Mesmo dia - 2017
Dipper
Eu havia sonhado, mas não me lembrava muito bem. Bill tocou em minha mente com suas mãos em chamas e depois disso, ele bagunçou minha cabeça por completo, eu estava sentindo tudo, agonizado por ter minhas lembranças de toda a minha vida vasculhadas, mal conseguia me levantar.
E assim que tentei, mais lembranças e um clarão dominou a minha mente, meus olhos ficaram turvos e eu voltei a cama, me deitando e olhando para o teto, querendo que tudo aquilo fosse embora enquanto minha cabeça estava tomada pela dor.
- Pinetree? – uma voz sussurrava meu nome, eu queria virar e ver embora parecesse familiar, reconhecia essa voz – calma – a silhueta se aproximou, o cheiro, aquele mesmo cheiro da natureza – eu vou te ajudar.
- Bill, é você? – assim que disse, ele se inclinou para que eu pudesse o ver, acenou em positivo com a cabeça e sorrindo. Vagamente o via, ele ia me concertar de volta? – por que você fez isso comigo? – perguntei com dificuldade
- Quer respostas agora? - suspirou pesado - Faça perguntas depois, estarei aqui – ele sorriu com pureza, nunca pensei que pudesse sorrir assim, que aquele sentimento assustador ao vê-lo antes poderia ter sido substituído apenas com um sorriso, que loucura foi o que eu pensei, me sentir seguro ao ver um sorriso como este ou que ao menos eu poderia o ver em Bill, na verdade era bem assustador, talvez eu estivesse delirando, era este pensamento que me surgiu em pensar que Bill poderia ser puro ou seguro, só pude pensar que minha cabeça estava confusa, suas mãos me tiraram do eixo.
- você me trouxe até aqui? – perguntei pensando sobre como eu desmaiei em seus braços, ele me tocou e então estalou os dedos fazendo com que toda a minha dor desaparecesse, tirando todos aqueles flashbacks do passado, minha cabeça já estava bagunçada, não haveria como ele tirar isso de mim apesar de ter aliviado um grande fardo dela, ao menos ele havia cumprido parte do seu contrato. Apertei os olhos esclarecendo meus pensamentos, sua mão estava fria porém acolhedora.
- sim – ele respondeu. Me sentei na cama colocando a mão em minha cabeça levantando-a para o olhar e vê-lo na claridade em que antes não fui capaz de analisar, os olhos bem curiosos fitando-o e os deles a mim. Ele se aproximava ficando em minha frente, era estranho o ter tão perto logo depois de um reencontro não muito agradável, Bill ia tentar me manipular e eu deveria pensar em como me proteger de tudo isso. Como se aquela resposta vaga fosse realmente verdade “você é a resposta" o que fiz de tão merecedor de sua existência, patético sequer estava com paciência para afasta-lo.
- você sabe que consigo ouvir seus pensamentos não é? – ele me encarou ironizando todas as minhas ideias, dando um sorriso perverso e descontente, mais um problema.
– o que você quer ? – falei sério, ficamos um tempo se encarando, sua presença era intimidadora - você veio aqui pra me matar? Fazer algum contrato? Trocar minha cabeça por uma cabeça gritante? Não sei – comecei a tagarelar, o que o deixou um pouco irritado.
- Sabe Pinetree – ele se aproximou mais ainda – você não precisa ter medo de mim – se inclinou até meu ouvido e sussurrou – eu consigo ouvir seu coração, não vou te machucar eu prometo – o empurrei para longe de mim, eu estava tremendo, aqueles olhos, mesmo sendo medo ainda me causava sensações, como um demônio pode ser assim? Talvez essa seja a arma que eles possuem, a luxúria. Que homem convencido, por um momento achei que ele fosse realmente quase encostar em meu rosto.
- E-e – isso ocasionou por algum motivo que as palavras saíssem falhas, constrangido de estar ali naquela situação – se você não vai me machucar, porque tudo isso? – me levantei indo e voltando novamente ao seu encontro, eu precisava de respostas e ele estava bem ali na minha frente com todas elas, estranhamente paciente como se já soubesse o que precisava de mim.
- não posso te machucar, você faz parte de um plano ainda maior – após se aproximar começou a andar, seus passos eram calmos e suas mãos estavam para trás segurando uma à outra. Ele observava o quarto, tocava nos meus pertences e de Mabel, talvez estivesse estudando o ambiente, se quisesse me machucar já teria feito isso – estou aqui para garantir que você não seja estúpido e estrague meus planos – continuava a andar, idiota, como ele se achava.
- você deixou claro que machucaria minha família se eu tentasse algo, não estou disposto a envolver mais ninguém, quero resolver isso sozinho – falei em tom de raiva – você já me machucou o suficiente esse tempo todo, não acha? – ele parou e me escutou.
- Eu realmente estive na sua mente por muito tempo, Pinetree – voltou a observar o que tanto o prendia - foi você que não conseguiu me tirar da sua cabeça - ele piscou enquanto eu o respondia com uma careta descontente.
- Esse tempo todo você esteve na minha cabeça, comigo, você viu tudo e quem sabe não conheça mais de mim do que eu mesmo - ri quase perdido na minha loucura - então você sabe o que me causou e pensar que todo esse tempo, era você!! Eu achava que estava completamente louco – atropelava palavras enquanto tentava expor o quanto estava exausto de todo aquele jogo, como sequer ele poderia entender, em como eu achei que tinha me livrado de tudo aquilo.
- já parou pra pensar em todas as coisas que aconteceu com você? – Bill se encostou no armário com uma foto da minha família em suas mãos – quando entrei na sua mente, vi tantas coisas, os seus traumas... Bem, pra ser exato o seu pai também, certo? – ele me encarou enquanto apontava para o ser, cujo era meu pai na foto, como ele era capaz de tocar nesse assunto? Como ele poderia vasculhar coisas tão sombrias sobre mim, eu o odeio.
- Ora, você constantemente coloca a culpa em mim pra fugir dos seus verdadeiros pesadelos – suspirou – eu sou um demônio Dipper, me chamar, essa energia que você emana me trouxe de volta, mas você continua achando que tudo que está errado dentro da sua cabecinha é minha culpa, quer que eu fale sobre tudo isso? Seu pai? Seja seu terapeuta? – ele jogou a foto de lado.
Eu estava incrédulo de suas palavras, supostamente dizendo que eu o trouxe a vida, que tudo era fruto de quem eu queria culpar por nada estar certo, meus olhos lacrimejavam, eu realmente o trouxe de volta?
- por isso tem tanto medo de mim não é? Prefere pensar que um demônio te causou tudo isso do que a pessoa que amou, seu pai. – ele continuava a falar e se aproximava com violência, eu me assustei quando ele me empurrou na parede, meus olhos não paravam de o encarar, eu queria que ele parasse de falar, parasse de mencionar meu pai - tudo o que eu fiz foi observar e esperar que você voltasse para Gravity Falls - continuou
- você não entende nada de emoções humanas, não entende o que aconteceu, você não sabe... – falei com raiva deixando minhas emoções falarem mais alto do que o medo, ele estava tão próximo que dava para observar os detalhes de seus olhos tão esquisitos. Me encarou, mas no momento eu não me importava, eu queria chorar e queria que ele ouvisse, alguém…
O silêncio preenchia o quarto e apenas o barulho do choro baixo era escutado, sua voz de repente me alcançou, dessa vez eu não estava sozinho…
- deve ter sido difícil – ele enxugou minhas lágrimas – pode chorar, agora eu estou aqui – ele me puxou, e
Me abraçou.
(...)
Há algumas horas atrás o ser que eu repudiava havia me feito sentir um frio no estômago, talvez eu estivesse um pouco constrangido por ter chorado tanto na sua frente, no entanto feliz por ele ter me ouvido, pela primeira vez senti que meus motivos foram levados a sério, parecia uma armadilha, uma armadilha acolhedora. Aquilo me deixava confuso, porque? Porque ele agiu daquela forma?
Bill desapareceu quando Mabel surgiu no quarto perguntando o que estava acontecendo depois de ouvir meu choro, depois de me pegar imerso de lágrimas, ela se sentiu completamente insuficiente e ficou muito mais cuidadosa, quando surgiu no quarto com aquela expressão tão preocupada, eu não consegui me conter em chorar ainda mais. May continuava dizendo enquanto dava tapinhas em minhas costas “isso, põe tudo pra fora maninho" acho que ela nunca havia me visto chorar dessa forma.
O demônio me fez enxergar algo que não estava esperando, mudando um pouco minha visão sobre ele. Um sinal de empatia que pensei não existir nele, trazer aquelas palavras que eu não queria aceitar e talvez perceber que na verdade eu seja um culpado da minha própria história, culpando Bill, o trazendo de volta, o invocando na forma humana, essa é a verdade, eu tenho feito meus pesadelos, mas tudo parecia simples demais, será mesmo que eu o trouxe de volta?
À noite depois de me deitar eu simplesmente não conseguia parar de pensar em como aquele ato afetivo significou pra mim porque eu definitivamente precisava, em como quando automaticamente que seus braços me envolveram me senti protegido, tudo se desmanchou em mim, mostrando o quão vulnerável eu estava diante daquele ser que sequer poderia confiar naquele momento, pensando em como nunca havia me sentido tão acolhido assim, Bill poderia se aproveitar e usar tudo o que aconteceu contra mim, mas diferente ele me acolheu. Eu estava constrangido me revirando na cama por passar todo esse tempo pensando em como o demônio estava diferente, como poderia ter mudado tanto, ser alguém tão manipulador, tão corajoso e estranho, como podia me ameaçar e me segurar com tanta força para que eu não fugisse, meu rosto queimava enquanto mais um pensamento surgia sobre o demônio até se formar um sorriso em meu rosto, eu parecia um idiota, um idiota que acabava de se lembrar das palavras de Pacífica, “medo” e “assumir” nunca tinha tido tanto sentido, inexperiente isso me assustava, logo Bill, logo ele puta merda eu sou completamente maluco pensava, minha sexualidade havia sido despertada por um demônio maluco, tão simples e rápido como uma chave sendo virada, ele foi o primeiro homem que se aproximou tanto de mim e foi o primeiro em que observei, sua beleza era inquestionável, no entanto essa fantasia parecia uma loucura implantada na minha cabeça, uma ideia surgida de uma fanfic irreal.
