História Dangerous Love - O passado de Alice Cooper

Betty não conseguia acreditar em seus próprios olhos. A única pessoa que ela imaginava não por os pés naquele lugar era sua mãe e a mesma estava ali, naquele exato momento. Uma série de perguntas se formaram na sua mãe, mas a única coisa que conseguiu sair da boca dela foi:

–Mãe?!

Alice teve uma surpresa, ficou chocada por alguns segundos, até finalmente responder:

–Betty, o que você faz aqui? – Perguntou em um tom autoritário, tentando fugir a atenção pra si.

–Eu que lhe pergunto.

–Sou sua mãe, não te devo satisfações. Eu te libero por uma noite você corre direto pra esse ninho de cobras – Alice cuspiu.

–Desculpa, Sra. Cooper, mas não posso permitir que a senhora fale mal do lugar onde eu cresci – Jughead interviu.

–Jughead, calado – FP mandou.

–Vamos embora agora pra casa, Elizabeth – Alice se aproximou e segurou no pulso da filha.

Betty lançou um olhar suplicante pro namorado. Mas o mesmo recebeu um balançar de cabeça do pai, como se dissesse pra ele ficar quieto.

–Mãe, me solta!

–Nem se atreva a tocar nela, Jones – Alice ameaçou – Vem Betty.

–É melhor você contar pra ela, Alice – FP sugeriu – A garota tem o direto de saber.

–Cala a boca, FP.

–A senhora fez papel de louca – Betty comentou, quando as duas já estavam dentro do carro.

–Sério, Betty? Louca? Querer salvar a filha de um relacionamento sem futuro é ser louca?

–Eu não preciso ser salva.

–Você é uma criança, não sabe de nada. Ainda não viu nada do mundo real.

–Mas vou ver, um dia, como qualquer pessoa normal e não alguém que é sempre protegida pela mãe.

–Eu só quero o seu bem, Betty.

–Não, você faz essas coisas pelo seu bem. Pelos seus interesses. Não pensa em mim.

Alice suspirou.

–Um dia você vai me agradecer.

–Um dia a senhora vai perceber como agiu de forma errada, só espero estar por perto pra ver.

–O que você quer dizer com isso? Vai fugir com o seu namoradinho serpente?

–Será que da pra não mencionar o meu namorado em toda conversa que nós temos? Mas não, mãe. Não vou fugir. Acredito que possamos nos resolver.

–Então pode esquecer.

–Não importa o que você ou o papai façam. Nós não vamos terminar. Aceitem logo.

Alice suspirou forte, apertando com força no volante.

-Você consegue ser um pé no saco quando quer – Ela resmungou, mais Betty conseguiu enxergar um pequeno sorriso no rosto da mãe.

–A senhora sabe como eu posso ser teimosa. Herdei isso de você.

–Tudo bem, Betty Cooper. Você ganhou – Alice murmurou, fazendo Betty dar um gritinho de felicidade – Mas não pense que eu vou liberar tudo o que você quiser.

–A senhora é maravilhosa – Ela beijou o rosto da mãe – Sabia que ia ceder uma hora ou outra.

–Agora eu sou maravilhosa né? – Ela soltou uma risada pelo nariz – Vamos as regras: horário de aula é horário de aula. Não quero descobrir que você andando perdendo aula pra se encontrar as escondidas com o Jughead.

–Isso nem faz o meu tipo.

–Segundo, não quero que sua média diminua, não aceito menos que B.

–Pode deixar.

–Em período de prova vocês não iriam se ver. Quero você totalmente focada.

–Eu já ia fazer isso mesmo.

-Encontros só nos finais de semana.

–Mãe, qual é? Achei que ia dar uma trégua.

–Estou sendo bem gentil, se você quer saber.

–Sei que a senhora pode ser melhor que isso.

–Tudo bem, tudo bem. Um dia no meio da semana. Mas acabou. Pretendo ficar vigiando esse namorado.

Betty sorriu.

–Obrigada.

–Seu pai deve tá dormindo – Alice sussurrou, fechando a porta logo em seguida – Sobe e não faz barulho.

–Mas mãe...

–Shii.

–Mas mãe – Betty sussurrou – A senhora não me contou o porquê de está no trailer do Sr. Jones.

Alice suspirou, colocando a bolsa e o casaco encima da mesa.

–Tá na hora de você saber de tudo. Mas pra isso você precisa saber sobre o meu passado. Vamos sentar.

Betty não entendeu nada, mas se sentou em volta da mesa.

–O que é tudo que eu preciso saber?

“ Você vai precisar entender o motivo deu ter escondido sobre a origens das minhas raízes, o porquê ter mudado de vida tão drasticamente. Algo que aconteceu que me fez esconder coisas importantes da minha vida. O motivo deu criar uma mentira pra minha vida. ”

Betty não conseguia achar alguma razão tão válida pra mãe precisar esconder e mentir sobre a própria vida.

