Acordo com o som aterrorizante do despertador dizendo que era hora de levantar, esfrego os olhos meio inchados pela noite mal dormida logo calçando minhas pantufas para evitar o contato gélido com o chão. Já no banheiro do meu quarto me ponho abaixo da água morna do chuveiro esperando me despertar por completo. Acabo meu banho e faço minha higiene matinal, escovo meus cabelos, passo o protetor solar e vou indo logo me trocar, o uniforme escolar sempre é o mesmo, uma saia azul marinho, camisa branca com um laço na gola, meias ¾ e um tênis branco, mas gosto de colocar também meu moletom verde água que quase está virando parte do uniforme de tanto que o uso, por último passei um gloss.
Pego minha mochila e após descer as escadas encontro meu pai terminando de por alguns acompanhamentos na mesa.
_ bom dia pai..._ dou um beijo na sua bochecha _ nossa quanta coisa _ me refiro a quantidade de comida pela manhã, que sinceramente acho desnecessária tamanha quantidade _ sinto muito lhe informar mas eu tenho que andar logo _ ele logo mostra uma expressão de desgosto _ não se preocupe tô levando um pedaço de bolo, até mais _ digo me despedindo.
_ espera _ ele diz sem alterar seu tom de voz _ toma, leva o almoço _ ele estende um bentô, e eu o pego de imediato.
_ tá pesado, eu não vou comer muito _ apesar de ser um pouco gulosa isso aqui é demais.
_ é pra você dividir com o Aomine, fiz takoyaki eu sei que ele adora _ meu pai é sempre tão atencioso com o Aomine-kun.
_ assim eu fico com ciúmes _ dou uma pequena risada descontraída.
_ não seja boba _ ele me dá um beijo na testa _ vai logo ou vai se atrasar.
_ eu nunca chego atrasada _ saio de casa às pressas se não realmente chegaria atrasada, o caminho até o colégio não é longo então vou andando.
O dia estava ameno, o vento leve bagunçava um pouco meus cabelos mas mal me importa agora, respiro fundo aproveitando a brisa que deixa essa manhã ainda mais agradável. No meio da caminhada me lembro do que tanto ocupava minha mente nos últimos dias, depois de assistir um filme de romance comecei a repensar sobre minha vida amorosa, que não é lá essas coisas, e depois de dias pensando confirmei que não amo o Tetsu-kun, apesar dele sempre me ignorar eu estava lá dizendo que o amava, eu o amo como amigo, vendo minha situação acho que foi porque ele nunca chamou atenção de ninguém ao contrário de mim que sempre estive rodeada de pessoas, quase todas falsas, ou que não se importam realmente comigo, então acho que quando estava com ele sentia um pouco dessa falta de atenção. Não sei ao certo o que sentia mas hoje vejo que eu havia acreditado nesse amor romântico que nunca existiu.
Chegando perto do portão do colégio avisto Aomine-kun andando devagar em meio a pequena multidão de alunos.
_ Aomine-kun! _ dou uma leve corrida em sua direção _ bom dia... _ ele ignora continuando a andar e eu o acompanho ao seu lado, já estou acostumada a não receber um outro bom dia dele pois de manhã ele sempre está muito sonolento. Mas eu nunca desisto _ você vai pro treino hoje?
_ não _ ele diz ainda coçando os olhos na tentativa de espantar o sono. Se duvidar nem acordou ainda.
_ como sempre _ Aomine-kun me olha sem mudar sua expressão.
Paramos em frente a nossos armários que não ficam muito longe um do outro guardamos os materiais e adentramos as salas, sento em minha carteira. Apesar de estarmos ambos no segundo ano somos de salas diferentes o que me deixou triste pois sempre estudei junto a ele. Aomine-kun não é burro mas faz um tempo que suas notas andam caindo um pouco acho que pelo fato dele não prestar muita atenção.
Algumas de minhas amigas chegam para conversar são elas Aikyo e Yoshida, são as mais próximas que tenho, ao menos nesse colégio.
