Eu nem acredito que depois de tanto tempo, finalmente estamos aqui!
Depois de tantas noites escondidos…
Eu já entrei sorrateiro pela janela do teu quarto tantas vezes que até perdi as contas!
Acho que nem sei como é a porta da frente da sua casa!
Nossas noites sempre foram assim.
Quando você tem seus compromissos como Kazekage em Konoha, eu entro escondido pela janela do teu quarto de hotel.
Quando eu tenho alguma missão em Suna, eu entro escondido pela janela da tua casa, ou do teu escritório, ou de qualquer lugar onde consigamos algumas horas sozinhos pra fazer amor.
Eu o amo Gaara, mas estou ficando cansado de ter que entrar por janelas.
De ter que partir antes do amanhecer.
De ter que me esgueirar pelas sombras para que ninguém nos veja.
Eu estou muito cansado…
Mas, aqui estamos nós, e eu nem acredito!
Depois de tanto tempo, tantos anos de encontros corridos e às escondidas, você finalmente conseguiu uma folga.
Conseguiu resolver todos os problemas de sua vila e deixar seus irmãos responsáveis por ela.
Conseguiu uma semana inteira para nós!
Você quis ir para um lugar distante. Perdemos um dia inteiro com a viagem, mas eu compreendo.
Você quer ir a algum lugar onde não seja reconhecido.
E é difícil para você não ser reconhecido, sendo o Kazekage.
Então, depois de quase dez horas de viagem de trem, chegamos a um país distante.
O país das Fontes Termais.
Fica tão longe das cinco grandes nações, que talvez, ninguém o reconheça por aqui, e então poderemos ter o tempo a sós que sempre quisemos.
Chegamos à pequena pousada.
É época de pouco movimento e você planejou isso.
Quanto menos gente, melhor!
A pousada está praticamente vazia, cheia de quartos disponíveis.
Você escolheu o melhor. É mimado e gosta de luxos.
Mas sei que também é porque você quer que tenhamos a melhor semana possível.
Eu não estou com minhas habituais roupas de Shinobi. Não quero nem correr o risco de pensarem que somos shinobis.
Para todos os casos, somos só dois viajantes tirando férias.
Você está usando uma capa, que te dá um ar meio sinistro.
Cobre seus lindos cabelos vermelhos e principalmente, cobre o kanji em sua testa, que denuncia a qualquer um, quem você é.
Nos registramos com nomes falsos.
Eu sou Shin e você é Akira
Pegamos as chaves e vamos para o nosso quarto.
Você começa a abrir, e eu fico paralisado encarando a porta.
[...]
— O que foi Lee, não vai entrar? — Gaara perguntou.
— É que… é tão estranho…. Finalmente estar aqui com você, sem ter que entrar por uma janela…
— Ohn Lee… — Gaara disse passando as mãos por seu rosto — Eu sinto muito. Mas, estamos aqui agora — o Kazekage sorriu para ele — Estamos juntos e teremos a semana inteira juntos!
— Posso entrar com você no colo? — Lee perguntou animado, com seu típico sorriso bobo, que fazia Gaara ceder a qualquer coisa
— Pode… — sorriu conformado e envergonhado, passando os braços pelo pescoço do mestre de taijutsu enquanto ele o levantava.
Lee passou com ele pela porta como se carregasse uma noiva. E a sensação foi maravilhosa. Fechou a porta atrás deles com o pé, e botou o Kazekage no chão. Gaara tirou a capa e ambos começaram a olhar empolgados pelo quarto. Era grande, bem grande! O ruivo se jogou no enorme futon enquanto Lee explorava o lugar. Entrou no banheiro enquanto o Kazekage se espreguiçava no confortável colchão.
— Uôu!!! — gritou de dentro do banheiro
— Lee, o que houve?! — Gaara perguntou preocupado indo atrás dele
Quando entrou no banheiro, viu seu amante empolgado, e logo entendeu o porquê. Se o quarto já era incrível, o banheiro era duas vezes melhor. Tinha um ofurô, espelhos para todo lado, e uma bela decoração em madeira que deixava tudo mais aconchegante. Lee não demorou a por o ofurô para encher de água quente.
— Você vai tomar banho comigo! — Não era uma pergunta, era uma ordem.
