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História Desatando Nós - Labirintos - História escrita por onlygn_ - Spirit Fanfics e Histórias
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História Desatando Nós - Labirintos


Escrita por: onlygn_

Notas do Autor


8k de palavras, socorro! hahahaha pra quem já leu a one do ano novo, “Labirintos”, esse capítulo é bem familiar. ele serve de base pra esse cap porque também escrevi com base na realidade (que construí na minha cabeça, a história é totalmente interativa e criada, hein)

espero que vcs gostem e quem já leu labirintos, não deixe de ler o capítulo, tem várias coisas novas e vai ser essencial vcs lerem pra compreensão dos próximos capítulos!

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Capítulo 25 - Labirintos


Fanfic / Fanfiction Desatando Nós - Labirintos

Para te encontrar no fim desse labirinto, talvez seja necessário me encontrar primeiro


Enquanto Giovanna passava a noite de réveillon com a família e os amigos no sítio em Itaipava, Nero e sua família celebravam a virada na festa de Vanessa, que, acabara de mandar um vídeo deles num grupo do elenco de Travessia. No vídeo, Romulo, Serrado, Nero e Giacomo cantavam no palco da festa o tema da novela. 


Do outro lado, Antonelli esbanjava em suas redes sociais a grande amizade com o ex marido, Murilo, enquanto distribuía fotos e vídeos que reafirmavam o casamento com Leonardo. 


— Vai, Gio, vamos fazer foto de tu e Leo!


Marina diz, enquanto Giovanna bebe um drink atrás do outro.


Se sentia sozinha ainda que no meio de tantas pessoas, porque a personagem que ela havia construído não era ela. Ainda assim, cedia. Mesmo após as traições [físicas e emocionais] do marido, conseguia encontrar motivos para continuar.


Ela dá um sorriso torto para Marina, enquanto Piny chama Leonardo.


A atriz se surpreende quando ele a puxa pela cintura e se demora selando seus lábios com os dele. As amigas fotografavam e gravam vídeos dos dois.


— Depois tiramos uns prints pra postar. Lindos, hein?


Giovanna se permite beija-lo por um segundo, envolvendo os braços em seu pescoço e percebendo que, de fato, não havia restado nada sobre ele que ela gostava. 


Mas Antonelli era obcecada pela imagem que havia criado, ainda que muitas vezes isso tivesse o poder de destruí-la por dentro.


— É ano novo. Vamos dar um desconto, amor.


Leonardo sussurra quando a puxa para novas fotos, dessa vez com os amigos. Ela sorri.


Quanto tempo se sustenta uma mentira?


No fim, Giovanna atuava melhor fora das câmeras do que na frente delas.


De alguma forma, ela sempre voltava para o próprio comodismo. Sempre voltava para o lugar que acreditava não ser possível se sentir sozinha, mas a verdade que a assombrava é que era exatamente dessa forma que ela se sentir dentro do próprio casamento.


.


Os boatos que corriam pelos estúdios Globo eram de que o casal estava para assinar o divórcio, principalmente após as fotos da briga entre Nero e Nogueira vazarem na internet, entretanto, aparentemente a separação do casal não se passava de especulação, pois na mídia ambos estavam empenhados em manter a imagem do casamento perfeito. 


.


Os elogios sobre a festa de Vanessa e os vídeos dos atores no grupo de WhatsApp não paravam de chegar.


"O Nero vai levar o prêmio de melhor cantor. Vai cantar no bar pra gente amanhã? 😘🤣", disse Bel Kurtner, se referindo à comemoração que o elenco e a equipe da novela teriam num bar fechado para eles no dia 01 à noite, em celebração ao novo ano. 


Foi quando Giovanna se afastou da concentração de pessoas no sítio e tentou falar com Alexandre. 


Uma, duas, três, dez ligações perdidas. 


Ela sabia o que havia feito mais uma vez, e, por isso o desespero em se desculpar, principalmente após o sábado que haviam passado juntos.


O celular de Nero já tinha quinze ligações perdidas às quatro da manhã. 


Rômulo e Alexandre ainda bebiam enquanto a maioria das pessoas já se despedia da festa de Vanessa. Então, uma luz se acende no celular de Alexandre. É uma mensagem de Giovanna. 


"Oi, feliz ano novo. Pode me ligar? Não consegui falar contigo. Vc sumiu, pfvr, me atende e vamos conversar, Nero. Da um bjo nos meninos."


— Não vai ver não?


Rômulo diz, enquanto o outro reabastece os copos de whisky dos dois. 


— Já sei o que é. Não preciso nem ler. 


Rômulo ri. 


— Como assim já sabe?


— Giovanna. Quer apostar? 


Nero confirma quando vê o celular, e leva o copo de whisky aos lábios outra vez, para desligar o celular em seguida. Se sentia exausto da situação e de lidar com as provocações imaturas, então, deu lugar à indiferença - e ninguém fazia isso tão bem quanto ele. 


Do outro lado, Giovanna sentia o peito apertar porque sabia que havia ido longe demais. Sentia raiva de si mesma, raiva de Leonardo, de Piny, do casamento fracassado e, principalmente, de se sentir sempre tão covarde.


Nada machucava tanto quanto o silêncio de Nero, então, Antonelli tomou uma atitude precipitada. 


— Vanessa, meu amor! Feliz ano novo. - diz ela quando a amiga atende o telefone. — desculpa, sei que é tarde, mas pelo visto a festa tá animada por aí, né? 


— Oi, Gio! - ela ri, já tinha bebido, então a ligação repentina e naquele horário não causou estranheza. - tudo ótimo por aqui! Você tá no sítio? Se não tiver, vem pra cá!


— Sim, tô sim. Mas queria falar contigo sobre outra coisa. O Nero tá por aí ainda? Precisava falar com ele, coisa rápida.


— Ah, deixa eu ver aqui! - Vanessa o procura pelo espaço - Nero! Neeeeero?! 


— Só... deixa entre nós, por favor. 


Giovanna pede. 


— Ah, achei! Tá aqui com o Rômulo. Nero, telefone pra você. 


Ele arqueia uma das sobrancelhas e termina de engolir o whiskey do copo, e toma o celular nas mãos. Quando vê o nome de Giovanna, a reação dele é bufar de raiva. 


Ele se afasta do espaço para atender. 


— Você enlouqueceu, porra?


— Tu não me deu outra opção. Precisamos conversar. 


Ele ri. 


— Ah, claro. É fácil assim, "vamos conversar" e pronto, resolvemos por que você quer, não é? Você é inacreditável, Giovanna.


— Nero, por favor... 


— Porra! Você não tá acostumada a ouvir um não, Giovanna. Então presta bem atenção nisso aqui: não temos nada pra conversar. Não me ligue, não ligue pros meus amigos, não me procure. Entendeu? Boa noite. Tenho uma festa pra voltar. 


