Para sorte dela, ela nunca foi do tipo de pessoa muito “emocional”, ela decidiu usar um traje negro com um chapéu que cobrisse o rosto dela o máximo possível e completando isso óculos escuro, depois disso ela so teria que interpretar.
Ela sabia que estava mal, ELA estava distorcida, como podia estar em um enterro de seu sangue e não ligar para isso? Incluso no enterro da mãe ela não se sentiu tão triste, na verdade ela não comentou com ninguém além de Adrien que ela se sentiu “livre e tranquila”, isso so fazia ela acreditar que era um filha e neta horrível.
Do ponto de vista racional ela so tinha uma ligação sanguínea com seus parentes, mas conexão afetiva ela não tinha, ela so conseguia lembrar do quanto foi controlada e criticada durante sua vida.
Seu avô sempre dizia o comportamento que ela devia ter perante os homens, “submissa”, eles que deviam comandar as coisas e ela so devia servir, ela lembrava quantas vezes ela teve que ficar em posição seiza atrás do seu avô sem fazer nada, enquanto seus “primos” brincavam no jardim, ela tinha que ficar do lado dele servindo o tempo todo, esses momentos eram horríveis, nessa época ela já não tinha mais avó, disseram que havia morrido em um “acidente”, mas ela ouviu os funcionários dizerem que foi suicídio, que ela não suportava mas a vida de serviçal que tinha.
Ela havia morrido quando sua mãe era adolescente, por volta dos 14 anos, ela deve ter suportado o melhor possível por sua mãe, mas chegou no limite e se matou. Sendo sincera se o seu avô a tratava daquela forma ela nem imaginava como foi com sua mãe, e nem como ela aguentou tanto tempo.
De fato ela nunca via a mãe sorrindo no Japão, mas quando foi para Paris foi a primeira vez que ela a viu sorrindo, provavelmente porque sua mãe estava longe dele. Ela imaginava que se alguém sofria abusos, não passaria isso para seus filhos, mas ao que parecia seu avô conseguiu fazer uma “lavagem cerebral” nela. Sua mãe so contratava homens, e degradava as mulheres, era super estricta com ela e não tinha gestos afetivos, ela mal lembrava de ter sido abraçada sem ser na frente de um “publico”, talvez por isso a personalidade dela era do jeito que era, sem ela entender o comportamento e sentimentos das pessoas.
Mas isso começou a mudar quando conheceu Adrien, eles tinham tantas coisas em comum, e ela estaria feliz de casar com ele e servi-lo, porque ele era doce e gentil, além de bonito, ele definitivamente era melhor que qualquer pretendente que so iria “usa-la”, e por sorte a família dela tinha interesse nesse matrimonio, entao ela esperava que pudesse ser feliz com ele.
Foi muito divertido o tempo que treinavam e passavam juntos, mas ela sentia um afastamento dele, depois, no caso quando ele a revelou que era Cat Noir ela entendeu uma parte, e a outra foi na época quando percebeu que ele tinha sentimentos por Marinete. Doeu muito, ela tinha esperanças de se libertar daquela vida horrível com outra pessoa que tinha uma vida igualmente ruim, mas ao que parecia o destino dela não era ser livre.
Ela entao começou a fazer amigos, depois de Adrien, foi Marinete e assim se seguiu os outros ate que conheceu Luka. No inicio eles não eram próximos ate que eles começaram a tentar juntar A x M, mas ainda sim ela so o achava um cara gentil e maduro, era parecido e ao mesmo tempo diferente de Adrien.
Luka era gentil, Adrien também, Luka era atencioso, Adrien também, Luka era bonito, Adrien também, em algum momento ela achou que estava se sentindo interessada por Luka por causa de características semelhantes com Adrien, incluso ambos tocavam, embora fossem instrumentos diferentes, mas tinham coisas diferentes.
