Três emanas, esse era o tempo de estadia de Minghao na casa de Junhui. Por mais que ele não quisesse confessar, acabou virando responsabilidade do outro, que fazia questão de o tratar como um bebê enquanto ele já havia declarado a terceira guerra mundial depois do episódio do diário - por mais que amasse em segredo ser tratado de tal forma. A única coisa ruim de morar com Junhui era que ele não deixava Minghao mover nem uma pena. Ele não queria que fizesse esforços desnecessários - como se se espreguiçar fosse um esforço desnecessário.
A água quente escorria pelo seu corpo e seus machucados já não doíam tanto. Minghao desligou o chuveiro e se secou, vestindo toda a parte de baixo de sua roupa, já que só poderia vestir a camiseta depois. Ele estava incomodado por ainda ser uma das mesmas roupas que havia trazido com sigo - seja em seu corpo ou na mochila -, já que todas as vezes que tirava, Junhui fazia questão de lavar imediatamente.
Minghao saiu do banheiro, encontrando o outro já sentado a sua espera. Ele caminhou até a cama, se sentando ao lado de Junhui.
- Como está se sentindo? - Perguntou preocupado.
- 'Pra que quer tanto saber? - Minghao usava de um tom rude, o mesmo que havia usando nas últimas semanas, Junhui já havia até se acostumado.
Ele se levantou e sentou atrás do outro, analisando os machucados com atenção.
- Estão bem melhores. - Comentou enquanto passava a pomada.
- Agora só estão doloridos mesmo. - Afirmou.
Então ele sentiu Junhui se aproximar e o abraçar por trás, passando o nariz em seu pescoço antes de depositar um selar na curvatura do mesmo, fazendo-o arrepiar. Minghao paralisou, sem saber o que fazer exatamente. Ele não havia dado esse tipo de intimidade ao outro, apesar de estar gostando da atenção.
- Desculpa por eu ter lido o seu diário. Eu não devia ter invadido a sua privacidade, mesmo que minha intensão fosse a melhor. - Minghao suspirou, jogando sua cabeça 'pra trás e a encostando no ombro de Junhui.
- Pelo menos reconhece que errou. Já é um começo. - O outro sorriu.
- Sim, é um começo.
Eles ficaram em silêncio por alguns minutos, apenas aproveitando aquele momento, não queriam que tivesse fim.
Muitas perguntas rondavam a cabeça de Minghao, o deixando um pouco tonto e confuso. Ele precisava de esclarecimentos, já que não suportava mais guardar aquela pergunta só 'pra si.
- O que você falou era verdade? Sobre me am-
- E por que eu mentiria? - O cortou se afastando, então sentando ao lado dele. - Não sou do tipo de pessoa que fala que gosta de alguém só 'pra ficar beijando ela o tempo todo, depois transar com ela e jogar fora como se fosse algo descartável. - Ele pegou na mão de Minghao, o olhando de uma forma sincera. - Se não quiser acreditar, tudo bem, mas pelo menos confie em mim.
O outro tentava formular uma frase coerente enquanto alternava seu olhar entre os olhos de Junhui e as mãos dele segurando a sua.
"- Você confia em mim? - Indagou Mingyu enquanto se ajeitava entre as pernas de Minghao, que apenas assentiu. - Prometo que vou ir com calma, bebê."
"- Filho, vem. Pode confiar na mamãe. - Mei sorriu.
- Mas e se a bicicleta virar e eu cair? - Minghao perguntou choroso. Ele estava tão paranoico com isso que já havia até se imaginado caindo e rolando o morro.
- É só você levantar e tentar de novo. Eu vou sempre estar com você e, mesmo que não estiver, meu amor estará sempre contigo."
"- Confie em mim, essa surra foi o melhor 'pra você. - Então Hongwoo bateu a porta, o deixando jogado no chão enquanto sangrava."
Confiar...
Os pensamentos de Minghao começaram a ficar desorganizados, acontecimentos bons e ruins rondavam sua mente. Ele queria confira em Junhui, queria retribuir seus sentimentos, mas o medo de que ele fizesse o mesmo que Mingyu havia feito com sigo era maior.
"- É só você levantar e tentar de novo. Eu vou sempre estar com você e, mesmo que não estiver, meu amor vai sempre estar contigo."
Minghao novamente lembrou das palavras de sua mãe, sorrindo quase que simultaneamente.
Eu confio em você, mãe.
- Eu confio em você, Jun.
Junhui sorriu, então se aproximando dele e depositando um selinho demorado em seus lábios.
Assim que se afastaram, Minghao o puxou novamente, iniciando um beijo necessitado. Ele não sabia dizer o porquê, simplesmente queria aquele beijo assim os outros, porém era diferente: havia sentimentos.