Não houve resposta porque Alexandre desligou antes que ela dissesse qualquer coisa.


"Nero pfvr vamos conversar." 

"Posso te ligar?"

"Alexandre!!!"

"Me responde!!!!"


As mensagens que Giovanna enviava chegavam uma atrás da outra no celular de Nero. E ele, prontamente, ignorava, o que deixava a atriz mais preocupada com a situação. Até que a preocupação se transforma em raiva pela indiferença de Alexandre. 


"Tu acha justo comigo o que vc faz? Tô qrendo resolver e tu não da a mínima." 


É nesse momento que Nero resolve respondê-la. 


"Não acho justo o que VOCÊ faz. Arque com as consequências das suas ações e me deixe em paz. Até onde eu sei, você tem homens o suficiente à sua disposição, ou Murilo e Leonardo não são tão bons assim? Boa noite. Não me ligue mais." 


.



*POV GIOVANNA* 


Do lado de cá, o peito apertava e cada centímetro do meu corpo se arrependia das ações impensadas do dia anterior. O corpo pesava, a cabeça doía e eu já não sabia se era ressaca ou o meu emocional denunciando a forma como eu estava me sentindo. 


Só precisava vê-lo. Precisava resolver a situação. Precisava senti-lo de novo. A falta que ele fazia era insuportável e a possibilidade de perdê-lo de novo também. 


Penso que talvez nossas páginas em branco permanecessem para sempre em branco. Para sempre intocadas.


Resolvo sair sítio em Itaipava após o almoço para voltar ao Rio dando a desculpa de que não estava bem e precisava descansar para o compromisso com a novela mais tarde. 


— Que compromisso é esse, Giovanna? 


Leonardo questiona, enquanto arrumo minhas coisas. 


— Tem celebração da novela hoje, pra iniciar o ano. 


— Aonde? Por que você não me chamou? Nós devíamos aparecer juntos, tu sabe disso.


Passo a mão nos cabelos, irritada, e me viro pra ele.


— Porque é pro elenco e pra equipe, Leonardo. Ninguém de fora vai!


— Não sou "de fora", sou teu marido, Giovanna. Mas não espanta, é o típico evento que tu e teu amigo Alexandre adoram. Não? 


Ele sabia o que dizer pra me provocar, principalmente porque Nero mexia com o ego dele. 


— Me desculpa. Eu disse que não falaria mais sobre ele, e não vou. 


Leonardo toca o braço da atriz e ela se desvia dele, encerrando o assunto.


— Não quero falar mais desse assunto. Nos vemos amanhã quando vocês chegarem. 


Então saio com as malas em direção ao Rio de Janeiro, e, quando chego em casa, a primeira coisa que faço é ler o presente que Nero havia me dado no último sábado.


De: N

Para: G


Paixão, se eu fosse o roteirista das nossas vidas, teria escolhido te conhecer numa mesa de bar em 2010. Ou em uma peça famosa de um amigo nosso em comum, em 2009. Talvez num show do meu primeiro CD, você se apaixonaria pela minha voz e a gente moraria no bairro mais florido de Curitiba. Você ia reclamar do clima, eu ia te aquecer. Teu sorriso bonito ia se misturar à beleza das flores da estufa do Jardim Botânico. A gente ia ser um desses casais normais que saem numa sexta à noite pra tomar sorvete e andar pelo calçadão, tão comuns que ninguém saberia quem somos, mas tão reais dentro da nossa eterna ilha. 


Paixão, se eu fosse o roteirista das nossas vidas a gente uniria os piás e as gurias e faria mais alguns filhos, só pra eu ter certeza que pelo menos uma delas sairia com o teu sorriso e o castanho dos teus olhos.


Se eu fosse o roteirista das nossas vidas, eu te levaria pro teu restaurante favorito em 2012 e te pediria pra ficar comigo pra sempre. Novamente, seríamos um desses casais tão ordinariamente felizes que as pessoas nos olhariam e diriam: “quem são esses?”, com os olhos brilhando.


Se eu fosse o roteirista das nossas vidas, entrelaçaria eternamente as nossas histórias e propósitos, para que em qualquer universo eu tivesse a chance de te encontrar.


Eu te encontraria em qualquer lugar, meu bem.


Mas posso dizer? Que bom que nos encontramos nesse tempo e espaço. Que bom que o universo tem a chance de assistir a imensidão que você é se enlaçar ao maluco que eu sou.


Que bom que a gente se amou naquela noite de 2012. De lá pra cá não deixei de te amar um dia sequer, nem de querer navegar no oceano imensurável que você é.


Você pensou que seria uma música, né? Talvez seja. Talvez eu transforme em canção, ou em poesia…


Eu construiria todas as artes do mundo por você.


Se eu fosse roteirista das nossas vidas, paixão, só teria uma exigência pra nossa novela: te encontrar.


Quando ler isso, venha me encontrar. Tô sempre esperando por você, paixão - e já sinto a felicidade me invadir porque sei que você vem. Você veio. Espero que continue vindo sempre.


Com amor, N.”


Giovanna sente as lágrimas escorrerem por seu rosto quando chega ao fim da carta.


.



*POV NARRADOR*


"Preciso te ver, Nero. Pfvr, podemos conversar antes de ir p evento da novela?"


Mais uma mensagem de Giovanna sem resposta.


O elenco e a equipe de Travessia já começava à chegar ao bar no Leblon para a celebração. 


Quando Giovanna chega, Nero já está lá. Ela usa um vestido laranja com uma fenda que deixa as pernas à mostra, e o cabelo ondulado, meio preso, meio solto. Sabia como provoca-lo até que ele cedesse, e faria o que fosse necessário pra isso. Ele usava uma combinação exagerada como é habitual, o que a fez saltar os olhos foi que ele realmente aderiu à camisa laranja por baixo do blaser preto que combinava com a calça, também preta.


Ela procura por ele no meio da multidão e os olhares de ambos se encontram. 


*POV NERO* 


Ela está deslumbrante. O brilho do vestido e as pernas à mostra... porra. É quase tortura. Ela joga os cabelos pro lado e sorri quando um fotógrafo à aborda para fazer algumas fotos. Giovanna está tão linda que quase esqueço as merdas da noite anterior. Cada centímetro do meu corpo responde à ela e à tudo que nós sentimos um pelo outro. Assisto-a desfilar pro lugar destinado às fotos e os fotógrafos registram cada pose que ela oferece. Então, de repente, ela me olha. Eu bebo o resto do whiskey do copo e sinto o peito apertar, porque a verdade é uma só: essa mulher me tem pra caralho. E é insuportável vê-la tão dedicada em construir a imagem de um relacionamento fadado ao fracasso.