— Lee… nós fizemos uma viagem tão longa. Eu estou tão cansado… Nós podemos fazer isso amanhã? — dizia o ruivo manhoso
— Se está cansado, isso é perfeito! Um bom banho relaxante vai te fazer descansar…
— Eu te conheço Rock Lee… Sei que não é só um banho que você quer! — disse cruzando os braços.
— É… Eu não quero só um banho… — segurou suas mãos e o puxou para mais perto — Eu quero te dar banho! E quero fazer amor com você nessa banheira!
O Kazekage, mesmo cansado, jamais negaria aquele pedido de seu amante. Lee adorava mimá-lo e dominá-lo, e Gaara sabia o quanto aquelas mãos grandes e ásperas podiam ser carinhosas. Então, despiu-se tirando de Lee um sorriso satisfeito.
[...]
No dia seguinte, acordaram no enorme futon. Lee se espreguiçou e tentou acordar o Kazekage, que encolheu-se entre as cobertas pedindo mais cinco minutos.
Gaara adorava dormir. No passado, quando era o Jinchuuriki do Shukaku, ele raramente dormia, pois a besta de cauda inundava sua mente de visões horríveis. Mas, desde que o Shukaku lhe foi removido, Gaara aprendeu a apreciar uma boa noite de sono. Em especial as noites em que dormia com Lee. Embora tivesse um jutsu de defesa quase impenetrável, o único lugar onde sentia-se cem por cento seguro era nos braços do ninja de cabelos pretos.
Enquanto Gaara dormia preguiçoso na cama, Lee levantou, tomou um longo banho gelado, pegou o telefone e pediu um café da manhã completo, para ser entregue no quarto. E só quando o café chegou, Lee foi acordar o Kazekage novamente, que dessa vez levantou. Emburrado, mas levantou.
Eles tomaram café juntos, descansaram bastantes, e à tarde, foram aproveitar o pôr do sol num cume bem famoso naquela pequena cidade. Ali havia um campo de girassóis e a vista do sol se pondo era perfeita.
Estavam sentados sozinhos naquele local ermo, entre todas aquelas flores, com o lindo pôr do sol à sua frente. Trocavam beijos apaixonados e juras de amor eterno, quando o Kazekage ouviu alguma coisa.
— O que foi? — Lee perguntou confuso quando Gaara interrompeu abruptamente o beijo, olhando para trás.
— Eu… Achei ter ouvido alguém… — ele disse confuso, ainda olhando para trás, procurando algo por entre as árvores.
— Não tem ninguém aqui… — Lee disse segurando seu rosto e trazendo o olhar dele para junto do seu — Só nós dois.
Gaara sorriu e voltou a beijá-lo. E depois que o sol se pôs, eles voltaram para o hotel. Mas aquela sensação não abandonou o Kazekage. Era como se alguém o estivesse observando.
[...]
No dia seguinte, Lee pensou que acordaria mais uma vez ao lado de seu amado ninja de cabelos vermelhos, mas quando acordou viu Gaara estranhamente observando o horizonte pela fresta da cortina.
— Gaara…?! — Lee perguntou confuso e sonolento, esfregando os olhos.
— Shiiiuuuu!
— Gaara, o que está fazendo aí? — Disse um pouco mais desperto, sentando na cama.
— Tem alguém aqui! — O Kazekage sussurrou.
— Meu amor, não tem ninguém aqui! — Lee riu.
— Eu me senti observado a noite inteira, Lee. Alguém sabe que estamos aqui, e está nos observando!
— Gaara… nós viajamos mais de dez horas de trem. Estamos em um país livre, longe de qualquer nação shinobi. Viajamos com disfarces e nos registramos com nomes falsos. Ninguém aqui nos conhece e ninguém está nos observando! — Lee disse indo em direção a janela, abrindo as cortinas.
Mas Gaara rapidamente as fechou de novo.
— Eu sou um ninja, Lee! Eu sei quando estou sendo observado.
— Ah é?! E eu sou o que? Não sou um ninja também?!
— É mas…
— Mas o que? — disse irritado — Olha Gaara, viemos aqui para tirar férias juntos, mas se você continuar com essa paranoia, eu vou tirar minhas férias sozinho!
Então, o ninja de cabelos negros saiu em direção a porta do quarto.
— Onde vai? — o Kazekage perguntou quando seu amante já estava saindo.
— Você está paranóico e eu me recuso a fazer parte da sua loucura. Se precisar de mim, estarei na piscina!
Então, Lee saiu deixando Gaara para trás.