Minghao sorriu durante o ósculo, deixando Junhui confuso, mas, ao mesmo tempo, feliz por saber que ele estava feliz. O mesmo segurou a cintura de Minghao, que rodeou os braços em volta do pescoço dele. Junhui pediu passagem com a língua e o outro inconscientemente cedeu, logo transformando tudo aquilo em algo quente e intenso. Quando puderam perceber Junhui estava deitado na cama e Minghao estava por cima dele, rebolando em seu colo. Ele pressionava o quadril do outro contra o seu, fazendo os íntimos se chocaram e ambos soltarem gemidos abafados pelo ósculo intenso.
Quando finalmente se afastaram para recuperar o fôlego, Junhui inverteu as posições, voltando a o beijar intensamente. Minghao logo tratou de tirar a blusa do outro ficando impressionado com aquela visão dos deuses. Junhui continha um abdômen pouco marcado e traços corporais perfeitos, assim como seu cabelo levemente bagunçado e o seu pomo de Adão, que subia e descia conforme ele respirava. Junhui era perfeito em todos os sentidos.
Minghao recebeu um selar antes do outro sair do quarto sem falar mais nada e voltar depois com uma embalagem de alguma coisa e um vidrinho em mãos, que ele logo reconheceu ser uma camisinha e lubrificante. Minghao corou se sentando. Junhui percebeu o estado em que o outro se encontrava, sentando-se ao seu lado e o olhando.
- Se você achar que estamos indo rápido de mais-
- Não é isso. É que da última vez que fiz isse tipo de coisa foi no nono ano, apenas estou um pouco nervoso. - Fitou o chão.
- Hey. - Minghao o olhou. - Não precisa ficar nervoso, eu vou cuidar de você. - Sorriu, fazendo o outro sorrir um pouco mais tranquilo.
Eles voltaram a se beijar de forma apaixonada, sem precisar dizer mais nada. Se entendiam mesmo não usando palavras.
(...)
Minghao estava feliz. Ele estava confuso sobre os seus sentimentos, porém se sentia extremamente feliz ao lado de Junhui.
Ele acordou na manhã chuvosa de sábado, se sentindo um pouco dolorido e cansado. Se sentou na cama, espreguiçando-se.
A porta de seu quarto é aberta e Junhui entra sorridente, vestindo apenas uma bermuda branca e com uma bandeja de café da manhã em mãos. Ele caminhou até a cama, colocando bandeja em cima do criado-mudo e se virando para Minghao, que sorriu pequeno.
- Bom dia. - O mesmo se sentou ao lado do outro, segurando sua mão com delicadeza.
- Bom dia. - Bocejou, coçando os olhos como um bebê.
- Dormiu bem? - Ele assentiu.
- Só um pouco dolorido. - Logo um precioso bico se formou em seus lábios. - Acho que exageramos um pouco.
- É. - Concordou. - Eu perco os sentidos quando se trata de você. - Minghao corou.
- Acho que nunca vou me acostumar com essas suas declarações implícitas. - Olhou para o nada.
- E eu vou adorar. Amo te ver constrangido. - Minghao riu.
- Você ama me ver de qualquer jeito.
- Porque você é lindo de qualquer jeito. - Junhui sorriu, segurando o queixo do outro e depositando um selinho em seus lábios. - Vá escovar os dentes, hum. Não vou comer nada antes até você voltar. - Minghao sorriu, então se afastando dele e levantando da cama.
Pegou sua calça e sua cueca e vestido antes de ir ate o banheiro e escovar os dentes. Depois voltou para o quarto, se sentando no mesmo lugar que estava antes e começando a comer junto a Junhui.
- Hoje iremos na sua casa pegar suas coisas. Acho que você deve estar cansado de usar sempre as mesmas roupas. - Minghao concordou.
- Estou, mas não acho uma boa você ir junto. Meu pai vai estar lá e eu não quero que ele te-
- Ele não vai. - Interrompeu. - Depois que você dormiu, na sua primeira noite aqui em casa, eu tomei a liberdade de tirar algumas fotos da suas costas e pefar seu diário e fui na delegacia alegando ser seu primo. Eu denunciei o seu pai e ele foi preso no mesmo dia por agressão e ameaça. - O outro quase engasgou com a torrada, olhando indignado para o mesmo.
- E-e eles não acharam fútil?
- Primeiro que uma agressão, independentemente do motivo, nunca será fútil e segundo que o delegado era gay e foi extremamente amigável comigo. - Minghao riu.
- Não precisava ter feito isso. - Sorriu. - Você poderia ter corrido algum risco.
- Era a sua vida em jogo. Eu poderia até ser espancado por proteger você, que é homossexual, mas eu irei continuar te defendendo, mesmo que você não ponha a mão no fogo por mim. - Suspirou, tentando, e falhando miseravelmente, esconder a frustração.
Minghao desviou o olhar, procurando algo que pudesse dizer para Junhui. Não podia ser nada ensaiado, tinha que ser sincero, porém ele não sabia o que dizer já que esse setia um daqueles momentos que ele seria arrogante e sairia andando. É, agora ele não tinha escolha.
