tão poderoso?

 Pelo quê sacrifico os outros?

 — A faca? Isso faz sentido, mas pra que ele utilizaria a faca no mundo virtual? Não dava pra matar o Naoya assim utilizando dela lá, né? Ah, espera! A Desi tinha falado mais cedo que o Naoya tinha morrido com uma facada! Então o Daisuke fez a faca logar também e usou dela pra isso? — Haru parecia estar realmente se esforçando para raciocinar.

 — Não creio que seja assim que o mundo virtual funciona. Creio que, assim como as bombas, essa faca foi encontrada dentro do mundo virtual, pois, como Desiree relatou, ela era similar a uma faca de guerra, não de cozinha. — Respondi.

 — Mas então… Por que o Daisuke pegou essa faca? — Gabriel se mostrou confuso.

 — Bom. — Rik deu pequenas batidas em seu pódio, chamando atenção para si mesmo. — Com base no que todos discutiram até agora, creio que… É seguro dizer que realmente cometemos um equívoco. 

 — Hmpf, o que quer dizer, Rik? — Masao encarou o ruivo.

 — É como o Gabe perguntou mais cedo. — Com um sorriso no rosto, o detetive ergueu ambos os indicadores. — E se estivermos tratando de situações separadas como se fossem a mesma? — O rapaz colocou uma das mãos atrás das costas. — E se Daisuke, que tanto pensamos ter sido o responsável pelos eventos do mundo virtual, na verdade nem sequer estivesse nele quando o crime ocorreu?

 — Hahaha… Hahaha… Estou vendo onde você quer chegar, Rikzinho. Parece que estamos em sintonia sobre a mentira da Desi, não é? — Rey parecia estar ansiosa.

 — Odeio cortar sua felicidade, mas essa questão da Desiree não é algo que estou colocando na minha teoria. Pode ter ocorrido, mas não é o meu foco no momento. Enfim.. — Retirando a mão das costas, o rapaz cobriu o próprio rosto com ela, deixando apenas seu olho esmeralda visível. — Pela regra do New World Program, nem sequer cogitamos a ideia do Daisuke não estar no mundo virtual. Ele estava com o aparelho no rosto, sem mostrar nenhuma reação aos nossos chamados, e não podíamos encostar nele para verificarmos a veracidade dos fatos. Não seria perfeito para o Daisuke utilizar de toda essa situação para fingir que estava no mundo virtual enquanto nos deixa indefesos contra o seu real plano? Que era, caso perguntem… Matar alguém na vida real, utilizando da faca que havia pego na cozinha para isso.

 — Q-QUÊ? — Haru exclamou, claramente surpresa com a conclusão do detetive.

 — Então… Quem matou o Naoya… — Desiree mordeu os próprios lábios, não completando a própria frase.

 — Exato. O assassino do Naoya e o assassino do Daisuke são pessoas diferentes. Os casos podem se interligar em algum momento, mas, em suma, eles não ocorreram em consequência do outro. Na verdade…. Lembram do Monokuma File do Daisuke, onde o Monokuma ocultou a hora da morte? Pensando nessa teoria, fica óbvio o porquê dele ter feito isso… — Usando do indicador, Rik girou seu corpo, apontando para o urso enquanto seu olho esmeralda o encarava profundamente. — Monokuma queria nos fazer pensar que o assassinato de Daisuke ocorreu depois do assassinato do Naoya, mas essa não é a verdade. Daisuke provavelmente foi assassinado antes ou ao mesmo tempo que o assassinato do Naoya ocorria! O que achou dessa minha dedução óbvia, Monokuma?

 — Vo-Você está se achando demais para uma conclusão que só trouxe mais mistérios e não soluções. — Apesar das próprias falas, o urso pareceu realmente ficar abalado com a dedução do ruivo.

 — Se mais mistérios surgiram, é sinal que saímos do óbvio e estamos de fato nos aprofundando na verdade. — Rik retirou a mão do rosto, mostrando o sorriso confiante que tinha em sua face. — E nós iremos dar mais um passo à verdade nesse momento, utilizando das conclusões em que chegamos juntos. — E então, movendo o braço para ficar em frente ao peito, o detetive exclamou. — As peças se encaixam perfeitamente para apontarmos o primeiro suspeito de ter matado Daisuke, o Ultimate Bartender. Se eu estiver errado, me refute quando meu indicador apontar para você. Prove que não cometeu esse crime…

 

XNaomi AokiX

XSaki KotonohaX

XNaoya MochizukiX

Rey Yagami

XSarah UchihaX

Gabriel Parker

XKeehana NitouX

Rik Yamada

Meinu Saiko

XShiro TakeshiX

Haru Baldrick

Masao Shimizu

XHanako KojoX

XDaisuke YotanakaX

Desiree Akamura

Suzushi Kowai

 

 

 

 






































 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

XNaomi AokiX

XSaki KotonohaX

XNaoya MochizukiX

Rey Yagami

XSarah UchihaX

Gabriel Parker

XKeehana NitouX

Rik Yamada

Meinu Saiko

XShiro TakeshiX

Haru Baldrick

Masao Shimizu

XHanako KojoX

XDaisuke YotanakaX

Desiree Akamura

>Suzushi Kowai<

 

 

— Suzushi Kowai, o Ultimate Roteirista. Não precisa apontar, pois sei que está falando de mim, Rik. — E então, aquela voz cansada foi ouvida pela primeira vez na côrte. O ruivo, que estava todo esse tempo nos observando, não deixou que Rik continuasse seu raciocínio, tomando a frente na discussão. — ...Infelizmente para nós dois, você está errado. Dessa vez eu nem sequer fui checar se vocês estavam bem enquanto acessavam o mundo virtual. Fiquei na praia até acabar dormindo em um momento que nem eu me recordo bem, acordando com a correria de todos… Sei que parece uma desculpa simples e idiota para escapar da culpa do que causei, mas vamos aos fatos, Rik… — Com olhos afundados, o roteirista apoiou ambas as mãos sobre o pódio. — O que eu ganharia mentindo sobre isso? Se eu admitir a culpa, não serei executado, pois o primeiro corpo a ser encontrado foi o do Naoya. Quem eu estaria protegendo? E, por último… Olhe o lixo que eu sou. Acha mesmo que eu teria a frieza de matar alguém e continuar desse jeito sem surtar e admitir tudo para a primeira pessoa que falasse comigo? Se digo que não matei, é porque tenho convicção que não fiz isso.

 — Mas até você desconfia um pouco do que fez, não é? Vendo a nossa lógica, até mesmo você deduziu que era o mais provável de ser o assassino. — Rik sorriu.

 — Você… Tem razão. Mas eu não sou… Justamente por tudo que disse antes. — O roteirista completou.

 — Então o Suzushi… Eu não quero julgar também, mas… Realmente… Se Daisuke não estava no mundo virtual, a outra pessoa que também não estava era ele, não é? — Gabriel decidiu questionar.

 — Hmpf, isso foi de oito a oitenta muito rápido. E o seu filho aí? Tem algo que impede ele de ter matado? Ele também tava do lado de fora. — Masao questionou.

 — Você quase me mata e agora me acusa? Que amigo cruel… — Mononiji pareceu chorar, mesmo com lágrimas não saindo do seu rosto.

 — Upupupu. Sinto informar, mas eu impediria se esse traste tentasse algo como matar um de vocês. Ele é café com leite, então participa da discussão e morre junto caso percam, mas matar eu não deixo, afinal, não seria nada emocionante se um dos meus queridos estudantes fosse morto por um urso idiota como esse aí! — Monokuma decidiu sanar as dúvidas do apostador.

 — Kowai. — Parecendo recuperar a calma após a conclusão, Desiree também decidiu argumentar. — Você perguntou quem estaria protegendo e é isto que agora quero apontar. Suponho que, quando fez essa questão, estava se referindo a um provável assassino ou cúmplice que você estaria omitindo a identidade ao se recusar a admitir envolvimento com o caso, entretanto… Responda-me imediatamente: Se visse Daisuke tentando atacar um de nós, vulneráveis por estarmos no mundo virtual, você não arriscaria a sua vida para nos proteger sem nem sequer se importar? 

 — … Sim… Provavelmente… — Parecendo receoso, o rapaz ainda tentava argumentar. — Ainda assim, como disse, dessa vez eu não fui até a sala de jogos em momento algum. Além do mais, considerando essa hipótese que você disse como certa… Como eu teria levado o Daisuke até a piscina, pego a sua faca e o matado lá com as mãos vazias?

 Por um pequeno momento, o julgamento ficou em silêncio. De fato, o mistério que agora havia surgido novamente estava abandonando a conclusão óbvia e incluindo várias camadas.

 Meu companheiro de leituras fez mesmo isso? Ele estaria calmo assim se tivesse feito?

 — Quanto a questão de onde o crime ocorreu… Sei que é muito súbito, mas quero levantar algo. — Rik novamente decidiu falar. — Meinu, se lembra de como decidi dedicar mais tempo a olhar o ferimento que havia matado o Daisuke quando investigamos, antes da faca ter sumido do corpo dele? — Concordei com a cabeça. —  Pois bem… Não sou igual a Keehana no nível de autópsia, mas admito que algo chamou a minha atenção… A faca que estava cravada no Daisuke, apesar de estar próxima do local do ferimento… Não estava no mesmo lugar. Eu assumi que isso havia ocorrido pois, quando olhei, também notei que a faca não estava cravada com a mesma profundidade do ferimento fatal, assumindo então que, quando o assassino terminou de golpear, ele acabou movendo a faca de lugar no momento de soltá-la, mas, levando em conta o que estamos concluindo agora, outra situação surge na minha mente… E se a cena que encontramos no banheiro da área da piscina na verdade… Foi forjada para parecer que o assassinato ocorreu ali?

 — Q-Que? — Suzushi colocou uma das mãos próximas ao peito, apertando o próprio terno, que ainda estava um pouco molhado. — Mas isso nem faz sentido… Tem certeza que não está fazendo tudo isso só para me acusar? Pois… Se a cena do crime original não fosse o banheiro… Por que não vimos rastros de sangue em lugar algum além dele?

 — Na verdade. — Então foi a minha vez de falar. — Essa suposição do Rik responde algo que antes parecia não ter sentido. Uma das camisas do Daisuke foi encontrada dentro da piscina, se não lembram.

 — O que está sugerindo, Meinu? — Gabriel perguntou.

 — E se essa camisa tivesse, na realidade, sido usada para estancar o sangramento da vítima? Ele pode ter morrido em outro lugar, como Rik sugeriu, com a razão de não termos visto um rastro de sangue e a camisa ter sido jogada dentro da piscina sendo justamente essa. Com ela tendo estancado o sangue, o chão não ficou sujo, mas ela sim, e, para evitar que esse detalhe fosse notado, ao invés de vestí-la novamente na vítima, a pessoa que armou essa cena do crime falsa decidiu jogá-la na piscina, pois sabia que, devido à grande quantidade de água, o sangue seria diluído facilmente, sem deixar rastros que pudéssemos notar a olho nu.

 — Então é isso. — Masao cruzou os braços, suspirando pesadamente. — Se o Rik e a sem talento estiverem certos, acho que finalmente entendi o motivo do roteirista estar esse tempo todo negando o que fez mesmo sabendo que não vai ser executado.

 — Uh? O que? Qual é o motivo? — Haru deixou sua curiosidade se erguer.

 — Mo-Motivo? Que motivo? Eu já disse… Que não fiz nada… Por que estão insistindo nisso? O que eu… Ganharia escondendo algo assim? — Suzushi começou a se esforçar para respirar enquanto falava.

 — Não é óbvio, roteirista? Se você deixasse o corpo do Daisuke onde o crime ocorreu, na sala de jogos, existiria a chance de, quando saíssemos do mundo, víssemos o corpo dele antes do corpo do Naoya. O motivo do local do crime ter sido mudado foi justamente para que o seu crime não fosse visto antes do dele e você fosse a pessoa a ser punida nesse julgamento de classe! Salvar a própria pele enquanto afunda o outro assassino… Uma jogada suja demais para você admitir para nós, preferindo negar que cometeu algum crime ao invés disso. Eu esperava mais de você, Suzushi Kowai. — Diante das falas do apostador, meu companheiro de leituras pareceu quebrar por alguns segundos, ficando com as pernas bambas enquanto refletia sobre tudo que foi concluído.

 — Se esse foi o plano do Kowai, podemos ter a certeza de que ele não é quem matou o Naoya, aquele que devemos executar. Podemos partir para o assassinato que importa? Não vale a pena perder tempo com alguém patético como ele nesse momento. — Desiree nem ao menos encarava o roteirista.