Pouco tempo depois pensando e me distorcendo em pensamentos as luzes se apagaram, Mabel me deu boa noite e eu desejei que ela dormisse bem, não demorou muito para os dois cair em um sono profundo...
(...)
Antes de abrir os olhos, sentia um peso dominar meu corpo, a dor me tomava como nunca, mesmo tentando me mover nenhum músculo respondia quaisquer movimento. Eu estava paralisado por completo, o clarão em meus olhos foram suficientes para tentar os abrir, tentando processar os barulhos e a claridade tão ofuscante à minha volta.
Teto branco, paredes brancas, barulho repetitivos, milhares de vozes, tentei me movimentar ao menos virar o rosto, parecia muito mais impossível do que facilmente era, meus ossos rangiam por dentro ao ponto de sentir a rigidez com que eles tentavam se mover, era doloroso, as pontadas de dor estavam presentes desde o mínimo suspiro em que eu poderia dar.
Depois de entender que a dor não pararia, tentei focar em minha visão e o que poderia ver ao meu redor, tudo estava embaçado e acostumar com o ambiente claro e barulhento me deixava ainda mais tonto, parecia novo, tudo parecia ser diferente, como se eu estivesse nascendo novamente, como se eu à algumas horas atrás tivesse morrido e agora reencarnado, essa era a sensação e mesmo que eu não soubesse definitivamente como eram essas sensações, porque eu nunca tinha morrido, meu corpo relutava em buscar alguma saída, era como aquela frase presente em todos os livros que li sobre enxergar a morte, a luz no fundo do túnel.
Pisquei os olhos diversas vezes, assim poderia focar a minha visão com mais facilidade, como tentei também movimentar meus dedos das mãos, coloquei toda a força possível e mesmo tentando, nada. Eu estava fraco ao extremo, se era somente um sonho ou um pesadelo, parecia muito real.
– Hwdughghpdlvsouddfrugdu – uma voz ecoou pelos meus ouvidos, totalmente desconexa como se estivesse tentando me dizer algo, sem entender absolutamente sequer uma palavra, o som que ecoava parecia um disco arranhado, aquilo ia aumento dentro da minha cabeça até de repente o desespero me fazer conseguir movimentar minha cabeça, balançando-a diversas vezes na tentativa daquilo parar, mas parecia ficar ainda mais pesado e confuso até me ver saindo totalmente fora de controle, todo o meu corpo começou a tremer, me sentindo tento uma convulsão, os movimentos à minha volta se tornaram agitados, as luzes do local não eram capazes de iluminar a escuridão que apenas eu via, até que eu desmaiasse por completo.
(...)
Dia seguinte
O suor cobria meu corpo e em um pulo eu acordei, respirando da forma mais desesperada possível, estava exausto. Olhei para o meu corpo o analisando, estava tudo bem, foi só mais um pesadelo, olhei também ao redor percebendo que Mabel ainda dormia, mas havia um pequeno ser envolto pelos seus braços apenas pedindo socorro com os olhos, fui até sua cama e a fiquei olhando dali, tirei Waddles furtivamente e o coloquei no chão, o pobre do porco roncou para mim e recebi como uma forma de agradecimento – disponho – retruquei vendo-o sair correndo desesperado pela liberdade – ok, bom dia – sussurrei.
Meus olhos vagavam por Mabel, seu celular ainda estava ligado e aparentemente ela havia ficado a noite toda nele com Waddles. O peguei e me deparei com algo “ meu irmão gêmeo tem tido constantes pesadelos, aconteceu algumas coisas com ele, muitas coisas na verdade, mas... não sei o que fazer, ele recusa minha ajuda de todas as formas ” Oh Mabel...
Ela havia passado a noite toda pedindo conselhos para esses sites de auto ajuda? Desliguei o celular dela e me aproximei deitando ao seu lado a empurrando um pouco, Mabel gemeu diversas vezes apertando os olhos pra acordar – Dipper? – ela sussurrou manhosa.
– obrigado por se preocupar comigo e tentar me ajudar – falei dando um beijo em sua testa, Mabel resmungou dizendo me amar também e que eu era um cabeça oca, ela voltou a dormir e tirei um cochilo com ela.
Assim que mais uma vez me levantei depois de uns dez minutos cochilando, saí me arrastando pelo chão de madeira indo até o banheiro, eu estava com tanta preguiça, me vendo no espelho, será que eu realmente cresci tanto como Bill disse? Eu continuo um garoto fraco, talvez meu cabelo seja bonito, meu sorriso? Ah que droga eu tava fazendo, não importa o que o Bill acha da minha aparência, decido colocar uma música para tomar um banho, assim que colocado me despi entrando no chuveiro.
Os sonhos me recorreram, a água caiu pela minha cabeça esfriando os pensamentos melancólicos, eu sentia o gélido da água descendo pelo meu corpo, o começo daquele estranho ruído na minha cabeça, ele estava chamando meu nome, Bill não era o principal motivo dos meus pesadelos, mas é o principal elemento pra que eles aconteçam, aliás ele é um demônio dos sonhos não é?
O que ele tanto quer dizer com esses pesadelos esquisitos, se ele estava fazendo isso porque aquelas palavras? Aquele abraço, todo aquele diálogo bizarro sobre sentimentos humanos, eu daria tudo para ser como ele, não sentir nada e agora o tornei assim, um humano que pode sentir tudo o que tento não sentir, talvez eu tenha o condenado e é isso que ele merece?
(...)
Depois de cumprir minhas necessidades, troquei de roupa e fui até a cozinha para tomar o café da manhã, eu descia as escadas processando e me questionando sobre minhas teorias. Tivô Ford curiosamente já havia voltado, parecia estar muito cansado, conversava com Stan na sala sobre o que achou na busca de um médico para mim, sentia que não precisava aliás estar aqui já me fazia sentir um pouco melhor, estava sendo irresponsável? Seus olhos estavam sendo arrastados pelo sono e acabou capotando na poltrona, foi o que eu vi. Eu queria conversar com ele sobre diversas coisas, mas acabei me lembrando das ameaças de Bill, talvez não fosse uma boa ideia, aliás eu ainda queria ver Bill por algum motivo…
Abri a geladeira e peguei uma caixinha de leite aberta e no armário cereal, assim indo até o outro armário para pegar uma tigela, sentei em uma cadeira entre a janela e a mesa colocando meu cereal e leite no recipiente, primeira colher, não sei se era a fome pois essa era a melhor refeição que já fiz com as próprias mãos e comi, até valeu a pena escovar os dentes antes e não fazia o menor sentido já que os sujaria novamente.
Antes que eu pudesse me levantar para pegar mais uma caixinha de leite, senti uma mão tocar meu ombro, fiquei assustado por um segundo e ao virar e olhar percebendo que era Tivô Ford deixei escapar um suspiro de alívio, mal havia começado o dia e já havia me assustado assim.
- Tio você vai me matar assim - resmunguei terminando de me recuperar - eu poderia ter me engasgado - bufei
- Garoto, me escute - disse e senti em sua voz uma quantidade de apresso.
- diga - curioso retruquei, eu estava começando a ficar meio ansioso.
- Sonhos podem parecer realidade, mas não são, não se perca no irreal, não volte para sua imaginação - fiz uma careta confuso
- Tivô o que você quer dizer com…- mal pude terminar e o mesmo saiu sem dizer uma palavra mais, parecia estar com pressa e pânico, o que será que deu nele? Isso virou um hobbie de todos agora?
Esse era seu conselho depois do dia do balanço? Que os pesadelos não eram reais? Se ele soubesse que o Bill Cipher realmente está aqui…
Decido dar uma volta pela cidade para tentar pensar em algo ou talvez até ir na biblioteca, quem sabe o que poderia encontrar lá, informações nunca são demais, agora que sei que Bill está aqui não sei quando ele pode de repente aparecer na minha frente, machucar alguém ou pior, invocar seus amigos bizarros de novo, e, fazer coisas estranhas como me olhar daquele jeito, me tocando como se eu tivesse permitido se aproximar.
Mabel não havia acordado e todos ainda pareciam cansados na cabana, na verdade preguiçosos isso sim, comecei a pensar em Mabel que ficou a noite toda naqueles sites que não ajudam em nada, contudo isso só prova o quanto ela se preocupa comigo, agora o cansaço a pegou de jeito.
Era um ótimo momento para começar o dia bem e esperar pelo melhor por mais que isso esteja palpitando minha cabeça como ironia, eu precisava que hoje fosse normal – andando apressado pela estrada de terra, sorrindo nervoso por achar que seu otimismo não vai lhe salvar, você Pines é realmente estranho – retruquei para mim mesmo.