Adrien era muito ingênuo, Luka já parecia do tipo “entendedor”, Adrien era do tipo servil, Luka era do tipo companheiro, Adrien era retraído, Luka livre. Com Adrien ela sentia correntes que o aprisionavam, com Luka parecia que ele seguia o vento, era livre, relaxado e calmo, dava uma sensação de suavidade.
Entao no dia da morte do Monarca e que eles se juntaram, ela viu novos lados dele, o lado cheio de compaixão, o lado protetor, o lado justiceiro, o lado determinado, o lado amoroso...
Depois disso os dois começaram a se falar mais e mais, era o pouco tempo de “alegria e liberdade” que ela tinha, sua mãe estava muito ocupada “servindo” o seu avô para prestar atenção nela, o que era um alivio, porque com isso ela conseguia dar umas escapadas, ela pagou varias vezes subornos para professores e funcionários para a liberarem e manterem em segredo da mãe. O dinheiro tinha poder, e com isso ela pode se encontrar com ele.
Foi algo tão maravilhoso e libertador, ela conheceu todos os membros da família dele com o tempo de forma mais profunda. A mãe dele era o tipo de mulher que ela queria ser, LIVRE, ela não se prendeu ao marido, ela não seguia as regras da sociedade, ela era superconfiante, determinada, comandante, além de gentil e com uma personalidade peculiar, mas ela gostava, incluso ela aprendeu muitas coisas de barcos, viagens e sobreviver com poucas coisas em uma ilha deserta, ao que parecia ela passou por um naufrágio e teve que sobreviver um mês sozinha, era uma mulher incrível.
Seu pai era um roqueiro mundialmente famoso e excêntrico, tinha um crocodilo como pet, e parecia que namorava sua gerente administrativa que também era uma mulher incrível do ponto de vista profissional e ela também gostava muito dela. O pai dele tinha abandonado a família para a carreira de rock, mas depois que ele descobriu que Luka e Juleka eram seus filhos, focou sua atenção neles e desistiu de muitas coisas relacionadas ao trabalho por eles, achei um gesto amoroso, Luka tb parecia muito feliz, mesmo que a família não pudesse mas estar unida completamente, ainda sim ele gostava da proximidade com o pai.
Juleka era uma garota tímida, no inicio elas duas não tinham uma boa interação, ela com sua “falta de noção social” e Juleka com a timidez crônica, mas ambas queriam fazer esse esforço por Luka, entao Juleka deu o primeiro passo, no caso, a primeira “musica” que ela havia composto para alguém especial para ela, e ela deu a opniao da forma mais “emotiva” que ela conseguia, foi difícil, ela sempre foi “palavras” em cima de “sentimentos”, mas Luka ajudou a Juleka entender que ela não estava sendo grosseira, e ela entender que tinha que ser mais emocional. As duas começaram a se dar melhor depois disso, ela mesma mostrava algumas coisas artísticas que fazia, como o artesanato com flores e a presenteou, e Juleka fez uma musica para ela, o que foi um lindo gesto afetivo.
Se as coisas correcem bem, seriam como irmãs, ela nunca teve irmãos e sempre quis ter alguém tao próximo assim, ela descobriu depois que se aproximou mais de Juleka que ela amava a Rose, sendo sincera foi um pouco chocante, ela tinha princípios muito tradicionalistas como casal devia ser, homem x mulher. Mas ela prometeu a Luka que abriria a mente para coisas novas, entao ela foi pesquisar a respeito, e entao achou os mangas BL e GL, e começou a ler, sendo sincera ela não gostou dos GL, mas amou os BL e Luka incluso a pegou lendo eles e ela os introduziu ao “novo mundo”, ele parecia desconcertado, ela imaginou que talvez ele gostasse mais do GL e ela acertou.
