— Nero, vem! Trouxe as camisetas que as meninas deram pra gente tirar foto.
A atriz sorri, empolgada com os presentes que havia ganhado dos fãs.
— Tô indo, linda!
Ele responde fazendo um escândalo, como sempre fazia quando era para elogiá-la.
É naquele instante em que Bel entra na sala, abraçando Alexandre no segundo seguinte, que a empolgação de Giovanna se transforma em ciúme.
Os olhos dela pousam sob os dele quando Kutner arruma a etiqueta e a gola da camisa do ator, e, como um instinto, Antonelli puxa-o pelo braço para trazê-lo até sua cintura.
Bel sorri sem graça quando percebe o desconforto da atriz. Eles tiram várias fotos juntos, enquanto o elenco que está presente elogia ambos, falando sobre como era impossível não se apaixonar por Stênio e pela delegada.
— Agora tira a camisa pra por a outra, Nero.
Kutner diz, brincando, e é fuzilada com um olhar de Antonelli no mesmo instante.
Conhecendo-a melhor que ninguém, Alexandre apenas sorri, puxando-a para perto de si.
A amante o olha, com os lábios serrados, soltando um meio sorriso.
— Se troca no meu camarim. Você já tem a chave.
Ela volta o sorriso para Bel, que entende o recado. Em menos de cinco minutos o mais velho retorna, com a famosa “camiseta da união” que eles deveriam usar juntos.
— E como é que você vai conseguir se enfiar ali dentro?
Bel brinca, tocando Giovanna no braço e fitando cada centímetro do ator.
A atriz se aproxima do amante, brincando com a barra da camisa larga. Ele não se importa em disfarçar o olhar que lhe direciona, mesmo que estivesse com tantas pessoas por perto.
— A gente tá acostumado com isso já, Bel. São dez anos de prática.
Antonelli diz, piscando para ela em seguida. Alexandre não pôde evitar o riso nasal que lhe escapa. Ele abaixa a cabeça para chegar até seu ouvido e a abraça pela cintura, aproximando os corpos.
— Você é uma diaba.
Ela se esforça para não rir, olhando-o profundamente, e com os lábios semicerrados lhe manda calar a boca.
Eles se posicionam para as fotos, tirando várias delas enquanto o elenco se organiza para uma das cenas finais da novela.
A verdade é que tem poucas coisas que Nero não faria por Giovanna, ela sequer precisava usar seu poder de persuasão para isso.
Bastou vê-la se organizando para gravar os vídeos com seu mantra favorito - aquele que ele já havia recitado em cena, como Romero - que ele se dispôs a ajudar, justificando que “ela não era muito boa com as tecnologias”.
Mas não era isso. Eles apenas queriam aproveitar cada oportunidade, cada instante para ficarem próximos um ao outro antes do fim chegar, mesmo que isso implicasse em recitar mantras que ele não gostava e fazer simpatias que ele sequer acreditava, como a famosa canela.
O amor era raro, bem como a experiência de experienciá-lo.
Alexandre não acreditava que algum mantra ou simpatia poderia fazê-lo ter mais sorte ou abundância do que ele teve quando a encontrou em Salve Jorge.
//
— Pessoal, vamos iniciar as gravações na Vila Isabel!
A verdade é que as últimas gravações na Vila Isabel para o casamento de Oto e Brisa estavam sendo infernais, a prova disso é que Nero e Antonelli aguentaram pouco antes de fugirem para o camarim na primeira oportunidade que tiveram.
Mas enquanto ali estavam, o ator lidava com uma Giovanna repleta de ódio.
— Será que essa mulher acha que eu sou alguma otária? Ela fica pendurada em tu assim o tempo todo, Alexandre?
Ele levanta a mão, chacoalhando o dedo anelar.
— Casado, linda. Casado.
Ela se esforça para não rir e o diretor reinicia a cena final. No mesmo instante, Nero a puxa pela cintura e ela descansa o braço sobre seus ombros, dançando com ele num ritmo descompassado.
— Tu é péssimo dançando, sabia?
O mais velho ri alto, apertando-a contra seu corpo, enquanto ela envolve os cachos grisalhos com as mãos.
— Até nisso a gente combina, ciumenta.
Giovanna semicerra os olhos, franzindo uma das sobrancelhas para ele.
— Aham, tá.
A atriz dá de ombros e volta a dançar com ele.
//
Giovanna e Alexandre escapam da sessão de fotos com o elenco e seguem para o camarim, depois das tantas investidas de Bel para convencê-los a participar de mais uma celebração com o elenco, obviamente em vão.
O ator observa a atriz que retira os brincos e os saltos na frente do espelho, soltando o cabelo em seguida.
Ele abre alguns dos botões da camisa para trocar por sua camiseta e ri ao perceber que Antonelli ainda estava brava pelos comentários de Kutner.
— Você vai ficar com esse bico aí até quando? Não é contra as leis do universo ou algo assim?
A amante revira os olhos, bufando. Nero ri enquanto se levanta, jogando a camisa de Stênio entre as roupas dela no camarim.
Em segundos ele está próximo o suficiente para que Giovanna sinta a vibração de sua voz rouca próxima aos seus ouvidos.
— Acho bom você deixar disso, paixão…
Ele percorre as mãos pelo corpo de Antonelli.
— Porque essa noite… - o ator segura o pescoço dela com uma das mãos, fazendo-a revirar os olhos - eu vou sussurrar contra cada centímetro do teu corpo que a minha mulher é você. Você.