 — Hihihi, nunca vi alguém tão ansioso para a própria morte. — Rey gargalhou.

 — Eu já disse… E-Eu não… Matei… O Daisuke… Vocês estão errados e eu irei provar isso. — Erguendo o olhar e se forçando a continuar de pé, Suzushi decidiu que iniciaria um confronto para provar sua inocência.

 

     Rebuttal Showdown

 

 Truth blades

 

 => Cartucho 

 => Relato de Suzushi

 => Roupas do Suzushi

 

 — Eu estou garantindo. — O ruivo se colocou a falar. — Não faz sentido que eu tenha cometido esse crime. — Levantando um dos braços, ele apontou para si mesmo. — Se eu tivesse feito isso. — Ele mordeu a própria bochecha, como se estivesse se forçando a falar claramente. — Não estaria pelo menos sujo com o sangue do Daisuke

>Pista: Roupas do Suzushi.<

 — Esqueceu que a água do mar molhou as suas roupas graças ao local onde você diz que dormiu? Se existia algum sangue fresco, o mar provavelmente limpou tudo. — Decidi por retrucar os pontos do roteirista.

>Advance<


Level 2

 

 — Mas… Mas… Eu estou dizendo… Eu realmente não fiz isso! — Ele exclamou. — Vocês chegaram a conclusão de que Daisuke estava… Armado com a fa-faca, não é? — O rapaz tentava morder as bochechas com mais força para seguir falando. — Como eu pude rendê-lo e pegar a faca com as mãos vazias?

 — Sobre essa questão, devo me intrometer com mais uma das minhas suposições malucas. — Rik decidiu se unir a mim naquele confronto. 

 >Pista: Cartucho.<

BREAK

 — O cartucho do vídeo-game que ficava logo na entrada da sala de jogos havia sido trocado por outro. Assumindo que Suzushi havia de fato entrado na sala com as mãos vazias, não é difícil assumir que ele pegaria algo para utilizar contra Daisuke, em defesa ou ataque. Pegar o vídeo-game inteiro seria pedir desvantagem, já que ele seria pesado demais para acompanhar os movimentos ágeis de alguém armado com uma faca. Dito isso e pelo momento de desespero, Suzushi não viu escolha além de pegar o cartucho, provavelmente danificando-o no confronto e trocando-o por outro por esse motivo.

— O… Que? Ri-Rik… Você está falando sério? Isso tudo… Só pra me acusar? Utilizar o cartucho… Isso não faz nem sentido… Onde eu teria escondido em seguida? Vocês acharam esse cartucho? Deveria estar comigo agora, não é? — E, com as mãos trêmulas, o ruivo começou a arregaçar todos os bolsos que tinha. — Estão vendo? Não tem nada! Eu não fiz algo absurdo assim… E-Eu não… Eu não matei ninguém!

 — Suzushi, aponta para outra pessoa que possa ter feito isso! A gente vem treinando tanto ultimamente que eu já estou até acostumada com o depressivo que você virou, que parecia querer tanto morrer toda hora. Eu não acho que você faria todas essas coisas malucas que estão apontando, pois, infelizmente, você ainda está com o coração machucado demais para achar que vale a pena viver. Então se ajuda, Suzushi! — Haru exclamou para o roteirista.

 — Eu… Eu… — O ruivo apoiou ambos os braços no próprio pódio, se segurando para não cair, respirando fundo por alguns momentos, em uma tentativa de normalizar suas reações.

 Por um curto período de tempo, a situação fez parecer que ele houvesse desistido, que o roteirista finalmente admitiria que, mesmo tendo perdido as esperanças e se mostrando sempre como alguém que estava morto por dentro, quando a situação finalmente surgiu, seu instinto de sobrevivência, que clamou que todos tinham ao discutir com Haru no dia anterior, havia de fato surgido. 

 Aquele parecia o momento em que o roteirista ia finalmente admitir que temeu a morte e por isso a jogou para outro alguém.

 Mas então.

  — Me ajudem, por favor. — Seus lábios cuspiram aquelas palavras. — Sei que estão apontando para mim como se não existisse outra explicação, como se eu apenas estivesse com medo de assumir o ato terrível que cometi, mas… Mas… EU REALMENTE NÃO SEI DE NADA! POR MAIS QUE AS PROVAS APONTEM PARA MIM, EU JURO AQUI E AGORA COM A MINHA VIDA QUE NÃO MENTI EM NADA DO QUE DISSE! VAMOS NOS AJUDAR, CAMINHAR ATÉ A VERDADE! SE EU SOU MESMO ESSE ASSASSINO, POR FAVOR, ME AJUDEM A REALMENTE COMPREENDER COMO SOU ELE MESMO NÃO TENDO FEITO AS COISAS QUE VOCÊS DECLARAM QUE EU FIZ! — Clamando em uma determinação que por tanto tempo eu não havia visto sair dele, os olhos cansados e repletos de olheiras do roteirista brilharam de forma intensa, como se a sua vida lutasse contra aquela situação. Aquele grito saía do fundo da sua alma, dos resquícios de vontade que ainda sobravam, balançando seus cabelos avermelhados e revelando pequenos tons de branco que existiam na raíz. Com essas palavras, duas hipóteses surgiam.

 Ou Suzushi era um mentiroso muito bom.

 Ou ele estava falando a verdade.

 Existe algo que eu estou deixando passar?

 

 O que poderia ser?

 

 Eu sou capaz de determinar isso? 

 Nem ao menos Rik parece estar sendo capaz.

 Mas.

 Ao pensar nessa situação.

 Em como Rik não pode determinar o que está sendo deixado de lado.

 Algo surge em minha mente. 

 Algo que talvez faça sentido.

 Mas a ideia de estar correta me revolta.

 Entretanto, eu devo fazer isso.

 Finalmente posso colocar em palavras pelo que estou lutando esse tempo todo.

 Não é um desejo de sobreviver. Eu nunca vivi fora deste mundo para sentir vontade de estar fora dele.

 Não são minhas memórias. Elas mais me assustam do que me dão motivação.

 Mas.

 O que me fez seguir em frente.

 O que me fez querer saber quem sou.

 E o que me faz caminhar por todos esses julgamentos.

 É a minha busca pela verdade.

 Um motivo simples, do tipo que ninguém gosta ou sente vontade de acompanhar um personagem principal que o tem.

 Mas o protagonista de vocês também não é lá essas coisas. Nem caminhar pelos julgamentos ele parece querer.

 De qualquer modo. 

 Como sou eu que está tendo o foco narrativo no momento, vocês terão que lidar com o fato de que a janela de vocês para esse mundo é uma casca vazia e obcecada com a verdade, que ainda não sabe lidar com os próprios sentimentos por ter sempre colocado essa lógica objetiva em primeiro lugar desde o pequeno tempo em que se entende por gente.

  — Suzushi, pode repetir o seu próprio relato? — Questionei para o roteirista, que, ao me ouvir, rapidamente obedeceu meu pedido.

 — Eu estava andando pelo lado de fora enquanto esperava vocês, da mesma forma que fiz ontem, mas então, quando eu percebi, já havia caído no sono, sem nem checar como vocês estavam, acordando deitado na areia e sentindo as ondas do mar me molharem quando vi a correria de vocês… O Gabe e a Desiree até falaram que haviam me visto dormir enquanto iam atrás do Daisuke. 

 — Suzushi Kowai. — Encarando o rapaz nos olhos, continuei meu interrogatório. — Em que momento você dormiu? 

 — E-Eu… Eu… Eu não sei… Quando me toquei já estava lá… — O ruivo respondeu. 

 — Então creio que é isso. — Com toda a conclusão formada em minha cabeça, fiz aquele movimento. De forma inesperada, saí do meu próprio pódio, caminhando em direção ao de outra pessoa. — O motivo que conecta o Suzushi estar tão convicto de que não cometeu esse crime e todas as provas que apontam para ele. — E então, mexendo em minhas roupas, retirei aquele item, apertando-o fortemente entre meus dedos, até finalmente erguê-lo na direção daquela pessoa. — Entregue-me. Agora.

 — Uh? Então eu sou seu alvo? — A sortuda mostrou um rosto sério de primeiro momento, mas, enquanto me via apontando aquela arma em direção ao seu rosto, voltou a sorrir.

 — Não ouviu o que eu mandei? — Perguntei.

 — Uh? E o que você quer, Meinu-chan? — A garota forçou os lábios, fazendo biquinho.

 — Isso de novo… — Pude ouvir a voz de Rik, que parecia se aproximar de mim. 

  Parece que eu seria impedida. 

  Mas, se não mostrasse a minha determinação, a sortuda não entregaria o que eu estava exigindo.

 — O Memory Choker. Agora. Contarei de um até cinco. Um, dois, três…

 — Você está estragando a nossa parceria de… 

 Barulho.

 

 Aquele som percorreu toda a sala de julgamento, diminuindo com o tempo, mas machucando as orelhas de todos com o intenso e súbito som.

 — A-Ah…

 — Eu te prometi que, da próxima vez que você não contribuísse, eu atiraria com a arma carregada. Parece que a sua sorte te salvou dessa vez, Rey Yagami, mas será que o mesmo vai ocorrer no próximo tiro? 

 

 Foram as palavras que proferi enquanto sentia a minha mão queimar, enquanto toda situação voltava a fazer sentido para todos.

 Meus olhos estavam firmes em meu objetivo, em alcançar a verdade. Mas, além disso, tendo noção da provável verdade… Meu coração também estava me controlando. Eu havia sido traída e saber disso me fazia sentir mais um novo sentimento.

 Raiva.

 Sim. Rey pensava que já tinha visto meu ódio da última vez que apontei essa arma para ela, mas, na realidade, essa é a primeira vez que sinto isso, que ela me causa essa sensação.

 Algo nojento, que vinha de um lugar que eu nem tinha noção que existia, mas percorria da ponta dos meus pés até meu último fio de cabelo.

 Uma sensação tão intensa que me permitiu não hesitar nem um pouco ao atirar na direção do rosto da garota ao fim da minha própria contagem. Se não fosse por pura sorte, tanto dela quanto minha, aquele teria sido seu fim, mas, com essas forças trabalhando, a garota conseguiu abaixar o próprio rosto no momento em que me viu começar a apertar o gatilho, fazendo com que meu tiro acertasse apenas a base do seu rabo de cavalo, fazendo seus longos cabelos se tornarem parte do chão daquela côrte.

 — Vo-Você… Cumpre mesmo as suas promessas, hahahaha. — Arregalando seus olhos de cor carmesim, Rey Yagami apertou seu braço esquerdo com a mão direita fortemente, quase o arrancando no processo, deixando risadas intensas saírem da própria boca. — Que menina maluquinha você é, Meinu-chan! Não acredito que está me traindo assim!

 — Você que me traiu primeiro! — Exclamei, sentindo alguém tocar em meu ombro. Quando olhei para trás, pude ver que Rik estava ali, me observando.

 — E-Ei… Se acalme! Aaaaaaaa, como o Daisuke faz falta! — Pude ouvir Haru gritar.

 — Tudo bem, tudo bem. Por que não fazemos assim… — A Sortuda girou onde estava, deixando que seus novos cabelos curtos se moldassem quase que perfeitamente ao seu rosto, como um corte profissional. — Eu mostrarei para todos, mas ainda ficará comigo. O que acha?

 — Mas faça isso imediatamente. E explique. Eu garanto que não vou errar o próximo tiro e você sabe muito bem que, dada a situação em que estamos, realmente não ocorrerá nada comigo caso eu te mate aqui e agora. — Respondi.

 — E ninguém pode te impedir, fufufu. O poder já está subindo a sua cabeça? — Movendo uma das mãos em direção aos bolsos, ela logo retirou aquele cilindro de lá, erguendo-o. — Era isso que queria que todos vissem, Meinu-chan?

 Nervosismo e mistério se tornaram o elemento principal da discussão mais uma vez, com esses dois fatores sendo refletidos pelo rosto das figuras que ali estavam.

  — O que… O que é isso, Rey? — Suzushi, por ser o mais afetado pela situação, foi o primeiro a questionar sobre aquilo.

 — Podem chamar de Memory Choker. — Ela respondeu, já com o sorriso preenchendo sua face mais uma vez. — Um item que o Monokuma vem deixando em peças separadas no lugar de cada corpo que encontramos e que me permite fazer o que o próprio nome sugere. — Seus braços se balançaram e, antes que eu me tocasse, eles estavam próximos do meu cor… — Entenderam como funciona? 