Sou retirado dos meus devaneios quando um dos fotógrafos me chama. 


— Ei, Nero! Bora fazer umas fotos de Steloisa, por gentileza? 


Ele me chama com a mão, e eu confirmo com a cabeça enquanto sigo até ela. É visível que Giovanna está nervosa porque sabe o que fez. 


— Onde vocês querem que eu fique?


Questiono.


— Ah, fica do lado esquerdo da Gio. Vocês tão combinando até na roupa, vai ficar perfeito! 


Ele ri e pede pra que nos aproximemos. 


Então me aproximo de Giovanna e sinto seu receio em se aproximar de mim nesse momento. Aqui, do lado dela, é inevitável não sentir todas as coisas. A raiva é insuportável, principalmente porque vêm misturada à todas as coisas que sinto por essa mulher. 


Então, pouso a mão em sua cintura e ela se vira para as câmeras e sorri. Sorrio também, enquanto ela mexe nos cabelos e os fotógrafos solicitam novas poses. 


— Vamos fazer uma de vocês virados de costas um pro outro!


Sinto o perfume dela invadir cada poro do meu corpo. 


— Agora podemos fazer uma última bem espontânea? Vocês se olhando e rindo, pode ser? 


Giovanna é boa nisso, sempre foi. Ela se vira pra mim e sorri com os olhos semicerrados, e eu ofereço um sorriso tímido e de canto, enquanto ela toca meu braço. 


— Lindos! Perfeito. Muito obrigado, Nero, obrigado, Gio! Tá maravilhosa. 


— Obrigada! 


Ela sorri e manda um beijo em resposta e agradecimento. 


Quando me distancio do espaço, sinto a mão de Giovanna me tocar. 


— Podemos conversar? Eu li o que você escreveu, eu…


Ela diz, se aproximando de mim, até se dar conta de onde estamos e dar alguns passos pra trás. Eu dou risada e sôo mais irônico do que gostaria.


— Você é tão previsível. Não temos nada pra conversar. Rasgue a carta e me deixe em paz.


Dou as costas pra ela e retorno ao bar para buscar outra bebida, até que ouço Glória chamando à todos para iniciar o discurso e posteriormente o jantar. 


*POV NARRADOR*


A roteirista agradece à todos pela presença e eles fazem um brinde enquanto celebram o novo ciclo que se inicia. 


A dupla que anima a celebração da novela canta o tema "Tempos Modernos", enquanto todos se organizam para jantar. As mesas são todas próximas, mas divididas por núcleos para facilitar. E lá estavam, lado a lado, o nome de Nero e Giovanna. Quando o vê, ele ignora e busca o outro canto da mesa. A atriz, por outro lado, sente o rosto queimar e às lágrimas prestes à descer diante da atitude dele.


Então, Antonelli se dirige ao bar e pede uma dose de whiskey. Era insuportável para a atriz ver o muro que Alexandre construiu entre os dois. Depois da segunda dose, ela volta à mesa com uma terceira na mão.


— Giovanna tá animada hoje, hein?!


Brinca Indira. 


— Dias e dias... 


Ela diz, sorrindo de volta, até ser interrompida quando ouve a voz de Bel gritar Alexandre, o que à irrita profundamente.


— Nero! Você precisa cantar. Ontem você cantou na festa da Vanessa, não vai cantar pra gente?! 


A atriz fazia um escândalo e Alexandre ria. 


*POV GIOVANNA*


Alexandre ri como se não soubesse que pediriam isso à ele, como se já não estivessem pedindo desde ontem. É inevitável não revirar os olhos, e, quando ele me vê bufar com raiva, sabe exatamente onde me atingir. Então, levanta e diz. 


— A voz do povo... vocês já sabem!


E brinca, fazendo reverência ao público que o esperava, para depois me acertar em cheio.


— Qual você gostaria de ouvir, Bel? Pode escolher.


Ela sorri enquanto pensa. 


— Canta aquela da Alcione que você cantou pra gente no set esses dias! 


E então, ele começa. Pra felicidade dele, cada palavra que ele cantava me acertava em cheio. 


Você não me quer de verdade. No fundo eu sou tua vaidade.


A voz rouca e os olhos queimando de raiva me encontram e eu sinto o peito pesar. Quando ele termina, é ovacionado pelo elenco e a equipe. Todos amam Alexandre, é inegável. A otária da Bel corre pra abraçá-lo e passa as mãos no cabelo dele, e enquanto tiram várias fotos, eu explodo. Então, levanto e chamo a atenção dele no meio de todos. 


— Pô, Nero, ainda tá aceitando pedidos? Não vai negar um pedido da sua parceira de cena. Vai?


Eu pisco pra ele e vejo-o engolir seco, provavelmente de raiva da provocação. 


— Claro. Pode pedir.


— Gosto de "Oceano" do Djavan. Pode ser essa? 


Vejo-o engolir o resto do whiskey e seu rosto está petrificado, provavelmente porque não esperava. Mas pro meu espanto, ele não nega.


*POV NERO*


Giovanna me pegou de surpresa. Meu corpo queima de raiva - e de vontade de atravessar o espaço e beija-la, tirando o vestido minúsculo e denunciando pra todos à quem ela sempre pertenceu. Mas sorrio, converso com os músicos e canto como se não me afetasse tanto. Como se as mãos não suassem, as pernas bambeassem e o peito não apertasse. Como se eu não tivesse cantado pra ela naquela madrugada em 2015, num camarim apertado nos bastidores de ARDJ. 


"Ela é um oceano inteiro", penso, pra lembrar em seguida que de fato ela nunca me permitiu navegar na imensidão de quem ela é. 


Pra mim, o amor sempre foi sobre sentir sem limites, amarras e barreiras. E entre nós, Giovanna colocava várias. Não queria mais viver assim. 


Amar é um deserto e seus temores (...) e esqueço que amar é quase uma dor. 


Quando finalizo, todos aplaudem, enquanto ela se levanta abruptamente e posso sentir, ainda de longe, o rosto em chamas. Giovanna se dirige ao bar novamente e posso vê-la tomar um drink após o outro. Os músicos voltam à tocar e eu volto pra nossa mesa. 


— O que tá acontecendo com a Giovanna, Ale? Ela não para de beber desde que chegou. 


Indira questiona quando eu me sento. 


— Minha amiga - eu sorrio - eu honestamente, não sei. E pra ser sincero, também não me importo. 


*POV NARRADOR*


Vanessa se aproxima de Giovanna ao perceber que ela não retornou à mesa.


— Gio, tá tudo bem? 


Ela toca o braço da morena. 


— Sim, tudo certo. 


Mas Giacomo sabia que não estava - e também já havia entendido o porque, então, questiona mais uma vez. 


