Após os dias no acampamento de Hogwarts os heróis voltaram a Beacon Hills, onde o restante do primerio período do ano correu completamente bem. As caçadoras, como haviam planejado, mudaram-se para o instituto, trazendo consigo o arsenal que tinham na Launters. O templo virou o novo “quartel” do grupo, onde eles praticavam suas habilidades e treinavam com as caçadoras para aprender técnicas de combate.
O arsenal delas contava com diversos itens antigos que pertenceram a legados de eras passadas, e dentre deles havia um tomo de feitiçaria de Hécate, ao qual Mason logo se apegou. Com o passar do tempo todos foram se integrando ainda mais, fortalecendo os laços que já existiam e criando novos com as caçadoras.
Após o primeiro período chegaram as férias, e todos foram passar um mês com suas famílias. Período comum, férias comuns: a vida de todos havia se estabilizado depois de tanta turbulência, mas então as aulas voltaram, trazendo o segundo período do ano.
//Harry
Chegar atrasado nas primeiras aulas dos primeiros dias estava se tornando um hábito da minha vida. O primeiro horário era língua inglesa, e todos do grupo faziam juntos. Nós combinamos de montar a nossa grade para o segundo período do jeito mais parecido possível, assim passaríamos mais tempo juntos.
Bati na porta com cautela antes de entrar na classe, e acho que só não levei um esporro pela minha falta de pontualidade graças à surpresa maior que havia: dois alunos novos estavam de pé em frente a todos.
-Harry, Harry... “bem na hora”- o sarcasmo na voz do professor me fez corar de vergonha -estava prestes a apresentar a todos os novos alunos do instituto. –Ele disse sem grandes ânimos, sinalizando com a mão para que eu entrasse e sentasse. O fiz sem pestanejar.
Draco, que estava sentado na cadeira de trás a qual eu havia escolhido, inclinou-se para cochichar em meu ouvido.
-Dá próxima vez que você for se atrasar porque fica se tocando a manhã inteira, ao menos me chame para participar. – Seu tom era provocador e brincalhão, e eu apenas suspirei de leve, deixando que um sorriso de canto me aliviasse.
-Bom, como eu ia dizendo – retomou o professor – podem dar boas vindas à Gina e ao Cedrico, os novos alunos que foram transferidos no meio do período. Eles... – O professor remexeu em alguns papéis em sua mesa, analisando como se buscasse alguma informação que lhe escapou. – Eles vêm do reino unido para fazer um período de intercâmbio...
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O horário de almoço estava sendo espairecedor. Era o primeiro dia de volta ao instituto, e o primeiro momento que estavam todos reunidos para finalmente colocar o papo em dia pós tanto tempo. Acomodavam-se à sombra de uma árvore, mais aos fundos do instituto.
-...... Enfim, eu não sei vocês, mas....
-Desembucha, Harry. – Apresou Rony.
- Ah, não sei.. não gosto de falar mal das pessoas assim, mas... sei lá, não tive uma boa sensação quando entrei na sala hoje.
-Claro que não, você chegou atrasado de novo. – Mason comentou, e todos deram risada.
-Veja pelo lado bom, pelo menos os novatos estavam lá para desviar o assunto. –Hermione tentou salvar o lado dele.
-Mas... é exatamente isso – ele disse, direcionando seus olhos à amiga.- Eles me deixaram... desconfortável. Não sei, nunca senti isso em relação a alguém... mas vocês estão certos, essa não está sendo a melhor manhã possível.
-Acho que pode ser o nervosismo do primeiro dia, cara – Theo disse repousando suas mãos no ombro do colega, a fim de confortá-lo.
-Mas o Harry é tipo o... presságio das coisas. Se ele sente, pode significar algo. Vamos manter a cautela – Draco defendeu o ponto, piscando para Harry ao terminar.
-Já que ele é o presságio que acerta tudo na mosca, ele poderia adivinhar a descendência do seu legado – Cho comentou, tirando os olhos da maça que mordia para crava-los em Draco. Seu tom não foi muito amigável, mas ninguém pareceu chocado ou incomodado, ela já se mostrava assim fazia um tempo: um pouco mais fechada e direta.
