Não conseguia me concentrar, parecia tudo muito...muito, muito. Tudo intenso demais e isso é ruim, é péssimo.
Harry está levando tudo de uma forma estranhamente calma, ele teve um leve surto que resultou na quebra do pescoço do Malfoy loiro, mas foi só isso, antigamente ele já teria tacado fogo nessa mansão, mas também antigamente estávamos com a humanidade desligada, não tínhamos noção do certo e do errado, por isso fizemos muitas coisas erradas.
Pensar no passado é a mesma coisa que pensar no dia anterior. É a mesma coisa de você lembrar do que comeu ontem, por isso é tão estranho, sei que essas lembranças estão a séculos de distância, mas é uma das únicas coisas que eu posso me apegar e não soltar mais.
Eu olhava tudo em minha volta e ao mesmo tempo não via nada, porque tudo parecia de outro mundo (oque é de fato de outro mundo), mas ao mesmo tempo parecia as mesmas coisas só que só foi melhoradas ou trocadas por coisas melhores. Eu odiava uma parte disso e adorava por outra parte, o novo sempre me fazia ficar agitada e interessada.
- Então está me falando que a Europa não era a única parte do...mundo? - Perguntei enquanto encarava o mapa em minha frente.
- Não. - Hope respondeu sorrindo. - Foram descobertos...
Hope é uma garota legal, engraçada e bem humorada. Diferente do pai e dos tios dela que agem como se fossemos uma bomba prestes a explodir e não tiro a razão deles, eu também agiria assim se fosse eles. Mas acho que não estão pensando em mim e no meu irmão, só estão olhando o lado deles, a segurança deles e eu sei que quando não formos mais úteis, vão nos colocar novamente naquele caixão ou coisa pior.
- Então eles...
Mas apesar de tudo, Hope é uma adolescente curiosa demais e eu sei o quanto meu irmão tem pouca paciência e eu já consigo ver o ódio que ele está sentindo, por mais que ele esconda, somos gêmeos e sentimos as emoções um do outro, bom...sentiamos, parece que esse nosso lado foi apagado com o tempo que passou e eu sinto tanto por isso, sinto em saber que uma das consequências para nossas ações foi o desligamento da nossa conexão de gêmeos.
- Hope, desculpe lhe atrapalhar, mas posso fazer uma pergunta que não tem nada haver com a história? - Ela sorriu e confirmou animada. - Bom...
******
Corri escada a cima e dei de cara com a porta. "Maldita seja essa porta" pensei segurando meu nariz que no mínimo deve ter quebrado, mas agora não podia me preocupar com isso. Bati repetidas vezes na mesma até ouvir passos do lado de dentro e ela finalmente abrir revelando Harry com cara de bravo, provavelmente por eu ter o acordado, mas que mudou para preocupação quando viu a minha própria expressão ou talvez meu nariz super quebrado.
- Oque foi? - Perguntou e o empurrei para dentro do quarto fechando a porta para tentar abafar um pouco do som, por mais inútil que fosse, eu estava torcendo para ninguém além dele ouvir. - Hermione, está me assustando. Oque foi? Oque aconteceu com o seu nariz?
- Eu descobri uma coisa muito ruim. Na verdade depende do ponto de vista, mas para o nosso ponto de vista é ruim e bota ruim nisso. - Digo começando a andar de um lado para o outro. Sem dar tempo dele responder, continuo ignorando a parte do nariz, não é o mais importante agora. - Hope estava falando sobre descobertas mundiais e como isso afetou todas as pessoas do mundo, isso é meio óbvio, então eu pensei, não sabemos a localização exata da adaga, mas sabemos que ela não está nesse continente e sim do outro lado do mundo.
- Teoricamente sim. - Concordou com uma cara pensativa.
- Exatamente, teoricamente não está aqui, mas como podemos perceber os Malfoy estão aqui e Bustrode também estava. - Parei de falar para ele poder compreender meu raciocínio e rapidamente ele fez uma cara de compreensão e bateu na própria testa, como ele costumava fazer quando éramos crianças e ele fazia uma coisa idiota. - Isso! A adaga pode não estar mais do outro lado do mundo, pode não estar mais com as pessoas que a deixamos ou com algum familiar delas. Pode estar em qualquer lugar, com qualquer pessoa.