Ao chegar nas ruas de Gravity percebendo que havia chegado no centro rapidamente até demais, via que a cidade já estava praticamente toda acordada, os comerciantes abrindo suas lojas, dois ônibus cheio de turistas recém embargados de ofertas de trilhas para acampamentos, pessoas tagarelando na calçada enquanto liam jornais, era isso que eu realmente precisava apreciar, essa simples rotina normal, eu queria que essa sensação me dominasse e que ao menos não se esvaziasse, porque tudo em mim parecia um vazio. O cheiro da manhã, a fumaça dos carros velhos era algo que supostamente era comum em que me trazia um certo tipo de paz, mas para toda certeza minha mente vagaria em algo desagradável e toda paz seria desfeita, agora além de eu estar quase explodindo com tudo isso, com todas as perguntas que tenho a fazer, Tivô ainda fala aquilo, o que ele quis dizer? Talvez tenha a ver com os meus pesadelos. Ford sabia sobre alguma coisa que eu não me atrevi a descobrir.
Andava em direção à biblioteca, olhando para o céu cheio de nuvens e seus formatos peculiares, ali me questionava.
– O que será que você está fazendo agora Bill? – espero que não esteja roubando a mente de ninguém.
(...)
Dentro da biblioteca colocava meus fones e minha playlist favorita, ali peguei tantos livros na seção de ficção e origem de Gravity Falls que tive que os carregar em pilhas, passei a manhã quase toda lendo aqueles livros tentando encontrar alguma conexão com a cidade de Gravity Falls e suas anomalias que eram diretamente ligadas à Bill, talvez os papéis da cabana tivessem me feito descobrir coisas que não deveria estar fuçando, todavia isso me leva à querer entender mais ainda os propósitos de Bill, nada do que ele fazia parecia fazer algum sentido, suas ações eram desconexas e o que dizia mais ainda.
– oi jovem – uma moça veio até mim, parecia a bibliotecária daqui, carregava consigo um livro de aparência muito velha a qual estava envolto por poeira – eu vi você aqui desde cedo, te observei bastante e vi que ficou pesquisando muito sobre Gravity Falls nos velhos tempos – ela falava enquanto sorria – eu já fui muito curiosa como você – sussurrou – estou aqui à muitos anos e não fui capaz de terminar minhas pesquisas, mas você parece muito mais que interessado e jovem aliás – a moça apontava para os livros, ela era uma pesquisadora? Então sabia que Gravity era uma cidade bizarra?
– bom, eu tô buscando algumas coisas sobre aqui porém não estou tendo muito progresso, aqui é sempre assim. Os segredos desta cidade são bem guardados – comentei – apesar das pessoas na sua maioria saber da presença anormal presente aqui depois do que aconteceu há quatros anos – relembrei-a
– Te vi suspirando tantas vezes dali – ela apontou para o balcão – admiro essa curiosidade e juventude - continuou - ainda há muito a se descobrir sobre Gravity Falls, mas infelizmente minha vida me levou a desistir em buscar por respostas - deu um longo suspiro - aliás quando se fica adulto há diversas outras responsabilidades – ela parecia chateada – Pois bem chega de tanta enrolação – ela jogou o livro que segurava à minha frente – Este livro é um dos grandes mistérios de Gravity Falls, eu venho perguntando às pessoas mais velhas e elas sempre me dizem que este livro sempre esteve aqui, minhas pesquisas anteriores apontam que tudo que está nesse livro é como aqui foi realmente fundado, só tem um problema – ela suspirou – eu nunca consegui o ler – a moça se aproxima de mim e começa a tentar abrir o livro sendo pego de surpreso pelo fato do livro não querer abrir de nenhum jeito - ele é mágico
Se essa mulher era uma pesquisadora porque desistiu? Por que agora era uma bibliotecária? Eu não tinha tempo para conversar e pergunta-la sobre tais coisas, eu estava curioso demais quanto ao livro e queria descobrir como abri-lo.
– olha! – falei depois da mulher ao meu lado desistir de tentar abrir o livro, eu mostrava à ela algo que parecia não ter percebido antes.
Assim que passei a mão sobre a capa do livro algo se revelou mesmo que fosse muito difícil de perceber, havia uma combinação embaralhada de símbolos que pareciam letras, o livro fora tão antigo que não reconhecia a escrita, pensei.
– ᛚᛖᛗᛏᚨᚱᛁᚹᛖᛏ – Toquei nas supostas letras percebendo que dava para as trocar de lugar, tentando então formar uma frase.
Aquilo parecia a senha para o livro abrir e mesmo não sabendo a combinação tentei alinha-las em qualquer sequência e assim que fiz tentei abrir o livro, mas não deu em nada.
– você tinha visto isso antes? – perguntei para a mulher e ela acenou com a cabeça em negativo surpresa.
– como? Você tem um olho bom garoto – ela continuava surpresa – preciso voltar ao trabalho, de qualquer forma pode ficar com o livro, darei um jeito em seu registro e se conseguir alguma coisa me fale ou caso precisar de alguma ajuda me procure – a moça deu um pequeno tapa em meu ombro e saiu para o seu respectivo serviço – aliás meu nome é Teresa – ela gritou
- Dipper, o meu é Dipper- gritei também, vendo as pessoas que liam seus livros tendo suas atenções direcionada à mim que olhavam um tanto irritadas, elas pediam por silêncio.
Era pura sorte encontrar Teresa em um momento como esse e receber algo tão importante como esse livro, comecei a analisa-lo, sua aparência era velha demais, seus detalhes eram robustos com toques de marrom e dourado, havia um símbolo como na combinação, aquele livro parecia mais um grimório, apertei meus olhos para tentar enxergar melhor o símbolo vendo uma inicial “ᛏ”– O que isso significa? – me perguntava enquanto puxava os cabelos, me vi sendo preso por um enigma quase indecifrável, peguei meu celular vendo a barra de notificações, milhares de ligações da Mabel então a liguei de volta tendo ela atendendo.
– Por que você tem esse costume de sumir e não avisar nada? – ela suspirou ao telefone.
– desculpa Mabel, eu precisava andar um pouco em um lugar que não fosse a floresta – falei
– e o que ta fazendo? – perguntou
– eu tô na biblioteca vendo alguns livros – respondi
- quanta diferença – ela riu – você vem almoçar? – mais uma vez ela pergunta
– talvez sim talvez não – novamente respondi
– vou deixar uma marmita pra você então - comentou - Err, Dipper? – ela fala de repente – obrigado por perceber meu esforço, aquilo hoje significou muito pra mim, eu sinto falta da nossa intimidade de como éramos inseparáveis – desabafou me deixando surpreso...
– eu também – sussurrei – sei que as coisas mudaram, sinto falta de muitas delas mas mudaram, as coisas funcionam de forma diferente agora – continuei – e apesar disso acho que podemos fazer algo como nos velhos tempos – falei orgulhoso das minhas próprias palavras
- Sim, espero que sim – falou um pouco apreensiva – eu quero te ver feliz - completou
- pode deixar, cuidarei disso – mesmo que ela não pudesse me ver eu estava sorrindo - bom, eu preciso ir, você me fez perceber que tô muito apertado – resmunguei sentindo o incômodo logo dando tchau e assim ela desligou. Andei apressadamente até o banheiro da biblioteca, contudo logo à frente na porta tinha uma faixa escrito “interditado” era o que faltava.
Saí da biblioteca indo até o banheiro público que tinha nas encostas da cidade, quando entrei fiz o que precisava fazer, fui até a pia lavei minhas mãos e ali me peguei fixado me olhando no espelho, de repente Bill surgia em meus pensamentos me abraçando, me escorei na pia ao sentir uma pontada nas costas insuportável, como se estivesse queimando.
Virei-me levantando minha blusa tentando enxergar a causa da dor, no primeiro dia em que cheguei em Gravity Falls tive um pesadelo com Bill e ele fez alguma coisa comigo, era a mesma sensação que estava sentindo agora nas minhas costas, fiquei surpreso quando de imediato olhei para o espelho e vi uma grande marca em forma de círculo com um triângulo demoníaco no meio, liguei a torneira assustado e comecei a esfregar as mãos na marca para que saísse, doía e não apagava de jeito nenhum, era como uma tatuagem quis pensar.
Levei um susto quando ouvi pessoas se aproximando, logo abaixando minha blusa o que não fez muita diferença pois eu estava todo encharcado deixando minha blusa meio transparente, os três homens aparentemente, se aproximam entrando no banheiro, o trio visivelmente nota minha presença e sem querer chamar a atenção desligo a torneira e me movo rapidamente para a saída o mais rápido possível, acabo esbarrando em um deles, mas acho que foi muito mais proposital vindo do homem. Eu estava sentindo um clima pesado, aquilo não era um bom sinal e queria sair dali.
– foi mal – sussurrei tentando evitar contato visual antes que eu pudesse simplesmente sair para evitar algum tipo de desentendimento, eles pareciam procurar por briga, estavam tão entediados pra recorrer à isso? Um bando de marmanjos sem ter o que fazer…
O homem segura meu pulso me fazendo voltar para dentro do banheiro, era desnecessário eu já estava no meio de uma confusão e provavelmente eles viram uma fragilidade em mim que os fazem se divertir com isso, todavia eu não sou tão frágil assim.
– O que vocês querem? – falei firmemente, eles me rodeavam, me fazendo perceber o quanto eu estava em desvantagem, pareciam mais velhos do que pensava ser .
– O que queremos? – o homem atrás de mim riu – você esbarrou em mim primeiro babaca.
– você é novo aqui? – falou outro, apertando meu rosto, eu havia ficado tanto tempo fora assim?
– não, meus tios-avôs moram aqui – Respondi batendo na mão que apertava minhas bochechas.
– por acaso você é da família Pines? – perguntou vagamente, assenti com a cabeça em positivo – você não faz ideia do quanto aquele velho arrogante me passou a perna – ele parecia irritado - sua família é uma praga !
– eu não tenho nada haver com isso cara – retruquei vendo sua irritação.