-Bom, não sei qual é o seu fetiche para descobrir meu legado, mas não estou com pressa.
-Não aconteceu nada nas suas férias que lhe desse pistas? – Hermione comentou com calma, para continuar o assunto de maneira amigável. Draco pareceu desconfortável, fixando seu olhar no chão e deixando que uma expressão contida tomasse sua face, como se escondesse algo. Demorou alguns segundos para dizer algo, mas finalmente ele concluiu:
-Não, nada. Dias comuns de férias comuns e sentimentos comuns.
Uma tensão pairou no ar, deixando todos calados por um tempo. Uma brisa soprou, balançando cabelos e levando embalagem de salgadinhos.
-Haham... com licença? -Uma voz vinda do outro lado da árvore surpreendeu a todos. Uma garota se mostrou, era a novata Gina. – Podem me informar onde estou? Estava procurando a cantina, mas acho que me perdi.
Todos se entreolharam, e camada de tensão pareceu ficar mais densa. Finalmente Hermione levantou-se, estampando um sorriso no rosto.
-Vamos, eu te levo até lá. – Ela disse já dando os primeiros passos, e Gina a seguiu, dando um “tchau” para todos ao acenar a mão.
-Que cena. Ela deve ter se sentido desconfortável. – Liam desabafou.
-Bom, o dia está sendo tenso, não temos culpa. – Cho deu de ombros.
-Como alguém consegue sair do prédio principal e se perder? Digo, todas as construções são conectadas pela estrada, são grandes e têm placas na entrada escrito tipo “CANTINA” E “ LABORATÓRIO DE PESQUISAS”. – Draco comentou,
-Bom, existem pessoas que conseguem ser bem avoadas, não me surpreenderia. – Luna interveio -Além de que, pode ter sido uma desculpa para se aproximar e tentar fazer amigos. Não precisamos ter uma visão errada apenas por causa da sensação de Harry. Vamos manter cautela, mas não um pé atrás.
Draco deu de ombros, e a brisa voltou a soprar.
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Hermione e Gina esperavam juntas na fila da cantina. Ela não se sentiu confortável em simplesmente abandonar a novata ali sozinha, então decidiu esperar com ela.
-Então... seu sotaque não é tão carregado, não é? - Hermione puxou assunto. – Sei lá, nos filmes os ingleses falam de uma maneira tão... rústica. -Gina deu uma risada fraca, cobrindo a boca com a mão.
-Digamos que eu me adapto rápido. -Ela disse sem muito interesse, aparentemente não gostando do assunto “origens”. – Mas obrigado por me ajudar. Você e seus amigos parecem legais e... diferentes. -Hermione mudou o peso de uma perna para outra, desviando o olhar de Gina por um momento.
-Diferentes?
-Sim... digo, vocês parecem ter estilos tão alternativos entre sí. Não parecem os típicos grupos de escola que andam em bandos de góticos, populares, nerds e essa coisas.
-Ah, sim -Hermione sentiu um alívio – Sim, temos muitas diferenças... cada um tem uma personalidade bem única. Acho que é isso que nos mantém unidos. – Gina sorriu ao ouvir as palavras, mostrando-se simpática. A fila andou, e logo ela pode ser atendida.
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Ao fim do horário de aulas o sol já começava a se pôr. Draco estava na arquibancada da quadra fumando um cigarro. Eram proibidos, mas ele não dava a mínima. Ele mal notou quando Harry sentou-se ao seu lado, chegando devagar enquanto ele se encontrava distraído.
-Não sabia que você começou a colocar porcaria dentro de sí. Antigamente você tinha a mania de tirá-las e dizer para os outros.
Draco deu de ombros, sorrindo de canto.
- Comecei nessas férias. Me ajuda quando estou... nervoso.
Harry chegou mais perto, deixando que suas pernas se tocassem.