- Não, Hermione isso é impossível. A adaga estava com magia de sangue, fizemos um pacto com aquela feiticeira, não se lembra? - Perguntou e eu revirei os olhos. - Claro que lembra. Então eu não sei onde está querendo chegar, é só fazermos um feitiço de lo...AH!
- AH idiota. Tá vendo, é exatamente onde eu quero chegar. A adaga pode estar mais perto do que a gente pensa e logo vamos ser inúteis.
- Mas eles sabem que só nós podemos usar ela. A trancamos com magia negra pesada e ainda o último grito foi absorvido, todos sabemos que o último grito de uma banshee tem tanta magia que pode ser incompreensível para qualquer ser existente. Somos úteis até a jogada final e ninguém vai poder fazer nada com a gente.
- Mas podemos montar um plano de fuga, só por precaução. - Sugeri e ele concordou sem pensar duas vezes. - Lembra de quando fugimos para a floresta naquele festival da lua quando tínhamos doze anos?
- Claro que lembro, mamãe ficou uma fera e nos fez trabalhar mais que o normal. Foi legal e triste ao mesmo tempo.
- Sim, mas eu quero que lembre daquele mapa que tínhamos. - Digo tentando lembrar mais do objeto, mas fazia tanto tempo.
- Conseguimos ele graças a uma bruxa meio idiota. Eu lembro. Ele era enfeitiçado para mostrar o lugar onde estivéssemos e mostrava tudo nele incluindo pessoas, animais e qualquer ser vivo e não vivo. - Descreveu o objeto e eu concordei. - Ele era útil, mas ele já era, já deve ter se desfeito durante os anos.
- Então... - Digo enquanto sorrio meio sem graça.
******
- Vocês não conseguem mais realizar desejos? - Hope perguntou enquanto tomávamos café da manhã.
- Não. - Meu irmão diz e pelo seu tom ele parece de mal humor.
Uma coisa importante para deixar claro sobre Harry, ele é um saco de manhã, ele é um saco quando tá com fome, ele é um saco quando ficam fazendo perguntas, ele é um saco quando ficam encarando ele, ele é um saco quando está com sono, é um saco durante a noite e resumindo, ele é um saco vinte e quatro horas por dia, oque o torna uma pessoa chata, ranzinza, mal humorada e um saco.
- Que pena, e como é esse negócio. Tipo tem uma lâmpada para esfregar ou vocês só olham para a pessoa e já sabem oque ela quer? - Eu estava achando engraçado a animação de Hope e meu irmão com a cara totalmente fechada.
- Não somos gênios da lâmpada Hope. Olhamos para o fundo de seus olhos e então sabemos oque você quer. Sabe aquele ditado, Os olhos são a janela para alma. - Digo dando de ombro. - Então conseguimos ver seu verdadeiro e mais profundo desejo.
- Entendi. - Ela diz e fica tudo em silêncio.
Depois de um tempo o restante dos Malfoy chegaram e fizemos uma reunião. Estava olhando tudo atentamente, suas posturas, eles estavam assustados, podem não parecer mas estão. Não sabem oque fazer e eu e Harry somos os únicos que podem ajudar, já que só nós sabemos onde a agada está (ou não).
Nem preciso dizer que o clima está Extremamente tenso, tão tenso que seria possível cortar ele com uma faca. Harry quase esfolava a panqueca no seu prato, enquanto Draco o encarava com os olhos cerrados e confesso que estou esperando meu irmão lançar a faca na cara dele. Lilá está tentando não prestar atenção nesse coisa estranha, assim como Blaise que está com cara de tédio, mas sei que eles estão prestando atenção, mesmo que indiretamente, em cada movimento que a gente faz.
- Não está faltando gente? - Pergunto para cortar a estranheza do ar e porque percebi que não estavam todos os Malfoy presentes.