_ eai Momoi, como foi seu final de semana? _ Aikyo pergunta ao lado de minha carteira. A moça de cabelos curtos e castanhos era na maior parte do tempo elétrica, eu gosto de ser amiga dela apesar de às vezes me meter em algumas roubadas.
_ cheguei a uma conclusão do que já vinha me atormentando a dias _ um semblante de dúvida aparece em seus rostos _ eu não sou apaixonada pelo Tetsu-kun _ digo isso pela primeira vez a alguém e tento não mostrar a minha ansiedade pela resposta delas mas ao olhar para seus rostos não vejo surpresa.
_ a mas isso a gente já sabia _ Yoshida fala e é minha vez de mostrar dúvida _ dava pra ver no jeito que você falava dele que não era paixão e sim um outro tipo de gostar, mas a gente não queria dizer nada pois não queríamos interferir, vai que a gente estava errada _ ela explica, era tão evidente assim quando eu falava? Eu devo ser muito fácil de se ler então.
_ é vocês estavam certas eu tinha que chegar a essa conclusão sozinha _ abro meu caderno na matéria que irá vir a seguir.
_ e agora vai finalmente dar uma chance ao Aomine? _ Aikyo pergunta me fazendo a olhar com cara de espanto.
_ como assim? Vocês sabem que só somos amigos _ minha voz diz apressada.
_ conta outra, pra você pode significar isso mas e pra ele? _ Aikyo fala se aproximando de mim. Pensando nisso eu nunca o havia perguntado porque não há necessidade ele também pensa o mesmo que eu _ quando vocês chegaram aqui ano passado todos pensavam que eram um casal mas depois de algum tempo você os convenceu de que eram apenas amigos íntimos, mas Aomine não abriu a boca _ pensando bem isso é verdade.
_ mas ele não falou nada só porque ele não gosta de fofocas _ tento às convencer mas pelas suas expressões não tenho sucesso.
_ até agora não o vi namorando ninguém _ Aikyo chega mais perto _ e vocês vivem se abraçando se tocando, tão próximos _ ela faz gestos com as mãos interpretando nós dois _ aposto que quase todas as meninas do colégio fariam de tudo para estar no seu lugar e os garotos no dele _ eu coro vergonhosamente sabendo que era verdade que nós somos muito próximos, mas tudo isso é porque somos confidentes.
_ nós somos muito próximos sim mas ele não me vê como mulher _ tento não alterar minha voz _ somos amigos e nos vemos assim.
_ mas e você não o vê como um homem? Todas aqui o veem assim, um homem bonito, alto, com o corpo atlético… _ Aikyo provoca.
_ para! Eu não o vejo assim, nós somos a-amigos e é só isso _ o nervosismo me envolve ao imaginar Aomine-kun do jeito que Aikyo descrevia, de um jeito que nunca havia parado para pensar.
_ ok, ok, mas faça o teste Aomine te trata diferente de todas as outras _ como se eu precisasse testar a amizade de Aomine-kun.
Depois daquela conversa o professor entrou na sala.
****
Eu procurei no terraço, na enfermaria, nas salas de aula, na quadra, eu praticamente rodei esse colégio inteiro atrás de Aomine-kun mas não o encontro em lugar algum, e pior, já se passou meia hora desde que o sinal para o almoço bateu.
Já ficando estressada com aquela situação tento pensar qual foi o único lugar que não procurei? Após alguns segundos me lembro, foi a biblioteca mas a tinha ignorado pois Aomine-kun não gosta de lá.
Sem paciência trato de ir depressa até ela, abrindo a porta andando entre as prateleiras de livros logo chegando até as mesas de fundo, e avisto o moreno dormindo na cadeira.
_ Aomine-kun! _ digo estressada e solto o bentô com força na mesa que faz um barulho considerado alto que dá um leve susto o acordando _ porque não me avisou que viria aqui? _ ele olhou para mim e virou o rosto para voltar a cochilar.
_ e por que eu avisaria? _ sua voz sonolenta e despreocupada só me zanga mais, mas mantenho a pose.