 — Quantos minutos me fez perder? — Recuei, rapidamente apontando a arma que carregava para a mão da garota. 

 — Hihi, apenas alguns pequenos minutos. — Dando alguns passos, ela aproximou o rosto do meu. — Satisfeita?

 — Acho que agora eles entendem o meu raciocínio. Agradeço pela cooperação, Rey Yagami. — Apenas retornei ao meu pódio, presenciando o silêncio que o local tomava enquanto guardava a arma do lugar que nunca deveria ter saído. 

 Nesse momento, a minha vontade é bater com uma das mãos várias vezes no local onde estou, chamando atenção para declarar o terrível ato que a sortuda cometeu quando eu finalmente baixei a guarda, quando fui tola o suficiente para considerá-la uma opção. 

 Entretanto, esse não é o meu momento.

 — … Haha… Hahaha… Isso… Sa-Saiu do nada… Mas encaixa tão bem para o que construímos até agora… Então… Então… — Suas pernas bambas o moveram até a sortuda, que apenas sorria enquanto brincava com o item que tinha em mãos. — Rey… Por favor… Me diz… Foi você que matou o Daisuke e está me dando essa culpa? Ou melhor… Não foi nem eu e nem você… Você estava no mundo virtual, correto? Não tinha como… 

 — Hihihi, eu adoraria usar esse argumento também, mas… Meinu-chan, o que você acha do álibi de eu estar no mundo virtual? — Cortando as falas do roteirista, a sortuda me perguntou.

 — Ela não estava, ao menos não de começo. Assim como teorizamos que Daisuke fingiu entrar no mundo virtual ao colocar o capacete, eu suponho que Rey fez o mesmo, afinal, por mais que eu tenha procurado por ela, para nos unirmos, assim que entrei, não pude encontrar. Assumi que ela apenas havia surgido em outro lugar, ou que correu atrás do Daisuke, devido ao desespero da situação, mas, analisando agora, tudo que posso concluir é que Rey Yagami nem sequer estava no mundo até subitamente ser a última a se encontrar conosco. — Respondi.

 — Então… Foi você? — O roteirista de olhos cansados levou suas mãos trêmulas as golas brancas da sortuda de cabelos curtos, apertando-as firmemente.

 — Eu adoraria dizer que sim, pois não teria nada a perder caso tivesse sido eu, mas… Você é o assassino de Daisuke Yotanaka, Suzushi Kowai. — Aquela resposta atingiu a todos. Por mais óbvia que fosse, dada como o caso estava se desenrolando, ainda existia a chance de Rey ter cometido aquele crime e Suzushi estar apenas no lugar errado, tendo suas memórias apagadas para não denunciar o crime da sortuda. 

 — Rey… Você não está mesmo mentindo? Por que e como algo assim ocorreria? — Com uma das mãos em frente a boca, Rik questionou a afirmação da sortuda, incrédulo.

 — É-é! O Suzushi matando o Daisuke? Parece tão sem sentido! Por que o Daisuke ou o Suzushi fariam isso? Não faz sentido um tentar matar o outro! — Haru se segurava no próprio pódio.

 — Fufufufu, quanto a isso… Meinu-chan, já questionou o que te fez se tornar essa pessoa que não sabe de nada, mas ao mesmo tempo não é apenas uma massa de carne que não consegue nem ao menos respirar? — Respondi a resposta da sortuda com um comprometedor silêncio. O fato de eu aceitar que era Meinu acabava por fazer meu cérebro ignorar tais perguntas importantes. — Bom, de forma simples… A tecnologia que molda o Memory Choker tem níveis. Do primeiro, que consiste em apagar pequenos momentos do cérebro das pessoas, como minutos ou segundos, até o mais baixo nível, que te torna justamente o que eu havia dito antes, uma massa de carne que nem ao menos consegue respirar. — Apontando o item em minha direção, a sortuda parecia sorrir ainda mais. — Eu diria que você está a uns dois níveis de distância do último. Perdeu todas as memórias de si, mas ainda sabe cumprir suas funções básicas e tem personalidade própria, consciência. — E então, movendo a mão delicadamente até ficar em frente ao rosto, Rey terminou sua conclusão de forma enigmática, mas que pareceu causar espanto. — Em que nível acha que o Daisuke estava, Meinu-chan?

 — Espera aí, sua sortuda desgraçada. — Masao tomou a frente, mordendo os lábios devido ao choque da própria conclusão. — Então o que o Rik disse, do Bartender estar agindo de uma forma esquisita, foi porque… 

 — E-Ele… — Suzushi soltou Rey e levou as mãos ao próprio peito esquerdo, apertando-o fortemente. — Estava… No… Penúltimo nível? Com o que você disse… Eu só consigo pensar em alguém… Que sabia cumprir funções básicas, mas não tinha mais… Personalidade própria…

 — Bingo! Eu acabei descobrindo esse penúltimo nível ao testar o Memory Choker no Daisuke. E pensar que existia uma linha tênue entre ser alguém como a Meinu e ser um completo nada… Uma divisão onde um escravo sem personalidade, mas que podia cumprir com o que a primeira voz que ele ouvisse e assumisse como consciência ordenasse, existia… Como eu sou sortuda de ser a primeira a descobrir algo tão poderoso assim, não é? Infelizmente, minha sorte acabou antes que meu plano pudesse se concretizar, afinal, quando finalmente ordenei que Daisuke fizesse o que eu mais queria, Suzushi surgiu de repente, pulando para cima das facadas do loirinho com a primeira coisa que conseguiu pegar. — E, para finalizar e provar de vez que tudo aquilo era verdade, a garota mexeu em um de seus bolsos, retirando uma espécie de cartucho de videogame, repleto de marcas de facadas. — Parece que o Rik acertou até em suas teorias mais absurdas, bravo!

 Com o fim da conclusão que havíamos tido, o palco do julgamento mais uma vez foi silenciado. Se Rey estava falando a verdade, antes mesmo de todo esse caso ocorrer, Daisuke já havia perdido tudo que tornava ele alguém. Um boneco que teve toda a vida, todos os momentos que teve não só conosco, mas com sua família, trabalho, amigos, tudo que havia o moldado a ser quem era arrancados, restando apenas um escravo que a sortuda tinha nas mãos.

 Ela não cometeu um assassinato propriamente dito, mas o que ela havia feito poderia ser julgado como mais leve que os crimes que estamos tendo que lidar até agora?

 A completa existência daquele que conviveu conosco durante todo esse tempo, nos acalmando, sendo a voz da razão e ajudando a união até das figuras mais conturbadas, como o Naoya, foi completamente esvaída por puro desejo dela de testar o que era capaz de fazer.

 Minha indiferença quanto esse mundo que me cerca está cada vez mais sumindo. Talvez fosse isso que o meu eu queria quando saiu do último julgamento, entretanto, devo admitir que… Sentir tal raiva não é nem um pouco agradável.

 — A… — Queda. O corpo do ruivo que utilizava um terno apenas se afundou ao chão rapidamente, com seus joelhos batendo furiosamente no chão daquela corte. Apertando seus cabelos com uma força furiosa, quase como se quisesse arrancá-los com as próprias mãos, o que se seguiu foi… — AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA! — Um intenso e demorado grito, vindo dos confins da própria alma arrependida de um ato que ele nem ao menos lembrava de ter cometido, mas que agora pesava furiosamente em suas costas. O grito de alguém que nada era capaz de fazer. Se enfurecer, atacar a sortuda, seria tudo inútil. Ódio não traria a vida que ele retirou de volta, nada traria. Essa é a morte que estamos enfrentando por todo esse tempo, que já fez tantos inimigos e que marcou tantos dos vivos. — Rey… Por que? Você queria… Sobreviver… O jogo já começou, você não precisa mais fazer pessoas matarem… Então por que… Por que… Por que… Você teve que fazer isso? Por que… Não me deixou ser o assassino julgado por esse caso?

 — Exatamente por isso, meu querido Suzushi! Você é uma pessoa que não vê valor na própria vida. Se eu tivesse deixado sua memória viva, tenho certeza de que você teria contado para todos o que fez logo de primeira, os impedindo de ter esse julgamento de classe onde podem perder a vida. — A sortuda o respondeu.

 — Mas você… Mas você… — Tomando forças para se erguer, o rapaz apoiava as mãos nos joelhos, olhando para a face da mulher de cabelos curtos enquanto lágrimas afundavam em seu rosto. — VOCÊ NÃO QUER MORRER, REY! NINGUÉM QUER! ENTÃO POR QUE AGORA ESTÁ DIZENDO ESSAS COISAS? QUE QUER QUE TODOS NÓS MORRAMOS? 

 — Fufufu, não sei de onde tirou que não quero morrer, Suzushi-kun. — Erguendo ambos os braços aos céus, a sortuda deixou uma alta gargalhada escapar. — Eu pouco me importo sobre morrer ou estar viva, tudo que eu quero é jogar esse jogo ao extremo! Vocês se enganaram ao aceitarem ficar na palma da minha mão depois das minhas ações e apenas começaram a ignorar quem eu sou! Se eu fingi ser útil e aliada de vocês no começo, por que eu não fingiria de novo? HAHAHAHAHAHAHA, ESSA É QUEM EU REALMENTE SOU. OBSERVEM! EU SOU A INIMIGA DE VOCÊS, A INIMIGA DAS SUAS VIDAS, QUE QUER APENAS QUE ESSE JOGO SEJA JOGADO AO EXTREMO, POUCO ME IMPORTANDO COM AS CONSEQUÊNCIAS! O CASO DA NAOMI SERIA FÁCIL, POR ISSO EU O TORNEI DIFÍCIL! O SEU CASO SERIA FÁCIL, SUZUSHI, POR ISSO EU NÃO TE FIZ SER O ASSASSINO PRINCIPAL E O TORNEI DIFÍCIL! EU, REY YAGAMI, SOU A TRICKSTER DESSE JOGO DE MATANÇA, É MEU PAPEL CRIAR TAMANHA CONFUSÃO! 

 — É o suficiente! — Rapidamente movi meus dedos, apertando a pistola novamente com a mão, até apontá-la para Rey de onde eu estava. 

 — Hohoho, eu não faria isso se fosse você! Esqueceu que ainda temos mais um assassino para encontrarmos? Acha mesmo que nossos casos não têm relação, tolinha? Eu sou uma figura importante nesse jogo atual. Se me matar agora, as suas chances de achar o culpado serão drasticamente reduzidas, então não recomendo que me mate agora, mas não veria problemas se me matasse depois que esse class trial chegasse ao f... 

 — Descobriremos sem a sua ajuda, confio em nossas habilidades. Adeus. — Rompi as palavras da garota, já levando o meu indicador a apertar o gatilho. Minha arma estava apontada sobre o seu peito e eu não estava hesitando. Aquelas emoções que eu antes nunca tive estavam me guiando para um caminho ao qual eu não sabia qual seria o resultado.

 — Espere, Meinu! — Contudo, antes que eu pudesse continuar, alguém ficou em meu caminho, de braços abertos, se fazendo de escudo. Aquele era Rik Yamada, que me encarava com um pequeno sorriso enquanto sua respiração era ofegante. — Talvez eu esteja sendo apenas uma ferramenta da sorte daquela garota, mas… Não faça isso agora. Esse momento de desespero fez com que ela entrasse em desavença com as próprias palavras, como todo bom bandido acaba fazendo quando está sob pressão, então, por gentileza, nos deixe interrogá-la um pouco mais. 

Aquela não era a minha vontade no momento, pois eu realmente gostaria de fazer o que tudo em meu corpo estava ordenando, entretanto, eu não vi outra escolha além de aceitar. 

 Rik não me traiu, então não existem motivos para que eu o traia.

 Com essa linha de pensamento dentro do meu cérebro, guardei a minha arma, ficando em silêncio.

 — Bom, eu irei tentar ajudar o Suzushi a se recompor até o fim do trial. Ele é o nosso amigo que caminhará conosco até a verdade, afinal. — Virando-se, Rik pareceu olhar para Desiree por alguns segundos. — Deixo o começo com você, Desiree. 

 E, ouvindo as palavras do detetive e as recebendo como se fizessem todo o sentido do mundo, a discussão principal retornou ao mesmo tempo que a violinista deixou seus lábios se mexerem. 

 — Yagami. — Ela levou o indicador direito a direção da sortuda. — Sua atitude enquanto pedia para sua vida ser poupada não equivale ao que antes havia dito, afinal, não parece coeso ouvir que as chances de achar o culpado pela morte do Naoya serão drasticamente reduzidas caso sua pessoa morra quando todo o seu raciocínio anterior havia levado para um resultado óbvio de que eu era a pessoa que cometeu esse crime. Então nos diga, Yagami, qual das suas duas afirmações se trata de uma mentira, afinal, uma não pode existir no mundo em que a outra é verdadeira. 