– vamos dar um lição nos Pines e você será o primeiro – todos vieram pra cima de mim e em reação comecei a soca-los como podia, indo pra cima de um deles, bati tantas vezes em seu rosto que começou a sangrar, eu não queria, não queria que aquilo acontecesse e eu estava assustado, eu precisava aprender a me defender mais, então usaria tudo que tivô Stan havia me ensinado, soquei seu nariz quebrando-o.
– porra – ele gritou segurando o nariz
Os outros dois homens me empurraram e então um deles me socou no rosto, me pegou pela gola e disse ranzinza – nós vamos precisar de muito mais que uma lição – ele bufou – bixinha – cuspiu em mim me causando ódio e repulsa, retribui claro.
Meus rosto estava levemente sangrando pelos diversos socos que ganhei com a briga, eu estava meio zonzo, era inacreditável pensar em como eles poderiam ser um problema.
O homem segurava fortemente minha blusa e me levava para fora do banheiro, eu queria sair daquela situação e mesmo que eu tentasse relutar em minha própria defesa eram três grandalhões contra um, um idiota que gastou sua força em uma só vez, mas claro mais um dia apenas cultivando traumas e memórias ruins de pessoas.
Assim que estávamos a frente do banheiro público, xerife Blubs e Deputy apareceram conversando suas próprias idiotices, por sorte eles notaram nossa presença, o que havia me deixado levemente aliviado, o homem que apertava minha blusa a soltou imediatamente e com isso se aproximou mais ainda sussurrando em meu ouvido – diga uma palavra e te mato – obedeci, sabe-se lá o que esses três poderiam fazer, poderiam até bater nos policiais.
O xerife acenou para mim e para o resto, percebendo a quantidade de sangue em nossos rostos – tudo bem por aqui? – ele perguntou, os homens sorriam e o que estava ao meu lado se preparava para falar - Dipper quanto tempo - relembrou olhando para os machucados .
– ouve um mal entendido, mas já nós resolvemos – ele riu – vamos sair para beber no lago, não é? – ele olhou pra mim
– S-sim... – eu não ia responder se não fosse pelo olhar que o ser ao meu lado me direcionou, meu rosto ardia e eu não podia evitar o toca-lo, a dor começou a causar uma enxaqueca desconcertante.
– isso parece estra... – antes que Blubs pudesse terminar sua frase Debuty o puxou e mostrou um papel que estava em suas mãos, os dois agora tinham suas atenções totalmente direcionadas ao papel – é um cupom de rosquinhas, eu achei no chão – os dois gritavam muito animados, aproveitando a distração os homens voltam silenciosamente, se aproximam de mim e sinto uma mão fortemente me puxar para distante de onde nós estávamos.
🚨(CENA DE ABUSO)🚨
Minha cabeça pulsava com dor e eu era arrastado por alguém, meu olhos desfocados não conseguiam processar nada a minha frente por conta dos galhos das árvores batendo em meu rosto, eles estavam quase correndo e eu era levado junto.
Paramos, senti minhas pernas formigarem, então me apoiei em meus joelhos tentando respirar normalmente, estávamos dentro da floresta. Sinto algo molhado descendo em meu rosto, o pegando, vejo que eu estava sangrando ainda mais, os galhos cortaram meu rosto e percebendo isso começou a arder mais ainda.
Um dos homens me empurra diretamente no chão ficando em cima de mim, começando a me socar rapidamente e eu estava ficando totalmente sem força mesmo que ainda conseguisse me defender – garoto imundo – ele dizia.
– O que vocês querem? – gritei, eram nessas horas que eu gostaria de ter poderes, de não ter deixado a minha mochila na biblioteca, talvez o diário estivesse lá, mas assim, só posso fazer o que aguento.
– é uma pena que não encontramos com sua irmã, ela faria mais o meu tipo agora – nojento ele riu – você vai ser nossa brincadeira de hoje então a próxima será sua irmã – se levantou à minha frente e começou a desabotoar a calça, eu entrei em desespero assim que ele começou a sorrir, o ar de meu pulmão era tomado por pânico, buscando encontrar alguma saída, tentando respirar e não entrar em crise naquele momento, de repente momentos se passaram pela minha cabeça, lembranças de coisas que não queria lembrar, mas estava acontecendo bem na minha frente, as lembranças gritavam e eu precisava parar com aquilo.
– P-por favor não, a gente pode resolver isso de outro jeito – eu não queria passar por aquilo, não queria me sentir nojento de novo, não que isso tenha passado, contudo mais ainda, séria possível? – você quer dinheiro? Eu posso te dar, qualquer coisa – falei desesperado.
– Finn, você não acha que ta passando dos limites, isso é mesmo necessário? – um homem o tocou no ombro - você ta sendo estranho Finn, que merda ta fazendo?
– cala a boca – empurrou ele – você quer ou não dar uma lição nele? – O homem cujo nome descobri ser Finn, se aproximou mostrando seu membro, no desespero me levantei e tentei correr, no entanto os outros dois homens estavam me cercando com expressões um pouco apreensivas por verem seu amigo passar dos limites, mas idiotas o bastante para não fazer nada, uma gangue de medíocres. Os empurrei, chutei-os me agarrando a adrenalina da raiva e do nojo.
Finn puxou meu braço me colocando de cara consigo mesmo – fica de joelhos – mandou e sequer o escutei, isso o fez me empurrar com força pro chão, apertei os olhos para não ter que ver nada – Dan, rasga a blusa dele – mandou e o homem ficou assustado – Rasga a porra da blusa dele – gritou e senti minha blusa sendo arrancada do meu corpo em questões de segundos, meus olhos se encheram de lágrimas e ali tentei conter o choro.
- Quero te constranger, quero ficar na sua memória pra sempre garoto - ele disse, como se soubesse quem eu era, como se estivesse absorvendo meus pesadelos e se tornando-o próprio.
- vocês vão pagar por isso - sussurrei rangendo os dentes, tremendo de raiva sentindo a dor querer me atingir, os pulsos fracos sem força.
Finn pegou em meu rosto e disse algo que sequer quis entender, ouvi, porém lutaria por mim mesmo até onde aguentasse. Ele passou os dedos em meus lábios e imediatamente o mordi com força, tanta força que pensei que arrancaria seus dedos, uma pena que isso não é tenha acontecido, meu cabelo foi puxado e o gosto ferroso se misturava com a saliva. Fui chutado, xingado como um pedaço de merda, como eu vim parar aqui?
Finn empurrou minha cabeça, contudo fechei minha boca a deixando presa o máximo que podia, descontente, eu pensei que nada pior poderia acontecer, mas agora eu sei como os seres humanos podem ser horríveis, monstros.
Bill não era assim, algo vagou pela minha mente, eu o considerava um monstro, no entanto ele seria capaz de fazer algo como isso? Não, ele não faria, Bill me ajudaria? Mas porque ele faria isso? Porque ele precisa de mim e eu precisava da ajuda dele nesse exato momento, não, eu não queria que ele me visse assim, esses pensamentos me distraiam por alguns segundos antes do estrago ser feito.
Minha boca tremia e Finn continuava movimentando-se na minha frente, estava dormente então a abri para respirar, eu não queria, mas foi uma ação automática do meu corpo, ele pressionou minha cabeça de uma só vez, sem força, sangrando , eu quis imaginar que de longe isso poderia ser o pior momento da minha vida ou imaginar que eu não estava realmente ali, era apenas um pesadelo, um pesadelo que sempre tive medo de se tornar realidade, um pesadelo que eu precisava esquecer, se não, não seria capaz de continuar sobrevivendo.
Eu estava com medo, muito medo, vivenciando mais um trauma, fui obrigado a me apoiar no homem, pois cairia, meus joelhos doíam pelo chão arisco de terra e mesmo quase engasgando algumas vezes ele continuou, eu queria não pensar, não pensar o que ele poderia fazer comigo daqui um minuto, daqui dois minutos, daqui três ou quatro, se eu pudesse pedir por ajudar, mas quem? Meu celular não está aqui nem minha mochila, eu sabia a quem pedir, mas não sabia se realmente queria. Eu pediria a Bill, mesmo que depois eu tivesse que pagar por esse preço, mesmo sabendo que ele só quer se vingar, mesmo que ele risse do estado em que estou, eu queria sua ajuda, porque só ele poderia ajudar naquele momento.
Finalmente havia parado, por um motivo ainda mais nojento, minha boca e rosto estavam sujas, eu o empurrei chorando, o gosto ruim e nojo tomou conta de mim e uma onda de enjoou me atingiu, me fazendo vomitar tudo que eu poderia ter ingerido durante o dia, junto ao sangue. Sem força alguma cai no chão sentado, ali, com a terra desenhei um círculo rapidamente e sussurrei o rito de invocação do Bill, chamando-o – Bill preciso da sua ajuda – sussurrei para o vento.
– que diabos você está fazendo? – o homem gritou me chutando, ele iria me puxar porém foi quando toda nossa atenção foi direcionada à uma chama azul que se formava no ar logo à nossa frente, eu suspirei aliviado sabendo que meu pedido havia sido atendido, Bill Cipher ressurgiu da chama e ali, encarou os homens e depois a mim, ele não parecia nem um pouco feliz, irritado o bastante para mudar sua expressão.
– que merda foi essa ? – Dan gritou – quem é você? – todos esperavam uma resposta.
Bill se aproximou lentamente e enquanto isso os outros iam se afastando, Finn me soltou e eu voltei a ficar no chão, o demônio passou por mim, mas não prestei muita atenção mesmo tentando ouvir as palavras que me foram sussurradas.
– aguente só um pouco, eu cuidarei disso – ele entrou na floresta assim como os homens que se afastavam, que adentraram sem perceber na tentativa de fugirem, Bill carregava um olhar que eu temia, aquele breve semblante frio e sanguinário, eu sabia o que aconteceria com os homens, mas não me importei, eu também o desejei.