Giovanna se sente entorpecida pela voz rouca e o cheiro do perfume que ela amava. Instintivamente ela se empina contra ele, fazendo-o pesar a respiração em seu ouvido.
— Vem, vamos pra casa ou você vai acabar com a minha sanidade aqui mesmo.
Ele devolve a provocação, esfregando-se contra ela e depositando um beijo em seu pescoço.
//
No caminho para pegar uma carona até o estacionamento, os atores têm algumas intercorrências com a equipe no meio do caminho e a atriz chama por ele.
— Cadê o Nero? Nero!
Giovanna chama sua atenção ao sair dos estúdios e ele se vira em direção à ela.
— Vamos, bebê.
Ele sorri, seguindo-a em seguida. Quando percebe que estão sendo registrados, como a maior parte do dia, se afastam e caminham distantes.
Os pequenos metros que os afastaram eram dolorosos, principalmente quando conheciam a angústia que se instalava sempre que tinham um precipício os dividindo.
— Finalmente! Porra, finalmente. Achei que não ia acabar mais.
Giovanna diz ao sentar no banco do passageiro ao lado de Alexandre, que joga a mochila no banco de trás e liga o ar condicionado do carro em seguida.
— Nunca vi você com tanta pressa pra sair de uma gravação assim. Que foi?
Ele a olha de lado enquanto coloca o cinto de segurança.
— Não preciso dizer, né? Já tava de saco cheio daquela mulher em cima de você, e eu já tô sem paciência hoje, principalmente pra…
Ele a cala com um beijo, puxando-a pela nuca, enquanto suas mãos passeiam pelos cabelos acobreados com certa agressividade.
Alexandre morde o lábio inferior da atriz, intensificando o contato entre os lábios que brigavam por dominância. Ele a beija com o desejo de quem quis fazê-lo durante o dia todo.
Enquanto sua língua explorava cada centímetro dos lábios da atriz, ele desce a mão por suas costas, tocando-a devagar e aproximando os corpos.
— Achei que fosse pra isso.
O ator diz sussurrando contra seus lábios e em seguida coloca uma mecha de cabelo de Giovanna atrás da orelha, acariciando sua bochecha com a ponta dos dedos.
— É… pra isso também.
Ela devolve, ofegante devido a intensidade do beijo. Sorrindo, Antonelli o beija novamente, segurando o ator pela nuca e invadindo-o com a língua. Ela lhe morde o lábio inferior, puxando-o para si e sorri satisfeita quando percebe o gemido que escapa dos lábios de Alexandre.
A atriz tateia o abdômen bem definido com as mãos, usando uma delas para arranhar seu peitoral com a ponta dos dedos, por dentro da camisa. Enquanto isso, deposita beijos pela extensão do pescoço de Nero, que a segura pela raiz dos cabelos, puxando os fios devagar.
Quando a atriz toca seu membro duro por cima da calça de linho, ele joga a cabeça para trás soltando um longo suspiro.
— Você tem o dom de me enlouquecer, sabia?
O mais velho a segura pelo queixo, obrigando-a a encará-lo. Ela sorri mordendo o lábio inferior e ele entende suas intenções.
— Vamos pra casa, quero fazer isso… - Nero beija seu queixo, descendo para o pescoço - com calma.
A atriz segura os cabelos grisalhos entre seus dedos, olhando-o nos olhos. Ela leva dois dedos aos lábios dele, sorrindo de lado.
— Shh… pelos velhos tempos.
Giovanna atravessa o corpo dele com as mãos, tocando-o em pontos específicos que lhe fazem arfar de desejo.
Ela abre o zíper da calça de Nero e ele geme em antecipação, passando a mão pelos cabelos grisalhos.
Antonelli leva os lábios aos dele novamente, encontrando-o em um beijo urgente. O espaço era preenchido pelo desejo de permanência. Não era apenas mais uma vez em que os dois levariam um ao outro ao ápice do prazer ali, naquele estacionamento, mas era um desejo desesperado de sentir tudo enquanto ainda havia tempo.
Alexandre a segura pela nuca, dispondo beijos em seu rosto até colar os lábios nos dela.
— Você sabe, não sabe?
Ela encontra seus olhos, ardentes e implacáveis.
— Você nunca me teve pela metade. Eu sempre fui teu por inteiro.
Nero sussurra contra os lábios dela, olhando-a nos olhos.
Meses atrás ele havia lhe dito o mesmo. E era verdade, agora eles sabiam: os casamentos fracassados não impediam que os dois se pertencessem.
Eles eram tão um do outro quanto já eram dez anos atrás.
*FLASHBACK* — Flor do Medo
POV GIOVANNA
Salve Jorge. O início.
Alexandre coloca as mãos em minha coxa enquanto joga a cabeça em meus ombros deixando um beijo. Ele era apaixonante, seus toques suaves, suas palavras de desejo, seu romance, seu fogo, tudo aquilo me deixava sem saber como prosseguir, eu que costumo sempre controlar situações, não sabia como me controlar diante disso.
— Você tá me deixando muito confusa.
Passo as minhas mãos entre seus cabelos e as levo até seu rosto ainda inclinado sob meu ombro.
— Eu te deixo confusa? Você me deixa confuso.
— Eu? Porque?
Alexandre volta seu corpo ao banco.