- Só falta o... - Lilá ia falar mas parou.
- Theo? - Meu irmão perguntou e ela confirmou. - Pensei que ele estava morto.
- Ele foi um dos que mudaram, garanto que não está igual antes. - Blaise diz e olha para o meu irmão que desvia o olhar e baixa a cabeça engolindo um seco.
- Olha eu vou ser sincera. - Digo e me levanto. - Não temos idéia de onde possa estar a adaga.
- Como assim? - Hope perguntou confusa.
- Deixamos em uma aldeia muito antiga, e a protegemos com magia de sangue, mas não sabemos se conseguimos rastrea-lá. - Harry parecia pensativo após concluir a informação.
- Mas vamos tentar. - Garanti ao ver todos ficarem tensos. - Só precisamos de mágia, temos que realizar desejos.
- Sem a menor chance, isso não. - Draco se levantou em um pulo. - Não vou correr o risco, não confio em vocês dois.
- Escuta aqui, senhor híbrido. - Meu irmão já estava ficando com raiva. - Quem não confia em vocês somos nós. Quem ficou mais de 500 anos em um caixão apodrecendo fomos nós. Então não venha falar de desconfiança, quando sabemos exatamente oque vão fazer quando entregarmos a adaga.
- Sabem é? Então é melhor arrumarem outro jeito, até lá, não vão sair daqui. - Draco diz de certa forma como uma ameaça e saiu em sua velocidade de vampiro.
- É FOGE MESMO SEU COVARDE! - Harry gritou.
- Harry, se acalme irmão. - Ele me olha com fúria e sobe para o quarto, e eu caiu na cadeira e suspiro. - Não é possível! Tudo deu errado quando aquele ridículo apareceu nas nossas vidas, que inferno!
- Se controle Hermione. - Disse Blaise com seu jeito todo elegante e formal.
- Me poupe. - Digo arrogante e subo para o quarto em que estava dormindo.
*****Harry on:
- Ok...eu nunca fiz isso então peguem leve. - Ajoelho no chão e cruzo as mãos. - Não sei se deveria estar fazendo isso, já que não sei pra quem estou fazendo isso. Aquele maldito está de volta, e sei que ele tem que ir para um lugar apropriado para ele, e também sei que só eu ou Hermione podemos mata-lo, mas isso ninguém sabe, só sabemos que só nós podemos segura-la.
" A última vez que fiz isso, vocês não gostaram muito, mas foi preciso. Hermione tem um grande futuro se ele viver adequadamente e estou disposta a me sacrificar para isso. Vamos até a cidade e pegar a adaga, matamos o infeliz e podemos tentar viver livremente, só preciso de mais uma chance, mais uma única chance..."
Fiquei esperando alguma resposta ou sinal, mas nada.
- Qualé! É só uma ajuda! Só mais uma vez! - Eu estava quase gritando. - Então vão se ferrar!
Me levando e saiu do quarto, estava decidida em entregar a localização e parece que Mione sentiu isso já que ela veio correndo até mim e tentou me impedir.
- Não faz isso, Harry...vamos resolver de outro jeito, porfavor... - Seus olhos revelavam preocupação.
- Eu não quero ver você parando de respirar outra vez! Se isso garantir a sua vida eu vou fazer! - Me solto de seu aperto. - Sabe que é preciso.
- E quem vai garantir a sua? - Ela olha diretamente em meus olhos. - Eu não posso viver sem você.
- Pode sim, e quando eu acabar de vez com a vida daquele filho da puta, você vai ter que conviver com isso. - Decido e desço para a sala. Aproveito que a família inteira está presente, isso ia ser mais fácil, porque não iria precisar ficar falando para cada um deles. - A aldeia era a uns cinco quilômetros de onde nos encontraram.
Draco foi o primeiro a escutar e saiu correndo, não faço idéia onde ele tinha ido, mas voltou com um mapa. Ele marcou onde nos encontraram e fizeram cálculos de onde podia estar e só de olhar eu sabia onde estava...em uma cidade chamada Beacon Hills.
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