 — … — Rey apertou o braço direito fortemente enquanto virava o seu rosto para a violinista. — Hahaha… Hahaha… Vocês estão me desafiando demais… Por acaso perderam a noção? Esqueceram que sou eu que tenho as rédeas desse jogo e não vocês? — Seu sorriso se aumentava enquanto ela soltava o próprio braço, erguendo uma das mãos e começando a admirar as costas da mesma. — Qual das minhas afirmações é verdade e qual é mentira? Hihihi… Talvez exista um outro assassino, talvez seja a Desiree e estejamos trabalhando juntos, ou eu tenha até mesmo… Usado o Memory Choker nela… O que é a verdade, o que é a mentira?

 — Hmpf, não adianta, sortuda. Suas tentativas de nos enganar não tem mais lógica. — Dessa vez Masao decidiu falar. — Antes você havia dito que pouco se importava em morrer, mas agora a pouco falou até o que não deveria por saber que a sem talento não hesitaria em te matar. Você até podia ter as rédeas desse jogo em suas mãos antes, mas, por algum motivo, a sem talento foi capaz de puxá-las de você, te fazendo entrar em desespero e abrir demais o bico. 

 — Hihihi, você está se emocionando demais, Masaozinho? Esqueceu quem eu sou? Eu sou a Ultimate Sortuda! A sorte está em minhas mãos e, graças a isso, o mundo inteiro está também. Não importa o que eu faça, o resultado sempre irá ser o que quero, pois minha sorte trabalhará para isso. O mundo é meu e todos aqui sabem das minhas capacidades. Medo de morrer? Eu? Não viram o óbvio? No segundo em que minha vida foi ameaçada, Rik se jogou em frente a minha morte, me protegendo. Não importa a situação, tudo só vai ocorrer se eu quiser que ocorra! — Foi a resposta que a sortuda deu.

 — Rey… — E, para nossa surpresa, mais alguém havia se unido à derrota da sortuda, com esse alguém sendo o abalado roteirista, que agora estava sendo mantido no próprio pódio com a ajuda do Rik. — Me desculpe, mas… Isso já foi longe demais… Muito obrigado por ter poupado a minha vida, por não ter me feito de escravo também, mas… É justamente por você não ter feito isso, não ter seguido com o seu plano, que… Eu acho que entendi o que aconteceu… Me perdoa, mas… Eu só vou perguntar sobre isso porque realmente acho que… Estamos vendo tudo de uma forma errada… Você encontrou o outro sortudo, Rey?

 — Outro… Sortudo? — Gabriel questionou, parecendo estar confuso e nervoso.

 — Fufufufu, eu não faço ideia do que você está falando. Eu só não te tornei o meu escravo porque te ver sofrendo ao descobrir o que fez seri…

 — Não, não foi isso… — Rompendo a resposta da sortuda, o roteirista continuou, segurando as lágrimas que saíam do próprio rosto. — Você estava em desespero, Rey, e ainda está… Você percebeu que tudo que pensava era verdade, que não era possível derrotar o outro sortudo mesmo sendo você, pois… Ele tem mais sorte que você, ele acertou todas as questões… E esse é o motivo de você não ter tentado mais uma vez… Pois, mesmo tendo o cenário perfeito nas mãos para matar esse outro sortudo e ainda não morrer… Eu apareci, por sorte, e, por mais sorte ainda, fui capaz de fazer coisas impossíveis e matar o Daisuke, sua arma do crime… Eu e o Daisuke… Fomos apenas duas ferramentas nesse duelo de sorte… E, infelizmente… Eu servi para comprovar com toda a certeza que você não podia fazer nada contra essa pessoa… O que você disse antes, que ordenou que Daisuke fizesse o que você mais queria… Isso era justamente… Matar o outro sortudo, não é?

 Rey ficou no mais puro silêncio mediante as falas do roteirista, com um rosto sério, sem mais nenhum sorriso. Parece que, por mais destroçado que estivesse, ele havia conseguido concluir perfeitamente o objetivo dela, de alguma forma.

 — E, com todas essas cartas sob a mesa, eu creio que está na hora de trazermos uma pista importante que descobrimos sobre o mundo virtual: Os avatares. — Segurando Suzushi firmemente, Rik continuou de onde ele havia parado. — Rey, no momento de desespero para não morrer, deixou explícito que os casos tinham uma certa relação, que ela e o outro assassino estavam trabalhando juntos. Partindo desse raciocínio e levando em conta como os avatares foram trocados na segunda vez que entramos, se Desiree realmente não é a assassina, podemos assumir que aquele que matou Naoya não sabia que era ele que estava no avatar que utilizava, afinal, se ele soubesse que os avatares eram trocados a cada nova vez que entramos no mundo, ele não teria utilizado a máscara e a capa, ou melhor, seria bem mais vantajoso não utilizar, já que ele poderia acusar outra pessoa e fazer um caso completamente diferente. Dito isso, o assassino provavelmente pensava estar matando outra pessoa ao cometer o crime que cometeu, e essa pessoa era…

 — Ah, eu sei, eu sei! Depois da gente se reunir graças a Desiree, eu consegui ver quem tava com quem. O avatar que antes estava com a Rey agora estava com o Masao, o que estava com o Rik agora estava com a Desiree, o que estava antes com o Daisuke estava com o Rik, o que estava antes com o Gabe estava com a Rey, o que estava antes comigo estava com a Meinu, o que estava antes com o Naoya agora estava comigo e o que estava antes com a Desiree agora estava com o Gabe. Só ficamos sem ver dois avatares que tínhamos visto antes: O da garota de cabelos loiros, presos por maria-chiquinhas, que a Meinu usou antes, e o da garota de cabelos negros, também presos por maria-chiquinhas, que antes estava com o Masaozinho. — Haru colocou as mãos na cabeça ao terminar de falar. — Ai… Pensar tanto até dói, mas acho que falei tudo certo. E aí, Desiree, com qual desses dois avatares o Naoya estava?

 — Obrigada, Baldirck. — Desiree agradeceu o esforço da degustadora, começando a virar os olhos para quem ela estava prestes a declarar. — O avatar que Naoya estava utilizando antes pertencia a você,

 

XNaomi AokiX

XSaki KotonohaX

XNaoya MochizukiX

Rey Yagami

XSarah UchihaX

Gabriel Parker

XKeehana NitouX

Rik Yamada

Meinu Saiko

XShiro TakeshiX

Haru Baldrick

Masao Shimizu

XHanako KojoX

XDaisuke YotanakaX

Desiree Akamura

Suzushi Kowai

 

 

 

 





















 

 

 

 

 

XNaomi AokiX

XSaki KotonohaX

XNaoya MochizukiX

Rey Yagami

XSarah UchihaX

Gabriel Parker

XKeehana NitouX

Rik Yamada

>Meinu Saiko<

XShiro TakeshiX

Haru Baldrick

Masao Shimizu

XHanako KojoX

XDaisuke YotanakaX

Desiree Akamura

Suzushi Kowai

 

 

 

 — Meinu Saiko. Parece que… Naoya morreu porque o assassino almejava matá-la. — Tendo seu indicador apontado em minha direção, a violinista me encarava, não com um olhar furioso, mas melancólico.

 Então era de fato isso.

 — Eu não entendi tudo, mas parabéns por descobrirem, amigos e papais! — Ao fim da declaração, Mononiji pareceu comemorar o trabalho em equipe feito.

 — E então, Rey? Não vai segurar mais as rédeas desse julgamento e nos orientar para sairmos dessa decisão tola que chegamos? — Rik provocou, sorrindo, mas a sortuda não respondeu.

 — Estão corretos. — Decidi declarar. — Não entendo as implicações disso, pois o próprio Monokuma disse que eu não tinha talento algum, entretanto, a própria Rey também me mostrou que eu sou o que o Suzushi Kowai havia dito. Eu, Meinu Saiko, também sou uma Ultimate sortuda, cujo a sorte é até mesmo maior que a dela. Mas… Rey Yagami havia dito que queria ser a minha aliada, então eu admito que… Não posso compreender os motivos dela ter feito o que fez.

 — Eu te traí porque sou a trickster, já disse. — E, surgindo após tanto tempo sem voz, Rey abriu seus olhos de cor carmesim, encarando-me enquanto deixava um sorriso quase rasgar seu rosto, apertando um dos braços, se colocando contra mim,

 Aquela provavelmente era a última investida da sortuda contra nós.

>Panic Talk Action<

>Rey Yagami<

 — Por que toda essa recusa para aceitar? — Ela começou a dialogar.

 — Porquemostramos como você não quer apenas isso. — Respondi.

 — Não quero? Mas estou atrapalhando vocês sem motivo algum além do caos. Acho que está me superestimando. — Ela sorriu.

 — Não, não estou. Suas ações sempre tem algo por trás, não são para o mais puro caos. Podem ser confusas, mas tem um objetivo, e alcançamos o seu objetivo dessa vez, que era tentar me matar. — Continuei.

 — Hahaha, fufufufu, fofofofo. Se já sabe o que eu queria fazer, o que mais quer saber? Eu apenas queria te eliminar desde o início e ganhar esse jogo sem nenhum empecilho. — Suas gargalhadas ficaram mais altas.

 — Se seu objetivo era mesmo esse, por que mais cedo se ofereceu para que eu te matasse depois desse julgamento acabar? Você realmente não parece querer morrer, mas, se for para isso ocorrer, você quer ao menos me levar junto. Por quê? — Questionei, deixando meus óculos no lugar.

 — Fufufufufu, fafafafa, talvez eu apenas queira que você morra também, Meinu-chan. Já pensou na hipótese de que eu apenas não posso aceitar que eu tenha meu papel totalmente tomado por você e prefira te levar junto? Hahaha, no fim eu apenas posso ser egoísta. — Aquela foi a resposta dela.

 — Não. Se fosse apenas isso, você nem sequer teria sido aquela que me contou sobre essa sorte que tenho. Se tivesse mantido em segredo, provavelmente conseguiria me manipular, mas você colocou essa carta em jogo pois realmente queria que eu confiasse em você, que fossemos aliadas. Seu objetivo antes não era me matar ou morrer comigo, mas sim sobreviver com a nossa união. Você estava fazendo tudo por isso, mas algo te fez jogar todo esse seu plano para o ar.

 — Pafu, pafu, pafu, pafu, fufufufu, hahaha, hihihi. E o que me faria mudar de ideia? Se eu estivesse mesmo arriscando tudo para te ter ao meu lado, por que eu jogaria o que conquistei fora?

                                                 Do

Monokuma                                                         O

                                          Motivo

 

— A razão para você ter mudado é o motivo do Monokuma, Rey Yagami.

 

!Final Blow!

 

 Pude sentir todo o cenário se montar em minha cabeça, finalmente trilhando-me para colocar um fim de vez em todos os mistérios do caso que por já debatemos por tanto tempo.

 A sortuda, ao ouvir o que disse, parou com suas gargalhadas, mordendo o lábio inferior enquanto segurava o próprio braço em fúria, arregalando os olhos em minha direção.

 — Pensamos não ter encontrado o motivo, mas agora, vendo tudo que montamos, apenas posso concluir que Rey e o outro assassino provavelmente se deram de encontro com esse ele, e, por alguma razão, o que estava nisso que encontraram foi o bastante para Rey abandonar a nossa parceria e arriscar tudo junto com ele para me matar. Eu não sei o que o motivo mostrou a eles, mas realmente foi algo que fez a ideia de me matar ser algo urgente ao ponto de ambos tentarem isso até o fim e… Falharem. — Suspirei, refletindo sobre a situação em que agora estava.

 Então isso é ter sorte? Deixar que todo o infortúnio que você teria de enfrentar caia sobre outros inocentes? 

 — Parece que… Fui pega. — E, após tanto tempo de convivência, algo diferente ocorreu. Com os olhos abertos, Rey sorriu para nós, mas, diferente de todos os outros sorrisos, esse parecia calmo, terno, algo que eu julgaria como real. — Não tem problema que eu confirme que eles acertaram agora que eles descobriram tudo, não é, Monokuma?

 — Upupupu, contanto que não conte mais do que deve. — O urso respondeu.