— Você e o Nero brigaram, não foi? 


Giovanna o procura pelo salão e seu corpo estremece quando vê que Bel se sentou na mesa com ele e agora estão preenchendo o espaço com o som alto das gargalhadas. Num impulso, Giovanna larga o corpo de whiskey e Vanessa pra trás e se dirige até à mesa.


— Você pode me dar licença, por favor? 


Giovanna diz, enquanto Bel, Alexandre e Indira que estavam mais próximos se viram pra ela, confusos. 


— Ah, oi, Gio! - ela diz, oferecendo um sorriso fraco - tudo bem? 


— Tudo ótimo, só preciso do meu lugar. 


Alexandre passa a mão nos cabelos, incrédulo com a cena e sentindo uma pontada de satisfação pelo ciúmes da atriz. Bel sai desconcertada e Giovanna se senta do lado dele. 


— Você realmente enlouqueceu. O que você tá fazendo, Giovanna? 


Ele a conhece o suficiente para saber que está bêbada. 


— Tu não me deixou muitas opções. 


Ela diz, enquanto ele revira os olhos e continua. Os dois discutem baixo, no canto da mesa.


— Para com essa palhaçada, Giovanna. Chega, já deu. Acabou.


Ele tenta se levantar e ela o segura pelo braço, que ele automaticamente se desvencilha. Nero segue em direção à mesa de Rômulo e se senta por lá, enquanto a atriz sente o estômago revirar. Acabou? Como eles poderiam acabar assim? A culpa se mistura a raiva, ao desejo e à tudo que ela sente por ele. 


Então, ela sente um mal estar físico atingi-la e vai até o banheiro feminino. Giovanna sente a cabeça pesar e o estômago se revirar, os olhos turvos e a sensação horrível de que precisa vomitar aparecem. Ela corre até um dos banheiros e vomita, como resultado das tantas doses de whiskey que tomou. 


Por sorte, Vanessa chega no banheiro no momento exato em que a atriz está passando mal. Conversando e rindo com Indira, a atriz quase não percebe Antonelli ali, até ouvi-la vomitando de novo. 


— Tem alguém aí? Tá tudo bem? 


Vanessa diz batendo na porta. 


— Oi, amiga, ah, sou eu - Giovanna diz, fraca.


— Você tá passando mal? Abre a porta, Gio.


Quando finalmente consegue abrir a porta, Giovanna está pálida, com os cabelos bagunçados e os olhos vermelhos porque havia chorado. Era tudo demais. Se sentia culpada, com raiva de Alexandre por se negar à conversar e principalmente de si mesma por colocar os dois naquela situação. 


Vanessa e Indira ajudam Antonelli à se sentar na poltrona do banheiro gigante que elas estão. 


— Você quer um copo d'água? Vou pegar pra você. 


Indira encosta sua bolsa no sofá e sai em direção ao salão para buscar água para a atriz, que, visivelmente estava tentando se recuperar de todo o álcool que havia ingerido.


— Não, eu preciso... eu preciso falar com o Alexandre. Por favor. Diz pra ele, preciso... preciso falar com ele. 


Ela fala com dificuldade, enquanto Indira e Vanessa se olham, provavelmente pensando na má ideia que isso seria, entretanto, assentem, porque Giovanna estava determinada à ir atrás dele de qualquer forma. Sozinha, bêbada e nesse estado, seria o combo perfeito para os sites de fofoca. 


— Posso roubar o Ale um pouquinho?


Indira sorri, puxando Alexandre pelo braço. 


— O que foi? 


Ele questiona, enquanto ela o conduz até o banheiro feminino. 


— Giovanna não tá bem, ela passou mal e pediu pra te... 


Não foi preciso dizer mais uma palavra. Ele entrou no banheiro em um segundo e a viu sentada ao lado de Vanessa que abanava seu rosto e havia conseguido um copo d'água pra ela. 


*POV NERO* 


Quando entro, o rosto de Giovanna se levanta e os olhos inchados me encontram. Poucas vezes à vi tão vulnerável e tão triste quanto agora. A raiva se mistura a preocupação e a vontade de tê-la em meus braços.


— O que você tá sentindo? O que aconteceu, Giovanna?


Vanessa segura os cabelos dela e pergunta se está se sentindo melhor, ela respira fundo e assente dizendo que sim. 


— Você pode...


Ela se dirige à Vanessa.


— Vou estar do lado de fora, ok?


Tanto ela quanto Indira deixam o espaço para nós, e eu me aproximo pra sentar ao lado dela. 


— Não acredito que você bebeu assim. 


*POV NARRADOR* 


Nero passa as mãos nos cabelos grisalhos e no rosto, visivelmente preocupado, e então, se vira pra ela, gesticulando com as mãos.


— Você precisa se cuidar, Giovanna, porra! Você nem tá acostumada a beber whiskey, meu. O que deu em você? 


Ela passa as mãos no rosto e ele vê quando uma lágrima cai. Giovanna tenta encontrar as palavras certas, ainda afetada pelo álcool.


— Eu só... eu fiz merda, de novo. Me desculpa. Desculpa por ontem, por hoje... - e agora as lágrimas caiam copiosamente e ela não se importava em enxugar. - a verdade é que eu não sei o que tô fazendo com a minha vida. Me desculpa. Desculpa te colocar nessa bagunça. De novo. Você não merece, principalmente depois do nosso sábado juntos, eu…


Giovanna passa a mão pelos cabelos e enxuga as lágrimas que insiste em cair, e Nero, num impulso, a abraça, envolvendo-a em seus braços e trazendo-a para junto de si. A cabeça da morena se deita sobre o peito dele, enquanto o ator pousa seu queixo nela, sentindo o cheiro inconfundível da pele e do cabelo que o faziam sentir todas as coisas. 


A atriz levanta o rosto enquanto uma de suas mãos caminha até o pescoço de Nero, tocando cada centímetro até o queixo dele que fecha os olhos e se sente dominado mais uma vez pelo toque dela. Ela se aproxima em direção aos lábios dele quando sente a respiração descompassada e nervosa de Alexandre, que agora acaricia seus cabelos e com a outra mão à toca na cintura.


Pertencimento. Nada definiria melhor Giovanna e Nero do que isso: pertencimento. Duas almas que não foram predestinadas à ficarem juntas lutando de todas as formas contra o destino. 


E é nesses momentos onde o chão lhes é tirado e eles são jogados pra dura realidade que os desperta da ideia fantasiosa que poderiam ficar juntos, que percebem: não existe como fugir do que se pertence. Já é parte de quem eles são. Como é possível fugir de si mesmo?


*POV NERO*


O pertencimento é um labirinto: em todas as saídas encontro você. 