-Olha, Draco, deve ser uma merda ter que ser cobrado por algo que você deve estar querendo tanto quanto os outros, mas não tem. –
Ele soprou para fora a fumaça do cigarro, e Harry reparou o quanto ele ficava sexy naquele ato.
-Sim, Harry. Eu não tenho nenhuma informação de minha descendência. E sim, isso me frustra. Quero dizer, o que pude fazer além de ser um fardo quando Nihe apareceu? Você desvendou os mistérios, Rony entrou em combustão instantânea, Hermione virou uma estrela ambulante, Mason parece ter um universo nas mãos e o Theo.. nem preciso comentar. Até o Liam, que também não sabe nada sobre seu poderes, ficou cara a cara com Nihe e ajudou a derrotá-la.
-Ah, Draco... você nunca demonstrou isso antes. Aconteceu algo durante as férias? Eu percebi a maneira que seus olhos perderam o brilho quando Hermione lhe perguntou aquilo...
Draco finalmente virou-se na direção de Harry, olhando-o nos olhos.
-Eu não queria comentar antes, com tudo mundo ali, mas.. eu senti algo durante as férias sim... Eu não sou assim Harry. Posso ter sido e posso continuar sendo um babaca, mas não sou mal...
-O que você sentiu, Draco? – Harry perguntou com delicadeza, sem querer colocar pressão no amigo.
- Em alguns momentos, quando saia para passear... eu sentia uma vontade enorme de roubar alguma coisa. Não sei, colocar no bolso e sair como se nada tivesse acontecido. Passar a mão rapidamente na bolsa de alguém e levar algo valioso. Era como se eu quisesse me testar.
Harry o olhou com uma expressão suave e compreensiva, diferentemente do que Draco esperava: olhares de julgamento.
-Ah, Draco, a adolescência é assim. Um dia acordamos com vontade de transar, no outro acordamos com vontade de roubar. Somos uma bomba de hormônios ambulante.
Os dois riram, mantendo os olhos conectados. Draco voltou a fitar o horizonte antes de continuar. Algumas estrelas já podiam ser vistas no céu que já passava a escurecer.
-Então... se eu senti a vontade de roubar, o que você sente, Harry?
Harry não soube como interpretar a pergunta, mas um milhão de possibilidades tomaram sua mente. Ele corou de leve, passando a mão em sua nuca numa clara demonstração de nervosismo.
-Bom... Acho que eu sinto fome. Quer me acompanhar até a cantina?
Draco apagou o cigarro ao jogá-lo no chão e pisar sobre. Ele olhou pra Harry por alguns segundos antes de concluir:
-Claro. -Então os dois se levantaram, seguindo lado a lado enquanto Draco passava seu braço pelos ombros de Harry.
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Nos fundos da biblioteca, uma figura lia um livro qualquer com uma cara de desinteresse. Outra silhueta se aproximou, rindo com ironia.
-Está descobrindo os prazeres da literatura humana? – seu tom era de deboche.
-Não me encha, Gina. – Cedrico jogou o livro no chão como se não se importasse de levar broncas. – E então, se aproximou?
-Digamos que o primeiro passo foi dado. -Ela disse ao passar a mão pelos cabelos, enrolando as pontas. – Se agirmos com cautela e inteligência, derrubaremos todos sem que eles sequer saibam o que aconteceu.
-Ótimo, não aguento mais ficar agarrado a... isso. – Cedrico fez um gesto sinalizando seu próprio corpo.
-Não seremos estupidos como nossa irmã, pode ser? -Gina o repreendeu, lançando-lhe um olhar penetrante. – Mesmo que pareçam meio bobos, aqueles jovens têm uma grande assinatura de energia..
-Claro, eu entendo. Ela fez todo o trabalho duro ao reunir a energia necessária para nos erguer novamente... mas não fez o suficiente e morreu antes de completar o processo.
-Se você preferir pode voltar a ficar selado nas sombras de um templo qualquer. Vou planejar os próximos passos já que aparentemente você vai passar o resto da missão em crise de auto pena. -Gina disse de forma direta, levantando-se abruptamente.
//Continua//
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