 — Monokuma, é? — Rik tomou a frente. — Acho que isso explica toda a conversa de Trickster e essa recusa de nos contar a verdade. Monokuma provavelmente os ameaçou a não contar, de alguma forma. — Gesticulando, o rapaz seguia com a sua conclusão. — Rey e o assassino sabem de algo a mais, algo que os fez tentar eliminar Meinu a todo custo, mas Monokuma não os permitiu contar para nós. Acredito que, caso eles digam, provavelmente morrerão ou todos nós teremos as memórias do momento apagadas. Estou correto, Rey?

 — Suas conclusões são precisas dessa vez, detetive. Não é como se eu quisesse morrer, longe disso. Quando Daisuke nos encontrou discutindo e eu utilizei o Memory Choker nele, vi a oportunidade de poder cumprir com o que queríamos e ainda nos salvar. Já era tarde demais para o bartender mesmo, então por que não utilizá-lo para isso? Entretanto, mesmo que saibam o motivo, isso não torna o que fiz melhor. Eu realmente sou o trickster desse jogo, que os atrapalhou por motivos secretos, que podem ser bons ou não, e, como a trickster que sou, farei a única coisa que posso no momento para abalar as estruturas desse jogo. — Juntando as palmas das mãos, a sortuda fechou os olhos, como se estivesse… Implorando. — Por favor, vamos acabar com isso. Não continuem e descubram o assassino! Eu realmente não quero morrer e estive esse tempo todo moldando um caminho para jogar seguro até o momento em que me tornaria a última sobrevivente, mas, dada a situação atual, a única esperança é caso todos nós morramos agora. Sei que é um sacrifício muito grande, mas… Vocês estão vendo com os próprios olhos. Olhem tudo que fizemos, eu e o assassino. Depois de tanto esforço, de colocarmos a Meinu em uma situação tão vulnerável do meu lado e com tantos recursos do lado dele, não conseguimos nem sequer tocar nela. Meinu não vai conseguir ser assassinada, sua sorte não permitirá, então, por favor, vamos morrer com ela. Essa pode ser a nossa única chance!

 Morrer

 Comigo?

 Rey Yagami, a sortuda que tinha tanta confiança e atitude. Está implorando para morrer conosco?

 Apenas para que eu morra também?

 — Eu me recuso. Não sei o que você ouviu, Rey Yagami, mas não permitirei que o assassino do Naoya… Do meu amigo… Saia impune. — Desiree acabou sendo a primeira a recusar o pedido.

 — Se vocês duas estão certas, o Monokuma já mentiu sobre a Meinu antes quando disse que ela não tinha talento. O que garante que o que vocês encontraram também não é uma mentira? — Rik também levantou a voz, com um sorriso no rosto. — Me desculpe, mas preciso ficar vivo para descobrir todas as mentiras que assolam esse mistério.

 — Hmpf, é um fardo amargo, mas eu seria mal agradecido caso aceitasse morrer depois do que a Saki fez.

 — A Keehana mandou eu ser forte, então não posso fraquejar e aceitar morrer agora. Vem, Rey, ser forte com a gente! Não aceita isso como única opção! Se o Monokuma mostrou algo ruim da Meinu para vocês, vamos trabalhar para ajudar a Meinu a superar essa coisa ruim, a não ser como o Monokuma mostrou! — Haru exclamou.

 — Parece que não está adiantando nada no fim. Acho que fui muito bobinha em acreditar que podia passar pela sorte dela apenas implorando… E vocês? De que lado vão ficar? — A sortuda sorriu de forma melancólica, olhando na direção de Suzushi e Gabriel, que ainda não haviam respondido.

 — Upupupu, parece que a discussão está tomando um rumo bem divertido, mas acho que devo parabenizar a Rey por ser uma trapaceira tão poderosa, afinal… Ela conseguiu enrolar vocês até agora, faltando poucos minutos para a hora da votação! — E, antes que os dois rapazes pudessem responder, Monokuma anunciou em voz alta como nosso tempo havia passado tão rápido. Depois de tantos confrontos, sem nem ao menos sabermos quem é o assassino que acusaremos, chegamos próximos do fim.

 — A-Aaaah… O que vamos fazer? — Gabriel questionou, parecendo desesperado.

 Então esse é o nosso fim?

 — Pessoal, não temos muito tempo, então peço que sejam rápidos e respondam a minha pergunta. — E, aproveitando-se do pouco momento que faltava, Rik tomou a liderança. — Os lugares onde cada um de vocês acordaram quando entraram no mundo virtual hoje, por favor. Seu detetive acordou na biblioteca do primeiro andar, a propósito.

 Uma pequena expressão de confusão surgiu no rosto de alguns, mas, devido ao momento em que a pressão parecia tão grande, todos apenas decidiram abrir a boca de uma vez.

 — Eu acordei na sala de aula do primeiro andar! — Haru exclamou rapidamente.

 — Hmpf, em frente a piscina. — Masao respondeu.

 — Naoya acordou no jardim e eu acordei no dojo. — Desiree disse enquanto parecia tentar decifrar o que Rik queria.

 — Acordei em uma sala com incinerador. — Respondi.

 — Eu acordei em uma sala de aula do térreo, por quê? — Gabriel questionou, restando apenas uma única pessoa dar a resposta.

 — Então é isso, Rik? Pensei que você fosse pensar diferente, mas parece que você está mesmo determinado a fazer com que esse jogo siga em frente. De qualquer forma, mesmo que eu não diga a verdade, acredito que você já alcançou o que queria… Eu acordei no ginásio do térreo, sentada em uma das arquibancadas. Satisfeito? — Rey foi a última a responder.

 — Infelizmente não, afinal, o resultado óbvio para a minha dedução realmente me deixa triste. — O detetive colocou uma das mãos atrás da cabeça, deixando que um longo suspiro fosse dado por seu corpo. — Eu acho que descobri o provável último segredo do mundo virtual que vamos precisar para que esse julgamento tenha fim. E esse segredo está nas… 

 

Monokuma File #4

Horário

Relato do Rik

Faca encontrada

Camisa do Daisuke

Roupas do Suzushi

Relato do Suzushi

Segredos do New World Program #1

Segredos do New World Program #2

Cartucho

Regra do New World Program

Relato da Desiree

Vestimenta

Portas

Parafusos

Bombas

Estado do corpo virtual

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
















 

 

 

 

 

Monokuma File #4

Horário

Relato do Rik

Faca encontrada

Camisa do Daisuke

Roupas do Suzushi

Relato do Suzushi

Segredos do New World Program #1

Segredos do New World Program #2

Cartucho

Regra do New World Program

Relato da Desiree

Vestimenta

>Portas<

Parafusos

Bombas

Estado do corpo virtual

 

 

— O motivo da Desiree ter sido a única pessoa a estar nos últimos andares e ainda assim afirmar que viu outra figura é porque ela realmente viu alguém, alguém esse que não deslogou, mas conseguiu escapar daquele andar ainda assim. Como ele fez isso? Utilizando da nossa noção do mundo real para nos fazer ignorar um detalhe crucial: As duas portas que existiam no mundo e estavam trancadas, uma no térreo e uma no último andar. Aquelas portas não guardavam um simples segredo, como o local onde o assassino achou os itens que usou, mas algo bem maior… Elas eram portas que se conectavam. O último andar era ligado ao primeiro, como a cobra da mitologia nórdica que come o seu próprio rabo, se eu puder usar de um exemplo. Sei que a minha suposição parece ter sido tirada do nada, mas, se pensarem bem, a todo esse momento estávamos seguindo as leis daquele mundo como se fossem as reais, ignorando como estávamos em praticamente um jogo, que, quando chega ao fim, te faz retornar ao início para tentar tudo mais uma vez. Entretanto, se ainda acham que minha suposição não tem argumentos sólidos e se trata de puro achismo, eu farei isso. — Colocando uma das mãos em frente ao olho tapado, Rik rugiu em determinação. — EU VOU TE REVELAR AGORA, ASSASSINO! — E então, batendo no pódio do meu companheiro de leituras, Rik continuou. — Eu não esqueci os lugares em que aparecemos da primeira vez. Na verdade… Depois de ficar sabendo o lugar em que a Meinu acordou e comparar com o meu, fiquei bem pensativo sobre essa questão, e acho que, depois de tudo que descobrimos, essa é realmente a melhor oportunidade para levantar toda essa linha de raciocínio. Comparando com os lugares que foram falados agora, algo fica claro: Aparentemente, todos surgiram no mesmo lugar na segunda vez que entraram no mundo virtual, exceto uma pessoa. 

 

XNaomi AokiX

XSaki KotonohaX

XNaoya MochizukiX

Rey Yagami

XSarah UchihaX

Gabriel Parker

XKeehana NitouX

Rik Yamada

Meinu Saiko

XShiro TakeshiX

Haru Baldrick

Masao Shimizu

XHanako KojoX

XDaisuke YotanakaX

Desiree Akamura

Suzushi Kowai

 

 

 

 

 










































 

 

 

 





















 

 

 

— Me perdoe por essa acusação, mas pode me explicar o motivo de não ter acordado na sala do diretor novamente,

 

 

 

 

 

XNaomi AokiX

XSaki KotonohaX

XNaoya MochizukiX

Rey Yagami

XSarah UchihaX

>Gabriel Parker<

XKeehana NitouX

Rik Yamada

Meinu Saiko

XShiro TakeshiX

Haru Baldrick

Masao Shimizu

XHanako KojoX

XDaisuke YotanakaX

Desiree Akamura

Suzushi Kowai

 

 

— Gabe?

 Com a mão erguida para o inventor, o detetive o encarava firmemente, esperando a resposta do mesmo, que pareceu se arrepiar ao ser acusado.

 — A-Ah… E-Eu não sei… Deve ter sido um bug do mundo virtual! — Foram as palavras que Gabriel conseguiu soltar.

 — Um bug? Um bug que fez você, que antes havia acordado na sala do diretor, que ficava no andar mais próximo de onde Desiree e Naoya acordaram, sozinho, de repente acordar em uma sala de aula do térreo e surgir apenas um pouco antes da própria Rey, que também demorou por estar ocupada cometendo um crime? Um bug que fez o Ultimate Inventor estar sumido no momento em que alguém inventou um mecanismo que funcionava de uma forma tão miraculosa? Um bug que também te fez demorar para se encontrar conosco desde a primeira vez que entramos no mundo virtual com a desculpa de estar preso na sala do diretor? É isso, Gabe? É essa a mentira que você vai dizer pra mim, a pessoa que mais te conhece aqui?! 

 — A-Ah… R-Rik… Isso que você disse… De como o mundo funciona… — O inventor parecia suar no próprio pódio. — É só uma suposição… Não tem como confirmar que é verdade… Talvez a Desiree tenha mesm…

— Não ouviu o que concluímos, Gabe? O Naoya só está morto porque o assassino não sabia que aquele era o Naoya. Ele pensava ser a Meinu, por isso se fantasiou. Sua própria parceira de crime já nos fez quebrar tudo que levava a Desiree, nos fazendo ir até outro assassino, até você! Mas não temos mais tempo para as suas negações. Se estou errado em minhas acusações, morrerei pedindo desculpas a você, querido amigo, mas, se eu estiver certo… Quero ouvir da sua boca o porquê de ter preferido pedir ajuda a Rey e não a mim. Vamos, Meinu. Está na hora de resumirmos o que descobrimos.

 Determinação. Aquilo era o que o detetive emanava. Ainda que encarando aquele que o mesmo provavelmente tinha o maior laço entre todos, Rik não parecia hesitar ou demonstrar algum receio em acusar aquele com quem mais se importava, não queria de forma alguma parecer hipócrita depois de matar tantos outros criminosos conosco. Ele continuaria, como sempre fez, aumentando a pilha de cadáveres na qual se senta.

 E, seguindo os pedidos dele e sem mais tempo para discutir, decidi fazer a minha parte.

 Closing argument

Meinu:


Ato 1: Tudo começou na noite anterior ao crime, em que Daisuke, uma das vítimas, acabou por flagrar a conversa do segundo assassino e seu companheiro. Desesperados por ter o seus planos expostos, o segundo assassino permitiu que seu parceiro usasse algo que carregava consigo para conter a vítima: o Memory Chocker, um dispositivo montado com as peças que o Monokuma estrategicamente deixou no local onde todas as vítimas anteriores estavam, cuja a função era apagar as memórias daquele que fosse atingido, indo a um nível onde até mesmo a própria vontade da vítima foi subjugada, tornando-a escrava das duas mentes por trás desse caso, que, como primeira ordem, lhe foi dado o objetivo de ir até a cozinha, para pegar uma faca e guardar consigo, para levar até as mentes por trás do caso depois, como se as mesmas estivessem a testando, porém, justamente graças a isso foi concluído o momento em que ela já estava sob controle mental, já que a vítima demonstrou um comportamento contraditório a sua personalidade para aquele que estava na cozinha no momento, Rik Yamada. Após isso, eles apenas ordenaram que ela fosse até o aparelho de entrada ao mundo virtual, na sala de jogos, onde fingiu já estar conectada, para que, quando chegássemos, tivéssemos a conclusão de que o escravo apenas havia adentrado no mundo primeiro que nós, já que não poderíamos mexer em seu corpo para confirmar se ele já estava lá ou não, devido às regras de uso do dispositivo.


