Pov Tris
Liguei para o serviço avisando que eu iria demorar a chegar por conta de alguns problemas e então decidi ir até uma clínica que o próprio médico me indicou após me dar a bomba de notícia.
Fiquei atordoada, abismada e possessa. Mas precisava esclarecer as coisas, não queria me basear no "eu acho."
Mesmo com o que ele disse e com o resultado dos exames, eu preferi ter certeza daquela situação, se eu já estava provavelmente lascada, era melhor me lascar de uma vez só.
– Olá, como posso te ajudar? - perguntou a balconista simpática quando cheguei.
– Preciso fazer um teste de gravidez - falei nervosa - E uma ultrassom também caso eu realmente esteja... - fiquei sem jeito e seu olhar calmo revelava que ela já tinha visto aquela cena muitas vezes - Você sabe.
– Bom, não sei se temos...
– É pra hoje moça, por favor me ajuda! - digo desesperada.
– Tudo bem - respirou fundo - Tem cinco mulheres na sua frente e só temos um médico atendendo hoje. Enquanto isso você vai ter que esperar e se quiser já vai poder fazer o teste.
– Sim eu quero.
Pago a consulta e o exame e a mulher me da um aparelhinho que eu nunca vi na vida e me explica como fazer o tal teste. Faço como ela pede e depois entrego pra ela.
– Daqui á 15 minutinhos ele fica pronto, demora mais do que o da farmácia mas esse é mais confiável, você pode aguardar aqui na recepção. O resultado vai ser entregue na hora da sua consulta.
– Tudo bem -
- E moça, não se desespere. Não é a pior coisa do mundo.
Discordei mentalmente e fui me sentar no sofá.
Grávida? 18 anos? Mãe? Não, não conseguia acreditar. Porque meu Deus?
Pego uma revista e tento ler alguma coisa produtiva pra ver se eu ao menos consigo relaxar um pouco mas as porcarias só falam de bebês e de crianças, meu Deus acho que nem preciso de teste, deve ser um sinal, estou sentindo isso.
Parei pra pensar na data da minha última menstruação. Droga.
Não, não podia ser.
É dele, com certeza é do Tobias. Seis meses, como eu pude não ter reparado? Seis meses com um serzinho na minha barriga e não percebi!
Eu sou a pior possível mãe do mundo. Seis meses! Eu bebi, me embriaguei duas vezes, comi muita besteira, roupas apertadas, doces descontrolados...
Levei a mão na cabeça e respirei fundo.
Como minha barriga não está enorme ainda?
Começo a me desesperar de novo pensando como que vou fazer com a faculdade, meus estudos, meu trabalho... então sem perceber passo a mão sobre a barriga e começo a me acalmar.
Está explicado o buchicho protuberante que Marlene me acusou de ter, as roupas que estavam apertadas e o cansaço eminente.
E se isso for gordura acumulada? Cruzo os dedos e começo a torcer a favor da gordura, desesperada para não ter que pensar no que eu já sei que é verdade.
Fico sentada esperando quase 1 hora e meia e então me chamam. Vou até a salinha tremendo de medo, cruzo as pernas para que o médico não perceba quando me sento na cadeira.
- Então, o seu teste deu positivo - congelo mesmo já sabendo disso - Senhorita Prior, essa gravidez é indesejada?
- Sim, com toda a certeza - digo respirando fundo.
- Mas você não pensa em...
- Não! Não, de jeito nenhum - digo firme.
- Que bom... bem, você está com mais ou menos seis meses., certo?
- Certo. Só não entendo o tamanho da minha barriga. Tá que ela está um pouco grandinha, mas eu nunca olharia pra isso e diria que é um bebê de seis meses aqui.
- Sua barriga deve estar um pouco pequena pelo fato de você ser magra, mas nada fora do normal. A partir desse mês ou do próximo ela vai crescer bastante então não se assuste, seu bebê é pro final de Setembro ou começo de Outubro. Vamos fazer a ecografia e descobrir se está tudo certo ai dentro e descobrir qual é o sexo do bebê?
- Vamos - digo tentando me convencer de que agora não tem mais jeito e por um lado me senti até mais tranquila, tentei não pensar na faculdade, no emprego, na minha vida, no Eric, nos meus pais e principalmente no Tobias.
Me deitei na maca, o médico levantou minha blusa e pediu que eu desabotoasse a calça jeans, assim eu fiz. Logo ele passou um gel nojentinho na minha barriga e começou a passar aquele instrumento assustador nela.
- Algumas grávidas já começam a crescer a barriga depois do 3 mês, enquanto outras começam a partir do sétimo ou sexto mês,como você, mas não se preocupe isso é normal e varia de mãe pra mãe - concordo com a cabeça.
- Eu usei roupas apertadas esse tempo todo...
- Isso explica o fato do bebê estar bem encolhido aqui dentro - falou com os olhos pregados na tela.
Eu mal conseguia enxergar direito, mas quando vi o formativo do meu bebê, encolhidinho dentro da barriga meu coração começou a ficar acelerado, uma emoção estranha percorreu meu corpo.
- Vamos ver esse coraçãozinho... - logo um barulho alto e frenético começou e junto com ele meu coração bateu mais forte ainda.
O médico passou aquele instrumento da máquina várias vezes na minha barriga e fez algumas anotações.
- Bim, está tudo bem com o bebê, ele é saudável e não tem nenhum tipo de problema, por enquanto - um peso imenso sai das minhas costas, só de pensar que meu bebezinho poderia ter algum problema pela minha falta de responsabilidade eu já me sentia mal - E agora, a melhor parte, quer saber o sexo?
- Sim doutor - digo animadíssima, nem parecia a mesma garota desnorteada que havia entrado na clínica à algumas horas.
