As lutas começaram, e logo você entendeu o motivo pelo qual o lugar ficou tão lotado de repente. Formou-se um círculo no meio do local, onde os participantes que iriam lutar ficavam e ali mesmo apostavam seu dinheiro em sua própria vitória. Você percebeu que a coisa era levada a sério quando o círculo formado por pessoas se empurrava para chegar perto, mas nunca alguém ficava na frente, onde estavam Senju e os membros da Brahman, fazendo assim com que tivessem total visão da luta sem nenhuma preocupação. Havia outras pessoas que considerou importantes, já que estavam em carros de luxo, atentas à luta e apostando com os demais. Alguns jogadores ainda pedem sua "benção".
— O que é isso? – Chamou a atenção de Senju, que estava quase dormindo escondida em suas costas.
— Jogadores fazem isso para chamar mais atenção e fazer o público torcer por eles. Geralmente é sempre algum patrocinador ou alguém importante. – Senju se esfregou em seu cabelo, como se conseguisse se esconder nele.
— Ninguém te chamou. – Virou o corpo para poder ver o rosto de Senju depois de tanto tempo. — Você é a líder; teoricamente, você é o que todos almejam.
Viu o rosto de Senju se iluminar e um sorriso preguiçoso se formar no rosto dela. Senju, para sua surpresa, se levantou, te empurrando para frente também, e antes que pudesse reclamar, Senju colocou a mão em sua cintura, virando você para ficar frente a frente com ela. O sorriso de Senju foi aumentando cada vez mais enquanto se aproximava do seu rosto.
Ela iria te beijar!? Não era a primeira vez, mas havia muita gente em todo canto. Senju iria te beijar na frente de todo mundo assim!? A líder da Brahman podia fazer algo assim?
— Quero, em homenagem, chamar aquela que é apelidada de Angel, o anjo protetor da Toman! – O grito foi tão alto que rapidamente sua mente voltou à realidade, e você virou para ver o dono do chamado.
O homem te olhava fixamente, não deixando dúvidas de que não era algum engano. Todos olhavam para você com expectativas e curiosos, fazendo você se sentir pressionada. Como se tivesse o corpo pesado, recuou para trás.
— Filho da puta. – Senju sussurrou, parecendo irritada, com um olhar penetrante direto para o competidor.
— Vamos, angel! – O homem gritou mais uma vez, e dessa vez algo parecia familiar.
Você tirou a atenção do público e olhou para o competidor. Ele não parecia familiar, não tinha lembrança nenhuma da aparência daquele homem, mas aquela voz lembrava alguma coisa.
— Ela não–
— Senju, espera… – Você segurou o braço da garota para chamar a atenção dela para si. — Tudo bem, eu posso fazer isso.
Tudo o que não queria era um tipo de briga, já bastava no ringue. Senju parecia estressada por algum motivo que a fez questionar se aquele homem era perigoso, quer dizer, a voz dele parecia familiar, só não conseguia identificar.
Se Senju impedisse, iriam saber que tinha aproximadamente com ela e como agora tinha sido exposta como um antigo membro da Toman, Senju te defender poderia causar algo nos membros da Brahman que odeiam a Toman e a Tenjiku.
Você suspirou, repetindo várias vezes em sua mente que já havia passado por coisa pior, o que era absolutamente verdade, mas ainda não te deixava tranquila com tanta gente gritando empolgadas e outra lhe encarando mortalmente.
Parou em frente ao juiz, que não fazia nada além de pegar o dinheiro que foi apostado e iniciar a luta, já que não havia regras nessa luta. Em uma bandeja havia o protetor bucal e um bolo de dinheiro, cada um de um lado de cada participante. Tentou não fazer uma expressão de nojo quando foi pegar o protetor bucal e sentiu um alívio súbito por pelo menos aquela merda não estar babada.
Era simples, pegar o protetor bucal e entregá-lo ao jogador. Um ato simples, tolo e aleatório, mas não foi você que havia feito as regras, então tudo o que tinha que fazer era simples.
Quando se aproximou do lutador, teve a noção de que ele era alto, muito alto. Tentou evitar contato visual e somente entregou o protetor, mas quando ele pegou da sua mão, viu uma bela tatuagem na mão. Punição. Foi como um gatilho e levantou o rosto rápido para ver o homem com um sorriso arrogante no rosto.
— Hanma… – Você não sabia se ficava aliviada ou com raiva de ver aquele rosto de novo.
— A quanto tempo, cão de guarda. – Hanma colocou o protetor, impedindo que ele falasse mais alguma coisa.
Não que ele precisasse, em uma única frase, ele conseguiu trazer lembranças irritantes quando estava na Tenjiku junto a ele e lembrando você mesma que o odiava.