E é por isso que quando Giovanna procura meus lábios e os sela rapidamente, não tenho forças pra correr na direção contrária. O selinho se mistura às as lágrimas que ela ainda derrama - e que eu não tenho forças pra não enxugar. Tudo dura um segundo, mas parece uma eternidade. Então ela me olha, enquanto passo a mão em seu rosto, devagar. 


Penso no que essa mulher faz comigo, nas músicas engavetadas, nas declarações que ela não me deixa fazer, na solidão do deserto que ela me joga... E então, mais uma vez sou levado para os registros do ano novo, como o flashback de um pesadelo na minha cabeça. 


— Vamos. Vou pedir à Vanessa pra te deixar em casa. 


*POV NARRADOR* 


Nero se afasta abruptamente e toma as mãos de Giovanna para ajudá-la a se levantar. Do lado de fora, Vanessa conversa com um dos fotógrafos que é seu amigo. Giovanna aparenta estar melhor, ainda que extremamente bêbada.


— Amiga, preciso ir pra casa, você pode... 


— Olha só, a famosa Giovanna Antonelli! - o fotógrafo toma a mão da atriz e deposita um beijo, enquanto Nero assiste o amigo de Giacomo devorar Giovanna com os olhos. - Tá indo pra casa? Posso te dar uma carona.


— Ela vai comigo. 


Nero diz visivelmente bravo com a situação, e toca o braço de Giovanna. 


— Vamos? 


Ela assente, ainda confusa, e eles saem em direção ao carro dele que, por sorte, estava quase na frente do bar. Giovanna se apoia nele pra andar, enquanto o ator ainda se sente enciumado pela cena anterior. 


— Que foi?


Ela questiona. 


— Nada. Vamos, entra aí que vou te deixar em casa. 


Durante o trajeto, Giovanna consegue cochilar durante alguns minutos, e Nero observa cada detalhe dela. É verdade que a raiva existia e que também estava exausto da situação, mas o amor também estava presente, por isso era tão difícil ir embora. E numa dessas coincidências da vida, o rádio começa tocar "When The Road Meets The Sun", do Matthew Perryman, uma das tantas músicas que o fazia lembrar dela. 


"Asas de anjo espalhadas sobre a água cheia de desejos

Guardando os sonhos e as coisas não ditas

Aqui nós estamos vagando, sem rumo 

Amores que perduram, e nunca se esquecem..."


Lembrou do reencontro em Travessia, anos depois. 


*FLASHBACK ON*


"Nero! Tu não mudou nada. Continua lindo." ela sussurra, enquanto o abraça. 


"Senti sua falta”, ele devolve, enquanto ela passa as mãos pelos cabelos agora grisalhos. 


"Eu não sei se nós iremos acabar juntos

Mas eu sempre soube que nosso amor é verdadeiro

E quando estiver feito, nós iremos caminhar aonde a estrada encontra o sol..."


*FLASHBACK OFF*



Os flashs no camarim. O beijo de reencontro. Os abraços inesperados e as cenas que não terminavam quando o diretor dizia "corta". O cheiro inconfundível. O desejo e o prazer.


Giovanna desperta do sono e aparenta estar melhor. Enquanto isso, Nero estaciona na frente da casa dela. 


— Chegamos. 


Ele encara o volante, enquanto ela solta o cinto de segurança, arruma os cabelos e toca uma das mãos dele, como se agradecesse.


— Obrigada... obrigada por me trazer, por cuidar de mim. Nesses anos todos você nunca deixou de fazer isso, né? 


Ela sorri de lado, triste, e em seguida busca os olhos dele, que fogem dos dela.


— Toma um remédio quando chegar. Toma bastante água... - ele ainda está desconcertado em meio à tantos sentimentos - Não me deixa preocupado assim de novo, Giovanna. 


Ela passa as mãos pelos cabelos, respira fundo e toca o rosto dele. Ela o olha profundamente. Lembra de quando se reencontraram em 2015. 


*FLASHBACK ON*


"Tô curioso pra conhecer a Atena", ele diz, passando a mão pelos cabelos louros e sorrindo pra ela.


"Eu sou melhor, é claro. Mas a Atena é bem interessante. Você vai gostar. Não sei se tanto quanto a Helô..." 


Ela sorri e deposita um beijo no pescoço dele. 


"Em todas elas o que mais gosto é você."


E então se envolvem num beijo intenso.


*FLASHBACK OFF* 


Depois de longos minutos, ela volta à realidade e quebra o silêncio.


— Não, não, Nero... eu não quero ficar sozinha aqui. - e agora segura o rosto dele com as duas mãos. - fica comigo essa noite?


Nero fecha os olhos, sentindo o toque de Giovanna. Os dedos dela percorrem o rosto dele até chegarem aos cabelos grisalhos, puxando-o para perto de si. As testas se encostam, as mãos dele alcançam o cabelo moreno enquanto ela se deleita com a chance de senti-lo de novo. Mas em um segundo, Alexandre se afasta e destranca as portas do carro. 


— Não. Precisamos ir. - ele respira fundo — vamos, vou te ajudar a subir. 


Giovanna se irrita com a recusa. 


— Não preciso da tua ajuda. Pode voltar pra tua casa, eu me viro sozinha. 


Ela abre a porta do carro pra sair e ele também sai, vendo que ela ainda cambaleia devido ao álcool. 


— Para de ser teimosa, Giovanna, caralho. Vem, eu te ajudo. 


Ele estende a mão, preocupado, e ela finalmente aceita - quando percebe que não conseguirá sozinha - e eles seguem em direção à casa dela no condomínio. Todos estavam no sítio ainda, então, ela não havia desistido de convencê-lo à ficar. 


— Não consigo achar essa merda. Acho que esqueci no bar! Porra! 


Ela busca a chave na bolsa e não encontra, enquanto Alexandre passa a mão no rosto. Estava bravo, mas era inevitável não querer rir da situação. 


— Deixa que eu acho, Giovanna, me dá isso! 


— Não! Tu não tá nem aí pra mim. Por que não volta pra tua festa? 


Ela segurava a bolsa enquanto ele se segurava pra não rir. 


— Você tá bêbada e não vai achar isso nunca. - e toma a bolsa dela, pra achar a chave em um segundo - e também está certa, preciso voltar à festa porque combinei de dar carona pra Bel e pra Dandara. 


— Que? 


Giovanna se vira pra ele, incrédula. 


— Tu tá de sacanagem com a minha cara, Alexandre? Não é possível. 


Ela toma a bolsa das mãos dele, visivelmente irritada, enquanto ele revira os olhos. 


— Vai, Giovanna, abre a porta. Quero saber que você tá bem antes de ir embora. 


Ela se vira pra abrir a porta e sorri com o cuidado dele, mesmo no meio da confusão que ela fez e do ciúme que sentia.