Depois de algum tempo sozinho naquele quarto, pensando sobre aquilo, Gaara começou a se achar ridículo. Talvez Lee estivesse certo. Talvez aquela sensação de estar sendo observado fosse apenas coisa da sua cabeça. O Kazekage respirou fundo, e então vestiu a roupa de banho e um roupão por cima, e foi encontrar seu amado na piscina.
Chegando lá, viu Lee na terma, mergulhado em água quente até a cintura, com os braços abertos apoiados na borda da piscina, de olhos fechados, relaxando.
Gaara ficou algum tempo parado, observando o peito nu de seu amante, úmido pela água quente e as gotas de suor. Lee era lindo de muitas formas e Gaara o amava completamente.
— O que quer, Gaara? — Lee perguntou ainda de olhos fechados.
— Como sabe que sou eu?
— Eu sei quando estou sendo observado, eu te disse isso! — Lee respondeu, abrindo os olhos e o encarando com uma das sobrancelhas em pé.
— Você tem razão… — O Kazekage respondeu, tirando o roupão e entrando na água — Eu só estou paranoico… — Ele dizia enquanto aproximava-se do amante. Quando chegou à frente de Lee, esfregou seu peito másculo com as mãos miúdas, admirando aquele a quem tanto amava — É que… não estou acostumado a ficar com você assim, tão livre… Por tanto tempo…
Lee segurou a cintura de seu amado, o puxando para si.
— É isso que dá, me renegar a um reles amante… — Lee disse com um sorriso brincalhão, mas Gaara sentiu o coração doer, pois sabia que havia muita verdade e principalmente, muita dor naquelas palavras de Rock Lee.
— Você sabe que eu queria que fosse diferente, não sabe?! — Gaara disse cheio de tristeza.
— Shiuuu… — Lee colocou o dedo na frente dos lábios dele, o impedindo de continuar a falar — Não vamos discutir isso agora. Eu não devia ter tocado nesse assunto, me desculpe — Então sorriu para seu lindo Kazekage — Vamos aproveitar nossas férias, tá!
Gaara sorriu e concordou com a cabeça, e se abraçaram, e depois beijaram. E logo os beijos evoluíram para toques deliciosos debaixo da água quente…
Voltaram para o quarto e novamente fizeram amor. Pela noite inteira dessa vez. Fizeram amor como não faziam há anos. Na verdade, como nunca fizeram na vida! Porque, com seus encontros sempre às escondidas, sempre seguraram os sons dos gemidos e até gritos de prazer. Mas naquela noite, eles não se seguraram. Vocalizaram os dez anos de gemidos reprimidos em suas gargantas. Gemeram tão alto e com tanto desejo, que toda a pousada poderia ter escutado, se houvessem mais hóspedes ali. Mas, Gaara havia planejado tudo, e eram só eles. E por isso, se soltaram! Botaram para fora tudo, numa noite longa de amor e prazer.
[...]
No dia seguinte, apenas descansaram. Acordaram tarde, passaram o dia inteiro se amando na cama. Assistiram filmes e a noite, Lee propôs que eles saíssem um pouco, para o centro da cidade, para uma área mais movimentada.
— Lee… e se alguém nos reconhecer? — perguntou o Kazekage.
— Gaara… vamos disfarçados. Estamos muito longe das cinco grandes nações, ninguém vai nos reconhecer!
— Por que não podemos só ficar aqui, escondidos e salvo no hotel? Na cama… fazendo amor…? — Pediu manhoso como um gatinho, puxando o braço do amante para deitar-se novamente com ele.
Mas Lee não ia se render. Queria férias de verdade com o namorado.
— Gaara! Estamos aqui para aproveitar. Pra sairmos juntos! Eu não quero ficar escondido cheio de medo num quarto de hotel! Eu quero sair com você para nos divertirmos. Será que a gente não pode ser um casal normal, só uma vez na vida?
Gaara suspirou, frustrado e derrotado ele foi em direção ao banheiro.
— Onde vai? — Lee perguntou.
— Vou me arrumar para sair com você! — O Kazekage respondeu, entrando no banheiro e fechando a porta.
Lee sorriu vitorioso e acima de tudo animado. Mal podia acreditar que sairia mesmo com Gaara, num encontro de verdade. Mal podia esperar por aquilo.