Quando ela perguntou quem ele imaginava quando lia GL ele ficou emcabulado mas disse que havia pensado em Marinete e ela, sendo sincera ela não ficou surpresa, Marinete havia sido seu amor passado e era uma garota muito fofa, ela entao admitiu que pensou nele e Adrien juntos, entao como uma típica pergunta masculina ele quis saber quem era o ativo dos dois, rindo ela disse que era ele e que era um “colírio” mental pensar nos dois lindos garotos juntos.
Mas sendo sincera com o novo “Adrien”, Luka havia virado o passivo, mas ela não diria isso para ele.
Depois que ela pesquisou tudo a respeito de relacionamentos homossexuais ela foi conversar com a Juleka e decidiu ajuda-la, ela descobriu que outro amigo dela estava tendo problemas com isso também, era Marc, e ao que parecia ambos tinham o problemas que seus “interessados” estavam alheios aos sentimentos deles, e como era um relacionamento homossexual eles não tinham coragem de falar com os amigos, ela e Luka entao decidiram ajuda-los a conquistar a Rose e Nataniel.
As coisas não haviam progredido tanto como queriam, Juleka e Marc já haviam conhecido sua “sexualidade” a muitos anos e aceitaram elas internamente, mas Rose e Nataniel não, Rose so via Juleka como amiga e Nataniel o mesmo, mudar a visão de “amigos” para “namorados” não era fácil principalmente se eram contrários aos princípios sociais, religiosos e biológicos entao tudo que ela e Luka podiam fazer era apoia-los.
De qualquer forma ela amava a família excetrica, diversificada, gentil e acolhedora que era a família do Luka, combinava perfeitamente com a personalidade hippie dele, ele havia perguntado sobre conhecer a mãe dela.
Foi um período difícil, ela teve que explicara para ele toda a cultura japonesa e da família dela para que ele entendesse, entendesse que a família era tradicional e infelizmente a família dele nem ele se encaixavam no perfil, e se fossem querer continuar o relacionamento enquando ela ainda era menor de idade eles teriam que esconder e esperar. Ela tinha certeza que aquilo afetou ele, mas ele escondeu bem, ele não queria prejudica-la de nenhuma forma.
Essa época tinha sido difícil para ela, ela queria que Adrien estivesse com ela para conversarem sobre isso, porque a família dele também não aceitaria a filha de um padeiro como namorada do filho bilhonario, mas nessa época ele estava em outro país e passando por um difícil período de tratamento psicológico, entao ela não podia falar com ele. Tambem não podia falar com Marinete porque a família dela era perfeita, ela nunca a entenderia, seus amigos tb tinham ótimas famílias, a única que a entendeu um pouco foi Zoe.
Vinha de uma família desestruturada. Sua meio-irmã era a pior pessoa possível, sua mãe não ligava para ela, e ao que parecia o seu pai também, o único apoio que ela tinha familiar era seu padrasto que gostava dela e era gentil, mas ela entendia o que era viver em uma família disfuncional e ter que seguir princípios familiares que ela não estava de acordo.
Isso as aproximou e descobriu que Zoe e Alix estavam em um relacionamento escondido também, isso a surpreendeu mas ela já estava familiarizada com amigos homossexuais entao ao menos dessa vez ela pode apoia-la bem. Assim como seus outros amigos e parentes, ninguém sabia das preferencias delas, a questão de “sair do armário” era muito difícil e necessitava uma mente forte e bem estruturada, mas Zoe havia ficado muito feliz pelo apoio dela. Ela havia me dito que gostava da Marinete, mas como ela obviamente gostava de Adrien ela desistiu.
Depois que Alix voltou da missão com o fim do Monarca, elas começaram a conversar e descobriram que tinham muitas coisas em comum, Alix também era do tipo de garota “masculina”, entao ela já se sentia meio desconectada com o perfil “feminino” tradicional, uma coisa levou a outra e elas se beijaram, depois disso progressaram a serem namoradas, mas ainda não sabiam como divulgar isso para os amigos, entao pelo momento elas escondiam, somente ela e Luka sabiam disso.