Um demônio que atende meus desejos e minhas expectativas.
Aquele olhar me fazia lembrar que ainda era Bill Cipher, a desordem sempre o atrairá, sua sede por poder sempre o fará ser quem ele é, o demônio sempre cumprirá com seu contrato e que bom que este contrato seja me proteger…
Assim que os perdi de vista, ouvi inúmeros gritos desesperados por ajuda, um homem voltou correndo, era Finn, ele caiu de cara no chão e estava coberto de sangue, talvez dos seus amigos, talvez o próprio, consegui ouvir o baixo sussurro quando o homem olhou pra mim “por favor me ajude” que coincidência, era isso que eu implorava quando ele ousou me infestar com sua pele imunda, apenas observei a cena quase feliz, Bill finalmente voltou, desfilando como um louco, seu rosto e mãos estavam repletas de sangue carregando consigo um sorriso desconcertante.
– você sujou toda a minha roupa!!! – o demônio se aproximava de Finn que chorava de medo, ele então o chutou e ali começou a esmurra-lo de chutes sem parar, Bill mostrou suas garras mesmo eu não sabendo que ele poderia ter, com elas ele cravou e arrancou a parte íntima do homem desesperado, que gritou e sangrou, quando percebeu que o homem morreria, Bill estalou os dedos fazendo com que ele se agonizasse, derretendo todo o seu corpo, como se seus órgãos e corpo se desfizessem pouco a pouco, foi uma visão que durou cerca de meia hora, uma visão medonha, mas que me trazia um certo tipo de alívio, talvez seja efeito de Bill, eu queria sorrir assim como ele, provavelmente Finn sentiu muita dor.
Isso fazia sentir-me um pouco mais forte
– Bill... – sussurrei sem forças deixando meu corpo cair por completo no chão.
– ei, ei – ele se aproximou tão rápido que foi capaz de me segurar – eu tô aqui – eu sorri mesmo enchendo meus olhos de mais lágrimas, tentei sentar e assim que consegui comecei a chorar como uma criança, Bill estava agachado à minha frente muito sério e preocupado, ele parecia não entender minhas emoções e mesmo assim se manteve ao meu lado.
- tortura-los não foi o suficiente? Posso fazer isso o quanto quiser Pinetree – ele disse enquanto estalava os dedos, Finn que estava morto ressurgia e se repetia o mesmo acontecimento, seu corpo se derretia mais uma vez, ele voltava e novamente acontecia o mesmo, Bill o prendeu em um tipo de loop do tempo onde viveria para sempre naquilo, nesse plano ele voltou a controlar o tempo? Quando foi que seu poder voltou dessa forma?
Eu fitei o demônio nos olhos segurando sua mão afirmando que já não precisava mais e já estava satisfeito com sua ajuda, ele me encarou também curioso, com raiva e frustrado por chegar meio tarde, esse ebulição de sentimentos era o seu corpo humano dominando-o. Tirou de seu bolso um lenço onde ali começou a limpar meu rosto, não havia nada que podíamos falar agora, o silêncio era a resposta pelo o que eu estava sentindo, mesmo que ver Bill ali na minha frente de alguma forma tenha me deixado menos pesado, aquela sensação de frio na barriga me assustava, principalmente quando ele parecia mais um herói do que um vilão.
Assim que ele terminou de limpar passou a mão lentamente em meu rosto, me fazendo gemer um pouco de dor devido aos cortes, quando levei minha mão de encontro a dele passando nas feridas, elas estavam todas curadas.
Ele tirou seu próprio casaco e colocou a minha volta me cobrindo – não se preocupe, ninguém nunca mais vai te tocar dessa forma a não ser que queira, a não ser que peça… - afirmou - vou tirar de você todos esses monstros que assolam seus pensamentos – ele disse olhando nos meus olhos, queria dizer que eu não precisava da sua proteção e que eu poderia me cuidar sozinho, mas lá estava ele me ajudando, aprendendo a não ser apático sem vontade própria, era seu próprio corpo agindo como defesa de alguém que agora sente, dor e euforia. Eu não pude evitar o abraçar com as forças que me restavam, comecei a chorar ainda mais alto e mesmo que ele tenha demorado retribuir quando o fez me senti seguro? Seus braços me confortaram no momento que eu mais precisava, era bom o ter tão perto, eu não sentia mais o medo que sentia antes e acho que ele me provou isso, não ser quem eu achava que era, ele era realmente um demônio?
Os monstros’ que ele disse, não era ele, eram meus pensamentos não é?
No futuro eu me pegaria pensando em como tudo isso não passou de uma alucinação, eu focava em seus olhos dourados pois eram eles que evitavam que eu pensasse no que acabou de acontecer e a dor em que passava por todo meu corpo, aquele demônio de cor intensa dourada parecia uma atração diante uma criança que buscava qualquer luz que lhe chamasse a atenção.
Tudo ficou em silêncio até que resolvo me pronunciar – obrigado por atender o meu pedido – voltei a encara-lo – por me salvar e por continuar tentando me ajudar, mesmo que eu negasse querer admitir que preciso que fique comigo, não me importa se é você – sorri, Bill me fitava com os olhos curiosos e então ele desviou o olhar, de repente passou meu braço sobre seu pescoço, botou sua mão delicadamente em minha cintura, diversas vezes alguns sons plangentes saiam de meus lábios devido a dor, mas mesmo com o corpo dolorido o toque de Bill foi como um calmante pra tudo aquilo, seu poder estava aliviando parte daquela dor, droga, parei pra perceber o quanto eu estava pensando em coisas que não deveria ao lado dele, provavelmente seu silêncio era prova de que ele estava tentando não interferir nesses meus pensamentos ou talvez estivesse também tentando entender como ele podia surtir esse efeito em mim num momento como esse, até mesmo ele sabia a resposta que talvez ele estivesse me encantando com sua luxúria para que eu só prestasse atenção nisso e não nas lembranças dolorosas que de vez tomam mais voz que seus lindos fios dourados.
O loiro nos levantou rapidamente, ele fazia isso com tanta facilidade que me deixava boquiaberto, ele é forte, pensei. Eu queria não lembrar sobre o que aconteceu, eu queria esquecer e mesmo que isso fosse possível, eu ainda os via em minha mente, cada coisa que fizeram comigo...
Meus olhos iam se fechando aos poucos e minha vista era desfocada, concentrei-me em fitar o demônio e acabei por deitar minha cabeça em seu ombro, no entanto continuei a observa-lo enquanto ele me levava para algum lugar, fosse o que for, para longe de onde tudo aconteceu.
Assim como aqueles homens, Bill Cipher também queria vingança por tudo o que minha família o causou, então porque ele me salvou? eu sabia que milhares de outras perguntas surgiriam em minha mente, mas preferi ignorar por enquanto apenas para observa-lo, apenas por deixar que essas dúvidas navegassem na minha cabeça deixando claro ao ser que ler mentes, que apesar de me salvar eu sabia que haveria um preço, porque é assim que as coisas funcionam com ele.
– Eu apenas te salvei dos seus próprios pesadelos, daqueles sentimentos mal resolvidos Pinetree – O escutei sussurrando, mas o que isso significava? – de qualquer forma, você me desejou e eu lhe atendi – ele abriu um sorriso satisfeito me deixando constrangido.
(…)
Abri meus olhos lentamente, estava no meu quarto e da Mabel na cabana, tentei me mover mas estava inabilitado, barulhos de aparelhos médicos ecoaram em meus ouvidos, droga isso de novo não, olhei para o lado e a cama de Mabel não estava mais lá, me sentia forçado a fechar os olhos e antes que pudesse fazer isso olhei para o espelho do outro lado do quarto que possivelmente dava para me ver, estava todo engessado e com milhares de aparelhos à minha volta, fiquei extremamente assustado e me perguntava que merda que estaria acontecendo? Tentei chamar por Mabel ou alguém da cabana porém nenhum som saía de meus lábios, era como se eu estivesse ficado meses sem falar, meus olhos queriam fechar contudo também queria os manter abertos para pelo menos entender o que se passava nesse sonho que poderia significar alguma coisa, então eu preciso descobrir, mas algo insistia em me forçar a voltar para o real e sem persistir muito meus olhos acabaram se fechando por si só.
(…)
Acordei em um pulo um pouco assustado, meu corpo todo estava trêmulo, desviando o olhar para todos os lados tentando decifrar onde eu estava, observei o lugar, era uma espécie de cabana de madeira, perceptível que era no meio do nada assim como a cabana do mistério só que três vezes menor, ao lado tinha uma pequena bacia com água e um pano, Bill me limpou? Era o que parecia, eu estava sem blusa o que me fez ficar constrangido, procurei por uma vendo-a ao meu lado, então tratei de vesti-la. Olhei um pouco logo à frente ainda meio desacordado, Bill estava tomando banho, conseguia ver pela porta entreaberta sua silhueta, e acabei ficando nervoso percebendo que estava procurando por mais, apesar de ser quase impossível de ver, desviei meu olhar e levantei ainda tonto com rapidez, mesmo dolorido ainda conseguia andar tranquilamente, nem tudo poderia ser curado com poderes.
Me pergunto se é aqui que Bill Cipher vive, vi uma boa quantidade de sangue espalhado pelo chão e paredes porém estavam recém secados, assustador pensei, aquilo está ali a um bom tempo, então me questionei, esse sangue era do Bill? Ou de alguém que ele matou? Ou os dois? Ou nenhum dos dois…
– Ei, o que está fazendo!? – levei um susto ao ouvir a voz que estava por perto, olhei para ele e fiquei extremamente confuso, o demônio já estava vestido. Uma calça moletom e uma blusa aberta deixando uma visão parcial do seu peitoral e abdômen, suas mãos também estavam cobertas por luvas por algum motivo. Percebi uma quantidade de cicatrizes e símbolos como aqueles nas minhas costas, como uma tatuagem, mas me interrompi na intenção de não o analisar tanto, quão rápido ele fez isso? não que eu quisesse ver mais algumas coisas, a droga eu estava piorando a situação.