Ato 2: Ao entrarmos no mundo virtual, pensamos que todos também haviam entrado ao mesmo tempo, mas, com a revelação de que sempre aparecemos no mesmo lugar quando entramos no mundo, fica mais que confirmado que, além da vítima e o primeiro assassino, a cúmplice desse caso também estava fora do mundo, e tentou usar o seu agora escravo para, munindo a faca que antes havia pego, me matar, mas, antes de poder fazer isso, o primeiro assassino, que havia decidido por não entrar no mundo virtual conosco, acabou, por sorte ou azar, aparecendo no local também, presenciando tudo que estava para acontecer, entrando em uma tentativa de impedir que aquele crime ocorresse. Diante de tal situação inesperada, a cúmplice desse caso não viu escolha exceto fazer com que seu agora escravo confrontar o assassino, fazendo os dois iniciarem uma luta, na qual, para se defender das facadas, o assassino usou a primeira coisa que conseguiu pegar, sendo um dos cartuchos dos vídeo-games que existiam próximos a porta de entrada, porém, mais uma vez o inesperado ocorreu: O vencedor da luta foi o assassino, que, tomando a faca do outro, o fez como vítima. Com a situação inesperada e sabendo que seu plano já havia ido por água a baixo, a cúmplice não viu opção além de apagar as memórias do agora assassino, usando o Memory Chocker mais uma vez, mas, por algum motivo, ela não o tornou seu escravo e o usou para cumprir o seu objetivo primário, assim como havia feito com o agora morto, decidindo então apenas apagar as lembranças do momento em que o crime foi cometido, o desmaiando e o deixando deitado sobre a areia, próximo o suficiente para as ondas do mar o molharem, limpando o sangue que existia em sua roupa ao fazer isso.


Ato 3: Após tal ato, ela decidiu por tirar uma das camisas da vítima, usando-a para estancar o sangramento e não fazer um rastro de sangue, levando o corpo até o ambiente da piscina que existia na nova área, mais especificamente para uma das cabines com chuveiro, onde iria forjar uma cena de crime para nos atrasar, mas, além disso, iria esconder o corpo, com a intenção de que seu parceiro matasse a vítima que almejasse matar, mas que também fosse a pessoa a morrer por isso, pois a vítima dele seria a primeira encontrada, permitindo assim que o segundo assassino saísse impune de seus crimes. Sentando o morto no banheiro, com as costas encostada em uma das paredes, ela cravou a faca no local próximo de onde ele previamente tinha sido atingido pelo assassino, mas não exatamente no mesmo local e nem com a mesma profundidade, o que nos permitiu determinar que a vítima havia recebido um golpe fatal antes daquele. Em seguida, ela jogou a camisa da vítima na piscina, fazendo com que o sangue fosse diluído na grande quantidade de água, o tornando quase imperceptível. Ao voltar, a cúmplice guardou o cartucho que foi usado como escudo pelo assassino consigo, substituindo-o no vídeo-game pelo cartucho de outro jogo, finalmente entrando no mundo virtual e vindo de encontro a nós, que estávamos passando por uma situação complicada.


Rik:


Ato 4: Enquanto isso ocorria, no mundo virtual, a segunda vítima, que estava andando até o nosso ponto de encontro junto de Desiree, foi surpreendida pelo segundo assassino, que, usando uma faca que carregava consigo, a fez de refém. Por estar vestido com uma máscara e capa, seu avatar foi ocultado, mas isso também acabou indicando que ele não sabia sobre outro dos segredos do mundo, que era o fato de que os avatares trocavam a cada vez que entrávamos nele, além de revelar que ele estava procurando matar a pessoa que antes usava o avatar que a vítima usava agora, sendo ela a Meinu. Diante da situação onde a vida de Naoya estava nas mãos do assassino e Desiree não podia reagir sem arriscar ferir o sociólogo, Naoya pediu para ela procurar pelos outros e explicar o que estava acontecendo, para, em um processo de eliminação, descobrir quem estava por trás da máscara, e, seguindo tais ordens, ela deixou o local, porém, logo após ficar a sós com a vítima, o assassino deu seu golpe fatal: Uma facada na barriga. Subindo ao quarto andar em seguida e a levando até o jardim, 



Ato 5: Já no novo local, ele fez a sua maior jogada: Usando as bombas que suponho que achou na sala secreta do térreo e último andar, ele construiu um mecanismo, que funcionava usando o fato de que, apesar das bombas estarem espalhadas em algumas partes do corpo da vítima, todos os pinos que as detonavam estavam presos por várias linhas esticadas que se entrelaçavam, formando apenas uma, a qual estava amarrada em um pequeno parafuso que existia na parte interna da máscara. Logo após sua armadilha estar pronta, ele se aproveitou do principal segredo do mundo virtual: O uso das portas que existiam tanto em uma das paredes do quarto andar quanto do térreo, que, ao serem abertas, conectavam o começo ao fim do prédio, revelando que os andares do mundo virtual funcionavam como um grande círculo. Ao fazer isso, ele pôde fingir que estava na parte de baixo e se unir a nós na busca pelo corpo que ele mesmo havia matado, nos levando até onde havia deixado sua vítima, que, ao começar a ter sua máscara retirada por Desiree, acabou por esticar a linha e puxar todos os pinos antes colocados, causando uma grande explosão no corpo, que o tornou não identificável, o que nos fez não saber de quem ele era até sermos forçados a deslogar, devido ao grande dano que nos foi causado, nos deixando com a dúvida sobre quando a vítima havia morrido, que foi feita de maneira intencional pelo assassino, já que ele sabia que, devido ao funcionamento do mundo, mesmo que alguém morresse, o anúncio de descoberta só seria tocado quando deslogassemos e víssemos o corpo na vida real.


Com dois casos ocorrendo quase que simultaneamente e alguém de atitudes suspeitas, foi difícil determinar quem eram os responsáveis por esse caso, mas, agora, a resposta parece estar mais que óbvia.


 Rik: Aquele que foi o penúltimo a se aproximar de nós, vindo do térreo, que foi ofuscado pela Rey, mas que é o com melhor entendimento do mundo virtual que estávamos e do mecanismo utilizado, devido ao seu talento.


Meinu: E aquele que, junto do cúmplice e da vítima, era o único que estava fora do mundo virtual, além de ter tido suas roupas encharcadas pela água do mar para ocultar o sangue do crime que cometeu, mesmo não se lembrando de ter o feito.


Ambos: Os culpados são vocês, Gabriel Parker, o Ultimate Inventor, e Suzushi Kowai, o Ultimate Roteirista.





Complete

 — Upupu, que conclusão, hein? Até gostaria de dar tempo a vocês para discutirem mais sobre ela, mas regras são regras, e agora é a hora… Da votação! Muito bem, vocês já podem escolher quem vocês acham que é o culpado, é só clicar no avatar dele que apareceu na tela do lugar onde você está. — Monokuma nos falou, oficializando de vez a hora da votação.

 E, com aquele momento chegado, não demorou para que uma resposta fosse dada.

 — Muito bem, está na hora de ver os seus votos! — O urso disse, com uma tela aparecendo atrás dele e revelando mostrando nossos nomes, até, no fim, apenas dois ficarem.

 Gabriel Parker: 5 votos

 Suzushi Kowai: 3 votos

 Apesar do resultado, o silêncio e a tensão percorreram por um bom tempo. Esperando pelo resultado final, o clima daquela côrte se mostrou repleto de nervosismo enquanto o Monokuma se preparava para anunciar a conclusão de todos os nossos esforços.

 — Agora vamos ver se vocês acertaram em sua decisão! — Monokuma disse, com a tela logo em seguida mostrando um caça níquel, com nossos rostos em formato de pixel, começando a girar, até que...

 

 

 — E vocês acertaram mais uma vez! O assassino que importava era nada mais nada menos que ele... — O urso gargalhou após ver o caça níquel parar no rosto de Gabriel, ficando com uma cor esverdeada. — Gabriel Parker, o Ultimate Inventor!

 Aquele era o resultado. Após tantas reviravoltas e um final tão sufocante, a verdade foi dada. Gabriel Parker, alguém que não parecia ter a capacidade de ser nada além de uma fácil vítima, havia criado um caso tão complexo e poderoso, que só falhou por um único fator.

 A minha sorte.

 O que ele faria agora que foi completamente descoberto? Que a verdade de que tanto fui atrás o esmagou? 

 Admito que estou curiosa quanto às suas palavras.

 — Então é isso… E pensar que fui pego faltando tão pouco… — Gabriel foi o primeiro a abrir a boca depois da confirmação do urso, saindo do próprio pódio e indo até onde Mononiji estava. — Me desculpa, Mononiji, mas acho que em breve o seu papai vai ter que dizer adeus. — Ele sorriu.

 — P-Papai… Por que… Por quê? — O urso, mesmo não tendo canais lacrimais, tinha uma voz chorosa.

 — Você perguntou o motivo de eu ter pedido ajuda a Rey, não é, Rik? — O inventor virou o rosto na direção do detetive, que ficava em silêncio. Fechando os olhos e com um sorriso no rosto, ele continuou. — Porque você é fraco, Rik. Não estou falando isso para te ofender, longe disso… Você é uma das pessoas que mais gosto daqui, mas… A Meinu é simplesmente… Outro nível. Mesmo que nós dois trabalhassemos juntos, com certeza seriamos aniquilados… Na verdade… Eu posso até enxergar ela fazendo com que eu matasse você ou vice-versa, que todo o nosso plano fosse embora de forma absurda… Rey era a única que eu achava que ainda tinha alguma chance, por isso contei tudo que encontrei para ela, mas, se quer saber mais… Eu também não te contei pois tinha medo… Essa sua personalidade amigável… Eu tenho certeza que, se eu tivesse mostrado tudo, você teria me impedido de fazer isso, de seguir em frente em meus objetivos, mas eu não podia ser influenciado, eu não podia ficar na sua sombra. VOCÊ NÃO PODIA QUEBRAR A MINHA DETERMINAÇÃO, RIK!

 — Entendo… — Ouvindo o garoto exclamar, Rik finalmente abriu a própria boca, olhando o rapaz dos pés a cabeça. — Você cresceu, Gabe. Toda essa confiança que tem agora… Me perdoe pelo que vou dizer, mas… Sinto que o pequeno tempo em que nos separamos te ajudou bastante, afinal… Sem mim, você finalmente conseguiu agir sozinho, sem se limitar aos meus pedidos… Você é realmente incrível, sabia? Apesar de todo esse cenário de agora, eu posso admitir que… Admiro bastante suas capacidades… E por isso sempre te quis por perto.

 — Então é isso? Não existe motivo algum para o Naoya ter morrido? Ele não era o traidor que ainda estamos procurando, nem nada similar. Você quer mesmo me dizer que ele apenas foi tirado de nós porque você encontrou o tesouro do Monokuma e matou a pessoa errada? — Desiree perguntou, encarando o inventor nos olhos com certo desdém.

 — Me perdoe, Desi… Ree, mas você está certa. Ele só morreu por ter tido azar… Poderia ter sido qualquer um com aquele avatar, inclusive a própria Meinu. Entretanto… Eu vou te corrigir em algo: O tesouro do Monokuma era realmente a sala que o Rik supôs existir, que conectava o térreo e o último andar, onde as mais diversas armas estavam. A questão toda que me levou a contatar a Rey e tentar matar a Meinu não foi o tesouro dele, mas… O meu tesouro. — Gesticulando com as mãos, ele começou a explicar aquela surpreendente virada de eventos. — Meu eu do passado escondeu um grande pedaço de si mesmo naquele mundo, quase como… Se eu tivesse colocado uma cópia da minha mente lá dentro. Assim que entrei no mundo virtual, o que na verdade ocorreu foi que meus dois eus se fundiram, criando aquele que agora vos fala, que conviveu com vocês, mas sabe o que ocorreu para estar aqui, nesse jogo de matança. E o motivo desse pedaço de mim estar ali, me esperando, foi porque… Meu eu do passado sabia que teria as memórias apagadas primeiro que os outros, se algo pior não ocorresse, afinal… Foi para ele que o Wu contou a terrível verdade que descobriu e filmou. — Acariciando Mononiji, Gabriel sorriu. — Meu melhor amigo, Sayakuri Wu, que até mesmo me permitiu usar da voz dele para os mascotes que criei aqui para nos dar assistência, os Monokumas. 