Depois de refletir tanto tempo ela voltou a se localizar.
Estava no enterro do avô, sendo sincera as lagrimas pareciam falsas, ela se perguntava se existia alguém que realmente sentia saudades dele, provavelmente estavam tristes de perder o dinheiro que ele dava quando era bajulado. Mas ela deveria fingir um papel também e fingiu que chorava, ela havia pedido dicas para Adrien de como fingir estar triste sem realmente estar triste, ele entao sugeriu os óculos e o chapéu, depois ela so deveria fingir que estava limpando os olhos com um lenço e fazer sons como se estivesse chorando e deveria ser convicente o suficiente.
O fato dela ter alguém que poderia ser 100% sincera era uma benção, ela incluso sabia que Adrien falava muitas coisas so para ela, o que a deixava feliz, mas se sentia culpada de falar tudo para seu ex, e não para seu namorado, mas Luka nunca entenderia o que ela passou.
Agora ela estava aqui, fazendo o segundo enterro familiar em menos de 1 mês, e não se sentia mal, ela realmente tinha feito aquilo por reflexo e não tinha intenção de mata-lo, mas depois que fez isso, ela realmente se sentiu livre. Ela era uma assassina do próprio sangue, ela se perguntava se estava bem ela não se sentir mal por isso, o que isso dizia sobre ela como pessoa?
Ela com certeza não era uma boa pessoa, e se perguntava se estava bem ficar com uma pessoa pura ela estando corrompida. Mas ela estava cansada de so fazer o que os outros diziam como um fantoche, ela queria fazer o que quisesse, ela não sabia se algum dia diria isso para Luka, mas o fato dela ter com quem conversar sobre as próprias trevas dela era maravilhoso. E aqui estava ela pensando se conseguiria ter todo o império Tsurugi em mãos, com uma lapide na sua frente. Ela realmente era uma pessoa má, dissimulada e podre.
Ela se perguntava se Adrien também estava conhecendo esses lados “sujos” dele, ele havia dito para ela que estava lutando com algo internamente, e não era bom ele ficar com Marinete.
Ela entendia agora, seu querido amigo podia parecer “limpo” superficialmente, mas devia estar tão corrompido quanto ela, mas ao que parecia no caso dele era pior, porque tinha magia envolvida, a magia de um kwami yin focado na destruição, quão difícil deveria ser controlar isso?
Ela havia conversado com Hiroto-san, ele havia dito que os kwamis eram a personificação de um desejo, e ao fazer um link com aquele kwami significava que vc “aceitava” o kwami completamente, ou seja, aquele desejo, isso significava que Adrien havia aceitado a destruição? Ele queria destruir o que? O mundo? Uma pessoa? Ou a própria existência dele?
Ela tinha medo de perguntar, qualquer uma das opções parecia horrível de uma forma diferente, provavelmente Adrien estava com medo tb, ele devia ter percebido isso, se ele aceitou a destruição, significaria que ele estava feliz sempre que a provocasse? Ou matasse?
O que ela podia fazer para ajuda-lo? So tinha uma resposta na mente dela, ficar do lado dele e impedi-lo de se machucar ou aos outros, eles dois tinham muitos segredos juntos, incluso tinha coisas que ele so contou para ela, entao era obrigação dela estar do lado dela, não importando para onde isso a levaria, porque afinal essa era a definição de “justiça dela”.
Com o fim do enterro ela estaria indo para um hotel, e depois de dois dias seria lido o testamento. Mas ela não podia ficar parada, ela tinha que planejar os próximos passos, porque ela e Adrien tinham coisas para fazer e pessoas para destruir e ela faria isso com prazer se significasse proteger seus seres queridos, iria cair tão baixo no abismo quanto fosse necessário.
Sua vida sempre foi rodeada de trevas, so que dessa vez, ela entraria nelas por vontade própria.
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