– nada... – falei rápido e direto, era óbvio que eu estava fazendo alguma coisa e era patético como ele me perguntava isso pois sabia.
– Pensando no que, curioso? – disse colocando ao máximo de sarcasmo em sua voz. Se aproximou como se quisesse algo de mim me deixando nervoso de que talvez ele fosse realmente fazer alguma coisa, me afastei dando pequenos passos para trás – Você está melhor? – se aproximou mais e mais, fiquei surpreso, ele me perguntar algo assim me fez acreditar que eu poderia melhorar.
– E-eu estou bem – respondi meio desajeitado, ele sabia que eu havia mentido, porém preferi mudar de assunto, lembrar aquilo me dava arrepios, ficamos alguns minutos em um silêncio totalmente constrangedor, pra um demônio que falava sem parar e era irônico em cada palavra que dizia se tornar um humano tão minucioso, era estranho de presenciar - e você, se sente bem? - falei no automático não o olhando, eu queria definitivamente correr e não sentir o que estava sentindo, sua voz meio que me intimidava e meu deus, não era de uma forma ruim.
Ele me encarou totalmente surpreso, parecia quase encantado com a pergunta se não fosse o Bill diria que estava emocionado, talvez irritado por sentir isso, com uma pergunta tão simples que poderia despertar tantas emoções em um demônio, apesar de o que ele aparentava estar prestes a fazer não parecer nem um pouco bom.
– Bill eu não quis... – fui interrompido
Ele estava sério se aproximando mais ainda – o que te faz pensar que me sentiria bem? Tudo isso é um saco – escostou sua mão na parede a qual eu estava escorado por não ter mais aonde dar passos para trás, me prendendo entre ele.
Me intimidando, falando baixo, ele sabe. Ele sabe que meu coração está acelerado e que não me senti ameaçado, mas algo em mim estava surpreso com seu tamanho, sua voz e a forma como ele a usava para de alguma forma me causar alguma reação. Era uma saco sim, não só pra você, ter mudanças tão grandes de repente, ter que lidar com sentimentos novos sejam eles bons ou ruins, era tudo um saco.
- sinto muito - falei na dúvida, confuso de seus pensamentos e sentimentos, de alguma forma não queria decepciona-lo, e porquê?
– Sente muito é? – suspirou irritado – não pense errado, eu não me entrego tão fácil à sentimentos humanos, Pines – ele me encarou muito próximo e eu engoli seco - brincadeira - ele riu se divertindo - não leve isso tão a sério Pinetree - passou às mãos em meus cabelos, os bagunçando.
Que idiota, pensei. Eu que imaginava que ele tinha deixado de ser tão barulhento.
- não tem a menor graça - o encarei enquanto ele ria. Não tinha graça me testar assim, que por um momento pensei que fosse ter um deslize e deixaria de lado meu auto controle e sensatez.
“Não me entrego tão fácil à sentimentos humanos” Se ele sente como um humano como dizia, quando vagou pelas minhas lembranças para poder se adaptar com o novo corpo provavelmente teria sido muitas lembranças e sentimentos para se readaptar, eu tinha tantas dúvidas, ele ainda era um demônio em um corpo de humano? E com os sentimentos humanos tenho certeza que vai demorar para se acostumar com tudo isso afinal, ele não deve fazer ideia do que está sentindo, seria como um grande muro de incertezas sendo quebrado logo à minha frente. Não pude evitar, comecei a rir pensando no óbvio, ele deve estar tão confuso e ainda diz que não se entrega tão fácil à esses sentimentos, é uma piada?
- e isso também não tem a menor graça - ele revirou os olhos e sem pensar muito, num ato audacioso eu talvez tenha deixado o senso de lado, algo andava perturbando minha mente, instigando-me ao erro, puxei-o para mais perto, dominado pelo impulso, ousado a saber o que se passava em sua mente, o que eu estava fazendo? Meu corpo parecia ser controlado por um sentimento inconsequente de calor, eu estava fora de si completamente, no momento eu não queria ligar se estava sendo rápido, só queria entender aquela dúvida crescente dentro de mim, eu sou mesmo assim? Queria beijar seus lábios? Isso seria mesmo adequado? Minha curiosidade só crescia a cada vez que eu o observava, olhos dourados, cabelos brilhantes, um sorriso lindo…
Talvez ele me empurrasse e negasse, esclarecendo que não passava de coisas da minha cabeça. Eu estava surpreso comigo mesmo, surpreso pela falta de saliva e o coração disparado.
- nunca obtenho respostas sua - o encarei me divertindo com aquele sentimento explosivo, eu estava tão nervoso na frente dele, havia medo, havia esperança, havia todos os sentimentos possíveis - me responda dessa vez Bill Cipher, como realmente se sente? - falei curioso e confuso.
- você não pode me decifrar Pinetree, não sou um dos seus diários patéticos - falou sorrindo como uma besta entrando na minha brincadeira louca e sem filtro algum.
- você é um enigma, me de tempo e eu vou achar uma resposta - retruquei vendo seu sorriso desfazer.
-Ah é? Você não parece querer tempo - É eu estava com um pouco de pressa.
- Por anos você foi um demônio que vagou pela mente das pessoas e agora se tornou um humano, é por isso que ficou com tanta raiva de mim? Por que lhe invoquei da pior forma possível? Um humano que sequer sabe como controlar o próprio corpo, aposto que agora você não sabe exatamente nada do que está sentindo e está odiando ter que lidar com esses sentimentos né? Por isso me salvou?
Ele se aproximou sério sem responder, não havia mais espaço entre nós, eu estava nervoso demais para encara-lo e sabia que seus olhos assustadores vagavam por meu rosto, enquanto os meus tentavam evitar qualquer contado com o seu ser, queria tocar suas cicatrizes, seus símbolos e aquilo me deixava um tanto constrangido, esse pensamento nesse momento parecia tão vergonhoso e erótico, nunca havia me questionado até então sentir esse tipo de atração momentânea por Bill, um demônio, se eram os encantos de um ou apenas os sentimentos confusos de um jovem se descobrindo, eu não fazia ideia, mas Bill logo percebeu o quanto eu estava confuso e começou a me observar, aproveitando-se disso para fugir daquele assunto presunçoso, desviando o olhar para si percebeu o quanto para mim parecia tão estranho e sexual, isso porque minha mente não parava de me imaginar tocando-o ali. Olhando para o próprio abdômen, o que era confuso pra ele, fora muito rápido seu raciocínio em entender o que estava acontecendo em minha mente, uma grande confusão. Ele sorriu de lado.
– Não tem haver com meu poder e sim com o que você quer de mim, parece que minha versão humana te despertou algo… – inclinou seu rosto para me encarar e tentei ao máximo não olha-lo diretamente, virei meu rosto para qualquer lugar a qual não tinha seus olhos famintos por respostas – O corpo humano tem seus privilégios – e por fim foi sua última aproximação, ao que dava, colando nossos corpos deixando-me sentir o seu calor em uma intensidade que eu não poderia explicar, mesmo que por cima dos panos, era nítido o que ele quis dizer com tal privilégio.
– É bom experimentar coisas novas, Pines – sussurrou encostando sua testa em meu ombro, meu radar provavelmente estava apitando, talvez pifando com aquela proximidade, provavelmente Bill me levaria à loucura sem mesmo me tocar – se assim tiver a oportunidade ou, o desprazer – como ele poderia ser um desprazer deus? meu corpo estava confuso, se ele me tocar mais alguma vez, meu corpo... – você merece um pouco disso não acha? Não vou te julgar, sou um demônio consigo ver a luxúria nos seus olhos, como você me quer – Bill o que você está fazendo comigo? queria o perguntar, mas estava sem jeito, constrangido, meu corpo estava ficando ainda mais quente junto ao seu, eu nunca havia sentindo isso e para o meu desprazer não é nada do que eu esperava, quente como uma sauna, meu corpo parecia emitir fumaça, quer vergonha pensei, que momento para se ficar em pânico.
– E-eu não sei do que você ta falando – tentei me soltar, foi como um sussurro muito estranho, quase seguido de um gemido tentando me segurar, não entendendo como eu havia me colocado nessa posição. O demônio no mesmo instante tratou de posicionar seu rosto junto ao meu, colando nossas testas e narizes, eu não podia negar que estava ofegante apenas com o pouco toque que me ofereceu e nem negar que eu não queria o olhar para não ter a certeza do que eu estava sentindo, era nítido que ele se posicionou desse jeito para sentir minha respiração que já não era mais um segredo de estar tão eufórica.
– Não se faça de idiota Pinetree, você não vai conseguir esconder nada de mim desse jeito – indagou pressionando em um impulso seu próprio corpo contra o meu, me fazendo soltar um gemido, agora literalmente eu queria correr dali, fechei meus olhos os apertando assim também com os lábios para não repetir o constrangimento – mesmo não sendo totalmente humano, eu não tenho preferência então não se preocupe – riu ironizando
– você não pode simplesmente fazer tudo isso e deixar com que eu lide com essa confusão depois - indaguei meio nervoso, meu rosto estava vermelho, ele devia saber já que sempre esteve na minha mente, que esse sentimento e essa atitude são totalmente novas pra mim, mas sequer o afastei de tocar meu corpo, meu próprio veneno sendo espelhados pelo toque daquele demônio.