Cerca de 40 minutos se passaram, Lee já estava arrumado há 30. ele estava usando um conjunto preto com detalhes dourados, lindíssimo, apenas esperando Gaara sair do banheiro.
Mas, o longo tempo que esperou, não foi o suficiente para prepará-lo pro que viu, quando o Kazekage saiu do banheiro.
Gaara usava um vestido vermelho - sim, um vestido vermelho! - ao estilo Kimono, com uma fenda até o meio da coxa. O vestido também era de gola rolê, escondendo seu pomo de adão. E aquele vestido mais a sandália preta de salto médio, os brincos de pérola e a maquiagem - batom vermelho, lápis nos olhos, rímel, blush e bastante base escondendo o Kanji tatuado na testa - … Todo o conjunto era de enganar qualquer um! Qualquer um que o visse, acharia que ele era uma mulher. Uma mulher linda!
— Ga-Gaara… — Lee gaguejou com o queixo caído — Você está lindo!
— Gostou?! — A voz do Kazekage era grossa, acordando Lee para a realidade de que seu amante ainda era um homem.
— Se eu gostei? Eu adorei! — Ele disse chegando mais perto, tocando com vontade a coxa do ruivo, amostra na fenda do vestido — Mas vai ter que afinar a voz se quiser enganar alguém.
— Engraçado, nunca te vi tão animado com a minha aparência. Talvez você gostasse mais de mim se eu fosse mulher…
— Tá brincando?! — Lee sorriu travesso, subindo mais a mão da coxa do namorando e depositando entre as pernas dele — Se você fosse mulher, eu não teria o meu brinquedinho favorito.
Naquele momento, por mais que tivessem vontade de arrancar as roupas e cair na cama, saíram para passear. Chamaram um carro que os levou ao centro da cidade, onde jantaram em um restaurante elegante, depois se dirigiram para uma casa de chá a fim de aproveitar a noite.
Na mesa extensa cheia de homens ricos e suas damas de companhia, assistiram ao show das gueixas que se apresentaram naquela noite. Jogaram poker com desconhecidos e se divertiram muito. E é claro, todos os homens presentes naquela exclusiva casa de chá não tiravam os olhos de Gaara ou de “Aiko”, como ele se apresentou.
Se divertiram como nunca antes e pareciam um casal de amantes como outro qualquer naquela casa de chá. E por mais que tenham chamado muita atenção - ao menos Gaara chamou - ninguém lhes fez muitas perguntas, afinal, aquela era a “cidade do pecado”, para onde homens casados iam tirar férias com suas amantes, ou viver aventuras eróticas nos bordéis locais.
Depois da casa de chá, saíram para dançar. Gaara tomou dois saquês e foi o bastante para ficar mais alegre e desinibido. Decidiram voltar caminhando para o hotel. Estavam exaustos da noite de diversão, com Gaara andando abraçado - praticamente apoiado - em Lee, descalço com as sandálias de salto nas mãos. Eles riam muito enquanto conversavam sobre os eventos daquela noite.
— Você roubou naquela partida, não roubou? — Lee perguntou entre risos pro namorado.
— Lee, eu sou um Kazekage sério e justo. Eu jamais roubaria numa partida de poker!
— Ah é?!
Lee sorriu de lado, puxando seu "Kazekage sério e justo” para si. Alisou o corpo dele e enfiou a mão por dentro do vestido, puxando uma trinca de ases escondido no decote.
— Como explica isso, senhor “sério e justo”?
— Opa… como isso foi parar aí?! — Ele riu.
— O que mais está escondendo embaixo desse vestido, heim?! — Lee sorriu malandramente e o agarrou num beijo gostoso, que desceu rapidamente para o pescoço do Kazekage.
Estavam tão excitados que fariam sexo ali mesmo, no meio do mato, naquela estrada deserta. E Gaara não estava nem aí! Estava cem por cento rendido ao seu amante de cabelos negros e aos beijos deliciosos que ele lhe dava.
O Kazekage sentia o corpo ferver, e estava pronto para começar a tirar a roupa quando ouviu algo suspeito e empurrou Lee para longe de si.
— Mas o que houve? — Lee perguntou espantado com a atitude do namorado, que de repente estava em posição de ataque.
— Tem alguém aqui! — Gaara disse com um sussurro.
— Ah por Kami! — disse irritado — De novo isso?
Mas Gaara parecia ignorar completamente a irritação de Lee, procurando algo por entre as árvores da floresta escura, que cercava a estrada onde eles estavam.