 — Q-Queeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee?! — Apesar de ter sido a única a demonstrar surpresa explícita, a revelação que o Inventor havia feito de fato mexeu com todos.

 — Meu papai… Tinha um melhor amigo? — Mononiji apertava a mão que o inventor o tocava fortemente utilizando suas patas de pelúcia.

 — Me perdoem, mas eu não posso contar mais. O objetivo do Monokuma era apagar até mesmo essas lembranças que recuperei quando as contei e mostrei as filmagens que recuperei do Wu para Rey, entretanto, nós dois conseguimos entrar em um acordo com ele, onde ele tomaria a nossa câmera mas nos deixaria com as memórias contanto que não falássemos nada para vocês. — Gabriel continuou.

 — E você já está contando até demais, hein! Estou quase apagando a memória de todos! — O urso exclamou.

 — Então esse urso desgraçado realmente estava manipulando vocês? — Masao bufou. — Uma oportunidade de ouro foi por água abaixo graças a ele.

 — Tudo bem, não falarei mais nada, então os deixe saber ao menos isso, por favor? — Gabriel pareceu implorar. 

 — Upupupu, deixarei sim, mas, para impedir que continue falando besteiras, acho que…

 — Suzushi… Me perdoe por te colocar nisso… Nunca pensei que mais alguém ia se envolver nessa questão… E que ia sofrer tanto assim… Envolver o próprio Daisuke já era algo que não queria, mas tive que fazer… Suzushi… Não vai fazer com que o que nosso plano te fez fazer suma, mas, se for possível… Gostaria que olhasse a sala de jogos quando tiver a oportunidade… Considere esse o meu último presente.  — Ainda com um sorriso melancólico, o rapaz virou-se para a sortuda, com seus dentes batendo uns nos outros enquanto tentava se focar no que diria em seguida. — E… Rey, me perdoe também. 

 — Tudo bem, Gabezinho. Eu ainda estou viva, não é? Ainda existe esperança.

 — É hora...

 — Não, não é por isso que estou pedindo perdão. Mononiji, aquilo!

 — da…

 — Mas papai...

 — Seu pai está mandando, Mononiji.

 — Gabe, isso não vai dar certo. Não desperdice a…

 — Execuçã…


 — Não vou morrer ainda.


 E, no meio da conversa entre o inventor, Mononiji e a sortuda, aquelas palavras foram ditas pelo primeiro, impedindo que Monokuma completasse o movimento de bater com o martelo em seu pódio, pois, antes que pudesse, seu corpo caiu subitamente do próprio trono, no mais puro silêncio. — ME PERDOE, MEINU, MAS É SUA VEZ DE MORRER! — Ao mesmo tempo que exclamava furiosamente aquelas palavras, o rapaz tirava algo de sua jaqueta enquanto as luzes da sala se desligavam, deixando que a escuridão tomasse conta. Entretanto, antes que tudo se tornasse negro, eu pude observar claramente o que ele se preparava para levar em minha direção. Aquela era… 

 A faca que antes estava no corpo de Daisuke e havia sumido durante a investigação.


 Dor.

 Antes que eu pudesse pensar e refletir, senti minha pele se molhar com aqueles respingos e meu corpo se afastar instintivamente, com minhas pernas não aguentando o peso de continuar me carregando, caindo sobre o chão. Com os meus lábios se abrindo sem a minha permissão, soltei um grito agudo, mas que logo cessou, pois a dor não me permitia continuar. Minhas mãos trêmulas caminharam até a fonte de toda dor, logo se umedecendo ao tocarem em um lugar próximo ao meu estômago. 

 Eu havia sido.

 Atingida.

 Aquela dor.

 Foi a dor que muitos dos nossos colegas mortos sentiram.

 Gabriel estava.

 Tentando me matar.

 Minha visão ficou turva, minhas orelhas mais ativas. Pude escutar passos caminhando em minha direção, o barulho de algo sendo perfurado, mas não sendo outra parte minha.

 Aquela dor intensa não me deixava ouvir o que estava ocorrendo, o que todas aquelas vozes estavam falando, mas, após um pequeno tempo, todas as luzes começaram a se ligar novamente, revelando o que estava em minha frente.

 POV’s ???

 — VOCÊ… ACABOU COM A NOSSA ÚLTIMA ESPERANÇA! — Gabe gritava furiosamente aquelas palavras, com lágrimas saindo do seu rosto enquanto se esforçava para se soltar de quem estava em sua frente.

 Suzushi Kowai, o Ultimate roteirista, que tinha sua mão perfurada de um lado ao outro por aquela mesma faca, mas que continuava segurando-a enquanto tinha sua pele cortada ainda mais. 

 — Me perdoe, Gabe, mas… Eu não posso deixar que você… — O roteirista gemeu de dor. — Continue com isso… Se for matar alguém, que seja eu, que cometi o crime de matar o Daisuke, mas não a Meinu, que até agora não fez nada além de nos ajudar… Eu sei que o que você viu po-pode… Urgh… Fazer parecer que essa é a única solução, mas… Confie neles, Gabe… Se essa for a verdade, se a Meinu realmente fizer algo ruim… Eles vão descobrir… Como descobriram tudo até agora… Não cometa mais crimes, Gabe… Não se condene mais… 

 — Su-Suzushi, seu suicida, você não entendeu? Isso é ela! Você está aqui agora, me impedindo de continuar! Não vê o tamanho do poder dela? Eles não vão conseguir, Suzushi, é impossível! Essa era a última chance, a última tentativa que eu desperdicei e que, graças a você, falhou completamente… Você está sendo uma ferramenta dela, Suzushi!

 — MAS QUE INVENTOR DESGRAÇADO! NÃO ACREDITO QUE TINHA UMA FORMA DE FERRAR COM TUDO SEM EU NEM PERCEBER. É AGORA QUE EU MATO VOCÊ E ESSE SEU FILHOTE! — Depois do período inativo, Monokuma havia retornado, com os nervos à flor da pele. 

 — Opa, calma lá! — Ao ouvir as palavras do diretor, Rey correu na direção do Mononiji, agarrando-o fortemente. — Acabou, o Mononiji não pode mais fazer o que fez e você ainda pode reforçar a segurança para impedir que ele faça de novo, então não o execute, Monokuma-chan! Nem sequer havia uma regra que impedisse que essa interferência ocorresse. Então eu não vou deixar que faça isso.

 — Ugh… Sortuda desgraçada. Muito bem, colocarei uma regra que impede que isso seja feito e não executarei esse idiota, mas na próxima é tchau e bença. E que droga, olha só a besteira que você fez, seu inventor idiota! Morra logo, é hora da execução!

 — PAPAAAAAAAI! — Em desespero, Mononiji gritou após as falas do diretor, mas Rey, que ainda o apertava com força, o impediu de seguir o destino do seu criador. Com os olhos vazios, na mais completa desesperança, Gabriel encarou os amigos com que conviveu por uma última vez antes de ser puxado por correntes que prendiam seus braços, pernas e pescoço, restando apenas lágrimas pesadas.

>Iniciando a execução do Ultimate inventor<

O garoto surgia em uma espécie de ring de box cujas estruturas eram metalizadas, como se fossem futuristas…

 >Real Steel<

 Inesperadamente, seu corpo voa em um grande impulso, caindo em uma das câmeras que gravavam a estrutura. A transmissão é rapidamente cortada para outra, que mostrava o que havia ocorrido. Um robô gigantesco e com grossos revestimentos, usando luvas de box, um short monocromático e com o sorriso característico do Monokuma pintado no rosto havia o acertado com um gancho, quebrando grande parte dos seus dentes. Caminhando na direção oposta à do inventor, a figura de tremendas capacidades subiu nos elásticos cinzentos do ring, preparando-se para pular em cima do garoto. Entretanto, no momento em que se jogou para o ar, Gabriel conseguiu recobrar a consciência, girando o corpo para o lado e desviando do golpe que o amassaria. Após isso, com o rosto repleto de lágrimas, o garoto pulou nas costas do robô, se segurando nele com as pernas. O lutador inimigo se ergueu com o inventor, começando a socar as pernas do mesmo repetidas vezes, como se quisesse ser solto. Onomatopéias de estalos saíam da tela que gravava o confronto, que vinham de nenhum lugar além dos ossos inferiores do rapaz, que eram dilacerados. Entretanto, após muito esforço, os frutos dos resultados finalmente surgiam. O robô caía para frente, com Gabriel se soltando dele e se sentando no chão, gritando de dor. Ele havia conseguido desativar a criatura. No momento em que isso foi feito, um Monokuma fantasiado de juiz surgiu, contando de um até dez, até finalmente levantar um dos braços do inventor que mal se aguentava consciente, como se o declarasse vencedor, o sobrevivente. Com um sorriso sem dentes no rosto, uma pequena esperança pareceu surgir em Gabriel, entretanto, a pequena felicidade durou pouco. Logo outro Monokuma apareceu, dessa vez com roupas femininas e segurando uma espécie de placar com o número dois escrito. Passos eram ouvidos em seguida, com uma cópia do robô, novinha em folha, entrando no ringue. Aquela era a segunda rodada da luta, mas Gabriel nada podia fazer, nem sequer podia mais se mexer pois não tinha pernas para isso. A única coisa que o inventor pôde fazer foi abraçar o próprio corpo, chorando de dor enquanto fechava os olhos e parecia pedir para ser salvo daquele pesadelo. Mas a salvação não chegou. O que se seguiu foi uma sequência de pesados pontapés, cotoveladas e socos, demorada e dolorosa, em todos os locais que eram possíveis, em todos os ossos que podiam ser quebrados, até finalmente… O urso com roupa de juíz aparecer de novo, contando até dez enquanto ficava ao lado do corpo do que um dia foi o Ultimate Inventor, que o próprio coração nem ao menos se mexia. Após a contagem, Monokuma segurou o braço do robô, o declarando como vencedor do combate. Outra vez a versão do urso com roupas femininas apareceu, anunciando a terceira rodada, mas, por mais que o robô esperasse, ninguém surgia. Não tinha como Gabriel se levantar e decidir quem seria o vencedor do combate, pois o que definia Gabriel como vivo não mais existia naquele ring. E, vendo aquela situação, o Monokuma juiz apenas segurou o braço do robô novamente, como se o declarasse vencedor por W.O.

 

... Gabriel Parker, o Ultimate inventor, foi executado com sucesso

 

 

 





























































 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 A figura nem ao menos se aguentava de pé, mas, no momento em que viu os elevadores se abrirem, correu com tudo que pôde, saindo sozinha antes da execução acabar.

 Seus passos cada vez mais cansados o guiaram até fora da escola, onde as areias preenchiam o cenário e se molhavam não só com a água do mar, mas também com o sangue que saía de uma das mãos do rapaz.

 Até ele finalmente chegar no seu objetivo de origem.

 A sala de jogos que Gabriel, o assassino, disse ter guardado algo para ele.

 O outro assassino, Suzushi Kowai.

 E tudo parecia normal, não parecia ter sido mexido.

 O corpo de Naoya não estava mais lá, mas ainda assim, era a mesma sala.

 Talvez Gabriel apenas estivesse o enganando, tentando fazer com que ele almejasse ficar vivo por um pequeno período de tempo, para assim não tentar defender Meinu Saiko com a sua própria vida.

 Mas agora não tinha mais motivos para isso.

 De forma alguma existiam motivos para ele ficar vivo.

 Depois de tudo que fez e sabendo que mais nada o esperava.

 Suzushi Kowai apenas queria que o seu ferimento na mão piorasse, que de alguma forma ele morresse com aquilo.

 Ele não se sentia digno de viver.

 Pois, em seus pensamentos, ele não merecia estar vivo de forma alguma depois do dia de hoje.

 — Uh? O que é isso aí? É um cosplay? Quer a minha opinião? Está bem acabado, mas se a intenção foi essa… Está bem bonito!

 

 Inconcebível. 

 A voz que  ele ouviu de repente fez com que seu pescoço girasse com força, indo até uma das telas da sala, que tinha os cabos conectados aos do programa que os outros haviam utilizado.

 Lágrimas caíram do seu rosto no momento em que seus olhos se focaram no amontoado de imagens. Um profundo e intenso choro, quase como se suas emoções subitamente o inundassem.