— Não é um bom jeito de a gente encerrar isso, falar dos sentimentos.
— Eu quero saber.
— Quando você estiver pronta pra ouvir. Eu vou te falar. Mas...
Alexandre leva as duas mãos a minha nuca aproximando nossos rostos e iniciando um beijo apaixonado, a lentidão era torturante, era possível escutar nossas respirações falhando em meio ao barulho de nossas línguas se encontrando.
Suas mãos puxam meus cabelos, enquanto as minhas passeiam por seu peito e costas.
Alexandre se desprende do beijo, levando seus lábios ao meu pescoço juntamente com uma de suas mãos.
Ele se volta para mim olhando em meus olhos, deixando uma mordida em meu lábio inferior.
— Espero que agora você saiba.
— E eu te deixo confusa?
Lhe devolvo alguns beijos e levo meu rosto ao pescoço dele, deixando um cheiro.
— Eu preciso descer…
Alexandre volta a me beijar.
— Me deixa ir…
Digo entre nosso beijo.
Nos envolvemos novamente em um beijo agora mais rápido, ansioso, angustiante.
— Alexandre...
Me afasto de seus lábios que caem até meu pescoço.
— É sério, eu tenho que ir.
Alexandre bufa, me soltando.
— Tá bom, tá bom…
— Foi bom.
— Foi. Eu vou sentir sua falta.
Ele beija minha mão e com a minha mão livre aperto suas bochechas lhe trazendo para mim, lhe dando um último beijo.
gnspov
*FLASHBACK OFF*
Giovanna intensifica o beijo, atravessando o pescoço de Alexandre com os lábios e tocando o membro rijo. Quando o tira para fora, ele suspira pelo contato de suas mãos em seu pau, fazendo movimentos lentos e precisos.
Determinada a provocá-lo, enquanto o masturba, a atriz leva os lábios até o pescoço do mais velho e morde devagar, fazendo sua respiração se descompassar.
— Quero você. Aqui, agora.
Ela lhe diz ao pé do ouvido e Nero suspira.
— Você me tem. Faz o que quiser comigo.
O corpo de ambos estremece. A tensão era palpável.
Giovanna se abaixa e o ator agarra seus cabelos, até sentir seus lábios envolverem seu pau da maneira mais deliciosa que poderia. O carro abafa o gemido alto que lhe salta os lábios quando a atriz circula a cabecinha com a língua, provocando-o.
Alexandre a segura pelos cabelos, enquanto a outra segura os seus próprios, admirando uma visão tão conhecida por ele.
— Porra, paixão, você… caralho.
Ele revira os olhos quando a atriz intensifica os movimentos, auxiliada pelo rabo de cavalo que o ator formou em seus cabelos. Ela leva as mãos até suas bolas, provocando-o, enquanto Nero sente um arrepio percorrer sua espinha, seu corpo tensionar e denunciar que precisa de mais.
Ele alcança a alavanca do carro e abaixa um pouco o banco, tendo mais liberdade para usar seu quadril para incentivar os movimentos nos lábios de Antonelli.
Era a visão perfeita. A atriz o recebia com desejo, intensificando os movimentos com sua boca até fazê-lo chegar ao ápice. Ele goza em seus lábios e Giovanna sente o corpo tremer ao assisti-lo gozar por causa dela mais uma vez.
Ainda extasiado de prazer, Nero a puxa pelos cabelos e a beija nos lábios, segurando-a pelo pescoço.
— Preciso ir pra casa agora, porra… vem pra casa comigo.
Ela sorri satisfeita.
— Pra quê?
O ator a olha com intensidade.
— Pra eu te foder do jeito que você merece.
//
*POV GIOVANNA*
Assim que abro a porta do apartamento, Alexandre me empurra contra a parede mais próxima e me beija desesperadamente. Recebo sua boca, e me penduro nele.
Sua mão atrevida desce pelo meu corpo até chegar no fecho da minha calça, abrindo-a. Ele se insinua ali, acariciando a minha boceta por cima da calcinha, que já se encontra extremamente molhada.
— Porra, eu quero tanto de você, Giovanna. Eu quero tudo de você.
Ele sussurra e eu suspiro nos seus lábios, rebolando o quadril, querendo mais pressão do seu dedo em mim.
Vejo um sorriso malicioso se formar no seu rosto conforme ele me beija. A mão que está livre aperta minha bunda e retira o dedo indicador que acariciava meu clítoris para afastar a calcinha e deslizar para dentro da minha boceta.
Sua boca me beija em meus pontos fracos - meu pescoço, atrás da orelha, meus ombros, enquanto me ajuda a me livrar da minha calça e calcinha ao mesmo tempo que eu me livro da minha blusa, ficando nua.
Ele vai deslizando sua boca pelo meu colo, indo de encontro ao meu peito. Sua língua lambe meu mamilo já rijo, alternando com chupões.
Nero desce o rosto até o vão das minhas pernas e enfia sua língua dentro da minha boceta. Arqueio as costas, erguendo o quadril de encontro a sua boca faminta, me esfregando em seu rosto.
— Porra, isso, Nero. - gemo alto, enquanto seguro firme em seus cabelos grisalhos.
Ele mama minha boceta sem piedade, suga cada partícula do meu sabor, sem deixar nenhum centímetro sem atenção.
Sinto ele introduzir um dedo, depois dois, depois três em mim, sem parar o trabalho com a boca. Os meus gemidos ficam ainda mais altos e intensos, minhas pernas começaram a vacilar e ele permanece me chupando quando gozo em sua boca.