- Pois bem... é uma garotinha!
Tentei dizer alguma coisa mas nada saiu. Um coisa estranha dentro de mim fez com que eu me sentisse maravilhosamente contente e emocionada e sem querer acabei derramando algumas lágrimas, emocionada.
Eu teria que me tornar mãe, e eu não fazia ideia do que é ser mãe. Eu não sei bem como vai ser daqui pra frente, o que vai acontecer comigo. Mas eu tinha a certeza de que a partir daquele momento, tudo que eu fizesse não seria pensando em mim e sim pensando sempre no meu mais novo amor: minha filha.
Saio da clínica alisando a barriga e muito feliz, bem diferente de como cheguei. Pego um táxi e vou almoçar alguma coisa, queria poder comer um hambúrguer e muita fritura mas agora que estou como estou, preciso melhorar minha alimentação e então decido ir à um restaurante self-service e abuso da salada e do suquinho de laranja.
Fui para o Trabalho e decidi não contar pra ninguém, não enquanto não contasse para minha mãe e para o meu pai que provavelmente vão me esganar, para minhas duas amigas e para o meu namorado, que eu faria questão de que fossem os primeiros a saber.
Talvez também, eu tivesse um pouco de coragem de por um acaso telefonar pra ele, para o pai da minha filha, para contar. Ou não.
☆☆☆
Cheguei em casa cansada e encontrei as duas madames arrumadas para a noite.
- Beatrice, onde estava? Não atende o telefone, não liga, passa o dia todo fora... Está esquecida? Hoje é sábado, dia de balada... - Christina parece furiosa.
- Acontece, Christina, que eu não vou. E ficarei um bom tempo sem ir, isso se um dia eu for de novo - joguei minha bolsa no sofá e me sentei nele.
- Que papo é esse garota? - Marlene pergunta me olhando com as sobrancelhas levantadas.
- Meninas... eu... eu tenho uma coisa muito importante pra dizer... - encaro elas que estão assustadas e preocupadas - Gente, eu estou grávida, vou ser mãe - elas se olham e começam a sorrir e de repente pioram.
- Eu falei, Marlene! - diz a Chris sacudindo ela pelos braços e então as duas comemoram.
- Vocês não estão ajudando! - desabafo e respiro fundo. Logo elas correm e me abraçam.
– Ai, nem acredito! A gente vai ter um bebezinho aqui em casaaa! - Marlene alisou minha barriga delicadamente e Chris fez o mesmo do outro lado.
- Vocês não percebem a gravidade do assunto?- pergunteo cabisbaixa.
- Pera, você não está feliz? - Marlene me olha e não consigo segurar as lágrimas.
- O que você acha, Marlene? Estou e não estou. Eu estraguei nossos planos meninas... - tampo meu rosto envergonhada - desculpa gente, eu não queria que fosse assim, mas também não posso abandonar meu bebe, podem ficar tranquilas eu vou sair daqui e vocês não vão precisar se preocupar...
- Cala boca, Tris! Não me faça bater em uma grávida. Você não estragou nada. A gente tá aqui com você e por você - Chris limpa as lágrimas do meu rosto e Marlene me abraça passando as mãos na minha barriga novamente.
- A gente vai cuidar muito bem desse neném, nós vamos te ajudar e vai dar tudo certo, nem pense em abandonar a gente, nunca iriamos deixar você fazer isso.
- Que bom que eu tenho vocês! - abraço as duas - descobri tudo hoje. Aliás, acho que você vai gostar Marlene, é uma menina.
- Aaai que sonho! Meu Deus, vou encher ela de mimos e de vestidos lindos, ela só vai andar arrumadinha, vou fazer vários penteadinhos...
- Ai meu deus, coitadinha. Fica aí dentro beatricezinha - Christina cochicha em direção a minha barriga.
- Cala boca, Christina!
- Quantos meses mesmo? - Chris mudou de assunto.
- Seis...
- O que? - falam em uníssono.
- Meu Deus, Tris, mas sua barriga ainda está pequena... E como voce não percebeu isso cara? Você é tão tapada assim? - Christina indagou.
- É, isso é normal o médico falou que a partir de agora vai crescer bastante. E eu nao sou tapada, só estava com a vida corrida demais pra me preocupar com ciclo menstrual.
- Seis meses, isso quer dizer então que é dele? - Marlene perguntou cuidadosamente.
- É - respirei fundo - É dele.
- Caramba. E o Eric? Você vai contar pra ele né? Não vai fazer igual fez com o Tobias...
- Chris, cale a sua boca e faça um favor a todas nós - Marlene foi direta e Chris riu.
- Sorry.
- Temos que preparar o quartinho! Eu posso dormir com a Chris e aí a gente coloca ela no meu quarto... ou a gente pode organizar aquele quarto que não tem ninguém... - Marlene surtou de repente.
- Não, Mar... não se preocupe, ela vai ficar comigo. Vai ser mais fácil principalmente nos primeiros meses.
- Pensando por esse lado...Já pensou em algum nome amiga?
- Não Chris.
- Que tal Valentina?
- Não, Marlene. Claro que não - Chris quase matou ela com apenas um olhar.
- Gosto de Louise - dei de ombros.
- Anna Louise! - Gritou Marlene.
- Anna Louise? Muito comumzinho - Chris falou.
- Concordo com a sem filtro - falei - Mas vocês não iam farrear? - questionei.
- Depois dessa notícia você acha mesmo que eu vou ter cabeça pra pensar em outra coisa a não ser na minha pequena? É sua filha mas é minha também!
- Ai Marlene... - abracei ela.
- Minha também - Chris se enfiou no meio do abraço. Me senti contente por saber que até nos piores momentos, minhas duas irmãs postiças estariam comigo. Eu tenho sorte.
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