–Pra você entender, primeiro você precisa saber de que lado da cidade eu nasci.

Betty formulou a frase da mãe na mente, encaixando as peças pra entender o que ela quis dizer.

–A senhora tá querendo uma que foi uma...

–Serpente? Sim. Pelo menos eu fui, mas foi há muito tempo atrás.

–Como assim, mãe? Isso não faz o menor sentido. Mais alguém sabe disso?

–Só você e seu pai.

“ Eu nasci no lado sul de Riverdale. Meus pais também nasceram lá. Acontece que minha mãe sempre quis que eu tivesse algo a mais, coisa que o lado Sul não podia me proporcionar, por esse motivo sempre estudei nas escolas do lado norte. Porém, as pessoas não aceitavam muito bem quem vinha do lado sul, eles odiavam e ainda odeiam; não sabiam diferenciar as pessoas boas e as ruins que moravam lá, pra eles só existiam marginais. Por esse motivo eu fingi ser uma nortista. Sempre tentei ser a melhor em tudo que fazia, pensei que se uma Serpente fosse tão bem representada, eles gostariam de mim do jeito que sou. Acontece que eu estava enganada.

Eu conheci seu pai no ensino médio, mas não só começamos a namorar no último ano. Depois de quase um ano juntos, eu confiava nele o bastante pra contar a minha história. Mas ele não recebeu bem, me xingou de vários nomes possíveis e terminou comigo. Uma semana depois ele voltou implorando perdão e como eu amava ele, aceitei. Mas ele tinha uma condição pra voltarmos a namorar, ele queria ir embora assim que o colegial acabasse e disse que se eu fosse com ele, teria que abrir mão de ser uma Serpente.

Confesso que fiquei confusa, mas meus pais me apoiaram, dizendo que eu teria um futuro melhor ao lado de Hal do que sendo uma serpente. Então eu acreditei que aquilo era verdade e aceitei a proposta. Assim que terminou o colegial, nós fomos embora estudar em uma cidade vizinha. ”

Betty sentiu a tristeza na voz da mãe, estava devastada por causa dela e sentiu raiva do pai. Como ele pode fazer a mãe escolher entre um amor e sua família? Era cruel e muito baixo. A garota não sabia nem o que dizer, então abraçou a mãe.

–Eu sinto tanto pela senhora, mãe. Ninguém merece passar pelo que a senhora passou.

–Tudo bem, querida. Já faz muito tempo.

–O papai não deveria ter feito isso.

–Está tudo bem, ok? Esqueça isso.

–Ok. Isso ainda não explica como a senhora conheceu o Sr. Jones.

“ Conheci o FP quando ele fez a sua iniciativa nos Serpentes. Nós devíamos ter uns 16 anos na época e logo de cara nos odiamos. Com o tempo percebemos que era algo além e nos relacionamos. Foi algo quente e selvagem. ”

–Por favor, mãe. Sem detalhes sobre o seu namoro com o pai do meu namorado.

“Logo nos primeiros meses foi tudo bem, mas depois as brigas se tornaram maiores que as partes boas. FP não aceitava que eu frequentasse o lado norte, ele tinha medo deu me tornar uma nortista – no final das contas, ele não estava errado.

Um dia eu encontrei ele bêbado, ficando com uma mulher qualquer. Eu terminei com ele e logo depois me envolvi com o seu pai. Hal era o oposto de FP, era gentil e atencioso, como eu estava carente, isso ajudou na relação. Contei pro seu pai sobre a história e por esse motivo ele odeia tanto FP. Depois do termino, não vi mais FP, disseram que ele tinha se alistado no exercício. Não demorou muito pra ele conhecer a mãe de Jughead. Foi assim que nossa história chegou ao fim. ”

–Nossa, o Sr. Jones é um babaca.

–Já faz muito tempo. Nós superamos – Alice comentou, amargurada. – Um dos motivos deu não querer o seu namoro com o Serpente Filho, é que eles dois são extremamente parecidos. Fiquei com medo e ainda tenho, de acontecer a mesma coisa com você, o que aconteceu comigo.

–Obrigada mesmo, de verdade. Sua preocupação não vai ser em vão, prometo que vou me cuidar e tomar cuidado.

–É bom mesmo. Porque eu não fiz isso – Alice murmurou.

As duas permaneceram abraçadas. Era a primeira vez que tinham tido uma conversa sincera e esclarecedora. Naquele momento Betty perdoou a mãe por tudo o que a fez passar.

–É melhor você ir dormir. Já está tarde.

Betty assentiu, se levantando.

-Estou orgulhosa de você.

–Por que?

–Por ser apenas quem você é.

Alice sorriu.

–Pode guardar um segredo?

Betty fingiu passar um zíper na boca.

–Esse vai ser o nosso segredinho.

–Eu te amo, filha.

–Também te amo, mãe.