— Caralho, Giovanna. Eu sou viciado no teu gosto.
Escuto Nero sussurrando, enquanto me observa recuperar o fôlego.
Eu seguro seu rosto com as duas mãos e o beijo, sôfrego, ao mesmo tempo que caminhamos para o nosso quarto e deixamos um rastro com nossas roupas pelo corredor.
Eu o faço sentar na cama e me agacho para ficar entre suas pernas. Deslizo meus dedos pelo seu abdômen seguindo o caminho até o cós da sua cueca, enroscando meus dedos ali e paro. Levanto o olhar, e Alexandre está me olhando de volta, segurando a respiração.
Escuto ele gemer assim que minha mão o toca.
— Pensa em mim. Quero que você pense em mim enquanto minha mão tiver no seu pau.
Sorrio e continuo o caminho, invadindo sua cueca e envolvendo seu pau com as duas mãos.
— Eu sempre penso em você, paixão.
Escuto ele gemer assim que minha mão o toca.
Mordo o lábio, e brinco com seu pau. Subindo e descendo, enroscando os dedos de uma mão na cabeça enquanto a outra brinca com suas bolas.
Nosso contato visual continua quando eu passo a distribuir beijos e chupões em suas coxas, sem encostar minha boca no lugar onde ele mais queria.
— Me fala no que você tá pensando. – pergunto, enquanto o bombeo devagar.
— Tô pensando em foder esse teu rabo gostoso.
— Então fode. – dou uma risadinha e paro de masturbá-lo.
Me levanto e começo a engatinhar na cama ficando de quatro, e observo Nero pegar o lubrificante na cômoda.
Ele me penetra devagar, avançando centímetro por centímetro. Sinto-o todo na minha bunda, iniciando um entra e sai preguiçoso. Suspiro e gemo baixo, agarrando-me no lençol, desfrutando de seu pau se mexendo lentamente em meu interior.
— Me fode mais forte. Preciso que você me foda mais forte.
Um grunhido escapa da garganta de Nero, e ele aperta minha cintura, desesperado, indo mais rápido, socando forte. Mais rápido e mais forte, me fodendo como eu pedi. Ele leva sua mão para o meu clitóris, esfregando-o deliciosamente.
Eu estou fora de mim, com seu pau na minha bunda e seu dedo estimulando meu clitóris, atordoada de prazer e gemendo cada vez mais alto.
Quando estou prestes a gozar, ele sai de dentro de mim, tira seu dedo do meu clitóris e se ajeita, sentando encostado na cabeceira da cama.
— Vem, Giovanna, quero gozar com você sentada no meu pau.
Apoio minhas mãos nos seus ombros para me apoiar e vou descendo lentamente no seu pau. Vou sentando com força, rebolando nele. Jogo a cabeça para trás, e ele aproveita para enterrar sua boca no meu pescoço, apertando o bico do meu seio direito.
Eu me inclino para frente e encosto nossas testas. Tomo sua boca num beijo exigente, enquanto rebolo lentamente.
— Goza pra mim, Nero.
Ele me beija para abafar nossos gemidos enquanto gozamos juntos. Aos poucos vou parando de me movimentar. Nossos corpos desaceleram, junto com nossos batimentos cardíacos que voltam à normalidade.
*POV NERO*
Os raios solares atravessam a janela de forma reconfortante quando acordo. Os cabelos de Giovanna espalhados pelo meu peito e seu corpo nú sobre o meu me mostram o privilégio de encarar uma bela obra de arte assim que abro os olhos.
Que belo jeito de viver pela manhã, penso. Vai levar um tempo, mas nós poderíamos nos acostumar com isso.
A admiro por alguns segundos antes de me levantar. Os cabelos bagunçados escondem metade de seu rosto, enquanto ela possui uma expressão tranquila e serena, num sono pesado de quem já não descansa há tempos.
E que privilégio é que ela encontre segurança o suficiente para o fazê-lo sobre o meu peito.
Atravesso os cabelos acobreados com as mãos até chegar em seu rosto, acariciando com a ponta dos dedos. Ela se encaixa perfeitamente em meu corpo, puxando-me para mais perto de si e eu desisto da ideia de me desvencilhar para arrumar o café.
Giovanna sorri de lado ao perceber o conforto provocado pelos nossos corpos entrelaçados e esfrega os olhos devagar, despertando lentamente.
Assisto seus movimentos como quem assiste uma canção bonita se personificar, uma obra de arte ganhar vida ou então um poema bem escrito ser emoldurado nos traços de alguém.
Ela sobe em meu colo colando nossos corpos e retira do rosto o cabelo bagunçado, para selar os lábios nos meus em seguida.
— Bom dia.
Penso em como é possível atingir esse nível de felicidade só com o bom dia que salta dos lábios inchados - graças a noite anterior - dessa mulher.
“Qual pensamento bom te convidou pra chegar
E me fazer feliz assim?”
— Clara Morena, Alexandre Nero
Disponho beijos em seu rosto, do maxilar até a testa, me perdendo, por fim, em seu pescoço e no cheiro inebriante que exala de seus cabelos.
— Te amo, paixão.
“O homem teve um enfarte do coração
E ao invés de "bom dia" dizia "eu te amo"
A vida dele se enfartou e ele preferiu um ataque de lirismo
A vida não é assim tão previsível
(...)”
