Suspirei enquanto secava uma xícara.
- Menino, que cara é essa? Vai espantar os clientes.
- Gomen, Uraraka-San.
Faz poucos anos, dois especificamente, que trabalho de meio período em uma cafeteria. Depois de ter kiichi fiquei desempregado por algum tempo, eu sabia que não tinha como me manter apenas com a renda que meus pais me mandavam, e também eu não poderia viver as custas deles para sempre.
Felizmente encontrei esse café, que não demorou muito para me contratar. A filha da gerente se chama Uraraka Ochako, é uma beta carinhosa e educada. Ela é a atendente do local, assim como eu. Mas nós dois não trabalhamos sozinhos, também tem o Iida, ele é o mais responsável, eu diria. Um conhecido primo meu que deu o braço para que pudesse trabalhar aqui.
- Midoriya. -- Ouço ser chamado, me virando rapidamente. Vejo o mais velho, citado anteriormente, segurando um telefone em mãos. -- É da escola do seu filho. -- Me assusto.
Como assim da escola do Kiichi? O que ele fez, será que se machucou?
Aquela onda de perguntas havia me atingido, me fazendo ficar nervoso. Caminhei até Tenya, tomando o telefone de suas mãos.
- B-Bom dia? -- Digo, despertando a pessoa do outro lado da linha.
- Bom dia, senhor Midoriya?
- Ele mesmo. O que aconteceu?
- Preciso que o senhor compareça aqui na escola, por favor.
- A claro, já estou indo. -- Desligo. -- Uraraka...?
- Pode ir izu-kun, eu cubro tudo aqui para você. -- Então eu sorrio para a garota, a agradecendo por isso.
Sem enrolação, peguei um táxi que não tardou de me levar ao local desejado. Encarei o prédio, antes de suspirar entrando.
O ambiente colorido e descontraído tirou minha tensão, os desenhos nas paredes me faziam sorrir, e as vozes de crianças pareciam me acolher.
Era tão delicioso e confortante esse ar de jardim de infância.
Entrei na diretoria, levando um susto com a pessoa que acabei encontrando.
- Kacchan?
Encontrei o loiro pela segunda vez, naquele mesmo dia. Senti vontade de correr da-li, ir para casa e sentar em posição fetal, mas não tinha para onde correr, pois lembrei do verdadeiro motivo de eu estar ali.
Olhei em volta, e vi uma criança bochechuda com os olhos marejados e nariz vermelho, apertava a própria mão, que estava enfaixada. Seus braços e pescoço estavam arranhados como se tivesse se metido em uma briga de rua. Mas aquele não era meu filho.
Olhei então para a outra criança que tinha ali. Kiichi. O esverdeado mantia seus braços cruzados, e um biquinho nos lábios. Seu rosto estava vermelho, indicando sua raiva. Também tinha arranhões espalhados pelo corpo.
- Kiichi. -- Corri até o mais novo. -- O que conteceu?
- Ainda não conseguiu entender? -- Kacchan falou grosso. -- Esse pivete mordeu a mão do Ukai.
- Não fala assim com o mama Izuku. E eu não sou um pivete!-- Rosnou.
- Kiichi. -- O repreedi. -- Por que fez isso?
- Ele pegou o meu brinquedo.
- O brinquedo não era seu, ele era da escola.
- Cala a boca, cara de bolacha. -- O pequeno disse, fazendo a outra criança se encolher.
- Bom, explicando o que aconteceu. Kiichi estava brincando, quando Ukai se aproximou e pegou outro brinquedo que estava jogado ali próximo, eles acabaram começando uma briga que só se encerrou quando esse verdinho aí mordeu a mão do coleguinha.
- Filho, o que combinamos? Você disse que não morderia ninguém.
- Gomen, mama. -- Bufou.
- Oe, se esse garoto fazer isso novamente eu irei tomar providências drásticas.
Uh? Por que Kacchan estava protegendo o outro garotinho? Era algum parente? Ou talvez...
Um filho!?
Claro, como não? Não é como se ele fosse ficar solteiro para sempre, ele... ele também tem a vida dele... não é? Que sentimento é esse, uma ardência no peito, um incômodo, sensação estranha. Talvez um infarto?
Suspirei, espantando aqueles pensamentos. Encarei o mais velho, antes de dizer:
- Não será necessário. Desculpe por isso, Kacchan. Kiichi, você já sabe o que fazer, não é? -- pergunto.
Então o menor apertou os punhos, se levantou bruscamente e se direcionou até o outro menino, ficando em pé ao lado de Ukai. Bufou, me encarado.
- Gomene, Ukai. -- Faz reverência
- Desculpe pelo incidente. -- Faço reverência também.
- Tá, já chega. -- O loiro range os dentes.
- Vocês estão liberados, e podem levar as crianças para casa.
- Arigato, desculpe pelo incômodo.