– Você tem certeza? – riu – eu conheço os humanos tão bem quanto qualquer um, por isso são os alvos mais fáceis, como pode dizer que não é nada do que estou pensando? – riu mais uma vez com aqueles lábios que profanavam o meu desespero - na verdade, eu conheço muito bem você - sussurrou perto.
– como pode saber se não se permite sentir? Como vai saber? – Ele não é humano, nunca foi e sei que Bill é um demônio que viveu muitos anos, mas como ele pode conhecer esses sentimentos tão tão humanos como ele tanto diz. O máximo que sentiu foi tudo o que aprendeu e observou nos humanos, então quando o sente na pele verá e correrá desesperado na intenção de os controlar, eu só conseguia pensar em rejeita-lo porém tudo em meu corpo não condizia com minha boca. Xingando-o, amaldiçoando-o por ser tão atraente.
– Não permito? Oh pequeno Pines, algumas coisas são impossíveis de controlar, você entende muito bem sobre isso não é? – ele pegou minha mão com força pois eu recuava, o loiro a passou em seu próprio peitoral me causando calafrios, ele sabia exatamente o que se passava na minha mente, droga, droga, eu não podia negar que era bom o tocar, meu corpo continuava respondendo aos seus estímulos, meus pensamentos se tornaram o contrário a tudo o que eu estava tentando me sobrepor, na verdade eu queria muito que ele me tocasse.
Ele alisou com minha mão toda a extensão de seu abdômen e peitoral descendo cada vez mais e nessas vezes que ele simplesmente descia era quando eu me sentia ainda mais fervoroso, então ele o fez, entrelaçou a sua mão na minha e a levou em direção do meu membro, isso foi inesperado e totalmente explícito, mesmo que fora minha própria mão junto à dele, senti um grande calafrio fazendo meu corpo se arrepiar, ele me segurou já esperando por isso o que me deixava ainda mais nervoso e sensível, sem a menor intenção deixei soltar alguns gemidos que foram muito bem apreciados e levados pelo ar, com isso o demônio fez questão de apertar aquela parte sensível novamente me deixando ainda mais quente, vai me toque, não tenho mais filtros.
Bill lentamente se aproximou do meu pescoço e o beijou, arrepiando-o por inteiro deixando-me totalmente paralisado e confuso do que é que esteja acontecendo, meu corpo todo pedia e estremecia com cada toque que seus lábios entregavam a minha pele, me deixando totalmente a mercê de seus propósitos, parecia que eu havia me esquecido do acontecimento de hoje cedo, como se eu quisesse ser tocado novamente, como se eu não sentisse mais nojo de mim, eu queria que Bill me tocasse, ele é atraente e involuntariamente me despertava um certo interesse, se fosse ele talvez estivesse tudo bem, mas de qualquer forma eu nunca havia parado pra pensar no meu interesse sexual. Eu cheguei a pensar eu não sou gay, essa foi a pior desculpa que eu pude me dar, é apenas eu e Bill, não precisava me esconder, ninguém sabia da existência dele fora eu, mas pra mim tudo o que ele pensava importa, isso incluía o meu desejo desorientado por ele nesse momento, como se uma chave tivesse sido girada em minha mente. É nítido que estou totalmente duro e suplicando pelos pensamentos que ele me engula por inteiro, puta merda, que situação, que desespero pensei, e para ser mais específico quero ser tocado por um demônio que a um dia atrás pensei que fosse ser meu maior inimigo, era isso, esse demônio jogou algum feitiço em mim.
Bill viu o quanto eu estava pensando demais e tratou-se no mesmo instante de me interromper.
– Pare de tentar achar desculpas, eu já te disse, não disse? É bom experimentar coisas novas, tente aproveitar por um instante, você me persuadiu a isso – sussurrava em meu ouvido e eu sem saber o que fazer levei minhas mãos ao seu peitoral tentando o afastar o que não funcionou, só o fez espalhar ainda mais aquele ar quente em minha orelha – Me deixe te tocar, eu sei que você quer – sussurrou por fim, ele voltou a me encarar com um sorriso extremo, eu não aguentava mais, deveria simplesmente deixar acontecer? Estava tão duro, não podia nem sequer negar, me recuperando do fôlego tomado e alguns espasmos causados por ele, que me interrompeu quando começou na mesma área do meu pescoço a chupa-lo com tamanha intensidade, me deixando ainda mais trêmulo, percorreu com uma série de chupões e lambidas – Pinetree, esses seus pensamentos perversos me deixam sem jeito – sussurrou me deixando mais vermelho do que antes, aos poucos retirou minha blusa e mudou o lugar dos chupões, massageando meus mamilos os fazendo ficar durinhos, que merda ele está fazendo? Hoje estava sendo o dia mais esquisito da minha vida, eu não sei se seria capaz de para-lo ou ao menos me parar de continuar não rejeitando esses toques, quanto mais ele massageava meus mamilos com a língua mais minha respiração ofegava e minha voz queria tomar conta de mim, tentei me inclinar para o ver contudo sua mão me alcançou de uma vez, segurando meu pescoço com firmeza sem machucar, fazendo-me gemer sem nenhuma vergonha na cara entregue ao prazer, porque eu quero senti-lo mais? Eu queria parar de tentar negar que o quero, mas eu não conseguia simplesmente aceitar isso.
– Merda, acabo de chegar e é isso que você pensa de mim? – perguntou sorrindo como um louco - pervertido.
– B-bill isso é tão estranho – desviei o olhar pois sabia que estava tão vermelho e ofegante que isso poderia alimentar seus movimentos.
– o que? Querer foder com seu demônio favorito? - disse passando a língua nos lábios depois de estimular meus mamilos, não tive tempo de o rejeitar no entanto ao menos eu não queria fazer isso no momento, meu próprio corpo já respondeu o contrário, queria Bill e precisava dele, sem nenhuma recepção ou paciência o demônio logo enfiou a mão dentro da minha calça agarrando meu membro já ereto, o segurei no mesmo momento, meu corpo todo se arqueou com a nova sensação de ter sido tocado naquele lugar sensível, soltei um gemido tão alto e constrangedor que foi respondido apenas com um sorriso satisfeito, devíamos estar fazendo isso?
Ele começou com movimentos leves e aquilo me deixou com calafrios, esses que variavam até ir aumentando o ritmo, passando o dedo na glande espalhando o pré-gozo, o que me deixava ainda mais necessitado até se tornar desconfortável de segurar, agarrei seu braço cravando minhas unhas nele, cada som que saía de meus lábios eram o suficiente para o provocar, mas o interrompi ofegante.
– Demônio, porque ta me provocando desse jeito? – perguntei com muita dificuldade em meio aos sons, ele se aproximou para ouvir pois eu estava de cabeça baixa, ergueu uma sobrancelha e apertou mais ainda meu membro me fazendo soltar mais daqueles gemidos.
– Te pergunto o mesmo, aliás eu não estaria fazendo isso se você não me invadisse com esses pensamentos depravados, suplicando que eu te tocasse – respondeu sem muito interesse. Levei minha mão ao meu rosto escondendo meus olhos, não queria que ele me visse, depois de tudo aquilo acabei me lembrando de hoje mais cedo, foi como se jogassem uma pedra em mim e todo o peso tivesse se tomado agora em meu corpo, o nojo que eu sentia por mim estava voltando, o nojo de ser tocado, tudo aquilo estava me lembrando de coisas não agradáveis, mesmo que assim Bill esteja me causando outra sensação, uma mistura em meu estômago difícil de controlar, lágrimas começaram a descer de meus olhos, não pude ver a reação do demônio, mas ele me soltou de qualquer forma, um pouco surpreso com minha atitude, meu membro já estava dolorido e eu não aguentava mais e em meio ao choro levantei minha cabeça o vendo assustado com os olhos arregalados, agora Bill estava mais paralisado do que eu à alguns minutos atrás.
– eu quero que você acabe logo com isso - sussurrei trêmulo enquanto me agarrava à sua nuca, envergonhado por deixar que me veja naquela confusão de sentimentos, de querer e não querer.
O demônio ouviu e saiu de sua transe, voltando. Passou sua mão direita em meu pescoço e me puxou para si em um abraço, meu rosto estava em seu ombro desnu, eu não sabia o que fazer, ele estava sendo gentil, eu queria chorar mais ainda.
Colados um ao outro pelo abraço, Bill começa a fazer o que pedido, começou a roçar seu membro contra o meu me fazendo cair em delírio, em uma ação de me controlar mordo seu ombro, minha mão direita repousava em seus cabelos buscando a maciez que confortava, sua respiração quente tinha contato com a minha ofegante e então em questão de poucos minutos senti chegar ao limite, ele me jogou na parede e aumentou seu movimento, me segurei tentando conter os gemidos o que falhou, acabei gozando em sua mão, ficando totalmente constrangido novamente, finalmente isso acabou pensei.
Ele retirou a mão, não pude deixar de encarar seus lábios ofegantes, se ele falasse o meu nome eu o ouviria e guardaria em minha memória para sempre. Antes que eu pudesse o tocar, tocar em suas cicatrizes e em seus símbolos ele se afastou se dirigindo a cama lentamente se sentando, me observando da cabeça aos pés .
– O que te incômoda? Não espere que eu resolva dessa vez – debochou, não esperava menos apesar de ter usado as palavras certas, "dessa vez" tenho certeza que tudo que está fazendo agora irá ter um preço depois, como ele sussurra, justo – e então?
– B-bill - falei desajeitado me apoiando à cômoda ao lado antes que eu pudesse cair no chão – seu demônio pervertido - falei sorrindo sem fôlego - o que você quer? - ele mostrou sua mão a frente a qual havia praticado o ato completamente coberta pelo líquido espesso.