— Cadê Meu Jardim? Alexandre Nero
Beijo seu pescoço, percorrendo seu corpo com as mãos, tatuando cada centímetro com o toque das minhas mãos. Eu tinha razão. Não adianta fingir que não sente, porque a gente sente tudo.
*POV NARRADOR*
Eles se levantam e escovam os dentes juntos, como se já fizesse parte da rotina, como se fossem fazer aquilo pelo resto de suas vidas.
Eram raros os momentos em que a manhã chegava e eles decidiam ficar, se arriscavam a ficar. As madrugadas eram deles, mas as manhãs nunca foram.
A verdade é que eles já não tinham nada a perder, então, resolveram permanecer.
Alexandre desce para buscar frutas e pães para o café da manhã para os dois, enquanto Giovanna veste uma das camisetas dele e falha na tentativa de fazer um café. Quando o ator chega, a mais nova está lutando com a cafeteira, a ponto de fazê-la quase explodir.
Nero ri alto, dizendo que ela nunca se deu bem com a cozinha apenas para irritá-la.
“Eu compenso no resto”, ela sussurra, brava, ao pé do ouvido dele.
— Você não precisa compensar em nada, paixão. Não tem nada pra compensar.
E a beija em seguida, sorrindo contra seus lábios.
— Tu vai me atrasar pro meu dia de noiva.
Alexandre atravessa o pescoço dela com os lábios, circulando sua cintura com as mãos, enquanto ela se perde em meio aos fios grisalhos dos cabelos dele.
— O que eu quero saber é se minha noiva vai passar a noite de núpcias comigo…
Giovanna sorri, selando os lábios nos dele e sorrindo em seguida. Era divertido - e agridoce - a forma como eles levavam o casamento da delegada Helô com Stênio como se fossem deles. A realidade em alguns momentos andava de mãos dadas com a fantasia.
Não era real, eles sabiam, mas por que não vagar pela ilha da fantasia já que a realidade estava tão perto de bater-lhes à porta?
— Não, amor. Combinei de ir pro sítio com as meninas, elas precisam se distrair disso tudo.
Nero a abraça, se perdendo entre seus cabelos.
— Não precisa se justificar. Aproveita com as gurias.
E ali eles permaneceram, ignorando quaisquer ligações e mensagens que não fossem sobre os filhos, desfrutando do amor e da raridade que é estar com quem se ama.
Cúmplices nas telas, cúmplices nos segredos do amor.
O crime compensaria a sentença.
(...)
//
O sol chega.
Era o final feliz na ilha da fantasia.
Escondidos sob os olhares de Stênio e Helô, Giovanna e Nero trocam alianças e se beijam em seguida, fazendo o elenco vibrar com o casamento.
O último beijo entre o casal Steloisa.
“Esse foi um beijo de despedida
Que se dá uma vez só na vida
Que explica tudo sem brigas
E clareia o mais escuro dos dias (...)
Mas você lembra? Você vai lembrar de mim
Que o nosso amor valeu a pena
Lembra? É o nosso final feliz
Você vai lembrar... Vai lembrar... Sim
Você vai lembrar de mim.”
— Você Vai Lembrar de Mim, Nenhum de Nós
Eles sorriem juntos, como se a ilha da fantasia ultrapassasse os limites da realidade e se tornasse, só algumas horas, a verdade.
Ali eles trocavam alianças pela terceira vez, como um grito exasperado do universo para que entendessem os sinais.
Eles correm pela casa feito gato e rato, como havia de ser, como se a cena espelhasse exatamente o movimento do casal nos últimos anos — e essa autora não vos fala de Steloisa.
“E vai chegando o amanhecer
Leio a mensagem zodiacal
E o realejo diz
Que eu serei feliz
Sempre feliz
(...)”
O Amanhã - Simone
Como um casamento convencional, ninguém esperaria que os convidados fossem embora antes de registrar o momento com os noivos.
Ao fim da sessão de fotos, Nero se aproxima da mesa com os doces e entrega um dos favoritos de Giovanna, já que sabia que ela não havia comido ainda. Ela devolve colocando outro em sua boca, fazendo graça.
O ator toma uma das flores do casamento em suas mãos e a coloca na conjunção entre sua orelha e seu rosto, acariciando sua bochecha em seguida.
— Tu é um bobo mermo, né?
Alexandre se perde observando os detalhes de seu rosto: os lábios que se curvam num sorriso, o cabelo que se mistura à flor que ele lhe colocou na orelha, os olhos pequenos toda vez que ela sorri.
— Tô deixando minha mulher ainda mais linda, se é que é possível.
Ela sente o corpo queimar quando o ator lhe fita da cabeça aos pés, lhe dando um tapa no ombro em seguida.
— Mal posso esperar pela noite de núpcias que tu me prometeu.
Giovanna sorri ao se aproximar do ouvido dele, enquanto o restante do elenco parte o bolo e divide as champagnes.
O corpo de Nero estremece e ela observa quando ele fecha o próprio pulso com força, num movimento para controlar o desejo que sentia dela naquele instante.
Ele leva os olhos à seus lábios e sussurra.
— Você não cansa?
Antonelli se apoia nos ombros dele e o abraça, e, naquele momento, o que parecia apenas um abraço de encerramento entre dois parceiros de elenco, para eles significava muito mais.
Ela busca o ouvido dele e sussurra de volta.
— Quando é bom não.