— Gaara, você tá me ouvindo? Não tem ninguém aqui! — Lee disse chegando a frente dele.
— Tenho certeza que vi algo nas árvores! — O Kazekage respondeu baixo, sem sair da posição de ataque.
— Pra mim chega! — Lee suspirou, tirando a franja da testa, e saiu andando.
— Onde vai? — Gaara respondeu correndo atrás dele — Temos que ficar juntos! Podemos ser atacados a qualquer…
— CHEGA! — Lee gritou, calando o Kazekage, que perdeu a pose de luta e o ficou encarando de olhos arregalados — Chega… por favor… — Lee suspirou triste, e seus olhos começaram a encher-se de água — Não tem ninguém aqui Gaara. Nunca tem! Sempre que podemos nos ver, nas raras ocasiões em que podemos estar juntos, eu tenho que entrar escondido em algum lugar e sair antes do amanhecer, porque você tem esse medo de que o nosso romance secreto possa ser descoberto, mas quer saber de uma coisa?! Nosso relacionamento só é secreto por que você quer que seja! Eu assumiria meu amor por você pro mundo inteiro, se você deixasse. E ninguém liga se somos dois homens! O mundo não é mais assim. As pessoas não são como antigamente! Até o Kakashi assumiu o namoro dele com o Gai Sensei antes de deixar o cargo de Hokage, e casou com ele assim que passou o cargo pro Naruto… — Lee limpou as próprias lágrimas e fungou o nariz — Eu me pergunto, porque você quer tanto me esconder? Você tem vergonha de mim?
— Não! Lee… — Gaara estava arrasado, e tentou acariciar seu amado, mas Lee se desvencilhou dele.
— Não aguento mais entrar escondido por janelas — Lee respondeu seguido de um suspiro profundo — Pra mim chega!
Então, o ninja verde saiu andando pela estrada, sem dar ao Kazekage tempo para dizer nada.
Mas então, algo aconteceu…
Foi tudo muito rápido. Lee só viu o chicote de areia passar por cima de seu ombro esquerdo, em direção ao topo da terceira árvore escondida naquela escura floresta.
— Ai! — O grito de dor veio seguido do som da areia cortando o vento. E logo se ouviu o som de algo caindo no chão.
Lee abriu os olhos arregalados, quando o chicote de areia do Kazekage veio arrastando do meio do mato, uma pessoa.
Lee virou para trás e tudo que viu foi Gaara apontando uma flecha de areia para um shinobi de máscara kabuki jogado no chão, imobilizado por areia.
— Quem é você e o que quer? — Gaara perguntou, apontando a flecha de areia para o rosto do ninja mascarado.
— Kazekage-Sama… por favor… — A voz fina implorou pela vida, seguida de outra voz masculina saída do meio do mato.
— Kazekage-Sama… Somos nós! — Disse o homem conhecido por Gaara, saindo dentre as árvores e tirando a máscara.
— Yaoki?! — Gaara olhou espantado. Conhecia aquele shinobi. O conhecia muito bem! Era um de seus ninjas anbu.
Gaara então soltou o segundo ninja mascarado, que rapidamente tirou a máscara mostrando ser Miko, também uma de suas kunoichis da elite anbu.
— Olá, Kazekage-Sama… — A Kunoichi disse envergonhada — Belo vestido…
— Mas o que vocês estão fazendo aqui?! — O Kazekage perguntou extremamente irritado.
— Foi o mestre Kankuro… Eles nos enviou para garantir sua segurança — Disse Yaoki.
— Isso é um absurdo! Eu sei me cuidar! — Gaara gritou, e os dois ninja anbu tremeram de medo.
— Sabemos disso Kazekage-Sama, mas nós só cumprimos ordens — Miko disse com os olhos abaixados, sem coragem de encarar seu Kazekage. Seu Kazekage que, naquele momento, nem parecia ele mesmo, vestido de mulher, com batom vermelho e todo aquele perfume floral.
Gaara respirou profundamente, e só então, olhou para Lee, que permanecia imóvel um pouco mais à frente na estrada, observando aquilo tudo.
— Lee…?! — Gaara perguntou, chegando mais perto.
— Então… Estávamos mesmo sendo seguidos?! — Lee olhava desacreditado para os dois ninja anbu, e depois para Gaara.