- E-eu ainda não consigo confiar em ninguém. Não é que eu desconfie de você, muito pelo contrário, mas eu sinto que ainda é muito cedo e eu ainda estou muito confuso com tudo isso. Sabe, foi uma mudança bem radical de alguém que não confiava nem na própria sombra para alguém que não beijou sabe se lá quantas vezes alguém que começou a conhecer alguém que convive a quase quarto meses, sei lá, à umas três semanas atrás e, o maior avanço, transou com ela. - Minghao tomou coragem para olhar novamente para Junhui, segurando na mão do mesmo e acariciando com o polegar. Ele ficou surpreso. Nunca que esperaria uma ação dessas vinda do outro. - E-eu gosto de você, ainda não entendi muito bem como, mas eu gosto. - Minghao corou, porém continuou olhando para Junhui. O mesmo sorriu, puxando o outro para se sentar em seu colo, então segurando em sua cintura.
- Eu também gosto muito de você, tanto que as vezes até me dói. Na verdade você sabe que eu te amo, eu já falei isso e não preciso ficar me declarando implicitamente. - Ele segurou o queixo de Minghao com o indicador e o polegar, aproximando o rosto do mesmo ao seu. Junhui sorriu, então o beijando com paixão.
Minghao colocou uma mão no ombro do outro enquanto a outra mão foi para a nuca de Junhui, puxando levemente os fios acinzentados. O outro sorriu durante o beijo. Quando a falta de ar se fez presente eles se afastaram, sorrindo um para o outro.
- Eu achei que nunca conseguiria ser feliz. - Junhui sorriu.
- E você é feliz agora? - Minghao assentiu.
- Você me deixa feliz.
(...)
Minghao olhou para a casa a sua frente, suspirando pesado.
- Pensei que eu nunca mais entraria aqui. - Junhui o olhou.
- Vai ficar tudo bem agora que ele está preso. - Ele segurou a mão do outro, o passando confiança.
Minghao suspirou, apertando a chave no bolso do moletom. O frio não era tanto, mas era o suficiente para deixar o nariz e as bochechas do mesmo rosadas. Era fofo.
Eles andaram até a porta, onde Minghao a destrancou e ambos entraram na casa. Junhui não pode evitar uma pequena careta ao sentir o forte cheiro de bebida que o cômodo exalava. Haviam varias garrafas de soju e o outras bebidas além de latinhas, caixas de pizza e louças sujas.
- Desculpa a bagunça. Eu desisti de arrumar depois de um tempo.
- E eu não te julgo, já que eu teria feito o mesmo. - Minghao riu.
- Não teria não. Você é tão organizado, não iria aguentar. - Junhui o olhou sorrindo de lado.
- Acredite, não sou não.
Eles ficaram se encarando, um admirando o sorriso do outro. Mesmo em meio a bagunça, eles ainda conseguiam aproveitar a presença um do outro.
- Eu vou subir para arrumar as coisas. - Afirmou, soltando a mão de Junhui e se virando para a escada.
- Eu já vou indo, só preciso fazer uma ligação. Tudo bem se você voltar para a escola semana que vem?
- Hum, acho que sim. - Deu de ombros, então subindo em direção ao seu quarto.
Ao entrar no cômodo, seu mundo caiu. O lugar que muitas vezes foi o seu refúgio, agora estava completamente revirado.
Ele caminhou por entre as bagunças, passando os olhos por cada canto completamente desacreditado. Viu também que sua cama estava puxada para frete e que o baú estava aberto, as coisas de sua mãe e as fotos estavam no chão. Hongwoo havia descobrindo o seu segredo.
- Haohao? - Junhui espiou dentro do quarto e, ao ver o estado que Minghao se encontrava, foi até ele.
- Ele revirou tudo. - Olhou para o outro. - E-ele achou as coisas da minha mãe e-e destruiu tudo.
- Minghao. - Correu para o abraçar.
Realmente. O guarda-roupas de Minghao estava aberto, as roupas jogadas no chão e as gavetas arrancadas. O criado-mudo estava em um estado parecido, com as gavetas arrancadas e jogadas no chão. A cama estava revirada e quase na metade do quarto, mostrando o baú aberto e com as fotos e bichinhos de pelúcia no chão e completamente destruídos. Hongwoo não teve dó ao acabar com todas as memórias boas de Minghao.
- Haohao, eu sinto muito. Deve ter algo que ainda esteja intacto. - Acariciou os fios negros do outro.
- Só algumas roupas e, muito provavelmente, meu material e meu uniforme. Mas tudo que era realmente importante para mim foi completamente destruído. - Se afastou, então saindo do quarto.
Ele desceu as escadas, indo até a cozinha. Minghao pegou um copo, depois foi até a geladeira e pegou uma garrafa d'água. Ele encheu o copo e bebeu quase que de uma vez. Estava abalado. Completamente destruído por dentro.
- Hey. - Junhui apareceu na porta, depois andou até o outro, o abraçando.
- Eu quero que aquele vagabundo mofe na cadeia. - Afirmou odioso.
- Pode ter certeza de que ele vai. - Bejou o pescoço de Minghao.
"Não se desculpe
Não se preocupe
Não tenha medo
Não chore mais"
- Hug (Seventeen)
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