//
Durante a confraternização, um dos membros da equipe de Travessia traz o violão que Nero mantinha pelo set, o mesmo que ele havia usado para cantar “Não Aprendi Dizer Adeus” em cena, já que o pós casamento Steloisa havia se tornado uma celebração entre a equipe e o elenco que gravava a cena.
Eles partiram o bolo, beberam as champagnes e brindaram juntos o final da novela, celebrando o sucesso do casal de personagens que tinha uma década de sucesso.
Uma história de amor antiga.
Mas Giovanna e Nero celebravam em silêncio uma festa de casamento na ilha da fantasia, como se a utopia de fato pudesse dar lugar à realidade por algumas horas.
Os olhares se encontram mesmo no meio de tantas pessoas. O ator toma o violão nas mãos e aceita os pedidos dos amigos quando Indira pede que ele cante, incentivada por Ailton Graça. Ele sorri, tímido, e busca os olhos de Antonelli, que descansa a cabeça no ombro da intérprete de Laís.
Ele dedilha as primeiras notas de “Mania de Você”, da rainha do rock nacional - embora a cantora não gostasse do título -, Rita Lee. O elenco espelha a empolgação de Alexandre na música e o ajuda a cantar, tornando o momento de celebração ainda mais especial.
— Como é bom ter um cantor no elenco, né?
Indira brinca, filmando o amigo. Giovanna sorri, olhando-o.
— É o melhor cantor que eu conheço.
Ela leva o copo de suco aos lábios, já que eles ainda tinham uma cena para gravar, eram os únicos que podiam brindar apenas sem álcool. O ator pisca para ela e continua cantando, enquanto a amante se dedica em não deixar que nenhum de seus movimentos passem despercebidos.
“Meu bem, você me dá água na boca
Vestindo fantasias, tirando a roupa
Molhada de suor de tanto a gente se beijar
De tanto imaginar loucuras
(...)”
Nero passeia pelo rock nacional, fazendo Giovanna sorrir quando inicia as notas de “Lança Perfume”, a favorita da atriz. Ele sabia - e fazia sentido - principalmente porque a canção fazia menção ao cheiro inconfundível da amante - que o enfeitiçava sempre que se aproximava.
Ela faz graça, dançando ainda sentada, mexendo os braços devagar e alcançando as bochechas dele com uma das mãos enquanto manda beijos no ar quando ele canta os próximos versos da música.
“Ao teu amor que tem cheiro de coisa maluca
Vem cá, meu bem, me descola um carinho
Eu sou neném, só sossego com beijinho
E vê se me dá o prazer de ter prazer comigo
Me aqueça
(...)”
Ele sorri, tímido, e tanto o elenco quanto a equipe sequer estranham, já que os momentos de carinho e brincadeiras entre os dois só se tornaram mais frequentes ao decorrer da novela.
— Pessoal, precisamos encerrar o after. Ainda temos uma cena do Nero e da Gio pra gravar. Toca a saideira, Nero!
Em meio aos gritos de “ahhhhhhhh”, seguidos de reprovações pelo elenco, Alexandre ri e Giovanna bate a mão em seu ombro, tentando tirar o resto de base que ficou registrado no blazzer branco.
Mas a maior cantora do rock nacional já havia dito: amor é sorte.
E, mesmo em meio a tantos desafios, quanta sorte eles tinham!
“E assim que o dia amanheceu lá no mar alto da paixão…”
Giovanna balança a cabeça para os lados, sorrindo, desconcertada. Atingida pelas ondas do oceano turbulento que era amá-lo, ela sorri.
Oceano, Djavan.
“Cadê você? Que solidão… esquecera de mim?”
Seus olhos encontraram os dela, ansiosos, num pedido silencioso para que ela não o esquecesse jamais, para que não fosse capaz de deixar o amor que sentiam guardado numa despensa qualquer.
Antonelli nega com a cabeça, como se dissesse: como eu poderia esquecer você?
Enquanto os amigos conversam trivialidades e se embalam ao som de uma das músicas mais bonitas da MPB, Giovanna e Nero permanecem num momento particular.
Ela se senta ao lado dele para ouvi-lo, como quando permitiu que o país assistisse ele lhe cantar uma das mais belas composições de Juliano Cezar (1990), também num grito silencioso de quem não queria lhe dizer adeus mais uma vez.
Eles chegaram ao fim. À linha tênue entre o adeus e a esperança do reencontro.
Ou então, quem sabe, o equilíbrio entre os dois: a permanência.
A atriz sorri, encostando o rosto sobre a própria mão, enquanto o ator a assiste fechar os olhos, permitindo que as ondas das tantas emoções a invadam, levando consigo o que já não a servia mais.
“Longe de ti, tudo parou
Ninguém sabe o que eu sofri…”
Alexandre abaixa o volume da própria voz, cantarolando baixinho, quase como um sussurro. Nos últimos anos ele tinha o costume de dizer que tornar-se pai tinha lhe dado também a habilidade de transformar sua voz na mais doce possível, porque as canções de ninar obrigatoriamente deviam ser dóceis.
Mas às vezes, só às vezes, ele gostaria de gritar a plenos pulmões, usando toda a voz que tinha, o quanto a amava.
Entretanto, é com essa voz de quem canta para Inã e Noá que ele também cantarola à atriz o quanto seu mundo para quando está distante dela.