Todos gritaram em euforia, e você entendeu que era sua deixa para voltar para onde estava, e assim fez rapidamente, não querendo ficar no meio de tudo aquilo. Foi muito fácil voltar, já que o caminho estava livre, mas não notou o quanto estava andando rápido para voltar para perto de Senju em meros segundos e estar em frente dela, aliviada por ter chegado onde queria.
— Você foi muito bem. – Senju sorriu doce, a puxando para perto.
Naquele momento, não pensou que não estavam sozinhas, somente riu, mas parou ao ver a expressão de Senju se fechar quando ela garantiu de esconder o seu rosto no vão do pescoço dela, impedindo de ver o rosto dela perfeitamente.
— Vamos embora, lírio. – Ficou surpresa quando Senju deixou seu corpo e foi em direção ao carro.
Foi repentino, e por mais que Senju mantivesse o sorriso dócil em sua direção, sabia que ela estava zangada ou mais incomodada com algo que sinceramente não sabia ainda, na verdade, tinha algumas em mente, mas Senju não deixou tempo. Então foi até o carro sem contestar e entrou quando a Akashi casual abriu o carro.
Senju saiu do local sem muita dificuldade quando todas as pessoas estavam focadas em um único ponto, mas ainda tinham algumas espalhadas justo no caminho, fazendo Senju ligar o farol para chamar atenção. Se sentiu aliviada quando Senju pegou um caminho diferente com uma estrada muito mais tranquila, o que fez xingar Wakasa em sua mente algumas vezes de como ele é um péssimo motorista.
Não lembrava o momento certo em que caiu no sono, mas quando acordou, estava em frente de casa. Senju te ajudou a se ajeitar no banco de forma mais confortável e perguntou se estava bem. Não demorou muito para a vergonha bater, dormir na frente de alguém era vergonhoso, havia manias que tinha no sono, só não sabia se eram esquisitas ou não.
— Posso te fazer uma pergunta? – Senju estava mais séria, mas ainda transmitia uma tranquilidade inimaginável.
— Claro. – Enquanto isso, tentava ver pelo reflexo do espelho se estava uma completa bagunça.
— Por que entrou para Tenjiku?
Como reflexo, suspirou ao ouvir a pergunta. Xingava em sua mente, tentando amenizar o nervosismo, muito útil, na verdade.
— Por que eu entrei? É simples, na verdade, queria proteger meus irmãos, mas acho que a pergunta que você quer é: o que aconteceu na Tenjiku. – Olhou para Senju finalmente, e ela não desviou o olhar da estrada, não olhando em seus olhos. Foi ali que percebeu que estava certa. Suspirou, tentando não se afetar com nada, era somente história para contar, um passado, mas não tinha certeza se tinha confiança em contar para Senju.
— … Algo aconteceu perto da junção das duas gangues. – Engoliu seco quando percebeu sua garganta fechar. Iria conseguir continuar? Não sabia que essa história te afetaria depois de tanto tempo. — Eu lembro do dia como um borrão. São poucas coisas que lembro nitidamente, mas me deixou uma grande marca. – Sentiu suas costas formigarem e logo um arrepio forte que lhe fez fechar os olhos.
Senju suspirou e escondeu o rosto com as mãos, seu corpo tremeu enquanto balançava a cabeça em negação. Quando olhou para você, tinha um rosto magoado e os olhos exalavam algum tipo de afeto.
Senju pareceu querer falar algo, mas parou, e seu rosto se escureceu rapidamente. Ela tinha olhos fixos em algo e parecia não gostar do que via.
— Tem alguém em frente à sua casa. – Senju indicou a olhar para a janela do carro, e rapidamente virou para ver.
Havia alguém parado na sua porta, e naquele momento passou milhares de coisas na sua cabeça.
— Fica aqui, eu vou ver o que tá acontecendo. – Senju sorriu, tentando te tranquilizar, e beijou sua testa com os olhos gentis te olhando antes de descer do carro.
Quando Senju deu a volta no carro, você desceu também, e rapidamente o olhar de Senju ficou emburrado. Não precisava ela falar para saber o que passava na cabeça dela. Deu os ombros como se não fosse nada, mas pegou a mão de Senju.
Sua mente repetia diversas vezes que estava segurando a mão de Senju para protegê-la, mas a grande verdade era que estava com medo. Quando sua família é metade deles gangsters, não é bom sinal alguém desconhecido na porra.
— [Nome]? – Era uma mulher mais velha, mas sabia se vestir muito com roupas de grife.
— E quem é você? – Senju soou ríspida, enquanto você focava em olhar para aquela mulher. Ela parecia ridiculamente familiar.
Seus olhos se arregalaram como se uma lâmpada acendesse em cima da sua cabeça, e o choque te deixou sem ar por meros segundos.
— Mãe!?
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