Quando eles entram na casa, Alexandre percebe várias mudanças, fazia muito tempo que não ia à casa dela. Ela deixa a bolsa no sofá, enquanto ele observa o espaço e automaticamente se sente estranho, como se estivesse conhecendo um outro lado dela: a atriz famosa que vive um casamento perfeito. Ele bem sabia que não era assim. Nero e Giovanna juntos? Eles eram simples. A mulher que ele conhecia tinha muito sobre simplicidade. A mulher que vive nessa casa e sustenta um castelo de areia, talvez ele não conhecesse, e isso o assustava. 


— Nero? 


Ela o tira dos devaneios. 


— Ah, oi. Bom, você já tá bem, né, então tô indo. 


É quando ela toca a mão dele e pede mais uma vez pra que ele fique. 


— Tu pode esperar? Só um pouco... eu vou tomar um banho e acho que aí vou me sentir melhor. Se tu puder, se não, tudo bem... 


Ela fita o chão, cabisbaixa. 


— Tudo bem. 


Ele assente enquanto ainda observa o ambiente. 


— Vai ser rápido. Sentaí - ela aponta pro sofá - tu quer algo pra beber? 


— Não. Só quero me certificar que você está bem antes de ir. 


Ele encosta numa das bancadas da cozinha e parece distante. Para Giovanna, ele transmite frieza. Então, ela segue em direção ao banheiro de seu quarto. 


*POV NERO* 


Estar "do lado de cá" é estranho. É pedir permissão pra entrar num mundo de Giovanna que eu não faço parte. Me sinto cansado. São dez anos. Dez anos desde a primeira vez em que ela tirou o chão dos meus pés. Hoje, dez anos depois, sinto que não foi só Giovanna quem mudou, eu também. Pra além dos cabelos brancos, dos quilos a menos e das pedras nos rins a mais, eu também mudei. Tudo que sinto sobre essa mulher é avassalador, mas o amor também precisa de estabilidade e paz, duas coisas que eu não sabia se algum dia encontraria por aqui. Mas o problema é esse: ela ainda me tem.


Quando ela retorna do banho, prende os cabelos num coque e usa só uma camisola vermelha de cetim que marca cada centímetro do corpo curvilíneo de Giovanna. É assustador o que o cheiro dessa mulher pode fazer, porque no segundo que a vejo, consigo sentir o perfume natural - e inconfundível - tomar conta dos meus sentidos. 


— Demorei? 


Ela pergunta, enquanto arruma os fios soltos do cabelo e se aproximam de mim. 


— Não. Tá se sentindo melhor? 


— Acho que sim, vou tomar um remédio pra ver se ajuda. Mas Nero, eu queria... 


Giovanna toca meu braço. 


— Queria que a gente conversasse.


Eu me afasto do toque dela. 


— Giovanna, não torne isso mais difícil do que já é.


Ela revira os olhos.


— Porra, Alexandre, tu não acha que me deve pelo menos uma conversa?


*POV NARRADOR*


Então, Nero explode. 


— Esse é o teu problema, Giovanna, você acha que eu te devo alguma coisa! Deixa eu te dizer uma coisa: eu não te devo absolutamente nada!


Ele gesticulava com as mãos e andava pela sala enquanto falava. 


— Nero... 


Ela tenta dizer, mas é interrompida. 


— Não! Agora você vai me ouvir. Você tem ideia de como eu me senti? Eu já me sinto um otario há dez anos, mas olha, dessa vez você se superou. Depois do dia que nós tivemos sábado, puta merda… você se superou!


Nero bufava de raiva a cada palavra que dizia. 


— Eu tô cansado, cansado pra caralho! É por isso que pra mim já deu, porque se em dez anos você não teve certeza sobre nós, é sinal que nunca vai ter. 


As palavras dele a atingem em cheio. 


— Alexandre, por favor... 


— Não, Giovanna, imagina só! Imagina se EU postasse fotinha e videozinho curtindo com a Fabiula e depois esfregasse na sua cara e nas minhas redes sociais fotos beijando a Karen e insinuando que estávamos pelados. Eu quero saber. Como você ia se sentir? Me diz. 


A possibilidade faz o estômago da atriz revirar e ela sente o rosto queimar. 


— Nero, eu entendo, eu sei que... 


Ela tenta toca-lo, mas ele se afasta. 


— Você não entende nada, porra! Você não entende. Se entendesse, não agiria como uma criança. Não colocaria essa tua imagem de merda acima do que as pessoas sentem. Do que VOCÊ sente.


Ele ri, irônico, enquanto passa as mãos pelos cabelos grisalhos. 


— Se entendesse, não continuaria sustentando essa porra desse casamento de mentira! Você finge que é feliz e ele nem se dá ao trabalho de fingir que te ama mais. Você finge bem o suficiente pelos dois.


Ela sente uma lágrima cair, e se aproxima dele novamente. Dessa vez, Nero não se afasta. 


— Você nunca teria coragem de arriscar esse casamento fracassado pelo que nós temos, e sabe por que? Porque a ideia de algo verdadeiro te assusta. E é por isso que três anos atrás eu te disse não.


Alexandre afasta a mão dela que procurava a dele e vê um filme passar em sua cabeça. A primeira vez que se encontraram, o primeiro beijo, as noites em seu apartamento, as noturnas em A Regra do Jogo, a primeira mesa de leitura de Travessia, a primeira recaída.


O que é o fim se não uma junção de todos os inícios?


— Acabou. 


Nero dá as costas à ela e sai se direcionando à porta, enquanto ela corre até ele e não se importa em enxugar as lágrimas que caem. 


— Nero, por favor, me escuta. Por favor!


Giovanna toca o peito dele com uma das mãos. 


— Não. Acabou. Eu preciso de paz, Giovanna. Eu não sou mais um adolescente. Eu te amo, sim, se é isso que você quer saber. Amo como nunca amei outra mulher.


Ele encontra os olhos dela e ela sorri, sentindo esperança novamente. 


— Mas não quero mais viver assim. Acabou.


Quando ele à deixa pra traz e segue cortando a sala em direção à porta de saída, ela chora copiosamente e pede, mais uma vez, pra que ele fique. 


— Eu não vou deixar tu ir embora assim, por favor, vamos conversar, Nero. 


Ele sente o peito pesar e as lágrimas também ameaçam cair. Como pode ser tão difícil se despedir de uma mulher que nunca se teve de verdade? 


— Por favor, eu não vou conseguir, eu não posso te perder de novo. 


Ela passa as mãos nos cabelos morenos enquanto seca as lágrimas que caem. 