Pego Kiichi nos braços, e katsuki segura na mão do outro garotinho, nos retirando da sala.
- Ei, Izuku. Uh, vai fazer alguma coisa agora? -- Ouço o mais alto dizer. O mesmo tinha uma cara levemente avermelhada, parecia incomodado, como se algo não estivesse certo.
- E-Eu? -- Me surpreendo com a pergunta.
- Tem mais algum Izuku aqui, idiota?
- A-Ah, não, desculpe.
- Não peça desculpa! -- Eleva a voz, fazendo eu me escolher.
- URUSAI!! -- Kiichi o encara com fúria.
Tentou atacar novamente Bakugou, mas eu o segurei e dei um tapa em sua nuca. Ato comum do cotidiano.
- Kiichi.
- Gomene. -- Esfrega a mão no local atingido.
- Respondendo sua pergunta, Uraraka-San vai me cobrir, então apenas pretendia ir para casa.
- Então, -- Desvia o olhar. -- gostaria de ir, junto com as crianças, em alguma sorveteria?
- Qual a sua verdadeira intenção? -- Kiichi pergunta, estalando a língua no céu da boca.
- Uh, comer sorvete!? -- Levanta os ombros.
- Só para ficar claro, eu não gosto de você. -- Descansou a cabeça em meu ombro.
- Desculpe. -- Formo um sorriso em meus lábios ao ver katsuki encarando a criança com dúvida.
Não era raro o menor não gostar de alguém. Kiichi me ama, gosta de minha mãe, respeita shoto, e odeia o resto do mundo, hahaha.
Acompanhei o loiro até um shopping, não muito distante da-li. Tomamos sorvete em uma sorveteria bem famosa do local.
- Kat! -- O pequeno Ukai chamou Bakugou.
- Sim?
- Eu quero ir. -- Aponta a uma enorme piscina de bolinha no meio da praça principal.
- Mas logo irá escurecer.
- Por favor. -- Faz um feição triste abaixando a cabeça.
- Golpe baixo. -- Suspira cedendo.
Nunca imaginei Katsuki Bakugou perdendo para uma criança, hahah. Quem te viu quem te vê Kacchan.
Encarei Kiichi, que pareceu querer ir também, mas estava grudado em minha calça. Segundo ele, o mesmo iria me proteger do Bakugou.
- Pode ir meu bem, eu ficarei bem. -- Dou ao mais novo meu melhor sorriso.
- Mas e se ele te sequestrar, ou fazer algo ruim?
- Oe, eu não sou nenhum sociopata não!! -- O mais velho disse com uma carranca raivosa, apertando os punhos.
- Um sociopata diria a mesma coisa!! -- Se aproxima rosnando.
- G-Gente, uh, chega, calma. Kiichi pode ir, eu vou ficar bem.
- Certo, se algo acontecer me chame. -- Vira as costas, e sai pisando forte.
Sentamos em um banco, que nos dava a visão do brinquedo, vendo as crianças se divertindo ali. O silêncio constrangedor me deixava agitado. Todo aquele nervosismo de antes voltou com tudo, fazendo minhas mãos tremerem.
- Eu fiquei realmente surpreso quando aquela criança disse que era seu filho, nunca imaginei que estaria tão grande.
A frase soou vaga. Eu o encarei por alguns instantes, antes de voltar am olhar meu filho, que dizia ser o rei do brinquedo e as outras crianças o reverenciavam.
- Foi algo muito prematuro, eu era jovem demais, acabei cometendo várias besteiras, que resultou em suas consequências. Mas eu não me arrependo de ter Kiichi, ele é um bom menino comigo, digo, na maior parte do tempo. Mas ele não gosta muito de estranhos.
- É, eu já percebi isso! -- Fala me fazendo rir. -- Kiichi, é um lindo nome, ótima escolha. -- Ele me olhou sorrindo sem mostrar os dentes.
Aquilo me fez corar. Aquele sorriso era lindo. O loiro havia realmente amadurecido. O mesmo não costumava esboçar qualquer outro tipo de reação a não ser raiva, tanto na infância quanto na adolescência, seus sorrisos eram algo raro.
- Obrigado, pensei muito antes disso, acho que foi uma escolha difícil. -- Falei calmo. -- Nunca pensei que veria você cuidando tão bem de uma criança.
- Ah, não curto muito, é irritante. Mas meu primo me obrigou, dizendo que me pagaria depois, e eu aceitei pelo dinheiro. Mas Ukai é adorável, então tudo bem. -- Coça a nuca. -- Se fosse alguém como o Kiichi eu teria o tacado pela janela. -- resmunga me fazendo rir.
Mal sabe que é seu filho.
- Hahaha, você é o mesmo de sempre. Mas não pretende ter filhos com seu parceiro ou parceira?
- Na verdade eu sou solteiro. Estive solteiro esse tempo todo.
Solteiro... SOLTEIRO? O que!!!!????
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