O mundo para porque as garrafas de vinho e as doses de whisky não preenchem a falta que o amor faz, porque a queda sem a possibilidade de aterrissagem é dolorosa.
E o que é o amor se não a possibilidade de se jogar e ainda assim pousar em segurança?
Depois de A Regra do Jogo eles se cuidavam de longe, no deserto, com reencontros ditados pelos relógios e pelas câmeras que televisionavam cada detalhe. E presos nessas mesmas celas, diziam, ainda em silêncio: “tô te cuidando de longe, tô te amando no meu canto, diga que está feliz que daqui eu vou me virando (…)”
Alexandre encontra seus olhos que se perdem naquele re-re-re-re-encontro, os olhos oceânicos que diziam muito mais do que as palavras poderiam descrever.
“Amar é um deserto e seus temores
Vida que vai na sela dessas dores
Não sabe voltar, me dá teu calor…”
Era ela. Sempre havia sido ela. Giovanna não ficava a ver navios, mas o arrastava consigo para onde quer que fosse. E ele, bom marinheiro que sempre fora, não desafiava as ondas, mas aprendia cada vez mais a navegar.
Giovanna alcança seu braço e o toca num carinho singelo, se aproximando de seu corpo, enquanto o elenco e a equipe se retiram um à um, permitindo que as cortinas do espetáculo se fechem e os verdadeiros protagonistas deixem os personagens de lado.
Nero fita seus lábios, inclinando-se para ela e fechando os olhos ao sentir o cheiro de seu corpo confundir seus sentidos e adentrar cada um de seus poros.
“Vem me fazer feliz, porque eu te amo
Você deságua em mim, e eu, oceano…”
Antonelli atravessa o nariz pelo rosto de Alexandre, acariciando uma de suas pernas enquanto seus lábios depositam um beijo molhado em seu pescoço, traçando um caminho ansioso até seus lábios.
O ator sela os lábios nos dela, sorrindo de lado, enquanto as mãos da atriz passeiam por sua nuca.
Contra seus lábios, ele sussurra o que resta.
“E esqueço que amar é quase uma dor…”
Giovanna sorri beijando-lhe os lábios. Ela atravessa a mão pelos cabelos grisalhos, puxando seu ouvido até seus lábios.
— Se a gente tiver a sorte de se encontrar em outra vida, Nero, espero que você me reconheça. Preciso te ouvir cantar de novo.
Ele solta um riso nasal e larga o violão, segurando o queixo dela com uma das mãos em seguida, o suficiente para se perder nas orbes castanhas.
— Eu te reconheceria em todas as vidas, paixão.
No instante seguinte, a equipe entra para começar o desmonte da sala da casa da delegada Helô. Era uma despedida.
Era necessário desconstruir-se para restituir-se outrora.
No fim, era como a carta de amor de Simone à Sartre: “você é meu primeiro amor verdadeiro, aquele que acontece uma vez ou talvez nunca.”
Eles ensaiavam a despedida mesmo tendo outros planos.
//
— Penúltima cena entre Stênio e a delegada, pessoal. Prontos?
Giovanna e Nero afirmam com a cabeça.
— E… ação!
Dando sequência à continuidade do casamento, a atriz segura o pedaço de bolo com uma das mãos e com a outra lambuza um pouquinho a cara de Stênio que ri, fazendo cosquinhas nela em seguida.
— Stênio!
Ela grita dando ênfase na última sílaba e entregando a melhor cara de brava que poderia, apenas para cair na risada em seguida.
A delegada deixa o bolo na penteadeira e ambos caem juntos sobre a cama, ficando um à frente do outro. O casal sorri e era quase como se não estivessem em um ambiente lotado de pessoas, como se permanecessem em seu infinito particular.
— O que tem em você, hein, Stênio? Já é a terceira vez…
Helô sorri, passando a mão pelo colarinho da camisa do advogado. Ele alcança os cabelos acobreados com as mãos, alisando os fios devagar.
— Quer mesmo que eu diga, meu bem?
O advogado a analisa, sorrindo enquanto fita seu corpo. Ela ri, batendo no ombro dele, que se aproxima do corpo dela, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha da atriz.
— A verdade é que sempre foi você, Helô. Você é a única pra quem meu coração sempre acaba voltando.
Giovanna sente o coração saltar o suficiente para quase segurá-lo em suas mãos.
Elas sorriem para o advogado e para o amante, tocando o rosto de ambos em seguida.
A atriz redesenha os traços do rosto cansado de Nero com as mãos, como se no olhar um do outro pudessem enxergar o reflexo do oceano que eles eram.
Antonelli se lembra da primeira vez que seus olhos encontraram os dele. Havia algo diferente ali, talvez um respaldo para ser quem ela sempre foi. Um olhar manso, humilde, sem julgamentos, mas repleto de afeto.
Como álibi de um crime, ela se aproxima dos lábios dele e lhe confessa, sussurrando nos lábios de seu crime favorito.
—Te amo.
Stênio sela os lábios nos da delegada e Nero entrelaça as pernas nas dela, puxando-a pela cintura para perto de seu corpo.
— Você quer matar seu marido logo depois do casamento, delegada?
A atriz o segura pela nuca e sela os lábios nos dele, rindo.
— Esse seria o pior término de todos.
Ele ri alto, enquanto ela atravessa as mãos pelos cabelos grisalhos que se encaixavam tão bem em seus dedos.
— Amo você, Helô. Sempre foi você.