Quando Nero levanta os olhos para olhá-la, ela está há poucos centímetros dele, encostada à porta pra que ele não saia. Giovanna toma o rosto dele com uma das mãos e o vê fechar os olhos, sentindo seu toque. 


— Eu te amo. Eu te amo, Nero. 


A voz embargada e a declaração o acertam em cheio. 


— Eu nunca amei ninguém como eu te amo. 


Os dedos dela acariciam o rosto dele e secam as lágrimas que caem.


— Eu não posso te perder de novo. 


E então, ambos sentem o flashback das despedidas retornarem como um filme. 


*FLASHBACK ON - A Regra do Jogo, gravações do último capitulo, bastidores da última cena entre Romero e Atena*


— Fica comigo, paixão. - ele sorri - fica comigo. Cê é doida de deixar a gente pra trás? 


Ela sorri, até encontrar os olhos dele de novo. 


— Não sei me despedir de tu. Nunca vou aprender, eu acho. - ela se desprende dos braços e dos beijos dele - mas preciso ir. 


*FLASHBACK OFF*


— Me perdoa por não dizer tanto. Tu sempre foi melhor com as palavras que eu, bem melhor, aliás. 


Ela sorri com as lembranças das músicas, dos poemas e poesias que ele construía e sempre tinham o nome dela. 


— Me diz que nosso tempo não passou. Me diz que ainda dá tempo, que eu não me atrasei demais. Por favor.


Ela se aproxima dele, as testas se unem e as lágrimas se misturam à respiração nervosa. Giovanna segura o rosto dele com as duas mãos e passa seu nariz pelo rosto dele, que permanece com os olhos fechados, absorvendo cada toque e cada palavra que sempre sonhou em ouvir.


— Eu te amo. Ninguém me tem como você. Eu te amo. Eu quero ser só tua. Eu te a...


A declaração é interrompida quando Alexandre à beija ardentemente, suas mãos atravessam os cabelos morenos e trazem seus lábios pra ele, fazendo Giovanna arfar de desejo. A língua de ambos briga por espaço porque o desejo é insuportável. Nero brinca com o lábio inferior da morena, chupando e mordendo devagar, enquanto ela se entrega ao prazer. A atriz atravessa as mãos pelos cabelos grisalhos trazendo a boca dele até seu pescoço, onde ele chupa um ponto sensível e sente o corpo dela responder à altura. 


Ela estremece e solta um gemido abafado, enquanto Alexandre à segura pela cintura subindo o tecido vermelho para toca-la na bunda com força, enquanto esfrega seu corpo contra o dela, que está preso entre a porta e o corpo dele. 


Giovanna o auxilia tirando o blaser e a camisa dele com pressa. Tudo é urgente. Então ela leva seus lábios até o peito dele, beijando cada centímetro de pele até chegar ao pescoço, onde chupa e morde devagar. Em resposta, ele aperta a bunda dela com força e choca os corpos, mas o que a tira do chão é ouvir o gemido grave que ele solta em seu ouvido. 


— Eu preciso de você. 


Ela diz entre gemidos. 


Giovanna o conduz até o sofá e ele se senta pra que ela se sente sobre ele, mas antes ela tira o tecido vermelho de seu corpo, olhando-o nos olhos. Ela sabia exatamente o que causaria nele com o gesto. 


*POV GIOVANNA* 


Então Nero me puxa pro seu colo e nos envolve em um novo beijo, urgente e cheio de desejo. Sua língua busca meus lábios com calma, num ritmo torturante, explorando cada centímetro. Enquanto tento intensificar o beijo, ele segura meus cabelos com força e me tortura com sua língua, me fazendo soltar um gemido abafado em seus lábios, que é suficiente para ele perder a cabeça. 


Sinto que estou tão molhada que poderia gozar agora, e ele sabe, porque estou completamente nua em seu colo, enquanto ele me beija da forma mais deliciosa que poderia. 


Seguro seus cabelos grisalhos enquanto nos beijamos e rebolo em seu colo devagar para aliviar a vontade, e agora posso sentir seu pau também explodindo de tesão. Ele intensifica o beijo e me devora, mordendo meu lábio inferior e segurando meu pescoço com força. 


— Diz pra mim se ele te beija assim. 


Meu corpo estremece com a provocação e com a voz grave que atinge o meu ouvido. Ele me beija de novo e nossas línguas brigam por espaço, enquanto seguro sua nuca e rebolo em seu colo. Ele disfere um tapa na minha bunda com força me fazendo gemer o nome dele. 


— Ninguém me beija... como você. 


*POV NARRADOR* 


Ela sente o corpo colapsar de tanto tesão e desejo apenas com o beijo dele. A boceta inchada roça contra o membro ereto que ainda estava dentro da calça e Giovanna se entrega mais uma vez ao melhor beijo que já experimentou, rebolando com força e sentindo os lábios de Nero morderem os seus. Ela arranha o peito dele com força enquanto ele ainda à beija de forma desesperada, urgente e esmagadora, até que o improvável acontece: ela solta um gemido alto nos lábios dele e sente o corpo colapsar e chegar ao orgasmo graças à junção dos lábios dos dois. O beijo dele havia à levado ao limite do prazer.


A voz rouca e cansada alcança o ouvido do ator pra reafirmar:


— Não quero mais ninguém além de você. 


Alexandre leva os lábios ao pescoço dela distribuindo beijos enquanto acaricia as costas nuas da morena até chegar em seus cabelos. Ele puxa com força até trazer os lábios dela pra si de novo. 


— Fala de novo. Diz pra mim se alguém mais te deixa assim. - ele segura a cintura dela com força e leva a língua até os seios de Giovanna, chupando devagar e depositando beijos - Fala pra mim! 


A expressão de raiva e ciúme no rosto dele a deixava ainda mais excitada e entregue. 


— Ninguém, amor, só você me deixa assim... - ela se entrega ao toque dele e arqueia seu corpo, desejando mais - só você. 


Giovanna se abaixa e abre o zíper da calça preta de Alexandre, liberando o pau pra fora e se ajoelhando na frente dele. Quando ela o segura, joga os cabelos pro lado e encontra os olhos dele, ele joga a cabeça pra trás e suspira com o toque da morena em seu membro. 


Ela segura-o devagar e leva seus lábios até a cabecinha do pau de Alexandre, passando a língua e depositando um beijo devagar, enquanto ele estremece e toma os cabelos dela em suas mãos para guiar os movimentos. Giovanna o olha nos olhos enquanto sua mão livre brinca com as bolas dele e ela se dedica em colocar o pau que lateja de tesão por completo em sua boca, iniciando um boquete gostoso, urgente e que a fazia desejar ainda mais o membro dele dentro dela. 


Com as mãos em seus cabelos, Alexandre intensifica as estocadas nos lábios dela e o som da sucção dos lábios dela em seu pau leva ele à loucura. 