– o que eu quero? – aumentou o tom de voz de forma gostosa – que tal agora eu te falar o que eu estou pensando – disse sorrindo – quero você - que droga, se ele continuar… - do mesmo jeito que você me quer - pausou, não quero resistir - use sua boca para algo mais útil ao invés de só pensar em negar – ergueu-se fazendo uma expressão irritada me deixando com um certo sentimento assustador e excitante, talvez uma mistura de medo e excitação, nada que pudesse ser ruim - achei que você não tivesse mais medo de mim – abriu um grande sorriso, observou a mão a frente assim como eu e estalou seus dedos fazendo surgir correntes a minha volta, foi quando ele fechou o punho que as correntes me puxaram para perto de si me fazendo desequilibrar e cair de joelhos a sua frente, não havia sequer necessidade disso, eu iria até ele, sua expressão estava mais firme do que antes e isso me deixava intimidado e excitado. Pousou a mesma mão em meu queixo o apertando por toda extensão.
– Acabei de realizar algumas das suas fantasias perversas – como se mencionar isso fosse aumentar meu constrangimento, eu já havia alcançado meu próprio limite – eu sempre fui sua fantasia Pinetree? – ele sorriu sem mostrar os dentes, eu poderia agarra-lo ali mesmo - e agora você conseguiu me divertir com esses gemidos – tirou a mão e se aproximou – isso não te deixa curioso? Meu Pines – Meu Pines é? curioso? Minha curiosidade me levou até aqui, ajoelhado à si, gemidos? Ah isso não é como se eu quisesse, eu não controlo o meu corpo, isso o deixou excitado?
– se quiser pode gemer meu nome – riu, qual o problema dele hein? Ta falando demais – continue Pinetree, pensando em mim e eu vou acabar ficando duro – sussurrou e isso me arrepiou, ele respondi meus pensamentos como se eu os falasse. Foi bom e seria idiota negar que eu queira ver ele sentindo o mesmo que estou sentindo, essa eletricidade passando por nós, Bill Cipher excitado por minha causa.
Definitivamente, eu não conseguia acreditar no que estava acontecendo, era mais um daqueles sonhos estranhos sem sentido?
– Porque ao invés de se perder nesses pensamentos pervertidos, não os faça de uma vez? – pegou minha mão de uma vez e a levou ao seu pau ainda coberto pela calça, literalmente uma enchente de nervos e hormônios prestes a me sucumbir, se vermelho era a cor ideal daqui a alguns segundos eu me tornaria roxo e se já não bastasse meu coração insistia em bater tão rapidamente que me surpreendia.
E mesmo em meio disso, desviei o olhar na mesma hora tentando olhar para qualquer outro lugar em que Bill não estivesse me encarando com uma expressão medonha, eu sentia o seu pau, estava tão duro e grande, mesmo coberto pulsava a ponto de senti-lo pelo pano grosso da calça, se ele me pedisse qualquer coisa eu senti que não seria capaz de negar e então soube que pensar isso fora uma má ideia.
Ele tirou suas mãos as deixando livres, aproveitou e pegou ao lado um cigarro que agraciou seus lábios e o acendeu com suas próprias chamas, nunca o vi agindo tão humanamente, como se eu tivesse conseguido me aproximar dele e fazê-lo se sentir confortável para me mostrar isso.
– o que está esperando? – perguntou calmo ao expirar a fumaça para fora. Ele me olhava como se fosse me devorar, eu queria fazer, Bill me deixava desconcertado. Fiquei extremamente constrangido com o pensamento, nunca havia feito aquilo, nunca havia provado essa sensação de uma forma em que eu me sentisse confortável, porque a primeira pessoa precisa ser logo Bill? Eu odiava admitir uma derrota, eu odiava meu corpo e o desejo se passava por tudo, eu queria mais do que ninguém por meus lábios em qualquer lugar que Bill pedisse.
O demônio me olhava analisando meus pensamentos enquanto a ereção começava a doer, o ouvi sussurrado algo contudo não tinha certeza.
– Atenda seus desejos – só conseguia ver a fumaça saindo de seus lábios, então desajeitado tirei seu pau da calça o causando um alívio.
Vendo a minha frente, iria tocar, iria apenas tirar minha curiosidade, maldito Mason Pines por ser tão curioso, o toquei somente uma vez e vi Bill suspirar, eu sabia que devia a ele então não podia negar e essa era a minha desculpa, me aproximei ainda mais, me inclinando para perto do membro, encarei Bill uma última vez antes de fechar os olhos, comecei, mesmo com as mãos trêmulas o segurei começando a lentamente lamber sua glande, eu não conseguia acreditar que estava fazendo isso com Bill, exatamente com ele, é insano, nunca pensei que estaria fazendo esse tipo de coisa aqui e agora.
Conseguia ver que o demônio se sentia torturado com aquilo então sem nem muito cuidado tratou de agarrar meus cabelos e empurrar minha cabeça em seu membro, eu queria parar de pensar nos flashbacks de hoje mais cedo, mas Bill foi tão rápido que eu não tive tempo de pensar, apenas abri mais a minha boca.
Os fios de meus cabelos estavam presos e enrolados nas mãos do demônio que os apertava com força, empurrando cada vez mais minha cabeça ao encontro de seu pênis com movimentos rápidos e exagerados, acho que era o suficiente pra um iniciante nisso, quando dava olhava para a expressão do loiro e me surpreendia, ele estava levemente corado, era realmente excitante de ver aquilo o que começava a me deixar feliz, o ver assim me deixava satisfeito.
Os sons que se repetiam eram ainda mais constrangedores, no entanto o demônio nem se importava com isso ao menos eu era o único idiota que se importava tanto, decidi o olhar e admirar a visão que eu tinha dali, seus lábios estavam entreabertos e eu conseguia os ver mesmo que ele estivesse com a cabeça inclinada para cima tentando se conter do prazer, eu sei que eu não estava fazendo um ótimo trabalho, mas era pelo menos o suficiente, eu me perguntava o porquê de estar tão pensativo quanto a isso? Que ridículo, apesar de que durante meu caminho de olhares o seu abdômen continuava ali me proporcionando uma perfeita visão de milhares de gotas de suor descendo e percorrendo junto ao meu olhar, desciam e desciam isso era o mínimo de estímulo que eu precisava para aumentar os movimentos e em questão de alguns minutos o Cipher pressionou toda minha cabeça em seu membro me fazendo engasgar e ter a certeza de que eu queria sair dali, que grosseiro...
Por fim ele gozou e pude me afastar tossindo diversas vezes, o gosto não era tão ruim, eu não estava acostumado, engoli-lo não era o meu forte mas assim fiz depois de espremer todo o rosto, só depois percebi que isso fora uma péssima ideia, eu não tinha experiência nisso. Nós dois estávamos ofegantes e eu gostava dessa sensação, era estranho e novo... Mas eu estava muito surpreso para me questionar, para diminuir meu orgulho e masculinidade, isso sequer havia necessidade.
Com o ser dourado me observando atentamente fiz o que veio na mente, limpei meu rosto e assim me levantei pegando minha blusa que estava vestido antes e a coloquei, logo fechando o zíper da minha bermuda também voltando a me ajoelhar em frente de Bill, porquê eu fiz isso?
- isso é tão estranho… - sussurrei ao ar, seria mais estranho ainda se não fosse.
Ele me fitava e parecia relaxado demais, sentia que ele poderia mudar de ideia a qualquer momento e sua mudança de humor me deixava assustado, ou talvez fosse eu que não saberia decifrar suas novas expressões que pra ele talvez fosse normal, Bill apenas se aproximou me deixando curioso, parei para encara-lo também, consegui ver seus lábios se aproximando dos meus e meus olhos se arregalaram me deixando desconexo, eu senti algo que não senti há minutos atrás, um sentimento nele que parecia diferente e isso me assustou, foi em questões de segundos que ele segurou meu queixo gentilmente e encostou seus lábios nos meus, me beijando delicadamente, eu fiquei ainda mais confuso e surpreso, me fazendo perceber que aquele fora nosso primeiro beijo, minha ficha caiu naquele momento, sobre tudo o que havia acontecido, a luxúria havia passado e meu coração continuou acelerado.
Sua mão segurava meu rosto com força me direcionando a abrir minha boca, deixei que explorasse minha boca, não fazia ideia do que fazer, o ter me beijando, com aqueles lábios macios e quente, eu tinha certeza que pra ele, isso não havia significado nada, não era isso que eu queria, não é assim que quero começar.
Eu o afastei freneticamente o olhando incrédulo e assustado, em um ato espontâneo e automático levantei dando longos passos para trás até sair pela porta desesperado quase correndo, aquele não foi um simples beijo, foi um beijo do Bill e tudo aquilo que fizemos…
Um ato por impulso da excitação, será mesmo que ele queria me tocar? Ainda mais o fato dele ser um demônio, um homem, isso havia me deixado confuso e assustado diante de diversas coisas, corri indo mais a fundo da floresta, me torturando por ter tido uma atitude tão infantil e ter saído correndo pela floresta, pensando em como eu era patético, parei de andar desesperado me acalmando, resolvi sentar em uma raiz de qualquer árvore enquanto observava o céu, pensando no acontecido e como Bill ficou surpreso ao me ver se afastando, eu não conseguiria parar de pensar nisso, me envergonhava.
Estava escurecendo, eu ia ficar ali um tempo, queria pelo menos uma vez ficar parado para reformular tudo, meu coração estava acelerado e mesmo pensando que eu poderia estar construindo um sentimento por Bill e ele nem sequer se importar com isso, eu estava sorrindo como alguém quando está apaixonado...
– Merda, foi realmente bom.
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