 — Ei, que drama todo é esse? Calma aí! 

 Cambaleando, ele se aproximou da tela, levando a mão que antes havia sido acertada até ela.

 — Vo-Você… Sabe q-quem e-eu sou? — A voz cansada do roteirista, em meio a tantos gaguejos, perguntou.

 — Ah, claro que sim! até fiquei com algumas dúvidas, mas sua voz é irreconhecível.

 — Isso é apenas… Apenas… Apenas… Aaaaaaaaaah… Aaaaaaaaah… — Suzushi tossia intensamente, juntando todas as suas forças para continuar olhando para tela, para os olhos de quem havia aparecido. — Me-mesmo que pareça impossível… O jeito… A voz… A aparência… É você...  É você… Naomi! Naomi! Naomi! Naomi! A-Aaaah… Eu estou tão confuso, mas tão feliz… E tão… Tão… Tão… A-Ah… — Sem tantas forças, seu corpo se ajoelhou, mas sua mão continuou sobre a tela, sobre o lugar em que a imagem daquela mulher de longos cabelos loiros o encarava, com uma expressão de curiosidade e ao mesmo tempo preocupação. — Me desculpa… Me desculpa… Você… Você está falando comigo, mas… Mas… Você morreu… Bem na minha frente… Você, que era tão importante… Morreu… Sofreu… E eu estou aqui, vivo, querendo morrer… Eu devia ter morrido naquele dia, no seu lugar… M-Me de-de-desculpa… Era pra eu ter ficado lá… Pra eu ter sido o diretor no lugar do Monokuma… Pra-Pra ter insistido quando vo-você disse que não… A culpa é minha… É MINHA! E-EU DE NOVO! DE NOVO… VOCÊ MORREU… O SHIRO MORREU… A HANAKO MORREU… A SARAH MORREU… A SAKI MORREU… A KEEHANA MORREU…. O NAOYA MORREU… EU MATEI O DAISUKE… O GABRIEL MORREU… E EU… EU… O QUE MAIS MERECIA MORRER… O QUE MAIS QUERIA MORRER… O QUE DEVERIA MORRER… AINDA ESTOU AQUI… VIVO… ME DESCULPA! ME DESCULPA! ME DESCUL.

— SE RECOMPONHA, GAROTO. — O tom intenso da suposta Naomi interrompeu Suzushi de gritar, fazendo com o que o mesmo apenas mordesse os lábios e falasse um “desculpa” baixinho. — Caramba… Quanta coisa jogada de uma vez. Até a Hanako? Sério? — Ela colocou uma das mãos em frente ao rosto, respirando profundamente. — Me desculpa, eu não faço ideia do que está acontecendo e em que situação nos metemos. Espero que eu não tenha morrido porque tentei nos tirar disso tudo batendo em alguém. Morrido, uh? Nossa, dá pra acreditar que eu morri? — Ela deu alguns tapas nas próprias bochechas, voltando a encarar o roteirista caído. — Desculpe por gritar antes. Tenho um certo ranço por pessoas dramáticas já que, bem… Elas costumam procurar qualquer coisa errada que eu faça para tentar arruinar a minha carreira com fofocas exageradas, mas, nessa situação… É compreensível que você esteja com medo… Principalmente depois de tudo que disse. Ei… — Uma de suas mãos se moveu, como se correspondesse ao toque que o ruivo fazia na tela. Em seguida, a suposta Naomi fechou os olhos, com um contagiante sorriso no rosto. — Tem sido difícil, não é? Esconder isso tudo no seu peito sempre por causa de pessoas como eu? Todos fortes demais, tentando seguir em frente, enquanto o mundo inteiro parece tentar te fazer questionar como elas conseguem… Eu… Não tenho muito o que te falar sobre isso… As pessoas são diferentes e lidam com as situações de formas diferentes… Alguns choram, outros ficam mais fortes, mas todos superam. Não por terem esquecido a dor de perder alguém que se importa, de terem feito algo que se arrependem, mas sim porque… Elas meio que seguem em frente, sabe? É assim que a vida funciona. Eu não sei se meu eu que morreu gostaria que você estivesse no lugar dela, mesmo tendo quase certeza que não. Sou teimosa e independente, nunca que ia aceitar que você morresse só pra eu continuar viva. — A loira soltou uma pequena risada. — Mas eu não preciso estar aqui pra te dizer isso, que você não precisa se preocupar, que você está vivo e isso que importa, que por estar vivo pode carregar as minhas vontades… Porque acho que… Não sou eu nem os outros que temos que te dizer isso… Não importa o quanto eu tente te motivar agora, o quanto te ame ou sei lá, não é isso que vai te mudar porque, pelo que ouvi, não são os outros que estão te odiando, mas sim… Você mesmo, né? Que não está se aceitando por achar que deveria ter morrido no lugar dos outros. 

 — Vo-Você… Tão atrevida, mas ao mesmo tempo… Com uma influência tão grande quanto ao que quer… É mesmo… A Naomi… — O ruivo disse com dificuldade, abaixando o rosto por alguns momentos, ficando em silêncio. — Como eu posso me amar… Se eu sou assim? Egoísta, covarde… Eu… Eu me odeio demais… Me decepcionei demais comigo mesmo para poder… Me perdoar…  Como eu posso seguir em frente sabendo que todas as vezes que tentei… Eu falhei… Que sempre que recomecei foi apenas para perceber que não dava certo tentar recomeçar… ? 

 — Ora, seu bobinho. Que história é essa de recomeçar? Você nunca nem sequer parou! Cada passo que você deu faz parte de uma só jornada. Não são novas tentativas, mas sim novos passos que te deixam cada vez mais próximo de chegar onde quer. — A fashionista sorriu mais uma vez.

 — Mais passos… De uma mesma jornada? Essa forma otimista de pensar… Eu acho que… Acho que não consigo, Naomi…

 — Tudo bem, tudo bem. A jornada é sempre difícil e complicada, mas… Quer saber de um segredo? Às vezes o melhor caminho… É um desvio. Olha pra mim, por favor. — E, com o pedido dela, nervosamente, o roteirista ergueu o próprio rosto, encarando os olhos azulados da mulher, brilhantes e repletos de esperança. — Você não precisa se amar de uma vez, se perdoar de uma vez, mas pelo menos… Dar o braço a torcer e parar de pegar pesado consigo mesmo. Todos temos pensamentos ruins, todos somos egoístas em algum momento, ninguém quer perder alguém que gosta… E muitos trocariam a própria vida pela de outra pessoa com quem se importam e perderam… A dor, tristeza, todos os sentimentos ruins, não vão sumir de um dia para noite...  Você não vai se amar do dia para noite… Mas por que ao menos não tenta se apoiar por agora?

 — Me… Me apoiar… ? — Encarando Naomi profundamente, Suzushi conseguiu ver um sorriso meigo sair dela. Por um instante, o rapaz sentiu como se a tela não mais o limitasse, como se fosse capaz de tocar na mão da loira mais uma vez, de apertá-la com tudo que podia. E, segurando na mão dela, o rapaz, com bastante dificuldade, tentou começar a se erguer. Com suas próprias forças, com sua própria força de vontade. Ainda que tivesse Naomi ali, aquilo era algo que somente ele podia fazer por si mesmo. — Eu não me amo, mas… Talvez… Talvez… Eu possa aprender algum dia… A me amar… Eu não me perdoo pelo que fiz… Por ter tirado a vida do Daisuke, mesmo sem saber… Por ter tido tantos pensamentos ruins… Que fugiam do meu controle e me dominavam, mas talvez… Eu possa me perdoar algum dia… Entretanto… Eu nunca vou saber se posso me amar, se posso me perdoar… Se eu só aceitar que o meu destino é esse… Que eu sou naturalmente ruim… Que tudo que faço é inútil, que estou morto… Para mim mesmo… Eu… E-Eu… E-Eu… Eu posso mesmo me apoiar? Eu sou digno disso? Depois de tudo que fiz, de como agi… Eu tenho mesmo o direito de ver como o mundo continua o mesmo, se não melhor, sem mim, e ainda querer estar nele? Eu posso mesmo… Seguir em frente… Pegar esse desvio na minha jornada, sabendo que outras pessoas que conseguiam trilhar suas jornadas sem a mesma dificuldade que eu… Estão mortas? Eu sinto como se… Estivesse tendo que encarar de frente um monstro terrível… Que já me consumiu quase que completamente… Mas que… Fez isso porque eu mesmo permiti… Porque eu mesmo criei esse monstro e quis que ele fizesse, pois não me sentia digno de viver… M-Mas talvez… Talvez… Eu não precise ser digno… Ninguém precise ser digno… Eu não me amo… E ainda não me perdoo pelo que fiz, mas… Eu po-posso… Eu po-posso… Me apoiar… Nenhum passo foi em vão… Não foram tentativas falhas… Esse tempo todo eu continuei trilhando… E ainda estou trilhando… Eu posso… Aprender a me amar, pois… Ainda estou vivo para seguir em frente, com esses passos que são… COM ESSES PASSOS QUE SÃO MEUS E DE MAIS NINGUÉM! 

 Como se o mundo se iluminasse em sua frente, o roteirista encarou o teto do local, gritando em alto e bom tom aquelas palavras, quase como um grito de guerra a si mesmo, mas que também serviam para reforçar o apoio que agora ele tentava ter. Suzushi Kowai havia olhado para o seu próprio coração, visto toda a escuridão que tinha o consumido, e não a limpado de uma vez, mas decidido que ajudaria a si mesmo a continuar naquela faxina. Que demoraria, seria dura, mas que um dia alcançaria resultados.

 — Imagino que ainda vai ser bem difícil, mas… Acredito em você. Acho que todos acreditam em você, estejam vivos ou mortos, mas, mais importante que isso, você acredita em você! — Falando em um tom doce, a imagem da fashionista começou lentamente a se dissipar. Seja lá o que Gabriel tenha feito, não duraria mais tempo. — Parece que… Minha hora chegou de novo. Eu nem sei o que falar sobre isso, é quase como morrer, mas… Acho que estou feliz… Feliz por poder ter falado com você mais uma vez, já que, pelo que parece, a última vez que nos falamos foi há muito tempo… Eu vou ficar torcendo para que vocês consigam sair dessa coisa toda que está ocorrendo, independente de onde eu esteja. Ficarei tendo fé e rezando por vocês, então… Obrigada por não ter esquecido de mim, por ter me mantido viva, e por estar tentando viver também. Obrigada! 

 — Naomi… Eu que te agradeço, por tudo… Descanse em paz, Naomi! — E então, novamente, a vida da fashionista sumia em frente ao seu rosto. Em um último sorriso, ela deixou a sua mão junto do roteirista, fechando os olhos em felicidade. Desaparecendo da tela, ela o deixava sozinho naquele recinto, quase como se, de fato, tivesse morrido mais uma vez. Entretanto, dessa vez, apesar da dor da despedida, Suzushi não tinha em sua face um olhar de desespero, mas sim de determinação. A morte de Naomi doía em seu peito, isso ele não podia negar, mas sua força de vontade não era falsa, não era uma máscara que ele colocava no rosto.

 Pela primeira vez desde que entrou naquele jogo de matança, o roteirista estava de pé, se sentindo vivo.

 Ele não é digno de viver.

 Mas ninguém realmente é.

 Entretanto, enquanto tiver vida correndo em seu corpo, é possível fazer com que ela valha a pena.

 Suzushi Kowai está vivo.

 E continuará andando enquanto puder.

 Se apoiando.

 Até que um dia possa finalmente se amar.

 — Obrigado, Naomi… E você também… Gabe.


Capítulo 4: Para sobreviver - Fim.


>Estudantes sobreviventes: 7<

 

 




















 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 






 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 






 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 





 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ding dong, dong ding

“Um corpo foi encontrado. Após um certo tempo se passar, um class trial começará. Por favor, vão até o salão central.”

— Hihi, parece que rolou de novo, hein? Mas não se preocupem, meus queridos amigos. Esse julgamento será o último onde um de nós vai morrer, afinal, eu consegui fazer o que queria. Vamos rumo a corte, mas saibam que apenas debateremos para alcançar o resultado que eu direi agora mesmo para vocês: A Meinu-chan é a assassina desse caso. 

 

 


Notas Finais


Eeeenfim, é isso aí! E aí? O que acharam? Tiveram claras inspirações em Yttd sim, pra quem pegou :v.
E bom, nem se preocupem. Essa Naomi não vai ficar sem explicação, mas faz parte do mistério, hehehe.

Enfim, aguardo ansiosamente os comentários de todos.


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