— Sim… — Gaara disse meio envergonhado, dando de ombros — Vou me entender com o Kankuro assim que voltar para Suna. Sei que ele só queria garantir nossa segurança, mas ele deveria ter me avisado. Vou cuidar dele quando voltar — Então, segurou a mão de Lee, olhando em seus olhos — Você vê agora, que não era só paranóia minha?! — ele perguntou com doçura.
— Isso não muda nada! — Lee respondeu, pegando a mão de volta e deixando Gaara chocado — Se nosso namoro não fosse escondido, não precisaríamos vir até o fim do mundo para ficarmos juntos. E seu irmão não teria que se preocupar com a sua segurança, por você estar tão longe. Tudo isso só aconteceu, e vai continuar acontecendo, porque você não me ama o bastante pra assumir isso… Pra assumir nós!
— Lee…
Mas Lee não esperou as desculpas do Kazekage. Estava cansado das desculpas. Estava muito cansado. Ele saiu andando, deixando Gaara e seus dois ninja anbu para trás.
[...]
Já fazia uma semana que Lee não tinha nenhuma notícia de Gaara. Ele não viu e nem falou com o Kazekage, desde que o deixou sozinho naquela estrada no país das Fontes Termais.
Lee sentia o coração doer todos os dias. E quanto mais dias se passavam com Gaara sem entrar em contato, mais Lee entendia que o Kazekage não o queria mais. E mais dor ele sentia.
Mas, por pior que estivesse, Lee não deixava de cumprir suas missões, nem de dar suas aulas na academia ninja. E foi durante a aula de Taijutsu, no pátio externo, quando ele demonstrava como melhorar a amplitude dos chutes para uma turma bem interessada, que ouviu o burburinho dos alunos.
Sem entender direito o que estava acontecendo, olhou para trás, na direção em que as crianças apontavam e deu de cara com Gaara, que o observava parado de pé debaixo de uma árvore.
— Kazekage-Sama… O que faz aqui?
— Vim observar sua aula… — Gaara respondeu com um pequeno sorriso.
— É uma honra para nossa turma ter a presença do ilustre Kazekage entre nós — Lee disse com um leve tom de deboche — Mas, a que devemos a honra da sua presença?
— Eu vim até Konoha, procurando um professor de taijutsu que esteja interessado em dar aulas na academia ninja de Sunagakure.
— Lamento Kazekage-Sama. Não creio que vá encontrar o que está procurando aqui.
— Mesmo?! Por que o Hokage me garantiu que o melhor professor de taijutsu dava aulas nessa classe!
— É… — Lee respondeu seco — Mas porque ele largaria a turma dele em Konoha, para dar aulas em Suna?
— Pra ficar perto de mim… — Gaara respondeu com um sorriso meigo, que tirou de Lee as palavras. Ele se aproximou mais, e segurou a mão grande do ninja de macacão verde, entrelaçando os dedos com os ele, sem se importar se toda a turma assistia e cochichava. Na verdade, a escola inteira assistia, pois assim que souberam da presença do Kazekage, todos se juntaram na janela, alunos e professores, para ver mais e perto aquele shinobi tão importante e lendário, que era o godaime Kazekage.
— Gaara… — Lee murmurou envergonhado com todos olhando e cochichando — A escola inteira está nos vendo.
— E você sente vergonha?! — perguntou alisando de leve a bochecha dele.
— Bem… um pouco… — Lee riu.
— Eu falei sério quando disse que quero que vá para Suna comigo, Lee. Você pode ser tão feliz sendo professor lá, quanto é aqui!
— Por que você acha que eu me mudaria pra Suna, só pra ser professor?
— Não vai se mudar pra ser professor. Vai se mudar pra ser meu marido!
Lee abriu a boca chocado, assim como os alunos em volta, que suspiravam, e alguns até davam vários pulinhos de emoção. Mas o choque veio mesmo, quando Gaara ajoelhou-se, tirando do bolso um anel dourado.
— Lee, você se casaria comigo?
Lee continuou parado, olhando o Kazekage ajoelhado à sua frente. Quase não conseguia respirar. Queria chorar, queria gritar, mas o que fez, foi reunir todas as forças e dizer:
— Sim!
E Gaara sorriu, levantou-se do chão, pôs o anel em seu dedo, e o agarrou num beijo cheio de amor.
E daquele dia em diante, Lee nunca mais precisou entrar por nenhuma janela.
Fim
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