_ se você quiser que eu vá eu vou, mas seria uma pena dizer para o meu pai que você recusou seus deliciosos takoyakis _ digo em tom de ironia mas foi o suficiente para que Aomine-kun olhasse para mim e para o bentô na mesa _ então acho que já vou indo _ foi só eu virar as costas que senti meu braço sendo puxado por ele me forçando a sentar ao seu lado _ ai! _ reclamo pela forma rude que cai na cadeira de dois lugares.
_ passa pra cá _ ele pega o bentô o abrindo pegando rapidamente um takoyaki com o hashi, rio da maneira desesperada de como ele ponha o takoyaki na boca e logo depois uma expressão de satisfação aparece em seu rosto _ seu pai realmente é o melhor _ ele ponha o braço em volta de meus ombros o apoiando de forma relaxada. Me perco em meus pensamentos até que me dou conta de que Aomine-kun está comendo quase tudo.
_ ei ei! Eu também vou comer! _ vou com meu hashi até o bentô mas Aomine tira na hora _ ei! Me dá aqui eu to com fome.
_ pelo tempo que demorou achei que já tinha comido _ fala com a as bochechas cheias mostrando frustração.
_ mas não comi _ faço com que seu braço abaixe e pego um takoyaki o pondo na boca e logo uma expressão de satisfação também aparece no meu rosto.
_ ok, ok. Você pode comer dois _ diz rindo, o que foi suficiente para eu franzir a testa. A mão do moreno que antes estava em meus ombros agora sobe para minha cabeça acariciando levemente meus cabelos, seu toque me traz conforto o que me fez lembrar do que as meninas disseram, será mesmo que Aomine-kun gosta de mim? Minhas bochechas agora estão meio rosadas, pensar nisso me deixa envergonhada é claro que ele não iria gostar de mim porque se esse fosse o caso ele já teria se declarado a muito tempo, não? Ele é tão sincero que acho difícil esconder isso de mim, mas e se for verdade? Eu preciso tirar essa conclusão.
****
Estamos quase terminando de comer quando decido tentar tocar no assunto, minha respiração está pesada, pois eu sempre falo sobre meus amores com Aomine-kun mas ele nunca falou dos seus e agora eu estou determinada a ao menos saber alguma coisinha.
_ Aomine-kun _ o chamo sem olhar em seu rosto e ele volta sua atenção para mim _ eu não gosto do Kuroko _ agora olho para ele que mostra uma expressão de completa surpresa.
_ c-como assim? Depois de tanto tempo você me diz uma coisa dessas _ sua voz falha.
_ o que eu posso fazer se só me dei conta agora? Às vezes as pessoas demoram para perceber as coisas _ o olho e ele tinha voltado a sua expressão de sempre, indiferente _ vai fique feliz por mim _ e ele deu um mini sorriso _ viu você é legal, tocando nesse assunto eu lembro do meu primeiro amor, eu era criança mas já estava apaixonada.
_ e quando ele foi embora você ficou chorando por dias _ ele volta a comer, porque ele tem que lembrar da parte mais vergonhosa?
_ é mas graças a você que estava todo tempo me consolando eu superei _ essa é a brecha que eu esperava _ agora me diz, qual foi o seu primeiro amor? _ ergo minha cabeça para o olhar com empolgação, mas ele logo desviou o olhar.
_ não te interessa _ Aomine afirmou frio, que frustrante é só isso que ele tem a dizer? Mas eu não vou sair só com essa resposta.
_ vaiii me conta, você nunca disse quem era, você se faz de durão mas eu sei que existe alguém romântico ai dentro _ faço até biquinho mas ele não diz _ já sei foi a sua primeira namoradinha a Aburaya _ o olho com mais empolgação ainda como se tivesse desvendado o mistério do século.
_ eu não a amava _ minha empolgação foi pro ralo, logo quando eu ia tentar outra vez ouço o sinal tocar.
_ ok eu já vou indo _ ele se levanta e eu junto.
_ espera! Pelo menos me ajuda a arrumar aqui _ Aomine-kun faz de conta que não ouviu.
_ aliás... _ ele dá uma pequena pausa, respira fundo e aperta os punhos os soltando logo em seguida... _ o meu primeiro amor foi você _ admitiu ele e saiu da biblioteca sem dizer mais nada, me deixando ali sem reação.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.