Sempre tinha sido ela. Ou talvez, elas.
A câmera se fecha quando Alexandre finaliza as últimas linhas do roteiro de Stênio e da delegada, a última cena entre os dois que jamais iria ao ar na TV.
//
— Preciso ir, combinei com as meninas de chegar ainda hoje no sítio, amor.
Giovanna diz enquanto Nero dispõe beijos em seu pescoço, arrastando seu nariz pela extensão para sentir o cheiro de seu corpo.
— Tu tá dificultando demais pra mim…
Ela fala arrastado, enquanto o ator chega à seus lábios, balançando a cabeça e sorrindo de lado pra ela.
— Também preciso ir…
Alexandre à beija de novo, pela última vez naquela noite.
Ele toma alguns segundos para olhá-la, mordendo o lábio inferior em seguida.
— Caralho. Casar comigo te deixou ainda mais gata.
Giovanna lhe dá um tapa no ombro.
— Há-há-há. Tu é um idiota.
O amante ri, afundando os lábios no pescoço dela novamente, entre as tentativas falhas de saírem do quarto de Helô e Stênio, que já estava para ser desmontado pela equipe da novela.
O celular da atriz toca e o nome de Marina surge na tela. Giovanna atende, enquanto Nero circula sua cintura com as mãos, afastando o blaser da amante para beijar seu ombro.
— Diz pra ela que você vai se atrasar.
Ele sussurra e leva outro tapa.
— Cala a boca. Não, já tô indo, amiga, eu… - Alexandre alcança um ponto sensível em seu pescoço, fazendo círculos com a língua e, como consequência, arrepiando cada centímetro do corpo da atriz - eu me atrasei. Mas eu já tô chegando, não… ah, não vou demorar.
O fim da frase sai mais arrastado do que ela deseja e a assessora entende o recado.
A amante desliga o celular e lança um olhar furioso.
— Tu é um desgraçado.
Ele pisca.
— E você adora.
Era verdade.
Giovanna o segura pelo blazer, puxando-o para si e sussurrando contra seus lábios em seguida.
— Eu volto logo.
Ele sorri, beijando-a nos lábios em seguida.
— Volta?
Antonelli afirma com a cabeça.
— Volto.
Naquele instante, Alexandre percebe mais uma vez que não queria mais que às tantas “voltas” existissem. Existe beleza no reencontro, mas ainda mais na permanência.
//
Quando chega ao sítio em Itaipava, Giovanna descarrega as caixas que havia trazido do set de Travessia, incluindo as flores do casamento que ela trouxe para casa.
Sempre havia muito dele aonde ela ia.
A atriz espalha as flores pela casa e revira os olhos quando ouve a voz de Leonardo no ambiente.
— O que tu veio fazer aqui, Leonardo?
Ela diz sem se virar para ele.
— De onde vieram essas flores?
Ela ri ironizando.
— Eu te fiz uma pergunta, Giovanna.
A atriz se vira para ele e cruza os braços.
— Vai querer dar seu showzinho na frente das nossas filhas hoje?
Marina percebe o início da discussão e chama Antonelli para a sala, para uma noite de jogos com Antônia e Sofia.
Elas dividem um vinho no chão da sala até a atriz se sentir levemente bêbada, aproveitando para extravasar e se distrair.
Quando as crianças decidem ir dormir e sua assessora se distrai no sofá, seus pensamentos se dirigem até Alexandre.
Giovanna mexe no celular revendo as fotos que eles haviam tirado durante o dia, nos bastidores do casamento.
“No outro a gente tirou assim, Giovanna, vem aqui”, a atriz se lembra da voz suave e da mão que atravessou sua cintura, trazendo-a para perto de si e da sacada para repetirem a mesma foto que tiraram há uma década atrás.
“Como tu lembra disso?” ela dizia, tirando sarro dele.
“Como você não lembra?” Nero dizia próximo ao seu ouvido.
Eles sorriram juntos segundos depois e registraram o momento, como um desses casais banais que renovam votos de casamento só pelo êxtase em celebrar mais uma das tantas bodas de casamento.
//
No domingo, Alexandre e Karen levam os piás até o clube que eram associados para almoçar.
Enquanto os dois brincam com outras crianças, o figurinista e a atriz dividem um vinho em silêncio.
— Você não voltou pra casa ontem.
Brusttolin quebra a quietude.
— A externa foi até tarde e eu voltei cedo pro Projac, como te avisei.
Nero mente. Apesar do comodismo na relação, a passivo-agressividade sempre se fazia presente quando o assunto era Giovanna.
A tempestade se aproximava e ambos sabiam.
“Você sabe que existem várias formas de matar a pessoa que você ama
A forma mais lenta é nunca amá-la o suficiente
(…)”
— High Infidelity, Taylor Swift
— Onde você passou a noite, Alexandre?
Karen coloca o óculos sobre a mesa, apoiando-se sobre ela para olhá-lo diretamente.
O ator também se apoia sobre a mesa, colocando a taça de vinho sobre ela.
Ele não a amava o suficiente. Já não havia o que ser salvo.
— Você realmente quer saber onde eu estava no dia 29 de abril?
//
Naquela segunda-feira eles gravariam a última cena Steloisa da história.
Era o fim da linha tênue entre permanência e partida. Não havia mais tempo para se esquivar da escolha de suas vidas.
“E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?”
(Carlos Drummond de Andrade)
O que seria? Partir ou permanecer?
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