— Goza na minha boca, vai.


Ela pede, manhosa, e é o suficiente pra ele segura-la pelos cabelos enquanto ela chupa seu pau com força, até não aguentar mais. Ele despeja todo seu líquido nos lábios dela, gemendo seu nome e dizendo o quanto ela o enlouquece. 


— Porra, Giovanna, sua boca é tão gostosa. Caralho!


Ela recebe cada gota e beija a cabeça do pau dele, que a puxa pra um novo beijo. 


— Quero te foder na tua cama. 


Ele sussurra, enquanto ela sente as pernas contraírem de ansiedade e desejo. No mesmo instante Giovanna o guia até seu quarto, e no caminho até lá Nero dispõe beijos nas costas dela, acariciando e deixando marcas no corpo da atriz com seus lábios.


Quando chegam ao quarto, Nero toma o pescoço da atriz segurando com força e voracidade até arrasta-la à cama. Ela se deita da forma mais sensual que poderia, os cabelos morenos espalhados pela cama e a voz rouca e cansada o atingiram em cheio. 


*POV NERO* 


Giovanna me enlouquece. O efeito que ela tem sobre mim e sobre o meu corpo é insuportável. Quando sinto que não posso desejá-la mais, ela profere as palavras que eu sempre quis ouvir e triplica meu desejo. 


— Eu sou tua.


E é aí que subo em cima dela na cama, colo nossos corpos só para ouvi-la sussurrando: 


— Faz o que quiser comigo. 


Num instante minha mão encontra o pescoço dela, meus lábios os seus e a mão livre busca senti-la. É necessidade. A vontade é insuportável. Então, levo meus dedos até a boceta inchada e poderia gozar só em senti-la tão molhada por minha causa. Rapidamente deslizo dois dedos pra dentro dela enquanto seguro seu pescoço e ela se contorce na minha mão, pedindo por mais. 


— Mais, amor, eu preciso... - ela arfa e segura meu pescoço, arranhando até as minhas costas - preciso de mais.


Giovanna solta um gemido alto de reprovação quando sente que retirei meus dedos dela. Então, os levo até à boca dela e ela chupa como se fosse o meu pau. A lembrança da boca gostosa ao redor de mim faz meu pau pulsar ainda mais de tesão. Então me aproximo de seu ouvido e volto à tocar toda a extensão da boceta, até atingir seu clítoris para massagear devagar.


— Sabe o que eu quis fazer no ano novo, Giovanna? - agora eu a toco tão lentamente que é quase tortura - quis foder você assim na frente de todo mundo. 


O corpo dela se arqueia buscando contato com o meu e posso sentir sua respiração descompassada em meu ouvido. 


— Quis te pegar assim, com força, e te botar pra gemer o meu nome do jeito que você gosta. - aumento o ritmo do toque em seu ponto sensível e ela se contorce embaixo de mim. 


— Quis mostrar pra todo mundo que só eu te fodo assim... - deslizo três dedos na boceta dela e ofereço estocadas fortes, mas num ritmo lento - que é só comigo que você goza gostoso.


Aumento o ritmo das estocadas e seguro o pescoço de Giovanna com força, beijando os lábios dela devagar enquanto a boceta dela aperta meus dedos com uma força insuportável, por isso sei que ela está prestes a gozar - e não tenho a intenção de parar. 


— Ai, amor, vai... mais... por favor!


Ela implora por mais enquanto sinto-a gemer em meus lábios, então aumento o ritmo socando meus dedos nela até ela chegar o ápice gozando nas minhas mãos, mas não paro. Desço até a buceta dela e chupo todo o gozo porque a intenção é fazê-la gozar de novo, e nossos corpos se conhecem tão bem que automaticamente ela segura meus cabelos e esfrega o próprio corpo contra a minha boca até gozar de novo.


— Não aguento mais. Preciso te foder. Vem cá! 


Eu sento encostado na cabeceira e puxo-a para cima de mim. A visão do corpo perfeito marcado pela minha boca, os lábios inchados, o corpo extasiado de prazer por causa de nós dois e mais ninguém... é tudo demais. Ela se senta no meu colo e rebola sobre o meu pau que já está duro pra caralho enquanto os nossos gemidos e as respirações descompassadas preenchem o ambiente. 


Guio meu pau até a entrada inchada e quando a preencho por completo ela geme alto pra caralho. Porra! Ela segura minha nuca e rebola numa velocidade torturante, enquanto eu cravo minhas mãos na bunda dela e forço-a a aumentar o ritmo. 


— Você é minha. 


Encontro um ponto sensível no pescoço dela e chupo devagar, enquanto Giovanna rebola no meu pau. 


— Só minha.


Eu digo no ouvido dela e sei que a atinge em cheio porque ela também procura meu pescoço para morder e marcar.


— E você é meu. 


Ela rebola me olhando nos olhos, aumentando o volume das estocadas e gemendo nos meus lábios. 


— Só meu. 


Nossos olhares se conversam. Existe ciúme, raiva, desejo e amor. Os sentimentos embaralhados se misturam ao tesão e à vontade de chegarmos ao ápice juntos. 


Então, num movimento súbito, eu seguro sua cintura com força e a imobilizo, para tomar o controle das estocadas. Seguro seu pescoço e meto nela com força, enquanto ela arranha minhas costas e geme meu nome. 


— Goza no meu pau, vai. Goza comigo. 


Ela me beija mais uma vez, enquanto sua língua me invade, meu pau a fode com força e ela volta a rebolar porque me sente gozando dentro dela, o que é suficiente pra ela gozar em mim também. Ela leva os dedos à boceta inchada e se toca pra mim. É quando Giovanna me surpreende, porque um novo orgasmo a atinge. 


— Caralho, Giovanna, você é tão gostosa. Porra!


Nossos corpos estremecem juntos, tremendo de tanto prazer em atingir o ápice juntos. 


É quando o corpo dela se desfaz sob o meu, dois corpos cansados que não prefeririam estar em nenhum outro lugar do mundo além desse. 


.


E aqui, deitados nessa cama, tiro tempo pra observar cada detalhe de Giovanna que aninha o corpo ao meu. Ela entrelaça nossas pernas, mãos e braços e aconchega sua cabeça em meu peito, enquanto sua mão atinge meu rosto, redesenhando cada curva do sorriso que eu tenho - e que possui o nome dela. 


Fora da nossa ilha da magia? Eu não sei. 


Aonde esse labirinto pode nos levar? Eu também não poderia saber.


O que sei, nesse momento, é que todos os caminhos me levam até ela.


Notas Finais


me contem o que acharam! capítulo gigante, hein? socorro kkkkkkkkk o feedback de vocês me incentiva mto a continuar! 🤍


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